INCLUSÃO NA CULTURA ESCOLAR
Os princípios de inclusão escolar advogam uma educação para todos independentes de sua raça, cor, religião, classe social e deficiência. No entanto, para além da elaboração de políticas públicas que garantam o acesso e permanência desse alunado na escola, emerge como uma das premissas básicas para o sucesso das ações inclusivas a necessidade da reestruturação da instituição escolar no que se refere às práticas e formas de transmitir ou “reproduzir” o ensino. O fazer docente resultante de valores e crenças assimilados ao longo de anos, concebe o ensino sob a visão da existência de um aluno padrão, utilizando práticas homogêneas de ensino que não considera e nem valoriza a diversidade.
A cultura escolar deve ser compreendida como processo/produto histórico, mutável e instável à medida que é produzida na tensão entre grupos e nas diferentes expectativas sobre a função social da escola, que muda de acordo com cada espaço de tempo da história. No plano educacional, o princípio inclusivo avança na exigência da qualidade do atendimento prestado aos alunos que enfrentam problemas na aprendizagem, seja por motivo de deficiência, seja por dificuldades ocasionadas por repetências, defasagem idade/série ou, ainda, por fatores econômicos e sociais.
Para demonstrar que a Educação Inclusiva pode se tornar uma prática cultural, é necessária uma análise que dê conta dos efeitos dos comportamentos das pessoas ligadas à educação sobre o ambiente educacional - aqueles que trabalham nesta área e aqueles que se beneficiam deste serviço. Assim, visando identificar os efeitos dos comportamentos dos profissionais que compõem as instituições de ensino sobre o comportamento de aprender dos alunos, é possível partir da análise das contingências entrelaçadas presentes no processo ensino-aprendizagem e dos efeitos das relações entre os sujeitos sobre o grupo, selecionando comportamentos que sejam condizentes com o princípio inclusivo e que resultem na aprendizagem.
Essas contingências comportamentais entrelaçadas podem tornar-se um padrão de comportamento que, pelas suas consequências reforçadoras, repete-se através do tempo provocando mudanças culturais. O comportamento social surge porque um organismo é importante para o outro como parte de seu ambiente, como pontua Skinner. A inclusão representa um movimento social em defesa de todas as pessoas excluídas e marginalizadas. Sua efetivação depende da adesão de todos os cidadãos e de iniciativas do poder público.
A inclusão social é um processo no qual as pessoas excluídas e o restante da sociedade, num esforço bilateral, devem buscar soluções para os problemas que dificultam a equiparação de oportunidades. Portanto, a inclusão social constitui um processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. A educação é um processo social, cujo papel é ensinar aos indivíduos, no presente, comportamentos que serão adequados, em um tempo futuro para garantir, a cada um, as melhores chances de sobrevivência no mundo, isto é, uma vida pessoal e social de boa qualidade.
É por meio do processo formal de educação que devemos ensinar aos indivíduos comportamentos que possibilitem uma atuação com competência e autonomia quando já não estiverem mais participando deste processo. O foco da escola, nesses últimos anos, mudou, visando não apenas transmitir conhecimentos, mas também atender aos quatro pilares da educação recomendados pela UNESCO:
aprender a aprender, ensinando aos alunos como chegar à informação e ao conhecimento, consequentemente desenvolvendo o mecanismo de aprender;
aprender a fazer, o saber implica fazer, melhorando as condições de vida das pessoas;
aprender a viver com os outros, trabalhando a aprendizagem da convivência, da compreensão mútua, de intercâmbios pacíficos e de harmonia;
aprender a ser, a ser gente e viver com dignidade.
Portanto, o mundo está exigindo das pessoas uma grande capacidade de autonomia e responsabilidade pessoal em relação à realização do destino coletivo.
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