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Cuidados com Feridas Crônicas

Feridas crônicas são aquelas que demonstram uma limitada ou inexistente tendência à cicatrização espontânea, necessitando de um tempo prolongado para a recuperação completa. Essas feridas são frequentemente associadas a condições subjacentes como diabetes, doenças vasculares e pressão contínua sobre determinadas áreas do corpo. Devido a essas condições, o processo de cicatrização é interrompido ou retardado, resultando em feridas que persistem por semanas, meses ou até anos.

  • Causas e fatores de risco

Diabetes: pessoas com diabetes são particularmente suscetíveis a feridas crônicas devido à neuropatia diabética e à má circulação. A glicemia elevada pode interferir no processo de cicatrização, tornando essas feridas mais difíceis de tratar.

Doenças vasculares: problemas circulatórios, como insuficiência venosa ou arterial, podem impedir a entrega adequada de oxigênio e nutrientes essenciais para a cicatrização. Isso é particularmente comum em úlceras venosas e arteriais.

Pressão contínua: pacientes acamados ou com mobilidade reduzida podem desenvolver úlceras por pressão. A pressão prolongada em pontos específicos do corpo reduz o fluxo sanguíneo, levando à morte celular e à formação de feridas.

Imunossupressão: pacientes com sistemas imunológicos comprometidos, devido a doenças ou tratamentos como quimioterapia, têm uma capacidade reduzida de combater infecções, prolongando a cicatrização das feridas.

  • Impacto na qualidade de vida

Feridas crônicas podem ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, causando dor constante, desconforto e limitações nas atividades diárias. Além disso, a presença contínua de uma ferida aberta aumenta o risco de infecção, o que pode levar a complicações graves como osteomielite e septicemia.

Principais tipos de feridas crônicas

Feridas crônicas são caracterizadas por um longo período de cicatrização e uma tendência limitada à recuperação espontânea. Entre os principais tipos de feridas crônicas, destacam-se as úlceras por pressão, úlceras venosas, úlceras arteriais e as úlceras diabéticas. 

Úlceras por pressão, também conhecidas como escaras, ocorrem devido à pressão prolongada sobre a pele, principalmente em pacientes acamados. Úlceras venosas são resultado de problemas circulatórios nas pernas, enquanto as arteriais decorrem de insuficiência arterial. Úlceras diabéticas surgem como complicações do diabetes, associadas à neuropatia e má circulação. 

Cada tipo de ferida requer uma abordagem específica de tratamento, que inclui limpeza adequada, controle de infecção, desbridamento e uso de coberturas apropriadas para promover a cicatrização eficiente e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Úlceras por pressão


Imagem: Sanar Med/Reprodução.

Úlceras por pressão, também conhecidas como escaras ou úlceras de decúbito, são áreas localizadas de necrose celular que ocorrem devido à compressão do tecido mole entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um período prolongado. A pressão contínua interrompe o fluxo sanguíneo, levando à isquemia e morte celular. As áreas mais comuns de ocorrência são a região sacral e os calcâneos.


Áreas de risco para o desenvolvimento de úlceras por pressão. Imagem: adaptada do Clinical Practice Guidelines, Agency for Health Care Policy and Research, US Department of Health and Human Services.

  • Grupos de risco
Os indivíduos mais propensos a desenvolver úlceras por pressão incluem aqueles com mobilidade reduzida, percepção sensorial alterada, circulação periférica comprometida, nível de consciência reduzido, incontinência, desnutrição e imunossupressão. Esses fatores aumentam a vulnerabilidade da pele e dificultam a cicatrização.

  • Prevenção e cuidados
A prevenção e o manejo eficaz das úlceras por pressão envolvem várias estratégias:

1. Inspeção regular da pele: verificar diariamente as áreas de proeminências ósseas para identificar sinais iniciais de lesão.
2. Mudança frequente de decúbito: reposicionar o paciente a cada duas horas para aliviar a pressão sobre áreas vulneráveis.
3. Uso de superfícies de suporte: colchões de ar, almofadas e outros dispositivos que distribuem a pressão e reduzem o risco de formação de úlceras.
4. Manutenção da higiene: manter a pele limpa e seca, utilizando produtos de limpeza suaves e evitando fricção durante o banho.
5. Hidratação da pele: aplicar hidratantes para manter a integridade da barreira cutânea.
6. Nutrição adequada: garantir que o paciente receba uma dieta balanceada e rica em proteínas, vitaminas e minerais essenciais para a regeneração da pele.
7. Educação e envolvimento dos cuidadores: orientar cuidadores e familiares sobre a importância das medidas preventivas e como implementá-las corretamente.
8. Utilização da Escala de Braden: avaliar regularmente o risco de desenvolvimento de úlceras por pressão utilizando essa ferramenta, que considera fatores como percepção sensorial, umidade, atividade, mobilidade, nutrição e fricção/cisalhamento.

  • Relembrando a classificação das úlceras por pressão
As úlceras por pressão são classificadas em estágios de acordo com a profundidade e a gravidade do dano tecidual:

Estágio I: pele intacta com eritema não branqueável.
Estágio II: perda parcial da espessura da pele, afetando a epiderme e/ou derme, com presença de bolhas ou úlceras superficiais.
Estágio III: perda total da espessura da pele, com dano ou necrose do tecido subcutâneo, sem atingir estruturas mais profundas.
Estágio IV: perda total da espessura do tecido, com exposição de osso, tendão ou músculo.


Imagem: Sanar Med/Reprodução.

  • Importância da prevenção
Prevenir úlceras por pressão é crucial não apenas para o bem-estar do paciente, mas também para reduzir os custos de tratamento e melhorar a qualidade da assistência. Lesões por pressão são indicadores importantes da qualidade do cuidado prestado e exigem uma abordagem preventiva rigorosa. A implementação de medidas preventivas adequadas pode diminuir significativamente a incidência dessas lesões, melhorando os resultados para os pacientes e a eficiência dos serviços de saúde.

O manejo de úlceras por pressão requer uma abordagem multifacetada que inclua a prevenção, a identificação precoce e o tratamento adequado das lesões. Compreender os fatores de risco e implementar estratégias preventivas são passos essenciais para minimizar a ocorrência dessas feridas crônicas e promover uma cicatrização eficaz. A colaboração entre profissionais de saúde, pacientes e cuidadores é fundamental para o sucesso dessas intervenções.

Úlceras venosas


Imagem: UncleDmytro/Getty Images.

As úlceras venosas, um tipo comum de úlcera de perna, são caracterizadas pela perda da continuidade da pele nos membros inferiores, abaixo dos joelhos, com um processo de cicatrização que se prolonga por mais de seis semanas. Essas feridas são altamente recidivantes e acometem principalmente pessoas idosas, sendo frequentemente associadas a condições como diabetes mellitus, artrite, hipertensão arterial e hanseníase.

  • Características das úlceras venosas
As úlceras venosas são principalmente causadas pela hipertensão venosa crônica, que leva à estase venosa e edema. Elas geralmente ocorrem na região do maléolo e no terço distal da perna, apresentando progressão lenta, bordas infiltradas e fundo com fibrina. Frequentemente, são acompanhadas de infecção secundária e podem surgir após traumas ou serem precedidas por episódios de erisipela, celulite ou eczema de estase.

  • Fatores de risco
Os fatores de risco para o desenvolvimento de úlceras venosas incluem:

Varizes primárias: insuficiência venosa crônica devido a varizes.
Sequelas de trombose venosa profunda: obstruções ou danos nas veias profundas.
Anomalias valvulares venosas: disfunção das válvulas das veias que interferem no retorno do sangue venoso.
Condições gerais de saúde: diabetes, hipertensão arterial, obesidade e sedentarismo.

  • Avaliação e diagnóstico
A avaliação das úlceras venosas inclui:

Palpação de pulsos: avaliar os pulsos poplíteo, tibial posterior e pedioso.



Perfusão periférica: teste de digito-compressão para avaliar a circulação sanguínea.



Índice Tornozelo-Braço (ITB): medida da pressão arterial no tornozelo e no braço para detectar doença arterial obstrutiva periférica.





  • Prevenção e tratamento
Prevenção

1. Repouso com elevação dos membros inferiores: elevar os pés da cama com tijolos ou blocos de madeira para melhorar o retorno venoso.
2. Uso de meias de compressão: continuar o uso mesmo após a cicatrização para prevenir recidivas.
3. Exercícios físicos: atividades que promovem a circulação sanguínea nos membros inferiores.
4. Redução do peso corporal: manter um peso saudável para reduzir a pressão nas veias.
5. Avaliação clínica periódica: monitoramento regular para detectar e tratar precocemente quaisquer complicações.

Tratamento

O tratamento das úlceras venosas envolve:

1 . Repouso relativo: alternar períodos de atividade com repouso, mantendo as pernas elevadas.
2. Compressão: utilização de terapias compressivas, como a bota de Unna (inelástica) ou bandagens elásticas, para controlar o refluxo venoso e reduzir o edema.
3. Cuidados tópicos: seguir um algoritmo de tratamento específico para a ferida, utilizando curativos adequados para manter um ambiente propício à cicatrização.
4. Fisioterapia: intervenções que melhoram a mobilidade e a circulação sanguínea.
5. Intervenções cirúrgicas: em casos graves, pode ser necessário corrigir a insuficiência venosa crônica por meio de procedimentos cirúrgicos.

As úlceras venosas representam um desafio significativo para a saúde pública devido à sua natureza crônica e recorrente. O manejo eficaz dessas feridas requer uma abordagem multidisciplinar que inclua prevenção, diagnóstico preciso e tratamento adequado. A educação do paciente e dos cuidadores sobre a importância das medidas preventivas e do acompanhamento contínuo é crucial para reduzir as recidivas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Úlceras arteriais



As úlceras arteriais são feridas isquêmicas causadas pela insuficiência arterial, frequentemente associada à aterosclerose. Essas úlceras são caracterizadas por dor severa, palidez, ausência de estase venosa, retardo no retorno da cor após elevação do membro, pele atrófica e perda de pelos. Elas geralmente aparecem em tornozelos, maléolos e extremidades digitais.

  • Avaliação
A avaliação das úlceras arteriais inclui a busca de fatores de risco como tabagismo, diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica (HAS), hiperlipidemia e doença coronariana. Sinais clínicos incluem queda de pelos, unhas quebradiças, claudicação, dor em repouso, diminuição ou ausência de pulso, palidez do pé, cianose, pés frios e atrofia muscular. A avaliação do risco deve ser feita por um cirurgião vascular para definir a conduta e tratamento.

  • Cuidados e tratamento
O tratamento das úlceras arteriais foca em restabelecer o fluxo arterial, essencial para a cicatrização. As opções incluem cirurgia de desvio arterial, angioplastia e stentes. Reduzir fatores de risco, como não fumar, controlar HAS e diabetes, manter o peso ideal e realizar exercícios físicos, são fundamentais. Os exercícios de Buerger-Allen são recomendados para melhorar a circulação colateral. É importante evitar traumatismos, manter os membros abaixo do nível do coração e evitar bandagens apertadas.

  • Cuidados de enfermagem
Cuidados de higiene incluem o uso de sabão neutro, secagem cuidadosa entre os dedos e o uso de toalhas macias. Na presença de feridas, deve-se realizar enfaixamento não compressivo com gazes para aquecimento e manter a técnica asséptica para minimizar infecções. O debridamento deve ser realizado apenas por médicos. Verificar o uso adequado de calçados também é essencial.

  • Prevenção
Para prevenir úlceras arteriais, recomenda-se elevar a cabeceira da cama em 20 cm, proteger contra traumas, prevenir atrofias musculares, cuidar das unhas, tratar micoses superficiais e controlar a hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemias. Reduzir o uso de cafeína e tabaco também é importante.

  • Importância do diagnóstico e tratamento adequado
As úlceras arteriais, sendo resultantes de um déficit de suprimento sanguíneo, evoluem com isquemia e necrose tecidual, tornando-se extremamente dolorosas. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado, incluindo a revascularização e o controle de fatores de risco, são cruciais para a cicatrização dessas lesões. A equipe de saúde deve estar bem informada sobre as manifestações clínicas e os princípios básicos do tratamento para implementar a abordagem correta e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Úlceras diabéticas



A úlcera diabética é uma complicação comum em pessoas com diabetes mellitus, resultante de dois principais mecanismos: perda da sensibilidade e doença vascular. A hiperglicemia crônica pode danificar os nervos periféricos, levando à neuropatia diabética, que diminui a sensibilidade térmica, tátil e dolorosa. Além disso, o aumento do açúcar no sangue pode causar o endurecimento e estreitamento das artérias, reduzindo o fluxo sanguíneo para os membros inferiores.

  • Características do pé neuropático
O pé neuropático, comum em diabéticos, apresenta pontos de pressão anormais (calos), dedos deformados em garra, pele seca e rachada, e veias dilatadas. Essas alterações aumentam o risco de desenvolvimento de úlceras, especialmente em áreas sujeitas a pressão e atrito, como a superfície plantar, calcanhar, e as pontas dos artelhos.


Pé diabético.

  • Características do pé isquêmico
O pé isquêmico é uma condição resultante da insuficiência arterial, frequentemente associada à aterosclerose. Essa condição é caracterizada por diversas alterações clínicas e físicas, que afetam principalmente a circulação nos membros inferiores.

Aspecto e localização

As úlceras isquêmicas têm uma forma irregular, com bordas bem definidas e leito pálido. A necrose pode ser úmida ou seca. Elas geralmente ocorrem em áreas distais do corpo, como artelhos, interdigitais e calcanhares, onde a oclusão arterial é mais comum.

Dor e sensibilidade

A dor é um sintoma constante e é agravada pela elevação das pernas, sendo aliviada quando estão pendentes. Esta dor ocorre devido à falta de oxigenação nos tecidos.

Deformidades e temperatura

O pé isquêmico não apresenta deformidades. A pele do pé afetado é fria ao toque, devido à circulação sanguínea comprometida, e a coloração do pé pode variar de pálido quando elevado a cianótico ou rubro quando pendente.

Pulsos e pele

Os pulsos periféricos são diminuídos ou ausentes, refletindo a redução do fluxo sanguíneo. A pele é atrofiada, fina, lustrosa e sem pelos, indicando uma má nutrição dos tecidos cutâneos.

Unhas e calosidades

As unhas no pé isquêmico são atrofiadas e a presença de calosidades é geralmente ausente.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico do pé isquêmico envolve a avaliação clínica dos sintomas e sinais físicos, além de exames como o índice tornozelo-braço (ITB), que mede a pressão arterial nas pernas e compara com a dos braços. O tratamento visa restabelecer o fluxo sanguíneo através de procedimentos como a angioplastia, além de controlar os fatores de risco e cuidar das úlceras existentes com técnicas adequadas para evitar infecções e promover a cicatrização.

  • Teste de sensibilidade para o pé diabético
O teste de sensibilidade com monofilamento de 10 gramas de Semmes-Weinstein é uma técnica essencial para avaliar a perda de sensibilidade protetora em pacientes com diabetes mellitus. Esse teste ajuda a identificar o risco de úlceras diabéticas nos pés, sendo um método simples e eficaz.

Método de Avaliação

1. Esclarecimento: informe o paciente sobre o procedimento e peça que responda "sim" ao sentir o contato do monofilamento.
2. Aplicação: o monofilamento é pressionado perpendicularmente à pele até encurvar, sem deslizar, por até 2 segundos.
3. Resposta: o paciente deve identificar o local e a sensação de toque (pé direito ou esquerdo).
4. Pontos de Teste: o teste é realizado em quatro pontos de cada pé, aplicando o monofilamento duas vezes em cada ponto, com uma aplicação simulada (sem toque).
5. Interpretação: a sensibilidade protetora está presente se o paciente responder corretamente a duas das três aplicações em cada ponto.

Procedimento de limpeza e manutenção

1. Limpeza: o monofilamento deve ser limpo com solução de sabão líquido e água morna após cada uso.
2. Calibração: para manter a tensão adequada, o monofilamento deve repousar por 24 horas a cada dez pacientes examinados. Sua vida útil é geralmente de 18 meses.

Classificação de risco

A classificação de risco para úlceras nos pés de pacientes diabéticos é baseada na presença de sensibilidade protetora e doença arterial periférica (DAP). A avaliação inclui a presença de deformidades nos pés e pulsos palpáveis. O tratamento e o seguimento variam de acordo com a classificação do risco, que pode ir de ausência de risco (categoria 0) até histórico de úlcera ou amputação (categoria 3). O acompanhamento é essencial, variando de anual para pacientes de baixo risco a consultas mais frequentes para aqueles com risco elevado.

Recomendações de tratamento

1. Educação: para todos os pacientes, enfatizar a importância de calçados adequados e cuidados com os pés.
2. Prescrição de calçados: para pacientes com perda de sensibilidade ou deformidades.
3. Consultas regulares: seguimento com especialistas em casos de DAP ou histórico de úlceras.

A aplicação correta do teste de sensibilidade é crucial para prevenir complicações graves e melhorar a qualidade de vida dos pacientes diabéticos.

  • Pé diabético
O pé diabético é definido pela ulceração e/ou destruição dos tecidos profundos, associada a anormalidades neurológicas e vários graus de doença vascular periférica. Pode ser desencadeado por traumas e agravado pela neuropatia periférica e doença vascular periférica.



  • Localização das úlceras diabéticas
As úlceras diabéticas frequentemente se localizam na superfície plantar, hálux, cabeça do osso metatarso e calcanhar. Podem apresentar leito profundo, seco ou com exsudato moderado, e tecido de granulação friável ou isquêmico.

  • Avaliação
A avaliação de úlceras diabéticas envolve a busca de fatores de risco, como tabagismo, diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e hiperlipidemia. A inspeção dos pés deve incluir a verificação de queda de pelos, unhas quebradiças, claudicação, dor em repouso, palidez, cianose, pés frios e atrofia muscular. A avaliação do risco deve ser feita por um cirurgião vascular.

  • Fatores de risco para pessoas com DM desenvolverem úlceras
As pessoas com diabetes mellitus (DM) possuem um risco elevado de desenvolver úlceras nos pés devido à combinação de neuropatia, doença arterial periférica e traumas repetidos. A classificação do risco é essencial para a prevenção e o manejo adequado dessas úlceras.

Categoria 0: baixo risco

Para aqueles com DM e baixo risco de desenvolver úlceras, é fundamental adotar cuidados pessoais e realizar autoexames diários dos pés. Devem ser observadas mudanças de cor, edema, dor, parestesias e rachaduras na pele. É importante usar sapatos adequados que não causem pressão em áreas de apoio ou extremidades ósseas. A higiene deve incluir lavar e secar cuidadosamente os pés, especialmente os espaços interdigitais, e hidratá-los diariamente com cremes. Cuidados com as unhas e a proteção contra traumas externos são igualmente cruciais. Procurar um profissional de saúde é essencial ao perceber qualquer alteração de cor, edema, dor ou perda de sensibilidade.

Categoria 1 ou 2: alto risco

Para pessoas com DM e alto risco de desenvolver úlceras, além dos cuidados listados para a Categoria 0, devem-se evitar caminhar descalço e usar produtos para calos e unhas apenas com orientação profissional. É importante verificar a temperatura da água em banhos para evitar queimaduras nos pés dormentes e não usar sapatos novos por períodos prolongados. Usar protetor solar nos pés e planejar períodos de repouso para os pés em situações especiais também são recomendados.

Categoria 3: presença de úlceras

Para aqueles com úlceras presentes, além dos cuidados dos itens anteriores, é crucial lembrar que infecções podem ocorrer e progredir rapidamente. A detecção e o tratamento precoce aumentam as chances de um bom desfecho. O repouso adequado do pé/perna doente é fundamental no processo de cura. Deve-se observar e comunicar aos profissionais de saúde quaisquer alterações no tamanho da úlcera, cor da pele ao redor, tipo de secreção e surgimento de novas úlceras ou bolhas. Procurar a UBS imediatamente se perceber mudança no odor dos pés ou da lesão, edema ou sensação de mal-estar.

Cuidados profissionais

Os cuidados profissionais incluem a avaliação regular dos pés, a identificação de fatores de risco através de inspeção, a indicação de calçados adequados e o alívio dos pontos de pressão com placas de hidrocoloide de camada fina. 

  • Cuidados e tratamento
Redução de fatores de risco: controlar o diabetes e a hipertensão, manter um peso saudável e evitar o tabagismo.
Exercícios físicos: atividades que promovem a circulação sanguínea, como os exercícios de Buerger-Allen, que consistem na colocação dos membros em três posições: elevado, pendente e horizontal.
Cuidados de higiene: usar sabão neutro, secar cuidadosamente entre os dedos, e utilizar toalhas macias. Na presença de feridas, realizar enfaixamento não compressivo e manter técnica asséptica.
Prevenção de úlceras: elevar a cabeceira da cama em 20 cm, proteger contra traumas, prevenir atrofias musculares, cuidar das unhas e tratar micoses superficiais.

  • Tratamento cirúrgico
O tratamento das úlceras arteriais pode envolver intervenções cirúrgicas para restabelecer o fluxo sanguíneo, como cirurgia de desvio arterial, angioplastia e stentes. A cirurgia ortopédica também pode ser necessária para prevenir lesões, restaurar a função dos membros e minimizar o risco de recorrência, infecção e amputação.

  • Importância do diagnóstico e tratamento adequado
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado das úlceras diabéticas são essenciais para prevenir complicações graves, como infecções e amputações. A equipe de saúde deve estar bem informada sobre as manifestações clínicas e os princípios básicos do tratamento para implementar a abordagem correta e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

As úlceras diabéticas representam um desafio significativo para a saúde pública, devido à sua natureza crônica e recorrente. A educação do paciente e dos cuidadores sobre a importância das medidas preventivas e do acompanhamento contínuo é crucial para reduzir as recidivas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Cuidados gerais para feridas crônicas

O cuidado com feridas crônicas vai além da simples troca de curativos, exigindo uma abordagem integral e multidisciplinar. O enfermeiro, em suas atribuições, deve avaliar e prescrever a cobertura mais adequada para cada tipo de lesão, considerando a saúde geral do paciente, comorbidades, condições de vida e outras variáveis relevantes.

  • Compreenda a lesão
O tratamento eficaz de uma ferida crônica começa com uma avaliação completa do paciente, incluindo histórico de saúde, medicações em uso, estado biopsicossocial, e condições de mobilidade. A anamnese detalhada e o exame físico são fundamentais, focando nas características da ferida, como extensão, profundidade, tipo de tecido, exsudato, bordas e dor.

  • Higienização e limpeza
A limpeza adequada da ferida é crucial para prevenir infecções e preparar o local para receber a cobertura correta. O soro fisiológico 0,9%, aquecido e aplicado em jatos, é recomendado. A solução de Polihexametileno Biguanida (PHMB) também é uma boa opção devido às suas propriedades antissépticas não citotóxicas.

  • Desbridamento
A remoção de tecido desvitalizado, que retarda a cicatrização, pode ser feita por desbridamento autolítico, enzimático, instrumental ou cirúrgico. A ferida limpa e livre de tecido morto tem maior potencial de cicatrização.

  • Escolha da cobertura
A escolha correta da cobertura é essencial para o sucesso do tratamento. Existem várias opções, como ácidos graxos essenciais, hidrofibra com prata, alginato de cálcio, carvão ativado com prata, hidrogel, papaína, curativo hidrocoloide, entre outros. A cobertura deve ser escolhida com base nas necessidades específicas da ferida, e o tempo de troca deve ser ajustado conforme necessário.

  • Proteção das bordas
As bordas da ferida devem ser protegidas contra maceração. Cremes barreiras são uma boa opção para evitar danos adicionais. A hidratação regular, tanto oral quanto tópica, é uma prática essencial no cuidado diário.

  • Terapias adjuvantes
Terapias adjuvantes são estratégias adicionais ao tratamento convencional e têm mostrado eficácia na cicatrização de feridas crônicas. Entre essas terapias, destaca-se a laserterapia, que utiliza laser de baixa frequência para estimular a proliferação celular, a revascularização e melhorar a circulação sanguínea, acelerando o processo de cicatrização e aliviando a dor. Quando combinada com a terapia fotodinâmica (PDT), que usa agentes fotossensibilizadores como o azul de metileno ativado por laser, a eficácia é aumentada, sendo particularmente útil no combate a infecções resistentes. Além disso, tratamentos como a terapia por pressão negativa (VAC), fatores de crescimento recombinantes tópicos e produtos de células e tecidos oferecem novas opções para promover a cicatrização de feridas crônicas, ainda que suas evidências variem.



  • Abordagem multidisciplinar
O tratamento de feridas crônicas deve ser um esforço conjunto envolvendo uma equipe multidisciplinar. Profissionais de enfermagem, fisioterapia, medicina, nutrição e psicologia trabalham juntos para fornecer uma abordagem integral ao cuidado do paciente. Essa colaboração é essencial para atender às múltiplas necessidades do paciente, incluindo intervenções motoras, cirúrgicas, psicológicas e nutricionais. Cada área contribui com sua expertise, garantindo que o tratamento seja abrangente e eficaz, melhorando significativamente a qualidade de vida do paciente e aumentando as chances de uma recuperação bem-sucedida.



Este artigo pertence ao Curso de Cuidados Aplicados às Feridas

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