INCLUSÃO LINGUÍSTICA NO CONTEXTO ESCOLAR
As reflexões dos propósitos acerca da Língua como uma das funções identitárias dos sujeitos reafirmam-se mediante os contextos de uso que propiciam dinamização do processo de interação humana. Por um lado cada comunidade apresenta sua identidade, isto é, a Língua que materializa os acontecimentos e necessidades dos sujeitos e, por outro, a Sociolinguística, ciência que investiga a compreensão como os falantes de grupos e comunidades sociais enxergam as transformações na ação de interagir, mantém as funções características que perpetuam as concepções linguísticas e culturais nas formas comunicativas, visto que cada Língua apresenta suas variantes e peculiaridades a partir das experiências dos falantes.
O interesse em abordar as concepções de Educação Linguística na Educação Inclusiva surgiu da necessidade de ampliar as abordagens de ensino de Língua Materna no contexto da escola inclusiva como proposta de acessibilidade ao saber. Além disso, faz-se necessário considerar o contexto sociocultural dos sujeitos ao uso da linguística na apresentação aos indivíduos com necessidades educativas especiais. Entender, por exemplo, como determinadas construções e variantes na língua acontecem foram as razões que me fizeram reiterar a relevância dos objetivos inseridos neste trabalho, porque as variantes que o Português Brasileiro recepciona são muitas.
E assim como nossa Língua Materna, todas as línguas comportam variações que são adequadas pelos falantes aos contextos de uso e, de maneira enfática, é possível admitir que toda língua só é preservada quando é entendida e usada por seus usuários. Refletir sobre a educação linguística na concepção da inclusão e das metodologias desenvolvidas na instituição escolar e fora dela é percorrer um caminho caracterizado pela riqueza e pela experiência de falares e da interação entre os sujeitos. Além disso, tem-se a noção de revisitar e reconstruir trajetos percorridos e permeados por desafios de ensinar e por perspectivas a serem almejadas.
Logo, educar linguisticamente coaduna-se na valorização dos propósitos e sentidos que os textos assumem socialmente na vida das pessoas o que tangencia ao processo reflexivo de compreensão da Língua sua aplicabilidade, primeiramente, na promoção do ser humano e nunca nas suas limitações. Tanto na efetivação quanto no respeito às variedades linguísticas encontradas no espaço da sala de aula e fora dele, muitas são as formas de intervir no processo de ampliação das capacidades da linguagem que se espera dos sujeitos na interação, visto que todos nós sabemos reconhecer ou não um texto e, mais ainda, distinguirem quais são os elementos verbais e não verbais que mantêm relação de reciprocidade interlinguística entre os propósitos projetados na relação interpessoal e comunicacional.
Trabalhar a Língua como sistema dinâmico na escola é uma necessidade, o que não desconsidera métodos e análises que são realizados na compreensão da estruturação linguística. É preciso, pois, enxergar no espaço de escolarização das aprendizagens uma oportunidade de destacar todos os problemas que se pensam da Língua: destacar como as variantes se adequam aos contextos e como representam um processo identitário de cada grupo, localização e das modalidades faladas e escritas como questões necessárias ao falante. Todo e qualquer ensino da Língua na concepção da educação linguística discute e reflete os padrões ideais, reais e linguísticos.
Ensinar Língua em uma visão ampla que considere os contextos pressupõe-se entender como os sujeitos inter-relacionam-se com as práticas e as abordagens que se efetivam na produção-aquisição das experiências individuais e coletivas de compreensão da Língua; é ainda, entender que os propósitos sociocognitivistas produzem o esboço da educação linguística na concepção das práticas inclusivas. A primeira visão que se deve ter é como a escola regular e suas práticas são pensadas na perspectiva da inclusão, como as normas, regras, rituais, metodologias, ações, diretrizes e orientações curriculares são empregadas na promoção do ensino e da aprendizagem de maneira igualitária, porque a escola inclusiva é o espaço de escolarização e de interação social no qual todos aprendem segundo suas aspirações, habilidades e necessidades, visto que no ambiente das metodologias e atitudes acessíveis as identidades são transitórias, instáveis, inacabadas e, portanto, os alunos não são categorizáveis, não podem ser reunidos e fixados em categorias, grupos, conjuntos, que se definem por certas características arbitrariamente escolhidas.
Muitos são os recursos disponíveis para a promoção da educação linguística na perspectiva da inclusão escolar, assim sendo, no âmbito do ensino inclusivo há a necessidade de adequação do planejamento, de modo que potencialize as habilidades esperadas para o desenvolvimento dos sujeitos que por alguma questão se sentem impossibilitados de acessar o conhecimento de maneira igualitária, mesmo que para isso os professores tenham a ousadia de repensar como as propostas de ensino-aprendizagem são realizadas na perspectiva social e histórica da formação de sujeitos capazes de descortinar horizontes promissores no processo de escolarização.
Considerar a efetivação da educação linguística no contexto da escola inclusiva é valorizar o conhecimento do uso da Língua que o sujeito faz no processo interativo e das concepções linguísticas, dos contextos e modos que cada um traz consigo. Assim, as práticas escolares adequam-se às necessidades dos falantes que chegam à escola com o anseio de organização dos conhecimentos inerentes à Língua Materna e à formação ética do cidadão. Educar linguisticamente os sujeitos é entender como eles interagem com as propostas comunicativas e sociais, o que implica na valorização dos saberes e das maneiras que os indivíduos se relacionam com as ações de linguagem.
É, ainda, saber que todos nós apresentamos individualidades que se coadunam na coletividade do ambiente acadêmico, na valorização da linguística na escola e no processo de formação entendido como práticas sociais dos indivíduos na complementação das culturas diferenciadas em que cada característica linguística se efetiva. De tal modo, a compreensão que o sujeito e os proponentes supõem da educação linguística é que são as ações e os saberes que “cada falante sabe, mas não sabe que sabe. É que qualquer pessoa tem conhecimento amplo e fundo da língua (ou das línguas) que ela fala.
De tal modo ninguém conhece mais as necessidades linguísticas e acessíveis que as pessoas com limitação especial, porque sentem cotidianamente essa carência. Com a finalidade de destacar a necessária ausência da compreensão da educação linguística inserida na proposta inclusiva, as reflexões ampliam-se e partem do seguinte questionamento: como propor uma educação linguística eficaz na escola inclusiva, valorizando as peculiaridades e a diversidade de cada sujeito? Uma das possíveis respostas é enxergar as individualidades em um processo amplo de formação em que sejam vistas as habilidades possíveis que podem ser desenvolvidas e não às limitações dos falantes.
A oferta da educação linguística fortalece-se na qualidade destinada às práticas de ensino-aprendizagem e na valorização dos contextos sociais nos quais os sujeitos estão arraigados considerando o ensino da Língua na norma padrão e suas adaptações aos propósitos de cada indivíduo. Nesse sentido, a efetivação do processo da formação linguística de todos os alunos se coaduna em uma vertente interdisciplinar, cabendo não apenas ao professor de Língua Portuguesa discutir e valorizar os anseios dos sujeitos, mas de todos os educadores que têm o diálogo como ponte de acessibilidade ao conhecimento.
Este artigo pertence ao Curso de Educação Inclusiva
Faça o Curso completo grátis!!