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Contexto Histórico - Curso de Cabeleireiro Básico

Independente do seu contexto na história da humanidade, o design de cabelos sempre fez parte da identidade dos indivíduos que compõem uma sociedade. A cor, o tipo de fio, os adereços utilizados, todos esses aspectos um dia foram capazes de identificar e categorizar uma pessoa. Dessa forma, podemos afirmar que o design de cabelos e o profissional que o constrói são peças fundamentais na composição e funcionamento da sociedade desde os períodos mais remotos da história.

Isso acontece, pois durante um longo período de tempo os cabelos foram símbolos de fortuna e status social, bem como a representação da personalidade e da alma, para algumas civilizações. Dessa forma, a beleza sempre perdurou como símbolo de destaque e cuidado com as aparências, frente a sociedade.

Além disso, mesmo nos períodos mais simples da história, sem a disponibilidade de tecnologias e recursos, nós, seres humanos, fomos capazes de desenvolver métodos de embelezamento e modificação dos fios para fins estéticos. A manipulação de pigmentos vegetais colorindo os cabelos para ressaltar cores que exaltavam a beleza, a utilização de metais para a construção de objetos de valor agregado como os pentes e os adornos.

Afinal, apesar de ser um objeto barato e de comum utilização, você já parou para pensar que um dia este objeto tão simples já foi uma tecnologia para a humanidade? Isso mesmo. Lembre-se que há milhares de anos os recursos disponíveis para a utilização humana não passavam de simples materiais desenvolvidos pela natureza.

É por esse motivo que o que hoje são simples pentes de cabelo, um dia foram objetos de alto valor social. Primeiramente, pois todos os utensílios deveriam ser produzidos à mão, por artesãos. Por último, devido a escassez de tecnologias e ferramentas da época, os materiais utilizados para a fabricação de objetos eram de origem escassa, pois poucas eram as matérias primas que poderiam ser, simultaneamente, resistentes e moldadas com facilidade.

É importante salientar, ainda, que os materiais utilizados para construir esses pentes tratavam-se de madeira, metais como o ouro e a prata, bem como os ossos e presas de alguns animais. Durante a idade média, os pentes eram utilizados não somente como adereço, mas também como medida de controle de pragas e doenças do couro cabeludo, como os piolhos. Além disso, os responsáveis por realizar a arrumação e cuidado aos cabelos eram os escravos e serviçais, numa época onde ser cabeleireiro estava longe de ser classificado como profissão.

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Pente Medieval, achado arqueológico. Escritório Estatal da Baviera para a Preservação de Monumentos, 2021.


Dessa forma, acessórios de cabelos eram, em sua maioria, objetos utilizados pela alta sociedade. O motivo está atrelado ao poder autoritário ou capacidade de compra/intercâmbio dessas mercadorias restritos à classe social dominante.

A seguir, você vai conhecer como os designs de cabelo influenciavam na segregação e no funcionamento de diferentes sociedades espalhadas pelo mundo. 

Egito Antigo

Apesar de não conseguirem definir a idade correta ao qual os cabelos passaram a ser objetos de força e sedução, os historiadores destacam a manipulação das madeixas e a sua importância social pelo povo egípcio, há anos a.C.

No Egito antigo, a utilização de cabelos longos era de exclusividade da nobreza. Quando os faraós e guerreiros eram geneticamente desprovidos de cabelos, a utilização de mantas e perucas vinham à tona para que estes membros da alta sociedade pudessem ser distinguidos dos sacerdotes.

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Hatshepsut, a primeira faraó da história, representada com um manto sobre a cabeça, substituindo os cabelos.
Fonte: BBC News, 2020.


Além dos cabelos compridos ao qual o comprimento variava da altura do queixo até abaixo do ombro, também eram comuns a utilização de cortes retos e tinturas para a pigmentação dos cabelos e barbas. 

A grande referência egípcia de beleza e autoridade, Cleópatra, é caracterizada pelos arqueólogos pela sua grande vaidade, devido à grande utilização de henna para tonificar os cabelos, bem como a utilização de acessórios como pentes de ouro e marfim.


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Cleópatra. Fonte: Revista Exame, 2012.

Cleópatra ficou conhecida como uma das grandes referências femininas da história, por sua alta preocupação com a beleza e feminilidade, sem perder o respeito e a autoridade do seu posto, como grande faraó. 

Dessa forma, foi uma das grandes pioneiras na busca por cosméticos e formulações milagrosas em busca da beleza da Ísis, a qual acreditava ser a reencarnação em matéria. É de suposição arqueológica que a rainha Cleópatra tenha utilizado artifícios como banhos de leite, para a conservação da pele, a utilização de delineados e outras maquiagens nos olhos e a aplicação de gorduras e óleos na pele e nos cabelos.

Além disso, alguns historiadores acreditam que a rainha do Egito tenha passado parte do seu tempo careca, devido a grande infestação de piolhos e pragas. Porém, é de crença geral que a faraó tenha utilizado perucas neste período para manter a sua pose autoritária.

Grécia Antiga

Para os gregos antigos, a perfeição exterior era um indicativo para a perfeição interior. Por isso, a exaltação da beleza e da imagem perfeita era um padrão extremamente elevado e representava poder e fortuna.

As mulheres mais abastadas possuíam seu próprio boticário, com óleos, pigmentos, pentes e acessórios que pudessem deixá-las mais bonitas e similares à imagem da deusa da beleza, Afrodite. Dessa forma, eram utilizados penteados que pudessem destacar os cabelos louros frisados, com a formação de caracóis e a disposição de franjas.



A representação do amor e da sedução era a referência das gregas antigas, os cabelos longos e louros eram raros e símbolos de alto prestígio. Dessa forma, as mulheres gregas de outrora buscavam a pigmentação dos cabelos com a utilização de vinagres e derivados ácidos de plantas para o clareamento do fio dos cabelos.

É importante salientar que os membros da alta sociedade como filósofos, poetas e políticos arrumavam suas madeixas enquanto conversavam sobre os mais variados assuntos. No caso do gênero masculino as barbas e os cabelos eram símbolos de sabedoria, portanto eram utilizados cabelos longos e barbas espessas, a fim de demonstrar a sua superioridade intelectual.

Já as mulheres, estavam restritas a seu próprio boticário. Os cabelos eram cuidados e tratados por escravas, que possuíam o papel de embelezar as nobres e torná-las símbolo de castidade e perfeição.

Roma Antiga

Assim como na Grécia, a Roma antiga também utilizava o corte e arrumação dos cabelos como indicação de status social. Os escravos, prisioneiros e traidores tinham suas cabeças raspadas para representar sua hierarquia inferior e sua condição subordinada.

A existência de barbeiros já estava atrelada a uma instituição social, onde os cabeleireiros ofereciam seus serviços nos mercados e casas de banho de uso comum. Já os membros da alta sociedade tinham seus próprios barbeiros e cabeleireiros, que eram ofertados a seus ilustres convidados como símbolo de fortuna e poder.

Os designs dos cabelos romanos eram baseados na utilização de cachos. Os homens utilizavam cabelos mais curtos com ondulações realizadas por ferros quentes. Já as mulheres tinham seus cabelos longos com ondulações que eram normalmente dispostas em penteados complexos, denominados tutulus.

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Representação do penteado romano, tutulus. Fonte: Getty Images.

A complexidade dos penteados das romanas exigia a utilização de diversas técnicas e acessórios para conferir o volume e a disposição correta dos cabelos. A utilização de apliques, tiaras de metais, fitas de seda, ceras e outros componentes para arrumar o cabelo era de uso comum entre as mulheres da alta sociedade, que possuíam seus próprios cabeleireiros para realizar o serviço. 

China e Japão

Diferente das civilizações citadas anteriormente, a China e o Japão antigo utilizavam os cortes e penteados dos cabelos não somente como distinção do status social, como para a diferenciação dos sexos feminino e masculino dos membros da sociedade de forma mais explícita.

Isso acontece, pois a utilização dos cabelos longos e cheios de adereços eram presentes em ambos os gêneros, existindo a necessidade de uma etiqueta para a arrumação dos cabelos. Entretanto, os cortes e penteados sofreram diversas mudanças ao longo dos anos, variando de acordo com a necessidade de cada civilização. 

Durante um período, era crença dos povos chineses que os cabelos tinham sido presentes dos seus pais. Dessa forma, ao cometer ações que desonravam a família e ao seu país, os chineses tinham seus cabelos cortados como forma de punição pelos atos cometidos.
Os homens utilizavam seus cabelos em forma de coques elaborados, enquanto as mulheres utilizavam penteados presos com adornos. A arrumação das madeixas era realizada por serviçais, quando se tratavam dos membros de alto escalão como as famílias dos imperadores.

Além disso, guerreiros possuíam designs diferenciados, com partes da cabeça raspadas para facilitar a realização das suas atividades. Evitando assim a umidade na cabeça e o aparecimento de doenças relacionadas ao couro cabeludo.

É importante destacar também que durante a Dinastia Qing, o imperador Chinês Fulin decretou que todos os guerreiros deveriam raspar a sua cabeça em sinal de respeito ao império. Este ato originou a fala “Percam os cabelos ou percam as cabeças”. Alguns membros da sociedade recusaram a raspagem da cabeça, devido ao pensamento de honra aos ancestrais na manutenção dos cabelos.

As mulheres, entretanto, não possuíam nenhum tipo de restrição à utilização dos cabelos nesta época, não existindo, dessa forma, a necessidade de raspar as cabeças como representação da fidelidade ao Imperador.



Este artigo pertence ao Curso de Cabeleireiro Básico

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