Micologia
Os fungos são organismos comuns em nosso ambiente diário, encontrados em quase todos os lugares, inclusive no ar, onde suas estruturas reprodutivas, como esporos ou conídios, estão presentes. Esses organismos desempenham papéis variados, desde a decomposição de resíduos orgânicos até a parasitose, podendo causar doenças e até mesmo a morte de seres vivos.
A importância dos fungos é destacada tanto do ponto de vista ecológico quanto econômico. Ecologicamente, eles são responsáveis por decompor uma variedade de materiais orgânicos, tornando-os disponíveis para as plantas. Economicamente, os fungos têm diversas aplicações em áreas como medicina, farmácia, nutrição, agricultura e biotecnologia.
Em termos clínicos, os fungos podem causar uma variedade de infecções em seres humanos, que variam de leves a graves. E os laboratórios de micologia desempenham um papel crucial no diagnóstico e tratamento dessas infecções, realizando exames para identificar os fungos responsáveis pelas doenças. Esses exames geralmente envolvem análises microscópicas e culturas de amostras, ajudando os médicos a prescreverem o tratamento adequado aos pacientes. Por isso, como futuro auxiliar de análises clínicas, você deve conhecer o que ocorre no dia a dia de um laboratório de micologia. Vem com a gente!
Fungos
Os fungos são organismos eucarióticos com características distintas que os diferenciam de outros grupos de seres vivos. Uma das características mais marcantes dos fungos é sua heterotrofia, o que significa que eles se alimentam de matéria orgânica pré-existente. Isso os torna importantes na decomposição de materiais orgânicos, contribuindo para a reciclagem de nutrientes nos ecossistemas.
Além disso, os fungos possuem uma parede celular que oferece suporte estrutural e proteção, sendo composta principalmente de quitina. Eles podem existir em diferentes formas de vida, podendo ser unicelulares, como as leveduras, ou multicelulares, como os cogumelos e bolores.
Os fungos têm a capacidade de se reproduzir tanto sexualmente quanto assexuadamente. Na reprodução sexual, ocorre a fusão de gametas ou células sexuais, enquanto na reprodução assexuada, novos organismos são formados a partir de células de um único indivíduo.
Uma característica importante dos fungos é a produção de esporos, estruturas reprodutivas especializadas que podem se espalhar pelo ambiente e germinar em novos organismos. Esses esporos desempenham um papel crucial na dispersão e sobrevivência dos fungos.
Em termos de importância ecológica, os fungos têm papéis diversos nos ecossistemas. Eles atuam como decompositores, quebrando a matéria orgânica em componentes mais simples, simbiontes de plantas e animais, e até mesmo como predadores de outros organismos.
Os fungos têm uma história longa e complexa com a humanidade, sendo conhecidos há muitos séculos pelos benefícios que proporcionam e pelos problemas que podem causar. Eles são responsáveis por diversas doenças em humanos, animais e plantas, conhecidas como micoses, que variam desde alergias respiratórias e cutâneas até infecções graves e crônicas em diferentes tecidos do corpo.
Na agricultura, os fungos também desempenham um papel significativo, afetando a produção de grãos como milho, trigo, aveia e amendoim, essenciais para alimentação humana e animal. Doenças fúngicas podem causar perdas significativas na agricultura, tanto para o consumo interno quanto para exportação de grãos, impactando a economia de forma substancial.
Além dos problemas que causam, eles também têm sido aproveitados em diversas áreas ao longo da história. Desde tempos antigos, são utilizados como alimento, e posteriormente na indústria alimentícia para a produção de pães, queijos, cervejas e vinhos. Muitos alimentos, como queijos e molho de soja, devem seu sabor e textura aos fungos utilizados em sua produção. Além disso, a descoberta do potencial dos fungos na produção de metabólitos úteis, como a penicilina, revolucionou a medicina.
Com o avanço da biotecnologia e da engenharia genética, foi possível produzir esses metabólitos em larga escala, dando origem a uma variedade de produtos comerciais, como ácidos orgânicos, etanol, antibióticos, pigmentos, vitaminas, enzimas e pesticidas biológicos. Os fungos também são amplamente utilizados como modelos eucariontes em pesquisas, fornecendo valiosas informações sobre bioquímica, genética e biologia molecular.
Micoses
As micoses são infecções fúngicas que afetam a pele, unhas e cabelos, causadas por diferentes tipos de fungos que encontram ambiente propício para se desenvolver no corpo humano. Essas infecções são comuns em todo o mundo e podem variar em gravidade, desde condições superficiais e facilmente tratáveis até infecções mais persistentes e complicadas. Embora as micoses não sejam geralmente consideradas graves, podem causar desconforto significativo e afetar a qualidade de vida das pessoas afetadas. Abaixo, exploraremos os diferentes tipos de micoses!
Micoses superficiais
As micoses superficiais são infecções fúngicas que afetam as camadas mais externas da pele, como a epiderme e a haste dos pelos. Elas geralmente se manifestam como manchas pigmentadas na pele, nódulos ou afetam diretamente os pelos. Um exemplo clássico é a "piedra negra", causada pela espécie Piedraia hortae. Nesse tipo de micose, ocorrem nódulos escuros e aderentes nos pelos, formados por um emaranhado de hifas do fungo. Já a "piedra branca" é causada por leveduras do gênero Trichosporon, que se desenvolvem nos pelos, formando nódulos de hifas ramificadas facilmente destacáveis.
Micoses cutâneas
As micoses cutâneas são infecções fúngicas que afetam toda a espessura da epiderme, a haste dos pelos ou as unhas. Elas podem se manifestar como manchas inflamatórias na pele, lesões de tonsura nos pelos ou destruição da lâmina ungueal. Um exemplo comum são as dermatofitoses, causadas por um grupo de fungos chamados dermatófitos, que degradam a queratina presente na pele, pelos e unhas. Entre os dermatófitos, destacam-se espécies como Trichophyton rubrum, Microsporum canis e Epidermophyton floccosum, responsáveis por diferentes formas de dermatofitoses, como tinha do couro cabeludo, da pele glabra, dos pés e das unhas.
Micoses subcutâneas
As micoses subcutâneas são infecções fúngicas que afetam os tecidos abaixo da pele, resultando em tumefação ou lesões supuradas. Um exemplo é a esporotricose, causada pelo fungo Sporothrix schenckii. Essa micose se manifesta como nódulos na pele, especialmente nos membros, e pode se disseminar através dos linfonodos. Outro exemplo é a cromoblastomicose, caracterizada pela presença de corpos muriformes, estruturas globosas e septadas, nos tecidos afetados.
Micoses sistêmicas e oportunísticas
As micoses sistêmicas são infecções fúngicas que afetam órgãos internos, como pulmões, cérebro e sistema circulatório. Elas são geralmente causadas por fungos que podem entrar no corpo através da inalação de esporos presentes no ambiente. Exemplos de micoses sistêmicas incluem a histoplasmose, coccidioidomicose e a criptococose. Essas infecções podem ser graves e até mesmo fatais em pessoas com sistema imunológico comprometido.
Por outro lado, as micoses oportunistas são infecções fúngicas que geralmente ocorrem em indivíduos com sistema imunológico enfraquecido, como pessoas com HIV/AIDS, pacientes submetidos a tratamentos imunossupressores ou transplantados. Os fungos oportunistas estão presentes no ambiente e geralmente não causam infecções em pessoas saudáveis, mas podem se tornar patogênicos em condições de imunossupressão. Exemplos de fungos oportunistas incluem Candida spp., Aspergillus spp. e Cryptococcus spp.
Esses dois grupos de micoses representam um desafio significativo para a saúde pública, especialmente em populações vulneráveis, e exigem uma abordagem cuidadosa para o diagnóstico e tratamento adequados.
Micoses sistêmicas
As micoses sistêmicas são infecções fúngicas adquiridas por inalação de propágulos fúngicos, que geralmente causam lesões pulmonares primárias e podem se disseminar para outros órgãos. Exemplos incluem a coccidioidomicose, blastomicose, histoplasmose e paracoccidioidomicose. Essas infecções são raras, mas podem apresentar manifestações graves, especialmente em indivíduos imunocomprometidos.
Micoses oportunísticas
As micoses oportunísticas são causadas por fungos termotolerantes e de baixa virulência, que afetam principalmente indivíduos com comprometimento do sistema imunológico. Um exemplo é a criptococose, causada pelo fungo Cryptococcus neoformans, que afeta principalmente o sistema nervoso central. Outro exemplo é a candidíase oportunista, causada por espécies de Candida, que podem infectar diversas partes do corpo, especialmente em pacientes submetidos a tratamentos imunossupressores.
Exames feitos no laboratório de micologia
No laboratório de micologia, uma variedade de exames pode ser realizada para diagnosticar diferentes tipos de infecções fúngicas. Você verá abaixo alguns dos exames mais comuns!
Exame direto com microscopia
O exame direto com microscopia é uma técnica fundamental na identificação de elementos fúngicos em amostras de tecido ou secreção infectada. Nesse teste, uma pequena quantidade do material coletado é preparada em uma lâmina de vidro, geralmente por meio de esfregaços ou preparações úmidas, e então examinada sob o microscópio.
Durante a observação microscópica, o objetivo é identificar características específicas dos fungos, como hifas, leveduras ou esporos. As hifas são estruturas filamentosas que compõem o corpo principal dos fungos, enquanto as leveduras são organismos unicelulares que podem estar presentes individualmente ou em grupos. Os esporos são estruturas de reprodução dos fungos, que podem ser observadas em várias formas e tamanhos.
A identificação dos elementos fúngicos no exame direto pode fornecer informações importantes para o diagnóstico de infecções fúngicas. Dependendo do tipo de fungo identificado e das características clínicas do paciente, o médico pode determinar o tratamento adequado para combater a infecção.
É importante ressaltar que o exame direto com microscopia pode não ser suficiente para confirmar completamente a presença de fungos em todas as situações. Em alguns casos, pode ser necessário realizar testes adicionais, como cultura de fungos, para obter uma avaliação mais precisa da infecção fúngica. No entanto, o exame direto com microscopia é um primeiro passo valioso no diagnóstico e tratamento de infecções fúngicas.
Realizando o exame direto
Para realizar a identificação do fungo a partir de uma cultura, primeiramente, utiliza-se uma alça de platina em forma de L ou uma agulha esterilizada para cortar um pequeno pedaço da colônia fúngica em crescimento. É essencial evitar raspar a superfície da colônia, pois isso pode resultar na retirada apenas dos conídios, prejudicando a identificação precisa do fungo.
Após o corte da colônia, o próximo passo é colocar o fragmento obtido sobre uma lâmina de vidro. Em seguida, adiciona-se uma gota do corante lactofenol de Amann, que pode ser misturado com azul de algodão ou outro corante adequado, sobre o pedaço da colônia. Se a cor da colônia for muito escura, é recomendado substituir o corante por uma solução clarificante ou mesmo uma gota de água para melhorar a visualização das estruturas fúngicas.
Após a adição do corante, cobre-se a preparação com uma lamínula, pressionando-a suavemente com o cabo de um bisturi ou estilete. A preparação está agora pronta para ser examinada ao microscópio. Recomenda-se usar objetivas de diferentes ampliações, como 10X, 40X e 100X, para uma observação detalhada das estruturas fúngicas, como hifas, esporos e outros elementos característicos.
Esse método de análise microscópica de culturas fúngicas é essencial para a identificação precisa dos fungos e pode fornecer informações importantes para o diagnóstico e tratamento de infecções fúngicas em pacientes.
Este artigo pertence ao Curso de Auxiliar de Análises Clínicas
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