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Breve história da Psicopedagogia

A Psicopedagogia é um campo relativamente novo e que surgiu da necessidade de entender e melhorar os processos de aprendizagem. Ela combina elementos da psicologia e da pedagogia para criar um enfoque interdisciplinar que aborda as dificuldades de aprendizagem de maneira holística.

As raízes da Psicopedagogia podem ser rastreadas até o final do século XIX e início do século XX, quando os avanços na psicologia e na pedagogia começaram a convergir. Durante este período, a educação passou por mudanças significativas, com um crescente interesse em entender como as crianças aprendem e como os métodos de ensino podem ser melhorados.

Contribuições da Psicologia 

Vamos por partes: a psicologia, como ciência, começou a se estabelecer no final do século XIX. Pioneiros como Wilhelm Wundt, considerado o pai da psicologia experimental, e William James, com seu foco na psicologia funcionalista, lançaram as bases para o estudo científico da mente e do comportamento. 

Esses avanços foram cruciais para o desenvolvimento da Psicopedagogia, pois forneceram as ferramentas e metodologias necessárias para investigar os processos cognitivos e emocionais envolvidos na aprendizagem.

Contribuições da Pedagogia 

Ao mesmo tempo, a pedagogia estava evoluindo com influências de educadores progressistas como John Dewey, Maria Montessori e Lev Vygotsky. Dewey enfatizou a importância da experiência e da interação social no aprendizado, enquanto Montessori desenvolveu métodos de ensino que se concentravam na autonomia e na liberdade do aluno. 

Vygotsky, por sua vez, introduziu a teoria sociointeracionista, que destaca o papel da interação social no desenvolvimento cognitivo. Essas teorias pedagógicas foram fundamentais para a Psicopedagogia, pois ajudaram a moldar as abordagens práticas utilizadas para facilitar o aprendizado.

Primeiras percepções e mudanças no entendimento infantil

A Psicopedagogia surgiu a partir da identificação da necessidade de ajudar crianças que tinham dificuldades de aprendizado, tanto de cunho cognitivo quanto social. 


Fonte: Robert Kaneschke/ Reprodução: Canva Pro.

Em um primeiro momento, acreditava-se que as dificuldades de aprendizagem e convívio social eram sintomas de algum desequilíbrio da própria criança. Isto é, desconsiderava-se os fatores externos, como o ambiente em que a criança vivia, o modo como ela era criada pelos pais e os métodos de ensino utilizados, por exemplo.

Isso porque as crianças eram consideradas mini-adultos. Portanto, as pessoas esperavam que elas se comportassem de igual maneira e absorvessem o conhecimento da mesma forma. O que hoje sabemos que não se aplica. 

Foi quando filósofos e teóricos, no século XVII, passaram a se questionar sobre a infância e como esse processo se dava. Algo que levou a reflexões profundas ao longo das décadas seguintes e a uma verdadeira transformação do entendimento sobre a educação de crianças, jovens e adultos.

Desenvolvimento da Psicopedagogia no século XX

No início do século XX, a combinação de insights da psicologia e da pedagogia começou a tomar forma de maneira mais estruturada, levando ao desenvolvimento da Psicopedagogia como uma disciplina distinta. Este período foi marcado por várias contribuições importantes que ajudaram a definir e expandir o campo.

Na década de 1920 e 1930, os psicólogos educacionais começaram a aplicar princípios psicológicos à prática pedagógica. Jean Piaget, um dos mais influentes psicólogos do século XX, desenvolveu a teoria do desenvolvimento cognitivo, que descreve como as crianças constroem conhecimento através de estágios sucessivos. 

Suas pesquisas influenciaram profundamente a Psicopedagogia, oferecendo um modelo para entender como o pensamento e a aprendizagem evoluem com a idade.

Em seguida, durante as décadas de 1940 e 1950, houve um crescimento na aplicação de testes psicológicos e métodos de avaliação educacional. A psicometria, que se concentra na medição das habilidades e competências cognitivas, tornou-se uma ferramenta valiosa para os psicopedagogos. Esses testes ajudaram a identificar dificuldades de aprendizagem e a desenvolver intervenções personalizadas.

Foi na segunda metade do século XX que a Psicopedagogia começou a se consolidar como uma disciplina acadêmica e uma profissão. Programas de formação em Psicopedagogia foram estabelecidos em várias universidades, especialmente na Europa e na América Latina. 

Psicopedagogia no Brasil

No Brasil, a Psicopedagogia ganhou destaque com a fundação da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) em 1980, que exerceu um papel crucial na regulamentação e promoção da prática psicopedagógica no país.

Apesar de ter suas raízes no século XVII, a Psicopedagogia chegou ao Brasil somente em meados de 1960, com as primeiras faculdades de Psicopedagogia. 

No entanto, os distúrbios de aprendizagem ainda eram classificados como problemas neurológicos, levando a um outro problema: a estigmatização de que as pessoas mais pobres não eram capazes de aprender. O que não era analisado, porém, é que as classes mais pobres e trabalhadoras não tinham acesso a um ensino de qualidade.

Foi somente nas últimas décadas do século XX que a Psicopedagogia passou a explorar as dificuldades de aprendizagem a partir de outros pontos de vista, como o econômico, social e ambiental, por exemplo. 

A formação de psicopedagogos nas universidades brasileiras cresceu significativamente, refletindo o crescente reconhecimento e valorização da área. A ABPp foi fundamental para a regulamentação da profissão e a promoção de práticas psicopedagógicas no país.


Este artigo pertence ao Curso de Introdução a Psicopedagogia

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