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DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NA ESCOLA

Pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva costumam apresentar dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas (como as metáforas, a noção de tempo e os valores monetários), estabelecer relações sociais, compreender e obedecer a regras, e realizar atividades cotidianas - como, por exemplo, as ações de autocuidado. A capacidade de argumentação desses alunos também pode ser afetada e precisa ser devidamente estimulada para facilitar o processo de inclusão e fazer com que a pessoa adquira independência em suas relações com o mundo.


As causas são variadas e complexas, sendo a genética a mais comum, assim como as complicações perinatais, a má-formação fetal ou problemas durante a gravidez. A desnutrição severa e o envenenamento por metais pesados durante a infância também podem acarretar problemas graves para o desenvolvimento intelectual. O Instituto Inclusão Brasil estima que 87% das crianças brasileiras com algum tipo de deficiência intelectual têm mais dificuldades na aprendizagem escolar e na aquisição de novas competências, se comparadas a crianças sem deficiência. Mesmo assim, é possível que a grande maioria alcance certa independência ao longo do seu desenvolvimento. 


Apenas os 13% restantes, com comprometimentos mais severos, vão depender de atendimento especial por toda a vida. 


Deficiência intelectual na escola


As limitações impostas pela deficiência dependem muito do desenvolvimento do indivíduo nas relações sociais e de seus aprendizados, variando bastante de uma criança para outra. Em geral, a deficiência intelectual traz mais dificuldades para que a criança interprete conteúdos abstratos. Isso exige estratégias diferenciadas por parte do professor, que diversifica os modos de exposição nas aulas, relacionando os conteúdos curriculares a situações do cotidiano, e mostra exemplos concretos para ilustrar ideias mais complexas.


O professor é capaz de identificar rapidamente o que o aluno não é capaz de fazer. O melhor caminho para se trabalhar, no entanto, é identificar as competências e habilidades que a criança tem. Propor atividades paralelas com conteúdos mais simples ou diferentes, não caracteriza uma situação de inclusão. É preciso redimensionar o conteúdo com relação às formas de exposição, flexibilizar o tempo para a realização das atividades e usar estratégias diversificadas, como a ajuda dos colegas de sala - o que também contribui para a integração e para a socialização do aluno.


Em sala, também é importante a mediação do adulto no que diz respeito à organização da rotina. Falar para o aluno com deficiência intelectual, previamente, o que será necessário para realizar determinada tarefa e quais etapas devem ser seguidas é fundamental. Para que tenhamos uma inclusão de fato, precisamos estar atentos a todos os tipos de alunos inclusos, e saber de que forma podemos atendê-los e mediá-los na aprendizagem com eficácia. Os portadores de deficiência intelectual requerem uma atenção especial, para a qual existem medidas que precisam ser tomadas para que eles tenham pleno êxito em suas atividades. Vamos a elas:


  • A identificação do aluno com deficiência intelectual

Antes de mais nada, é preciso saber se o aluno em questão é realmente portador de deficiência intelectual. Para isso, deve haver um parecer de um médico neurologista para endossar esta condição. Além disso, os deficientes intelectuais possuem geralmente um vocabulário limitado, e também apresentam dificuldades em lidar com as atitudes cotidianas. Caso tais sinais sejam percebidos pelo professor sem que os pais tenham feito o relato de algum problema cognitivo, cabe então à escola conversar com os pais e orientá-los a respeito de buscar uma consulta com um profissional que possa identificar com precisão o que o aluno tem.


  • O plano de desenvolvimento individual

Tendo sido feito o diagnóstico, o gestor deve fazer um plano de desenvolvimento individual do aluno, no qual constarão os dados do aluno, informações médicas e terapêuticas, bem como os relatos dos pais sobre o que o aluno consegue fazer, e o que ele ainda precisa aprender. Com base nestas informações, os professores poderão fazer sua parte no plano individual do aluno, onde discorrerão sobre quais são as expectativas deles com relação ao aluno durante o ano letivo e quais materiais e estratégias serão usadas para alcançá-las.


  • Adaptação do currículo

O currículo deve ser, preferencialmente, o mesmo utilizado pelo restante da classe, porém, devem ser feitas as adaptações de acordo com as necessidades do aluno. Se a classe estiver estudando, por exemplo, funções de primeiro grau em matemática, e o aluno não for capaz, no momento, de efetuar tais equações, o professor de matemática pode trabalhar com o aluno soma e subtração, preferencialmente utilizando objetos para contar, como material dourado, fichas coloridas, etc.


  • A prática

O aluno deficiente intelectual geralmente precisa de muita prática até conseguir assimilar um conteúdo. O professor não deve ficar preocupado em seguir o currículo, mas sim em respeitar o ritmo do aluno. Também não deve dar exercícios infantis a adolescentes ou exercícios fáceis demais para o aluno. Procure dar a ele uma atividade relativamente fácil, e, aos poucos, aumente a dificuldade. Caso verifique que o aluno não está conseguindo realizar os exercícios, o professor deve voltar a lições mais fáceis, até que o aluno sinta-se pronto para novos desafios, que precisam ser dados, de acordo com o ritmo do estudante.

  • O tempo

Os alunos portadores de deficiência intelectual, via de regra, precisam de um tempo maior para desenvolver as atividades. O importante é não estressá-los, e sim deixar que eles façam suas atividades dentro de seu próprio ritmo. É bom lembrar-se que o crucial aqui não é o quanto ele aprendeu, mas sim se houve evolução, mesmo que pequena.


  • O estilo de aprendizagem

É interessante certificar-se de que tipo de aprendiz é o aluno, se é visual, auditivo ou cinestésico. Alunos visuais precisam de cartões com figuras, imagens, materiais para contar, ou seja, todo tipo de material que possa ser visto o auxiliará na aprendizagem. A grande maioria das pessoas são visuais. O aluno auditivo aprende melhor ouvindo. Para um aluno auditivo, é válido gravar histórias, trechos de livros, etc. O aluno cinestésico precisa tocar nos objetos para aprender. Para o cinestésico, vale o uso de objetos e materiais pedagógicos táteis para facilitar sua aprendizagem.


  • As avaliações

As avaliações, dependendo de cada aluno e de seu estilo de aprendizagem, devem ser adaptadas. Avaliações orais para alunos auditivos, avaliações com materiais táteis para alunos cinestésicos e avaliações com figuras para alunos visuais devem ser incorporadas. Além de todos estes cuidados, é fundamental que o aluno participe também de atividades que envolva os demais estudantes. Como por exemplo, trabalhos em duplas e grupos, afinal, incluir é aceitar e permitir ao aluno interagir com os demais. Isso é beneficial para todos os alunos.




Este artigo pertence ao Curso de Educação Inclusiva

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