Entretanto, alguns pontos precisam ser destacados independente do tipo de cultivo (doméstico ou minimamente controlado) a ser realizado: primeiro, o substrato de enraizamento deve ser altamente poroso, como casca de arroz carbonizada ou espuma fenólica; segundo que, o uso de solo mineral deve ser evitado nesse tipo de propagação já que ele fornece uma alta retenção de água, causando assim o apodrecimento na base dos bonsais.
Já as estacas medianas ou intermediárias são aquelas que foram retiradas da porção mediana dos ramos, como seu próprio nome sugere. Dessa forma, esse tipo de peça costuma levar um período mais longo de tempo para que consiga formar uma nova planta. Assim como as estacas apicais, as intermediárias também são bastante sensíveis à desidratação,por isso, os mesmos cuidados citados anteriormente, como a não utilização do solo mineral, deve ser levado em consideração ao propagar espécies vegetais a partir da estaquia por pedaços medianos.
Por fim, as estacas basais são as partes do caule mais utilizadas para o cultivo de produtos ornamentais, como o bonsai. Elas apresentam um tamanho mediano entre 15 e 20 cm e diferente dos outros tipos de estaca, esse pedaços podem ser preparados com ou sem as suas folhas. Porém, um ponto de semelhança entre as estacas basais e as citadas anteriormente é que elas também são retiradas, durante o período de repouso vegetativo da planta matriz.
Esse é um tipo de estaquia não muito utilizado para o cultivo de bonsais, por isso, seu processo será citado apenas à critério de conhecimento geral. Esse tipo de propagação assexuada é feito através da divisão das folhas retiradas da vegetação matriz em pequenos pedaços. Uma planta bastante famosa por sua propagação pela estaca de folhas é a espada-de-são-jorge e algumas suculentas, por exemplo, Entretanto, em relação a essa última, uma ressalva precisa ser feita: as suculentas precisam ter a separação da porção da folha e um pedaço do pecíolo para serem cultivadas.
Assim como no exemplo anterior, a estaquia a partir das partes radiculares das plantas também não é muito comum para o cultivo de bonsai, por estarmos nos referindo a uma árvore, mesmo que em menor estrutura. Dessa forma, no processo de estaquia por raízes temos que a coleta de pedaços de raiz em tamanhos variados entre 30 a 40 cm de comprimento e 8 a 10 mm de diâmetro. O tamanho da estaca nesse caso é extremamente importante para facilitar o pegamento da planta e o seu desenvolvimento no solo. Por fim, esses pedaços são distribuídos de forma horizontal permitindo a transposição da camada de substrato.
Enxertia
A enxertia, como o próprio nome já diz, consiste num método onde um modelo de enxerto é preparado para a realização do cultivo. Esse tipo de técnica de propagação assexuada consiste na união de duas ou mais plantas, que geralmente são da mesma espécie ou de espécies que apresentam similaridade de características.
Para isso, é necessário que tenhamos tanto um um porta-enxerto, como também o próprio enxerto, que pode ser chamado de cavaleiro.
A produção do novo sistema radicular da planta será gerada pelo porta-enxerto proveniente de sementes ou de propagação vegetativa. É importante destacar que quando esse tipo de propagação é realizada em sementes, temos produtos mais vigorosos com o desenvolvimento de raízes mais profundas, porém normalmente a sua estrutura possui uma característica menos uniforme.
Agora, quando temos a enxertia a partir de propagação vegetativa, normlamente, os produtos derivados desse processo, são menos vigorosos, porém, diferente do anterior, a sua estrutura tem uma apresentação mais uniforme.
De maneira geral, o processo de enxertia para a multiplicação de espécies vegetativas confere uma maior resistência a pragas, doenças, condições de clima e de solo às plantas cultivadas.
Porém precisamos lembrar que o pegamento dos enxertos é influenciado pelas condições ambientais como a variação da temperatura, luminosidade elevada, ventos fortes, a constante presença de chuvas, bem como a umidade baixa do ar. Isso tudo faz com que o enxerto montado tenha dificuldade de se estabelecer no solo ou no recipiente alocado. Outra questão de importante destaque é que a idade dos enxerto também impactam na qualidade do resultado final. Isso acontece, pois quanto mais jovens forem os tecidos do enxerto e do porta-enxerto, maior será a capacidade de cicatrização dessa junção.
Mergulhia
A mergulhia é um método de propagação assexuada que normalmente é aplicado em arbustos e trepadeiras com maior flexibilidade. Ele é utilizado para auxiliar plantas que apresentam uma maior dificuldade de enraizamento quando propagadas por outro método de cultivo, por isso, podemos dizer que a mergulhia é um método de espécies vegetativas restritas que dependem de um tratamento mais habilidoso para sua multiplicação. Ela pode ser feita de forma simples ou serpenteada.
Como o próprio nome sugere, esse é um tipo de propagação mais simples quando falamos de plantas. De maneira geral precisamos, basicamente, enterrar no solo, ou em algum tipo de substrato compatível com a espécie, parte do ramo da planta matriz. Em seguida será necessário aguardar o enraizamento. Quando isso acontecer, poderemos cortar o ramo, originando assim uma nova planta.
Nesse tipo de técnica teremos não apenas uma, mas diversas mudas oriundas de um único ramo. Ele é conhecido também como mergulho em serpentina e consiste na aplicação do ramo da planta matriz no solo ou substrato de sua escolha, distribuindo-os em vários pontos no espaço. Dessa forma, após o enraizamento, o ramo é retirado e temos assim a formação de outras plantas da mesma espécie.
Alporquia
O processo de alporquia é bastante variável, dependendo diretamente do tipo de espécie vegetal que está sendo cultivada para adquirir algum resultado. Dessa forma, algumas plantas podem levar dias, enquanto algumas podem levar semanas ou meses para conseguirem se multiplicar.
Esse método normalmente é utilizado em algumas plantas ornamentais e consiste basicamente em ferir a superfície de um ramo da espécie vegetal, para que seja possível retirar uma porção significativa da casca, na forma de anel ou meio anel.
Em seguida, vai ser necessário cobrir essa parte que retiramos com a característica anelada utilizando um substrato úmido, que pode ser tanto esfagno, palha ou até mesmo barro. Por fim faremos o empacotamento de toda essa estrutura com um plástico, não esquecendo da extremidade. Após o enraizamento dessa alpoquia, devemos tomar cuidado para cortar o ramo, caso contrário não conseguiremos fazer com que surja uma nova planta.
Nota do Capítulo: De maneira geral, quando falamos em cultivos de árvores de bonsai, normalmente temos a priorização da propagação assexuada a partir de estacas. Isso acontece, pois quando realizamos o cultivo através de sementes, normalmente, precisamos de cerca de um ano até que esse organismo se desenvolva até virar uma muda.