AS HISTÓRIAS INFANTIS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
A narratividade é um ponto que organiza o psiquismo e é baseada em elementos rítmicos e dinâmicos da sintonia afetiva. Ao mesmo tempo, a comunicação é emocional. Logo, ao falar com uma criança de mais ou menos 1 ano de idade, a narratividade pode ser a enunciação – ainda não o enunciado – de uma frase ou a dramatização de uma cena. Ainda que isso esteja voltado mais para a linguagem do que para a fala, o narrador já apresenta, nesse momento, as estruturas essenciais da narração: início, meio e fim. Para que a capacidade da narração verbal seja desenvolvida na criança, essas experiências encenadas precisam ser repetidas, de forma rítmica e constante, para criar identificação. Assim, a evolução dos signos passará a deflagrar sentidos.
Pesquisas como as de Stern, Golse e Winnicot apontam que na primeira infância a relação entre o bebê e seus cuidadores é determinante para o espaço da narratividade, para a subjetivação e para a construção da relação com a linguagem. Nesse sentido, importa a musicalidade da voz, a ternura do toque e a atenção do adulto às suas necessidades.
A narratividade é capaz de criar conexão entre fatos de forma contínua, a partir de um encadeamento de acontecimentos sucessivos figurando a temporalidade da história. Essa percepção de continuidade é dada na primeira infância.
As crianças utilizam as situações de cada história contada para compreender o mundo à sua volta. Os educadores não devem ignorar o desenvolvimento da oralidade e a ampliação do conhecimento de mundo que a criança demonstra em suas falas e ações diante a continuidade da literatura infantil aplicada em sala.
Os contos de fadas, por exemplo, permitem a categorização. Isso leva à aprendizagem, porque a criança passa a identificar objetos do mundo e a complexidade do ambiente é reduzida.
A Importância de Ouvir Histórias
A narrativa já se faz presente no desenvolvimento da criança desde o processo de escuta da voz amada e das canções de ninar. Posteriormente, ela é percebida nas cantigas de roda e nas narrativas curtas. Percebe-se o envolvimento que ela é capaz de criar na criança quando ela demonstra interesse ao bater palmas, sorrir, sentir medo ou imitar algum personagem.
Segundo Sandroni & Machado (2000, p.12) “a criança percebe desde muito cedo que livro é uma coisa boa, que dá prazer”. Logo, ainda que ela não tenha aprendido a ler, se interessa pelas formas, figuras e cores, elementos estes que serão identificados e nomeados pela criança mais tarde. Assim, pais e educadores devem incentivar as crianças desde cedo a tocar e a folhear os livros.
As crianças gostam, inclusive, de ouvir sobre a sua própria história, como a de nascimento. Tanto é verdade que ela passa a interagir com o locutor que a repete ao acrescentar detalhes e lembrá-lo de detalhes que passaram despercebidos. É depois desse momento inicial em ouvir a própria narrativa pessoal que elas se interessam por histórias inventadas e pelas histórias dos livros (contos de fadas, poemas, ficção, entre outros).
As crianças maiores, que já sabem ler, também devem continuar ouvindo histórias, porque isso aprimora sua capacidade de imaginação e, consequentemente, sua criticidade, criatividade e sensibilidade para compreender a própria realidade.
O próprio distanciamento da realidade através de uma história é essencial para penetrar na própria realidade.
A seguir o quadro aponta, de forma geral, a quantidade de tempo ideal para que a leitura seja proveitosa de acordo com cada idade. É importante lembrar que essas informações podem variar de acordo com as individualidades de cada criança: