A FUNÇÃO DIDÁTICA DOS CONTOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por meio dos contos, os professores conseguem questionar, ensinar e instruir seus alunos a respeito de valores e condutas. É uma forma divertida de aprender atitudes e comportamentos necessários para um bom convívio em sociedade. Esse prazer provém da magia e do mundo de fantasia misturado ao real, e a intenção primária não é informar, mas distrair. Assim, esse tom fantasioso dos contos colabora para o processo de ensino e aprendizagem (inclusive, letramento e alfabetização), porque envolve a criança num mundo particular.
O foco de inserir os contos na Educação Infantil está mais no letramento do que na decodificação de signos. A habilidade de escrita também pode ser desenvolvida, pois, mesmo que os alunos dessa etapa não tenham a construído de forma plena ainda, eles podem visualizar e recriar as histórias mentalmente. Isso está ligado à habilidade de escrever, ainda que não haja habilidades motoras e cognitivas de transcrição.
O professor ou a pessoa que irá narrar os contos deve trabalhar o método e a técnica de forma com que a história se torne mais interessante e a atenção deve ser chamada unicamente para o que está sendo contado. Se o narrador chama a atenção para si com agitação e movimentos contínuos, as crianças perderão o foco.
Além disso, o professor deve inserir leituras que tenham algum objetivo condizente ao seu plano de ensino. Vale lembrar que os contos permitem uma pluralidade de aprendizados em áreas como artes visuais, cênicas, plásticas, literatura, escrita e aprendizado sobre diferentes culturas.
Essa etapa da vida da criança é fundamental para que seja despertada a vontade de aprender a ler e os contos contribuem ao adicionar as possibilidades de ensino dos aspectos morais e éticos.
Os Contos e Seus Aspectos Morais e Éticos
Enquanto a ética está relacionada aos comportamentos considerados corretos em determinado grupo, a moral tem a ver com as normas de comportamento consideradas corretas por membros de determinada cultura. Logo, a ética seria as reflexões e julgamentos dos atos morais e o que orienta o sujeito a ter determinadas atitudes, tendo consciência delas.
Os contos contêm bastante valores morais e éticos pelo fato de chamarem a atenção para comportamentos humanos de forma com que seja possível fazer análise e reflexão sobre os padrões de conduta universais. Esse material é rico em abordagens sociais de diferentes culturas e grupos sociais, o que é importante para a compreensão da diversidade e diferença.
Ao apresentar um desfecho que evidencia a diferença entre o socialmente correto e o socialmente incorreto, as crianças são educadas a partir de aspectos éticos e morais. Esses opostos são bastante evidentes nos contos, porque os personagens são a própria personificação do bem e do mal, do amor e do ódio, do virtuoso e do torpe e do permitido e do proibido. E, o fim das histórias exaltam os personagens que têm comportamentos socialmente adequados. Eles são recompensados depois de passar por todos os obstáculos.
O educador deve ter como objetivo, ao levar o conto para as crianças, a reflexão e promoção do raciocínio de forma com que cada aluno seja levado a pensar no próximo mesmo em momentos difíceis.
Saraiva (2001, p.46) destaca que “[...] cristalizados na tradição oral dos povos através da memória de consecutivas gerações, o conto popular é um agente de transmissão de valores éticos, conceitos morais, modelos de comportamento e concepções de mundo [...].”
Nesse sentido, o professor pode abordar assuntos relacionados à realidade dentro da própria sala de aula. Aspectos como a desobediência, a mentira, a maldade, o egoísmo, o amor, o carinho, entre outros, podem ser discutidos ao final da leitura fazendo com que as crianças avaliem as lições do conto compreendendo suas próprias ações. Esse tipo de aprendizagem ativa escapa de ideologias ou influências desnecessárias.