O Edema é o nome dado ao inchaço causado pelo excesso de acúmulo de líquidos entre tecidos e cavidades do corpo humano.
Esses distúrbios no mecanismo de troca podem ocorrer devido a diversos motivos, por isso, nem sempre é tão fácil reconhecer todas as formas de edema.
Entretanto, com os presentes estudos, existem uma série de evidências e hipóteses que podem ser consideradas fatores que tendem a aumentar o volume do líquido intersticial.
Entre eles, podemos citar:
1- Maior permeabilidade da membrana capilar;
2- Elevação da pressão no sangue capilar;
3- Redução na concentração de proteínas plasmáticas;
4- Aumento da superfície filtrante devido a dilatação dos capilares;
5- Obstrução generalizada dos vasos linfáticos;
O edema pode ser facilmente visualizado, tendo em vista o volume do fluido intersticial que pode estar aumentado de 10% a 30%, antes desse quantitativo não é visível.
Pacientes com volume aumentado em mais de 30% podem estar sofrendo de elefantíase.
Para conhecer se o volume está em excesso, além da visualização é necessário realizar a comparação com um segmento sadio.
O edema pode se apresentar tanto em espaços intercelulares quanto em cavidades como no caso da na hidrocefalia.
Os edemas ainda podem ser divididos em dois subtipos:
Edema duro ou sem cacifo
O líquido intercelular não se desloca com o movimento, sendo uma coagulação do líquido podendo gerar uma fibrose e ocasionando um grave tipo de edema que denominamos fibroedema.
Nessa situação ocorre endurecimento da área, obliteração de vasos sangüíneos, diminuição da nutrição e consequente diminuição da mobilidade e elasticidade.
Edema mole ou com cacifo
Nesse tipo de edema existe o deslocamento do líquido, indicando assim que não existe a presença de fibrose.
O edema mole tem um melhor prognóstico para o tratamento quando comparado com o edema duro.
O edema é considerado como um sintoma primário de diversas doenças, podendo ter nomes diferentes a depender do local que é acometido.
Na literatura você pode encontrar nomenclaturas como edema cardíaco e traumático, por exemplo.
No caso dos edemas renais, eles são denominados como inchaços.
Quando os edemas são provocados por obstrução generalizada dos vasos então são formados linfedemas, estruturas que se caracterizam pelo aumento do volume local.
Os linfedemas podem ocorrer em um membro, face, colo, pescoço e principalmente nos pós-operatórios de cirurgia plástica.
Esses linfedemas são subdivididos em duas classes, sendo o primário e o secundário.
No caso dos linfedemas secundários existem alterações dos vasos linfáticos decorrentes da erisipela, celulite, estase venosa crônica e lesão tecidual local.
É importante salientar também que o aumento da permeabilidade capilar arterial é um fator que pode gerar edemas.
Isso porque qualquer fator que altere a estrutura da membrana do capilar arterial pode mudar o “filtro” dos capilares.
Então, por exemplo, queimaduras, deficiência vitamínica e infecções bacterianas entre outros fatores podem prejudicar a permeabilidade capilar.
Lembrando que a permeabilidade da membrana capilar linfática é maior do que a do capilar sanguíneo, chegando a drenar de 2 a 3 litros por dia e, em casos de patologia isso pode chegar a 30 litros por dia.
Um corpo humano que funciona normalmente conta com dois sistemas de absorção, o sistema venoso e o sistema linfático, caso o venoso não seja tão eficiente, o linfático filtra 10 vezes mais para equilibrar.
Mas é importante salientar que todo sistema tem o seu nível máximo de funcionamento, necessitando relaxar. Caso o sistema linfático atue em sobrecarga o corpo pode entrar em um infarto.
Como se formam os edemas?
A formação dos edemas pode ser explicada pelas teorias do fisiologista Ernest Starling, que em 1896 descreveu quais são as forças responsáveis pelo controle dos fluidos nos leitos capilares.
Starling também foi responsável por demonstrar que quando essas forças são alteradas pode haver a geração de edemas.
Foi ele também quem demonstrou que, quando alteradas, essas forças poderiam gerar o edema.
A dinâmica dos fluidos através das paredes de um vaso sanguíneo depende do equilíbrio de três fatores, sendo eles:
A permeabilidade dessa parede (Kf)
Variações da pressão hidrostática (∆Ph)
Variações da pressão oncótica (∆Po)
Essas variáveis são expressas na seguinte fórmula:
Fluxo = Kf . (∆Ph – ∆Po)
Geralmente, a pressão hidrostática costuma ser maior na extremidade arteriolar do leito capilar quando comparado com a pressão oncótica plasmática presente naquele mesmo ponto.
Diante disso, podemos afirmar que é justamente a diferença entre as pressões que permite que os líquidos intravasculares se direcionam para o interstício.
Conforme o líquido percorre nos vasos, a saída do líquido intravascular faz com que a concentração de proteínas no lúmen do vaso aumenta, devido ao aumento da pressão oncótica nesse meio.
Essas alterações graduais ocorrem devido a inversão do gradiente de pressão na extremidade venosa da rede capilar.
Então, no momento em que a pressão oncótica supera a pressão hidrostática o líquido dessa região tende a voltar para o meio intravascular.
Lembrando que nem todo fluido é novamente retido pelo sistema venoso, o excesso continua no interstício, sendo drenado nos vasos linfáticos para manter o equilíbrio dos fluidos para que não haja formação de edema.
Além da classificação dos edemas em duro (sem cacife) e mole (com cacife) os edemas ainda podem ser divididos em três tipos, de acordo com a causa do escapamento do líquido e a composição do fluido.
Os principais tipos de edema são:
Edema comum
O edema comum tem em sua composição materiais orgânicos como proteínas e água, sendo relacionados a situações menos graves, como alergias comuns (picadas de insetos, perfumes e pólen, por exemplo).
Os edemas comuns ainda podem surgir por motivos como:
1. Queda da concentração de albumina sérica, como nos casos de nefrose inanição protéica.
2. Colesterol: o colesterol LDL caminha na parede do vaso, então, em caso de algum problema no caminho ele se deposita nessa parede e começa a fibrosar.
3. Por aumento da permeabilidade capilar arterial: Neste caso o paciente poderá apresentar os sinais flogísticos ou cardinais.
4. Obstrução venosa:Podem acontecer com torniquetes, veias varicosas, trombose venosa, tumores e insuficiência cardíaca congênita.
5. Obstrução dos vasos linfáticos: quando o líquido e a proteína se acumulam no espaço intersticial devido a uma drenagem linfática insuficiente, como nos casos de neoplasias e filariose.
Linfedema
Os linfedemas podem ser classificados em insuficiências primárias e secundárias.
Veja abaixo sobre cada uma delas:
Linfedemas primários
Os linfedemas primários costumam ocorrer nos membros inferiores, geralmente sendo patologias vasculares congênitas relacionadas com uma hipoplasia.
Nesses casos o baixo número de vasos linfáticos, sua ausência ou seu mau funcionamento pode explicar essa patologia.
Os linfedemas primários podem ser identificados em bebês ainda no útero, a partir de exames diagnósticos específicos.
A realização dessa avaliação é ainda mais importante para os casos de bebês em que os pais contam com linfedemas, tendo em vista que essa patologia é hereditária.
No processo de parto o diagnóstico do linfedema é difícil e pouco significativo, tendo em vista que recém nascidos naturalmente têm linfedema de pé.
Dessa forma, ele pode passar despercebidos.
Geralmente, as malformações congênitas dos linfáticos dos membros inferiores estão relacionadas a quilíferos, sendo uma deficiência do sistema linfático é definitiva.
O sinal de identificação do linfedema é o espessamento da face dorsal do segundo artelho, que possui uma aparência edematosa, com dificuldade de dobrar o membro.
Bastante comum entre os europeus, os linfedemas secundários estão relacionados a interrupção ou obstrução dos vasos linfáticos.
Os linfedemas secundários também podem ser resultado de tratamentos radiológicos ocasionados por patologias malignas e por traumas.
Outra forma de linfedema secundário são os parasitários, decorrente das filárias, sendo bastante frequente na Os linfedemas parasitário América do Sul.
A filariose gera uma resposta imunológica inflamatória conhecida como elefantíase parasitária.
A maioria dos casos de linfedemas secundários é decorrente de procedimentos pós-neurocirúrgicos dos tumores da pelve.
A fisiopatologia se refere a interrupção parcial das vias de drenagem linfática do membro inferior, sendo associado a lesão venosa que pode ser cirúrgica,radioterapia ou pós flebitica, por exemplo.
Nesses linfedemas ocorre o cruzamento inguinal representando a passagem incontornável de drenagem linfática do membro inferior.
Com isso, os gânglios da virilha passam a ter deficiência na drenagem dos membros inferiores e abdominogenital.
Quando a interrupção das vias linfáticas ocorre nos vasos coletores ou quando é decorrente a um ato cirúrgico ou pela extração de safena, a regeneração linfática permite o retorno do fluxo da linfa.
Nos casos de traumatismos que geram laceração tecidual a cicatrização costuma ser mais difícil e a recuperação da função linfática também é perturbada.
Com relação às formas de aparecimento dos linfedemas secundários elas podem ser variadas, podendo ter aparecimento precoce, se iniciando na face interna da coxa, provocada por um fluxo de edema.
Tratamento dos Linfedemas
O tratamento para linfedemas segue uma linha antiga, não cirúrgica, sendo indicada pelos próprios cirurgiões.
Entre as técnicas empregadas, a mais utilizada é a drenagem linfática manual, uma terapêutica que tem avançado nas técnicas nos últimos anos.
Para o tratamento dos linfedemas o médico Michael Foldi, desenvolveu a terapia descongestiva completa, baseado nos princípios de Vodder..
Outro método de drenagem linfática manual altamente utilizado é a Infoenergia, uma técnica oriental desenvolvida para o cuidado com o sistema linfático.
Mixedema
O mixedema é uma condição de pele que costuma surgir em mulheres que sofrem de hipoteoidismo grave e prolongado.
O hipotireoidismo se trata da queda na produção de hormônios pela tireoide, levando ao surgimento de diversos sintomas, como queda de cabelo, cansaço excessivo, ganho de peso e pele seca, por exemplo.
Essa condição acomete mulheres entre 30 e 50 anos e é caracterizada pelo aumento no volume do rosto e das pálpebras, com a formação de uma espécie de bolsa sobre os olhos.
Além disso, o mixedema pode se manifestar através do inchaço dos lábios e das extremidades.
Apesar de ser uma condição comum em mulheres com hipotireoidismo, o mixedema pode ocorrer como consequência de infecções, traumatismos ou uso de como sedativos e tranquilizantes.
O mixedema pode ser classificado em três subtipos, sendo eles:
Mixedema espontâneo do adulto
Surge devido à disfunção da produção dos hormônios tireoidianos;
Mixedema congênito ou primitivo
Insuficiência hipotireoidiana durante o desenvolvimento do bebê
Mixedema operatório
Surge após a cirurgia que envolve a tireoide, com a queda dos níveis hormonais diminuem após a operação.
Possíveis causas do surgimento de edemas
Nos tópicos anteriores abordamos superficialmente sobre as possíveis causas do surgimento de edemas nos paciente, agora, vejamos em detalhes sobre as principais doenças responsáveis por causar edema:
Aumento da pressão capilar
Quando as veias estão obstruídas por acúmulo de gordura, compressão ou trombos, os capilares sofrem aumento de pressão.
Nessas situações a pressão dos líquidos no interior dos vasos sanguíneos é maior do que o normal.
Como consequência, os líquidos escapam dos vasos e se acumulam nos tecidos do corpo, causando edemas.
Geralmente a pressão capilar aumenta por questões como insuficiência cardíaca, renal ou venosa.
Além disso, pacientes com dieta rica em sódio são gatilhos para o aumento da pressão capilar.
Deixar de tratar essas situações pode levar ao acúmulo de líquidos no pulmão, conhecido como edema pulmonar.
Aumento da permeabilidade capilar
A permeabilidade dos capilares sanguíneos pode aumentar devido a diversas causas, como em algumas inflamações que permitem que os líquidos escapem dos vasos, acumulando nos tecidos do corpo.
Outras causas de edema são pacientes alérgicos, resposta imune a patógenos e toxinas, queimaduras, escorbuto e uso de vasodilatadores.
Redução das proteínas plasmáticas
Os níveis de proteínas plasmáticas em equilíbrio são fundamentais para regular a reabsorção de líquidos no corpo.
Quando estão em quantidades abaixo do normal os líquidos nas camadas mais profundas não ocorre, levando assim o acúmulo desses líquidos, formando assim o edema.
Com os líquidos presos nos tecidos a produção de urina pelos rins é reduzida, causando assim ainda mais acúmulo de líquido no corpo, proporcionando o aumento dos edemas.
É comum que pacientes acometidos por síndrome nefrótica, doenças hepáticas e desnutrição proteica sofram com o aparecimento de edemas.
Bloqueio do retorno linfático
O linfedema é um tipo de edema causado pelo bloqueio do retorno linfático, tendo em vista a obstrução desses vasos.
Geralmente esse tipo de edema ocorre no caso de hipotireoidismo, câncer nos linfonodos, ou após a linfadenectomia.
O linfedema costuma ser duro, sendo firme ao toque e, a depender da evolução do paciente, o linfedema pode ter um aspecto de casca de laranja.
Como é feito o tratamento
O tratamento para a eliminação de edemas depende da condição que causou o acúmulo de líquido no tecido.
Existem casos que podem ser curados apenas com repouso, reeducação alimentar e drenagem linfática para remover o líquido em excesso até que o edema desapareça.
Quando o caso é mais grave, como as condições que envolvem doenças em órgãos como rins e fígado é necessário o tratamento da doença específica que causou o edema.
Geralmente esses pacientes passam por tratamento medicamentoso com o uso de furosemida, bumetanida ou espironolactona.
Cuidados que evitam o edema
Muitas vezes alguns descuidos na rotina são as grandes vilãs da saúde do paciente que é acometido com o aparecimento recorrente de edemas.
Alterações saudáveis no dia a dia podem ajudar a evitar e reduzir o aparecimento de novos edemas.Veja só algumas recomendações para esses pacientes:
- Reeducação alimentar, com a redução do consumo de sódio e sal;
- Prática regular de exercícios físicos;
- Manter o índice de massa corporal adequado para a altura, sexo e idade do paciente;
- Elevação das pernas ao se deitar ou sentar acima do nível do coração.
Mesmo que o paciente não tenha nenhuma doença crônica estas ações são fundamentais para evitar edemas.
Para pacientes que possuem algum tipo de problema de saúde, essas práticas devem ser orientadas pelo médico responsável pelo tratamento.