As tecnologias aqui apresentadas são compreendidas como tecnologias intelectuais que ampliam e modificam as funções cognitivas dos sujeitos, e devem favorecer a criação e a invenção de problemas, indo além da concepção de técnica como extensão ou prolongamento dos órgãos ou das ações do organismo, vistas apenas como solução de problemas.
A evolução dos diversos elementos tecnológicos do cotidiano da pessoa com deficiência visual teve como ponto de partida a bengala, e hoje, com os avanços proporcionados pela informática, abrange tecnologias muito conhecidas como a escrita Braille, o ábaco, a impressora Braille, leitores de tela, computadores de mão, mouses para cegos, teclados especiais etc.
A seguir, serão apresentadas várias tecnologias assistivas utilizadas para proporcionar uma maior independência à pessoa com deficiência visual. A bengala pode ser considerada como uma das primeiras tecnologias utilizadas por pessoas com deficiência visual.
Foi introduzida em substituição ao bastão (bordão) e ao guia de pessoas com deficiência, tornando-se ferramenta indispensável para a locomoção por permitir localizar determinados obstáculos durante o trajeto e proporcionando, desta maneira, independência maior desses indivíduos.
Quanto à leitura e a escrita em Braille, constituem relevante marco para assegurar à pessoa com deficiência visual maior autonomia, possibilitando sua ascensão na sociedade e maior desenvolvimento intelectual.
A escrita Braille foi criada em 1815, período em que a França estava envolvida em vários conflitos, e as mensagens que circulavam à noite não podiam ser lidas com utilização da luz, uma vez que ela chamaria a atenção do inimigo.
A solução encontrada pelo oficial de artilharia Charles Barbier foi desenvolver um sistema de escrita noturna, baseada na elevação do relevo, que pudesse ser lida com os dedos, e que ficou conhecida como “escrita noturna”. Louis Braille interessou-se pelo sistema e o aperfeiçoou, passando ele então a chamar-se escrita Braille.
Além do Braille, outro instrumento foi imprescindível, principalmente para o estudo da matemática: o ábaco, ou soroban. À medida que os cálculos foram evoluindo em complexidade e tamanho, sentiu-se a necessidade de um instrumento que pudesse ajudar a pessoa com deficiência visual na resolução dos problemas matemáticos.
A solução encontrada foi a utilização do ábaco, amplamente utilizado pelos chineses e manuseado com grande eficiência por pessoas com deficiência visual.
Uma pessoa treinada pode efetuar operações de soma, subtração, multiplicação, divisão e radiciação em velocidades comparáveis à de uma máquina de calcular, sem a necessidade do auxílio de outra pessoa.
Prosseguindo processo evolutivo, tem-se o gravador, usado pelos indivíduos com deficiência visual tanto no ensino médio quanto no superior com o intuito de gravar as aulas, proporcionando, desta maneira, grande autonomia, principalmente pela possibilidade de repetição das aulas inúmeras vezes.
Com a utilização da máquina de escrever, as pessoas com deficiência visual também encontraram outra aliada no processo de independência, uma vez que as aulas eram datilografadas e depois transcritas para o Braille.
Com o surgimento da informática, pouco a pouco a velha máquina de escrever tornou-se obsoleta, cedendo lugar aos novos equipamentos, que estão melhorando consideravelmente a qualidade de vida das pessoas com deficiência visual.
É o caso do Braille Falado, das impressoras Braille, dos computadores (laptop) munidos de avançados sintetizadores de voz, e dos scanners, entre outros. A seguir, apresentamos a descrição de algumas ferramentas:
a) Impressora Braille
Existem diversos modelos, tanto para uso individual como para grandes e médias empresas. O objetivo desse hardware é imprimir no formato Braille, ou seja, em alto relevo, as informações contidas em qualquer documento no formato digital.
d) Softwares
Com o avanço das tecnologias, surgiram vários softwares que se propõem a auxiliar as pessoas com deficiência visual; entre eles, podem-se citar alguns como:
Tactus: este programa é utilizado para realizar a transcrição, para o Braille, de textos editados no editor de texto do Windows.
Zoom Text: muito utilizado por indivíduos portadores de baixa visão. Foi criado para aumentar o tamanho das letras do computador, permitindo seu uso por pessoas com visão reduzida.
Easy: tecnologia assistiva desenvolvida para mediar as interações entre pessoas com deficiência visual e o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Moodle. A definição sobre o AVA mescla conceitos como pessoas, interação, potencializar e conhecimento, que, aliados à internet, possibilitam a transposição das barreiras de tempo e espaço. Estas idéias convergem em direção a um forte movimento de inclusão para os limitados visuais, possibilitando a sua independência. Para se conhecerem as possibilidades de inclusão dos não-videntes, faz-se necessário abordar alguns aspectos da sua constituição. Os ambientes virtuais de aprendizagem possuem ferramentas com a finalidade de maximizar a interatividade e o conhecimento dos participantes. Entre elas, destacam-se a manipulação de textos e arquivos dos fóruns ou listas de discussão; a comunicação em tempo real (síncrona) e a comunicação assíncrona - em que o receptor e o emissor não precisam estar conectados ao mesmo tempo; a administração do ambiente, permitindo uma configuração própria de cada usuário; estatísticas para averiguação sobre a assiduidade do aluno, segurança, testes e avaliação.
Os ambientes virtuais de aprendizagem se constituem em espaços que promovem a construção do conhecimento, mediado por ferramentas síncronas e assíncronas, e estão sendo desenvolvidos em software livre (Moodle e Teleduc, entre outros) ou proprietário (WebCT e Blackboard, entre outros).
O Easy foi projetado seguindo padrões de acessibilidade que permitem ao indivíduo portador de deficiência visual, por intermédio dos leitores de tela, capturar as informações existentes no Moodle e interpretá-las, conforme se verifica na figura a seguir:
A figura apresenta a arquitetura do ambiente Moodle. Pode-se observar que o leitor de tela interage com as interfaces desenvolvidas em PHP (Linguagem utilizada para produzir páginas para a internet). Essas páginas não seguem as diretrizes de acessibilidade, desta maneira, as informações serão “lidas” para as pessoas com deficiência visual de forma desconexa.
O Easy acessa as mesmas informações contidas no repositório de dados, porém, difere da arquitetura anterior pelo fato de apresentar as informações extraídas aplicando padrões de acessibilidade, o que torna o dado mais bem estruturado para os leitores de tela e, consequentemente, uma informação adequadamente elaborada para o indivíduo portador de deficiência visual.
e) Aplicativos:
Leitores de tela Com o avanço da tecnologia, surgiram diversos aplicativos com forte apelo visual; isto aumenta a complexidade da interação das pessoas com deficiência visual, que, obrigatoriamente, passaram a necessitar de softwares especiais ou suportes tecnológicos, os chamados leitores de telas ou sintetizadores de voz.
São programas conectados a um computador que permitem a leitura de informações exibidas no monitor, enviando-as para as caixas de som, em formato de áudio, o que proporciona às pessoas cegas grande facilidade de acesso à informação (internet e aplicativos: editores de texto, planilhas eletrônicas etc.). Na Tabela, listam-se alguns leitores de tela que auxiliam esses indivíduos na interação com o computador.
f) Dosvox
Com o objetivo de consolidar os conhecimentos referentes aos leitores de tela, será tratada de maneira mais aprofundada a utilização do programa Dosvox. A intenção é criar uma referência sobre os comandos básicos do software. Para acessar o Dosvox podemos utilizar sua tecla de atalho: Ctrl+Alt+D.
Para tanto, é necessário fazer o atalho na área de trabalho do Windows. Ao ser iniciado, o Dosvox perguntará: “Dosvox: O que você deseja?” A resposta deverá ser uma letra referente ao programa desejado, ou simplesmente a “ “ (seta direcional para baixo). Segue abaixo o menu de opções do Dosvox: As opções do Dosvox são:
T - TESTAR TECLADO
É utilizado para que o usuário aprenda a localização de cada tecla. Conforme o usuário procede a digitação dos caracteres, o programa vai falando. Utilizam-se como referência as teclas “f” e “j” por terem uma saliência na sua parte inferior. Para diferenciar letras maiúsculas e minúsculas, há uma voz feminina (que se refere às minúsculas e demais caracteres) e uma masculina (que se refere às maiúsculas).
E - EDITAR TEXTO (Edivox)
É o programa de edição de textos, que permite que o usuário os digite para posterior gravação ou impressão. A digitação é idêntica à de uma máquina de escrever convencional, mas, nesse sistema, cada tecla é ecoada pela placa de som. Durante a digitação, o texto também aparecerá na tela do computador para um eventual observador.
Ao iniciarmos o Edivox o programa ecoará a seguinte frase: “Edivox: Qual o nome do arquivo?”. Após o nome, podemos digitar um ponto e a extensão (que se refere ao tipo do arquivo, geralmente composta por três caracteres). Depois de digitar o nome, devemos teclar Enter. Assim, o programa ecoará a seguinte mensagem: “Arquivo novo”, caso o arquivo seja novo, ou “Arquivo carregado”, caso o arquivo já exista.
A partir desse momento, cada tecla digitada será ecoada pelo sintetizador. Para que o usuário possa localizar-se, na tela existe o chamado “cursor”, que indica a posição da letra ou caractere. À medida que procedemos à digitação, o cursor vai se deslocando para a direita, como se fosse o carro de uma máquina de escrever.
COMANDOS DO EDIVOX
Comandos para movimentação do cursor:
Modo de comando do Edivox:
Como o Edivox possui dezenas de comandos, muitas vezes é difícil lembrar-se de todos eles. Para tanto, o programa possui um “modo de comando”. Utilizando-se a tecla F9, o computador pergunta: “Qual o comando? Para saber as opções, tecle F1.” As opções são:
O Dosvox é composto de vários programas integrados. Para proceder à leitura de um arquivo, será utilizado o Levox. Ao acionarmos este programa, o Dosvox solicitará o nome do arquivo a ler, que deve ser informado pelo usuário. A seguir, as opções de comando:
I - IMPRIMIR
Por meio desta opção, o Dosvox irá proceder à impressão de um arquivo. Para imprimir o arquivo, digite “I” logo após o sistema falar o nome do arquivo. Soará a mensagem: “Deseja impressão comum, formatada ou em Braille?”. Se optar pela comum tecle “C”, “F” para a formatada ou “B” para Braille.
A impressão pode ser em Braille ou comum (em tinta), dependendo do tipo de impressora que esteja conectada a seu computador. Tecle “C” ou “B” para informar se a impressora é comum ou Braille. O programa pergunta: “Deseja configuração padrão (s/n)?” Caso a resposta seja “S” (sim), a impressão será iniciada.
Caso seja “N” serão exibidas diversas opções em um formulário onde se pode caminhar com as setas e trabalhar tal como em um editor de textos. Para sair desse formulário e iniciar a impressão, tecle “ESC”. Antes de iniciar a impressão, é necessário certificar-se de que a impressora está conectada ao computador e ligada, e se ela está abastecida com papel.
A - ARQUIVOS
Com esta opção do Dosvox é possível determinar o número de arquivos do diretório corrente. Para que possamos visualizar/ouvir o nome dos arquivos, utilizamos as setas de movimentação para cima ou para baixo. Ao localizar o arquivo desejado podemos, utilizar as seguintes opções:
D - DISCOS
Discos são as unidades, ou drives onde iremos trabalhar. Neles, armazenamos as informações. Por exemplo, o disco, drive ou unidade “A” refere-se ao disquete pequeno (de 3 e 1/2 polegadas). O disco “C” refere-se ao Winchester (também chamado de disco rígido). O disco “D” normalmente refere-se ao CD.
Diretórios ou Pastas: são divisões que podemos criar dentro de um disco para guardar arquivos de maneira organizada. Eles trabalham como fazemos na vida diária, organizando a louça dentro de um armário; os documentos dentro de caixas ou gavetas e assim por diante. Podemos criar vários diretórios dentro de um disco, e se quisermos pôr um diretório dentro de outro, também podemos fazê-lo.
Nesse caso, eles são chamados de subdiretórios. Por exemplo: C:\Winvox\Treino. O “C” quer dizer que o disco é o Winchester; “\Winvox” refere-se ao diretório que foi criado dentro do disco C, e o “\Treino” é o subdiretório que foi criado dentro do diretório Winvox que, por sua vez, foi criado dentro do disco C.
É como se fossem três caixas, uma dentro da outra. Uma caixa maior (C), dentro desta uma outra (Winvox) e dentro desta última, mais outra (Treino). Assim, nesse programa podemos alterar o disco de trabalho, o diretório de trabalho, formatar um disquete e obter informações sobre os discos. As opções desse módulo são:
U - UTILITÁRIOS FALADOS
R - ACESSO À REDE E À INTERNET
Este item permite o acesso a recursos da internet, tais como o acesso a Home Pages (Páginas da internet), correio eletrônico e chat, entre outras. Suas principais funções são:
O Cartavox é o correio eletrônico do Dosvox. Esse programa permite o envio e recebimento de cartas por meio da internet. As principais opções do software são:
O Papovox é o “Chat” do Dosvox, ou seja, é o programa que possibilita a comunicação online entre pessoas pela internet. Essa comunicação pode ser feita de duas maneiras: por intermédio do teclado ou da fala. O Papovox também oferece os recursos de salas de bate-papo e transferência de arquivos, entre outros. Ao teclar F1, as seguintes opções são fornecidas:
O Webvox é o browser do Dosvox. O objetivo desse software é capturar toda a parte textual do conteúdo disponível na internet e associar diversas características operacionais a efeitos sonoros. Entretanto, algumas implementações ainda não foram feitas: o Webvox não consegue fazer a manipulação de páginas com proteção por SSL (em especial extratos bancários e televendas), nem a interpretação de programas em Java e Javascript. Primeiramente, devemos digitar o endereço da página (URL).
A página é exibida em modo texto. Para acessar um link, devemos teclar “Enter”. O programa mostra a página em sequência (provavelmente de frames). Quando encontra ilustrações, fala a descrição HTML contida no “comando ALT”. Algumas das opções podem ser visualizadas a seguir:
M - MULTIMÍDIA
P - EXECUTAR UM PROGRAMA DO WINDOWS
O Dosvox permite a execução de um programa (arquivo do tipo executável). Para fazer isso, ele pede: “Tecle o comando:” Nesse caso devemos digitar diretamente o comando para executar um determinado programa. Ex.: pkzip (programa para compactar um arquivo).
S - SUBDIRETÓRIOS
Nesta opção o Dosvox irá listar todos os subdiretórios que se encontram no diretório corrente, ou seja, no disco de trabalho (o padrão é o C:\Winvox\Treino). Devemos utilizar as setas de movimentação (para cima/para baixo) a fim de escolher o subdiretório desejado. Ao encontrá-lo, teclamos “Enter” para ativá-lo. A seguir, as opções de comando.
V - VAI PARA OUTRA JANELA
O Dosvox permite a navegação entre as janelas do Windows. Para tanto, basta selecionar essa opção e ele solicitará: “Selecione a nova janela com as setas e depois tecle Enter”. O programa listará todas as janelas ativas no momento. Para selecionar uma em específico, utilizamos as teclas de movimentação para cima ou para baixo. Ao localizar a janela desejada, teclamos “Enter”. Para sair de uma determinada janela, utilizamos as teclas “Alt F4”.
C - CONFIGURA O DOSVOX
O objetivo dessa opção é possibilitar a alteração da velocidade de síntese de voz, bem como o diretório padrão do sistema. As perguntas a seguir fazem parte da configuração da opção:
• Qual a velocidade? (Quanto menor o número, mais lenta será a síntese de voz).
• Informe o diretório padrão do sistema: (o padrão é o C:\Winvox).
CONFIGURAÇÃO AVANÇADA DO DOSVOX
Com o objetivo de facilitar a vida de usuários mais avançados, foi introduzida no Dosvox a opção “*” para a configuração avançada do sistema. Este item trabalha com vários parâmetros ajustáveis no dosvox.ini, que não estão presentes em outras opções do programa.
São, todavia, modos de configuração que continuam a exigir cautela por parte do usuário, o qual deve estar bem ciente do que faz e de como reverter uma eventual situação inesperada. Ao teclar “asterisco”, o usuário ouve o aviso de que a configuração avançada só deve ser realizada no caso de o usuário estar bem familiarizado com o sistema. Se a resposta for “C”, ele continua nas configurações; qualquer outra tecla retorna ao Dosvox. As opções de configuração avançada são:
Q - INFORMA A QUEM PERTENCE ESTE DOSVOX
Nesta opção, o software Dosvox fornece as informações básicas da sua instalação, tais como: seu número de série, versão, a data em que foi gerado e o nome de seu proprietário.
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