CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como foi possível acompanhar durante o curso, a literatura na Educação Infantil é crucial para o desenvolvimento de capacidades e habilidades de ordem cognitiva e socioafetiva. Entre elas estão a coordenação motora, a criatividade, a percepção visual e as noções de cores e de espaço. A criança que é introduzida ainda nessa etapa no universo da leitura tem mais desenvoltura na escrita, uma vez que possui facilidade na apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens.
Os livros ideais para iniciar o processo de literatura com crianças são aqueles que contam suas histórias através da linguagem visual, ainda sem o suporte de textos narrativos (ou que contenham apenas pequenas falas escritas). Livros de pano, borracha, com texturas diferentes, gravuras atrativas, entre outros recursos, são detalhes que tendem a motivar o interesse.
Ao ter nas ilustrações animais, objetos e outras figuras presentes no seu dia a dia, o aluno já começa a relacionar o que lê com o que vivencia, facilitando o processo de diálogo entre contextos na aprendizagem.
O professor da Educação Infantil precisa estar atento à variação nos modos de narrar histórias para crianças a fim de garantir uma pluralidade de leituras para o desenvolvimento dos alunos, que precisam se acostumar com diversas estruturas narrativas. São eles:
▪ Mito: é uma narrativa atemporal e que explica as origens e coisas de forma não racional. Também pode ser conhecida como narrativas primordiais, porque buscam explicar algo, como a origem de determinado povo ou astros do céu, por exemplo. São os mais conhecidos: Afrodite, deusa do amor e Ares, deus da guerra.
▪ Lenda: possui base histórica e, geralmente, deriva da criação coletiva de um povo. Ela idealiza um fato proveniente de um acontecimento ou pessoa de dado tempo histórico e pode ter versões diferentes. A lenda do saci-pererê é um exemplo bastante conhecido.
▪ Fábula: possui narrativa curta e seus personagens são animais que falam (na maioria das vezes). O diálogo das fábulas são montados de forma com que cada personagem mostre diferentes pontos de vista sobre determinada situação. É comum que traga uma moral, implícita ou explícita, no fim da história. A fábula da raposa e as uvas é uma das mais conhecidas.
▪ Apólogo: é semelhante à fábula pelo fato de trazer personagens não humanos e moral ao fim da narrativa, mas seu foco são objetos inanimados como plantas, pedras, rios, relógios e agulha. O apólogo da agulha e do novelo de linha, do Machado de Assis, é um exemplo.
▪ Conto: possui narrativa curta, ação única, poucos personagens e acontecimentos. Dentro deste gênero há os contos maravilhosos, que trazem uma visão mágica da realidade. Já os contos do cotidiano apresentam crianças sozinhas ou em grupos como personagens, enfrentando problemas na rua, na escola ou em casa. Há ainda os contos de aventuras e de problemas sociais, entre outros. Bela Adormecida é um conto, por exemplo.
▪ Crônica: é o gênero infantil que possui mais proximidade com os assuntos do dia a dia. Os autores observam a realidade e trabalham algum aspecto de forma lírica. Uma vez que possui relação com a época de escrita, tende ao envelhecimento. Carlos Drummond de Andrade é um dos autores mais conhecidos neste gênero.
▪ Novela: possui várias ações simultâneas e sua narrativa tem desenvolvimento linear. Há muitos personagens e a história é maior, com certa repetição e previsibilidade, além de picos de suspense. A série de livros Harry Potter é um famoso exemplo.
Essa diversidade de gêneros literários servem como importantes ferramentas para que o educador possa lidar com diferentes níveis de aprendizagem de cada aluno. Afinal, esse processo de alfabetização e letramento nem sempre é fácil, já que alguns alunos encontram mais dificuldades em compreender o sistema de leitura e escrita.
A literatura infantil é, sem dúvidas, uma aliada nesse processo, pois os livros são recursos pedagógicos essenciais em todas as etapas da vida. No entanto, ela deve ser introduzida como um prazer para o aluno, e não como uma obrigação da grade curricular. Assim, não há dispersão e as crianças têm a oportunidade de aproveitar os principais benefícios da literatura, que são projetar seu mundo, representá-lo e encontrar maneiras de se expressar.