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A LITERATURA E OS ESTÁGIOS PSICOLÓGICOS DA CRIANÇA

A escolha de livros está diretamente relacionada aos estágios psicológicos pelos quais a criança está passando. Vale lembrar que eles não tem a ver unicamente com a idade, mas está mais relacionado ao seu nível de amadurecimento psíquico, afetivo e intelectual e seu nível de conhecimento e domínio do mecanismo da leitura. São cinco as categorias/fases do desenvolvimento psicológico da criança:


Pré-leitor: abrange duas fases. A primeira infância, que vai dos 15/17 meses aos 3 anos de idade, e a segunda infância, que começa a partir dos 2/3 anos de idade.

A primeira infância é a fase em que a criança inicia o reconhecimento do mundo ao seu redor e isso se dá através do contato afetivo e do tato. Daí vem a vontade de pegar ou tocar em tudo o que estiver por perto. Também, é nessa fase que acontece a aquisição da linguagem e a criança passa a nomear tudo à sua volta. Os adultos devem aproveitar esse momento de percepção do bebê com o meio para estimular o processo de leitura com brinquedos, álbuns, chocalhos musicais, entre outros. O adulto dará início a situações simples de leitura ao relacionar esses objetos com nomes, por exemplo.

Já a segunda infância é o momento em que se inicia a fase egocêntrica. A criança já está mais adaptada ao meio físico e tem sua capacidade de comunicação verbal aumentada. "Brincar" com o livro faz parte de um processo significativo.

Livros que propõe humor, expectativa ou mistério são indicados para o pré-leitor.


Leitor iniciante: é comum a partir dos 6/7 anos de idade, sendo a fase em que a criança começa a se apropriar da decodificação dos símbolos gráficos. Como está no início desse processo, o adulto precisa assumir um papel de "agente estimulador".

Recomenda-se livros com linguagem simples e que tenham começo, meio e fim. As imagens devem predominar sobre o texto e as personagens podem ser humanas, bichos, robôs ou objetos, especificando sempre os traços de comportamento, como bom e mau, forte e fraco, feio e bonito. Por exemplo, histórias em que o bem vence o mal são muito fáceis de atrair o leitor desta fase.


Leitor-em-processo: é comum a partir dos 8/9 anos de idade, momento em que a criança já domina o mecanismo de leitura. Seu pensamento está mais desenvolvido, o que lhe permite realizar algumas operações mentais. Inclusive, o interesse pela natureza e pelos desafios é despertado.

Leituras com conteúdos de humor e situações inesperadas ou satíricas exercem atração nesta fase e, também, o realismo e o imaginário. São adequados livros com imagens e textos escritos em frases simples, de comunicação direta e objetiva. O tema deve ter um conflito para que o texto seja mais emocionante até que haja a solução do problema.


Leitor fluente: costuma se apresentar a partir dos 10/11 anos de idade. Essa criança está em fase de consolidação dos mecanismos da leitura e sua capacidade de concentração avança fazendo com que esse leitor compreenda o mundo expresso no livro. Segundo Coelho (2002) é a partir dessa fase que a criança desenvolve o “pensamento hipotético dedutivo” e a capacidade de abstração.

Como esse leitor está na pré-adolescência, existe um sentimento de poder interior com o qual ele acredita conseguir resolver todos os seus problemas sozinhos.

As histórias de cunho político e ético ou com heróis e heroínas que lutam por um ideal atraem o leitor fluente. Nesse estágio, é necessário oferecer a ele histórias com linguagem mais elaborada. Aqui, as imagens já não são obrigatórias, mas ainda exercem elemento forte de atração. Mitos, lendas, romances, policiais e aventuras são mais requisitados e os gêneros narrativos que mais o envolvem são os contos, as crônicas e as novelas.


Leitor crítico: se encontra a partir dos 12/13 anos de idade e a característica preponderante é o total domínio da leitura e da linguagem escrita. A intertextualização é uma realidade possibilitada pela capacidade de reflexão aumentada. A consciência crítica em relação ao mundo, bem como sentimentos como saber, fazer e poder são elementos desta etapa. O convívio do leitor crítico com o texto literário, segundo Coelho (2002, p.40) “deve extrapolar a mera fruição de prazer ou emoção e deve provocá-lo para penetrar no mecanismo da leitura”.


Os tipos de leitura da fase anterior ainda se manifestam no leitor crítico, mas, é necessário que ele se aproprie dos conceitos básicos da teoria literária.



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