Área do Aluno


ou



Dificuldades de aprendizagem

Se estas são as competências que todo psicopedagogo deve ter propriedade, quais seriam então as dificuldades de aprendizagem que podem ocorrer e que o profissional deve estar apto a auxiliar? 

Como dito, existem algumas dificuldades que precisam apenas de auxílio para que a criança consiga desenvolver, se dedicar a estudar ou até mesmo aprender a estudar. No entanto, há também transtornos e dificuldades específicas que precisam ser tratadas considerando os aspectos mentais, de saúde, bem como as limitações de cada indivíduo.

Neste sentido, os psicopedagogos exercem uma função crucial ao identificar e intervir nas dificuldades de aprendizagem, mas também de considerar diagnósticos relevantes para aplicar as medidas corretas para cada pessoas. Essas dificuldades podem variar amplamente, e cada uma requer uma abordagem específica para ajudar o aluno a superar os obstáculos. 

Ao compreender as especificidades de cada transtorno e aplicar estratégias de intervenção adaptadas, eles ajudam os alunos a superar os desafios e alcançar seu potencial acadêmico e pessoal. 

A colaboração com professores, pais e outros profissionais é fundamental para criar um ambiente de aprendizagem inclusivo e eficaz, aspecto que ficará ainda mais evidente ao conhecer cada uma das dificuldades ou transtornos, bem como as duas intervenções sugeridas.

Confira!

 1. Dislexia

Segundo a Associação Internacional de Dislexia (IDA – International Dyslexia Association), o conceito de dislexia do desenvolvimento é um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada pela dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Ou seja, uma alteração na forma como o cérebro processa a linguagem escrita.

Como resultado, há um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas. Em outras palavras, o transtorno caracteriza-se pela dificuldade em reconhecer palavras, ler com fluência, soletrar e decodificar textos. Os alunos com dislexia podem se sentir frustrados e desmotivados devido às suas dificuldades com a leitura e a escrita.

Além disso, podem ficar dispersos, não apresentar muito interesse por livros e escrita, trocar letras e palavras e entre outras dificuldades de domínio da linguagem, principalmente a escrita.

Intervenção Psicopedagógica

- Estratégias de Leitura Multissensoriais: Utilização de técnicas que envolvem múltiplos sentidos (visual, auditivo, tátil) para ajudar os alunos a associar sons e letras de maneira mais eficaz;

- Apoio Individualizado: Sessões de tutoria focadas nas necessidades específicas do aluno, utilizando ferramentas como software de leitura assistiva e programas de leitura fonética;

- Letras e questões adaptadas: quanto mais jovem for a pessoa auxiliada, mais detalhes devem ser pensados para auxiliá-los. Neste sentido, letras em bastão, leituras menores e frases menos complexas podem ajudar nos primeiros exercícios. Conforme o passar do desenvolvimento, adaptações, questões e até avaliações mais complexas podem e devem ser aplicadas para garantir a evolução da aprendizagem;

- Estímulos: não adianta frear uma pessoa porque ela tem dislexia. Tente utilizar de estratégias diversas e veja o que melhor funciona para ela. Sugira leituras, ditados, estimule a escrita, a coordenação motora e muito mais. Jogos da memória com palavras, palavras dispostas desorganizadas para formar frases e ordem de figuras de acordo com o que é dito também pode auxiliar. Use linguagem direta para ajudar;

- Colaboração com Professores e Pais: Ajustes curriculares e estratégias de ensino diferenciadas, bem como a comunicação constante com professores e pais para garantir um apoio consistente tanto na escola quanto em casa.

2. Discalculia

A discalculia é uma dificuldade de aprendizagem específica relacionada à matemática. Indivíduos com discalculia podem ter problemas para compreender conceitos numéricos, memorizar fatos matemáticos básicos, realizar cálculos e entender problemas matemáticos mais complexos. A discalculia pode afetar significativamente o desempenho escolar e a autoconfiança dos alunos.

Intervenção Psicopedagógica

- Métodos Visuais e Tácteis: Uso de objetos físicos, como blocos e contadores, e recursos visuais para ensinar conceitos matemáticos. Essas ferramentas ajudam a tornar os conceitos abstratos mais concretos e compreensíveis.


Fonte: Joaquín Corbalán/ Reprodução: Canva Pro.

- Utilize exemplos do cotidiano: a matemática é importante justamente porque está presente em nosso dia a dia. Aproveite isso para dar exemplos e tentar ajudar no desenvolvimento através de associações com a rotina da pessoa;

- Prática Repetitiva e Gradual: Exercícios constantes e gradualmente desafiadores para reforçar habilidades matemáticas básicas, ajudando os alunos a ganhar confiança e competência em matemática.

- Adaptações Curriculares e Tecnológicas: Utilização de calculadoras, software de matemática assistiva e outras tecnologias que podem facilitar a aprendizagem e a prática matemática para os alunos com discalculia.

3. Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)

O TDAH é um transtorno neurobiológico que afeta a capacidade do indivíduo de prestar atenção, controlar impulsos e regular comportamentos. Alunos com TDAH podem ter dificuldades em se concentrar, seguir instruções e completar tarefas, o que pode levar a um desempenho escolar inconsistente.

Crianças e adolescentes com TDAH frequentemente exibem agitação e inquietação, movimentando-se constantemente pelo ambiente, mexendo nas mãos, pés e objetos ao redor. Eles têm dificuldade em permanecer quietos, como sentados em uma cadeira, e costumam falar excessivamente. 

A atenção em atividades longas, repetitivas ou que não lhes interessam é limitada, sendo facilmente distraídos por estímulos externos ou pensamentos internos. O esquecimento é uma queixa comum dos pais, já que essas crianças frequentemente "esquecem" materiais escolares, recados e até o que estudaram para uma prova. 

A impulsividade também é um sintoma marcante, manifestando-se na incapacidade de esperar a vez, responder perguntas sem lê-las completamente, interromper conversas e agir sem pensar. 

A organização e o planejamento são frequentemente deficientes, e o desempenho escolar pode parecer abaixo do esperado para sua capacidade intelectual, embora os problemas estejam frequentemente mais relacionados ao comportamento do que ao rendimento. Meninas tendem a apresentar menos sintomas de hiperatividade e impulsividade, mas são igualmente desatentas.

Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção, estima-se que aproximadamente 60% das crianças e adolescentes com TDAH continuem a apresentar alguns sintomas na vida adulta, embora em menor grau. Adultos com TDAH geralmente têm dificuldade em organizar e planejar suas atividades diárias, especialmente ao tentar priorizar tarefas. 

Eles se estressam facilmente ao assumir múltiplos compromissos e muitas vezes não sabem por onde começar. Esse medo de não conseguir concluir todas as tarefas pode levar a trabalhos incompletos ou à interrupção frequente de uma atividade para começar outra, esquecendo-se de retornar à inicial. 

Adultos com TDAH também podem ter dificuldade em completar tarefas sozinhos e frequentemente precisam de lembretes de outras pessoas, o que pode causar problemas no trabalho, nos estudos e nos relacionamentos.

Todas essas informações são dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção, uma boa base para saber mais sobre o TDAH e se manter atualizado a respeito do tema.

Intervenção Psicopedagógica

O tratamento do TDAH é multifacetado, envolvendo uma combinação de medicamentos, psicoterapia e fonoaudiologia (quando há transtornos de fala ou escrita). A orientação aos pais e professores, bem como o ensino de técnicas específicas para o paciente, são componentes cruciais do tratamento. Esta abordagem integrada ajuda a melhorar a gestão dos sintomas e a promover um melhor funcionamento diário para os indivíduos com TDAH.

A Psicopedagogia desempenha um papel fundamental na intervenção e suporte a indivíduos com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Através de técnicas específicas e abordagens personalizadas, os psicopedagogos ajudam a melhorar o desempenho acadêmico e o comportamento dos alunos com TDAH. 

O primeiro passo na intervenção psicopedagógica é a avaliação detalhada das habilidades cognitivas, emocionais e comportamentais do aluno. Isso envolve o uso de testes padronizados, observações em sala de aula, entrevistas com pais e professores, e análise do histórico acadêmico.

É válido ressaltar que o diagnóstico só pode ser feito através de uma longa anamnese (entrevista) com um profissional médico especializado (psiquiatra, neurologista, neuropediatra. Portanto, caso alguns sintomas sejam identificados, recomende a visita a um destes profissionais para que a avaliação correta e final seja feita.

No entanto, através da avaliação do aluno, o psicopedagogo identifica as áreas específicas onde o aluno enfrenta dificuldades, como atenção, organização, planejamento, impulsividade e habilidades sociais.

Entre as estratégias de intervenção, é possível listar:

- Técnicas de Gestão de Sala de Aula: trabalhar com professores para implementar estratégias de gerenciamento de sala de aula que ajudem a minimizar as distrações e a promover um ambiente de aprendizagem mais estruturado. Tais como: a criação de rotinas claras, o uso de sinais visuais e auditivos para captar a atenção do aluno, e a segmentação das tarefas em etapas menores e mais gerenciáveis;

- Apoio Individualizado: Sessões de apoio para abordar as necessidades específicas do aluno, bem como a criação de atividades adequadas à idade, transtorno e demais características do aluno;

- Desenvolvimento de Habilidades Organizacionais: Muitos alunos com TDAH têm dificuldade em organizar suas tarefas e materiais escolares. Por isso, você, enquanto psicopedagogo (a) deve ensinar estratégias de organização, como o uso de listas de verificação, agendas, e sistemas de pastas para ajudar os alunos a manterem-se organizados (aqui vemos a competência de organização sendo colocada em prática!).

- Técnicas de Planejamento: a capacidade de planejar e priorizar tarefas é frequentemente um desafio para alunos com TDAH, por isso faz parte das competências de um psicopedagogo. Como profissional, você deve trabalhar com os alunos para desenvolver essas habilidades, ensinando técnicas de planejamento de curto e longo prazo e ajudando-os a dividir grandes projetos em tarefas menores e mais gerenciáveis. Crie seus métodos de organização para poder repassar aos alunos!

- Treinamento de Habilidades Sociais: lembre-se: é comum que alunos com TDAH enfrentem dificuldades em interações sociais. Por isso, os psicopedagogos devem oferecer treinamento de habilidades sociais, que pode incluir o ensino de técnicas de comunicação eficaz, resolução de conflitos e habilidades de empatia.

- Orientação e apoio aos pais: infelizmente, ainda existe muita desinformação a respeito de dificuldades de aprendizagem ou transtornos existentes. Isso faz tanto com que as pessoas tenham preconceito quanto não saibam lidar com tais questões. Neste sentido, os psicopedagogos fornecem orientação aos pais sobre como apoiar seus filhos em casa e a como entendê-los. Algumas medidas para isso são sugestões de estratégias para ajudar com a organização e o planejamento de tarefas, técnicas de reforço positivo e como criar um ambiente doméstico que minimize distrações.

- Formação de Professores: psicopedagogos colaboram com professores para capacitá-los a lidar de maneira eficaz com alunos com TDAH. Algumas formas de fazer isso são através de orientações, cursos , palestras e consultorias sobre as melhores práticas de ensino e gestão de sala de aula para esses alunos.

Há também a possibilidade de trabalhar de maneira inovadora e digital através de tecnologias assistivas. Lembre-se: a tecnologia pode ser uma aliada importante na intervenção psicopedagógica. Ferramentas como aplicativos de organização, timers visuais, e softwares de ensino interativo podem ajudar a manter os alunos com TDAH focados e engajados.

Ademais, diversos recursos digitais, como plataformas de aprendizado digital, oferecem feedback imediato e atividades interativas podem ser particularmente eficazes para alunos com TDAH, pois ajudam a manter seu interesse e motivação.

Esses recursos são interessantes tanto para a assistência, quando para o monitoramento e ajuste contínuo das estratégias de ensino. Aliás, o progresso do aluno deve ser monitorado continuamente para avaliar a eficácia das intervenções. Isso garante que você possa aplicar ajustes regulares nas estratégias utilizadas para garantir que as necessidades do aluno sejam atendidas de maneira eficaz.

Por fim, através de feedbacks é possível lapidar os alunos, pais e até professores para aumentar o progresso, através do diálogo sobre o que foi atingido e quais áreas ainda precisam de melhoria. Através do feedback, o psicopedagogo mantém todos os envolvidos informados e engajados no processo de intervenção.

Com apoio adequado, os alunos com TDAH podem melhorar significativamente seu desempenho acadêmico, desenvolvendo habilidades de estudo e técnicas de aprendizado mais eficazes. Além disso, os alunos ganham confiança em suas capacidades, o que pode levar a uma maior motivação e uma atitude mais positiva em relação à escola e ao aprendizado, além de reduzir muitos sintomas associados ao TDAH.

4. Disgrafia

A disgrafia é uma dificuldade de aprendizagem que afeta a habilidade de escrever. Esses problemas incluem caligrafia ilegível ou inconsistente, dificuldades na formação correta das letras, manutenção de um espaçamento uniforme entre palavras e alinhamento adequado do texto nas linhas do papel. 

Além disso, a organização das ideias no papel é um desafio significativo, resultando em textos confusos e desorganizados devido à dificuldade em estruturar parágrafos, utilizar sinais de pontuação corretamente e manter uma sequência lógica de ideias. A ortografia é outra área problemática, com dificuldades em memorizar a grafia correta das palavras, aplicar regras ortográficas e detectar erros de ortografia nos próprios textos. 

A escrita lenta, a dor e o desconforto nas mãos e braços ao escrever, e a evitação de atividades que envolvem escrita são sintomas comuns que afetam o desempenho escolar e causam frustração tanto para os alunos quanto para os professores.

Intervenção psicopedagógica

Para ajudar indivíduos com disgrafia, várias estratégias podem ser implementadas, incluindo exercícios de coordenação motora fina para fortalecer os músculos das mãos e melhorar a caligrafia. Entre as tecnologias assistivas passíveis de auxílio, estão os  computadores com software de processamento de texto e programas de reconhecimento de voz para reduzir a carga da escrita manual. 

Além disso, o ensino explícito de estratégias de escrita, como o uso de organizadores gráficos e a segmentação de tarefas complexas, pode ajudar a organizar as ideias e melhorar a qualidade da escrita. O suporte emocional e motivacional também é crucial para incentivar uma atitude positiva em relação à escrita e reduzir a frustração e a ansiedade associadas à disgrafia. 

Com intervenções adequadas e suporte contínuo, é possível ajudar indivíduos com disgrafia a desenvolver habilidades de escrita escrita mais eficazes e a minimizar o impacto desta dificuldade em suas vidas diárias.

5. Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O TEA é um transtorno do desenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento. As manifestações do TEA podem variar amplamente, desde dificuldades leves até desafios significativos. Alunos com TEA podem ter dificuldades em entender nuances sociais, interpretar linguagem corporal e expressar suas necessidades de forma clara.

Uma pesquisa recente publicada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (Centers for Disease Control and Prevention - CDC) apontou a prevalência de autismo de uma para cada 54 crianças de 8 anos. Além disso, o estudo mostra que para cada 1 menina com TEA, há 4 meninos.


Fonte: vetrestudio/ Reprodução: Canva Pro.

O TEA afeta o desenvolvimento, prejudicando a organização de pensamentos, sentimentos e emoções. Pessoas com TEA enfrentam desafios significativos na comunicação devido à falta de domínio da linguagem e uso limitado da imaginação. Eles também apresentam dificuldades na socialização e exibem comportamentos repetitivos e restritos. Os sinais do autismo geralmente aparecem nos primeiros meses de vida, mas o diagnóstico tende a ser confirmado entre dois e três anos de idade.

Sinais comuns do TEA

Os sinais mais frequentes do TEA incluem:

  • Atraso na fala: as crianças podem demorar mais que o normal para começar a falar.
  • Falta de resposta ao ser chamado: demonstram desinteresse por pessoas e objetos ao redor.
  • Preferência por atividades solitárias: dificuldades em participar de brincadeiras em grupo.
  • Incapacidade de interpretar gestos e expressões faciais.
  • Dificuldade em formar frases: podem repetir palavras ou frases frequentemente.
  • Falta de filtro social: tendem a ser excessivamente sinceros.
  • Desconforto em ambientes sociais.
  • Seletividade alimentar: escolhem alimentos por cheiro, sabor ou textura.
  • Movimentos repetitivos: incluem balançar o corpo, bater palmas, girar em torno de si.
  • Interesses obsessivos: focam em tópicos incomuns ou específicos como tecnologia, datas, números.
  • Problemas gastrointestinais: frequentemente associados à ansiedade.
Além desses sinais, alguns indivíduos com autismo podem ter acessos de raiva, hiperatividade, passividade, déficit de atenção, dificuldade em lidar com ruídos, falta de empatia, e respostas variáveis à dor e à temperatura.

Intervenção Psicopedagógica

- Estratégias de Gerenciamento de Sala de Aula: Técnicas como a segmentação de tarefas em partes menores e o uso de reforço positivo para manter o aluno focado e motivado.
- Intervenções Comportamentais: Programas de modificação de comportamento que ajudam os alunos a desenvolver habilidades de autorregulação e a controlar impulsos.
- Colaboração com Médicos e Psicólogos: Trabalho conjunto com profissionais de saúde para monitorar o progresso do aluno e ajustar estratégias de intervenção conforme necessário.
- Uso da ABA. Confira mais abaixo.

Entenda a ABA e seu uso na Psicopedagogia para Auxiliar Pessoas com TEA

A Análise do Comportamento Aplicada (ABA, do inglês "Applied Behavior Analysis") é uma abordagem amplamente utilizada na intervenção de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). ABA é uma ciência baseada em princípios comportamentais que se concentra na melhoria de comportamentos socialmente significativos. 

ABA é fundamentada na teoria behaviorista, que se concentra na observação e modificação do comportamento através de reforços positivos e negativos. Os princípios básicos incluem:

- Reforço Positivo: Recompensar comportamentos desejados para aumentá-los.
- Reforço Negativo: Remover estímulos aversivos para reforçar comportamentos desejados (ou seja, aquilo que pode ser visto como algo ruim e que fará a pessoa ficar feliz em não lidar mais).
- Extinção: Reduzir comportamentos indesejados removendo os reforços/incentivos  que os mantêm.
- Modelagem: Demonstrar comportamentos desejados para que o aluno possa imitá-los.

Aplicação da ABA na Psicopedagogia

A ABA é aplicada de várias formas para ajudar pessoas com TEA a desenvolver habilidades de comunicação, sociais e acadêmicas. As intervenções são personalizadas e baseadas em uma avaliação individualizada das necessidades de cada pessoa. 

Antes de iniciar uma intervenção ABA, é realizada uma avaliação detalhada para identificar as habilidades atuais e as áreas que necessitam de desenvolvimento. Com base nessa avaliação, é elaborado um plano de intervenção individualizado com objetivos específicos e mensuráveis.

Sessões de Intervenção Estruturadas

As sessões ABA são altamente estruturadas e podem ocorrer em diferentes ambientes, como a escola, casa ou clínica. As sessões geralmente envolvem:

- Discriminação de Estímulos: Ensinar o aluno a diferenciar entre vários estímulos e responder de maneira apropriada.
- Cadeias de Comportamento: Dividir tarefas complexas em etapas menores e ensiná-las uma de cada vez.
- Ensino Incidental: Aproveitar as oportunidades que surgem naturalmente no ambiente do aluno para ensinar habilidades novas.

Reforço de Comportamentos Positivos

A ABA utiliza reforços positivos para incentivar comportamentos desejados. Isso pode incluir elogios, brinquedos, atividades preferidas ou outros tipos de recompensas que sejam motivadores para o aluno.

Durante a intervenção, os psicopedagogos coletam dados rigorosos sobre o progresso do aluno. Esses dados são analisados regularmente para ajustar as estratégias de intervenção e garantir que os objetivos estejam sendo alcançados.

A ABA também envolve o treinamento de pais e cuidadores para que eles possam continuar a aplicar as técnicas em casa. Isso garante a consistência da intervenção e maximiza os resultados.

Este método ajuda os indivíduos com TEA a desenvolver habilidades de comunicação, tanto verbais quanto não verbais. Isso inclui ensinar as crianças a usar palavras, gestos ou dispositivos de comunicação assistiva para expressar suas necessidades e desejos.

Como consequência, há o exercício de habilidades sociais importantes, como compartilhar, esperar a vez e interagir apropriadamente com os outros. Essas habilidades são essenciais para a inclusão social e o desenvolvimento de relacionamentos.

Além do mais, comportamentos desafiadores, como agressão, automutilação e birras, são abordados através de técnicas ABA que identificam e modificam os fatores que mantêm esses comportamentos.

E ao ensinar habilidades funcionais, como autocuidado, habilidades acadêmicas e resolução de problemas, ABA ajuda os indivíduos com TEA a se tornarem mais independentes.

Embora a ABA seja uma abordagem eficaz, é importante considerar alguns desafios e questões éticas, como a individualização do tratamento, o consentimento informado, monitoramento contínuo, respeito e dignidade. 

Práticas ABA Específicas na Psicopedagogia

Ensino de Habilidades Acadêmicas: ABA pode ser usada para ensinar habilidades acadêmicas específicas, como leitura, escrita e matemática. Isso é feito através de métodos sistemáticos que dividem essas habilidades em partes menores e ensináveis. Como:

- Treinamento de habilidades de vida diária: habilidades de vida diária, como vestir-se, higiene pessoal e alimentação, são ensinadas utilizando técnicas ABA. Essas habilidades são essenciais para a independência e qualidade de vida.

- Intervenção Precoce: programas ABA para crianças pequenas focam em habilidades básicas de comunicação, sociais e de jogo, preparando-as para o sucesso acadêmico e social.

- Integração Sensorial: para crianças com TEA que têm dificuldades sensoriais, ABA pode ser combinada com técnicas de integração sensorial para ajudar a regular as respostas sensoriais e melhorar o foco e a atenção.

Por tudo o que vimos, a ABA é uma ferramenta poderosa na psicopedagogia para auxiliar pessoas com TEA. Ao fornecer uma abordagem estruturada e baseada em evidências para ensinar habilidades e modificar comportamentos, a ABA pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos indivíduos com TEA e suas famílias. 

Com uma aplicação cuidadosa e ética, os psicopedagogos podem usar a ABA para promover a inclusão, a independência e o sucesso acadêmico e social dos alunos com TEA.

6. Transtorno de Processamento Auditivo Central (TPAC)

O Processamento Auditivo Central (PAC) refere-se à capacidade do cérebro de interpretar as informações recebidas pelos ouvidos. Indivíduos com Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) conseguem perceber os sons, mas têm dificuldade em compreender as informações neles contidas. 

Outros sintomas do Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) incluem dificuldade para seguir instruções verbais complexas, e dificuldade em localizar a origem dos sons. Indivíduos com TPAC frequentemente precisam que as informações sejam repetidas e podem parecer desatentos ou distraídos em situações com muitos estímulos auditivos.

Além disso, podem apresentar problemas em lembrar informações auditivas e distinguir entre sons semelhantes, como palavras que rimam. Essas dificuldades podem impactar o desempenho escolar, social e profissional, tornando essencial a identificação e intervenção precoces para ajudar a gerenciar e minimizar os efeitos do TPAC.

Intervenção Psicopedagógica

- Indicar ambientes de aprendizagem favoráveis: o primeiro passo é auxiliar o aluno co o seu problema. Ou seja, tirá-lo inicialmente de onde não é possível fazê-lo entender. A redução de ruídos de fundo e utilização de equipamentos como sistemas de FM para melhorar a clareza do som auxiliarão a conduzir o processo com sucesso;

- Estratégias de Ensino Visual: Complementação das instruções verbais com materiais visuais, como gráficos e diagramas, para reforçar a compreensão. Até mesmo a escrita deve ser reforçada e estimulada;

- Treinamento Auditivo: usar programas de treinamento auditivo que ajudam a melhorar as habilidades de processamento auditivo do aluno. Buscar por tecnologias assistivas também é importante neste contexto, visto que elas podem ser de grande ajuda, principalmente nos primeiros encontros com este aluno.

7. Transtorno de Processamento Sensorial (TPS)

Você já ouviu falar do TPS? Este transtorno afeta a maneira como o cérebro recebe e responde às informações sensoriais. Alunos com TPS podem ser hipersensíveis ou hipossensíveis a estímulos sensoriais, como luzes, sons e texturas, o que pode interferir no aprendizado e no comportamento.

Então como ajudá-los?

Intervenção Psicopedagógica

- Integração Sensorial: Atividades que ajudam a regular a resposta sensorial do aluno, facilitando a adaptação ao ambiente escolar.

- Adaptação do Ambiente: Modificação do ambiente de aprendizagem para minimizar estímulos sensoriais perturbadores e criar um espaço mais confortável para o aluno.

- Técnicas de Autorregulação: Ensino de estratégias que permitem ao aluno gerenciar suas respostas sensoriais de maneira eficaz.

8. Disortografia

A disortografia é uma dificuldade específica de aprendizagem que afeta a ortografia e a escrita correta das palavras. Diferentemente da disgrafia ou da dislexia, alunos com disortografia podem ter dificuldades em aplicar as regras ortográficas e memorizar a grafia correta das palavras.

Neste caso, é importante reforçar aspectos da gramática por meio de atividades mais específicas. Confira abaixo como um psicopedagogo pode ajudar.

Intervenção Psicopedagógica

- Ensino explícito de regras ortográficas: utilização de técnicas sistemáticas para ensinar e praticar regras ortográficas.

- Atividades de leitura e escrita: exercícios regulares de leitura e escrita que reforçam a ortografia correta das palavras.

- Ferramentas de apoio: utilização de dicionários eletrônicos e programas de correção ortográfica para auxiliar na escrita.


Este artigo pertence ao Curso de Introdução a Psicopedagogia

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