Um outro problema muito comum nos ambientes escolares e que está diretamente ligado à forma como uma criança transmite à sua educação e princípios domésticos é o bullying, o termo “bullying” tem origem na língua inglesa e contém o radical “bully”. Nos Estados Unidos, “bully” é uma palavra utilizada para apelidar valentões nos colégios.
Quando esse “apelido” é acrescido com o sufixo -ing, ele demonstra uma situação de constância, continuidade, persistência, o que nos ajuda a entender com maior precisão o significado da palavra “bullying” a qual nos referimos anteriormente.
A prática do bullying pode estar presente em diversas fases do ambiente escolar, e normalmente é caracterizada por constantes agressões, que podem ser tanto de ordem física, como também de cunho verbal e psicológico.
Geralmente, quando existe uma situação de bullying nas escolas, é possível notar o emprego dos três tipos de violência, dessa forma, temos um indivíduo ou um grupo de indivíduos que fica constantemente humilhando, xingando, expondo ou agredindo um outro indivíduo ao qual consideram diferente ou mais fraco.
Entretanto, é importante entendermos que só podemos chamar de bullying o comportamento sistemático e constante de agressões sobre um indivíduo, mesmo que os episódios isolados de agressão física ou verbal também apresentem prejuízos à saúde física ou emocional da criança.
Isso acontece pois, como dito anteriormente, o bullying é uma prática caracterizada pela constância, já que essa repetição de agressões pode gerar sérios prejuízos ao desenvolvimento social e cognitivo da criança. Quando comparamos esse comportamento com a prática realizada por adultos, temos um padrão muito similar ao assédio moral.
Além disso, é importante destacar que o bullying geralmente é feito contra uma criança que apresenta maior vulnerabilidade, e por isso não consegue se defender ou entender os motivos que levam a tal agressão.
Dessa forma, é comum que a vítima do bullying tenha medo do seu agressor por conta da postura de superioridade que ele exerce sobre o intimidado, seja ela devido a sua aparência física, capacidade cognitiva ou pela forma como influenciam o meio social em que estão inseridos.
Uma das formas mais comuns de bullying é o que acontece no ambiente escolar, entretanto, é importante ressaltar que esse tipo de comportamento abusivo entre crianças é um problema universal, ou seja, ocorre em todo o mundo independente da localização.
É por esse motivo que, enquanto monitores, precisamos estar atentos para identificar as situações de prática de bullying em qualquer ambiente, como na rua, na escola, na igreja. Isso pode ser feito ao notar uma diferença de comportamento, como agressividade, tristeza ou estresse nas crianças. Além disso, muitas vezes o menor pode não se sentir à vontade em contar o que está acontecendo com ele, pois o bullying também pode ser praticado por pessoas dentro da própria casa da vítima, ou seja, pelos seus próprios familiares, como primos ou irmãos.
Já no ambiente escolar, as formas de agressão entre os alunos podem acontecer em todos os níveis, inclusive quando as crianças ainda não têm consciência de que a sua atitude pode estar machucando o seu colega, como acontece nas primeiras séries do ensino primário.
Essas situações também podem perdurar até os últimos anos do ensino médio, quando esses indivíduos se encontram na adolescência e possuem maior poder de influência, no meio de convívio.
Por que as crianças praticam bullying?
Quando questionados sobre a origem do bullying nas crianças, os psicopedagogos afirmam que essa prática violenta entre os menores no ambiente escolar normalmente não surge por uma motivação única. Dessa forma, uma criança ou adolescente pode sofrer bullying por seus colegas do colégio por diversas razões como por exemplo: um aspecto físico considerado fora do padrão, um traço de personalidade menosprezado pelos demais, um jeito de pensar que não é aceito, etc.
Entretanto, é importante entendermos que, normalmente, as crianças tendem a espelhar o comportamento dos seus responsáveis, especialmente em termos de formação de caráter e entendimento do que é certo ou errado. Por isso, quando um caso de bullying vem à tona, os pais de ambos os lados devem ser notificados para que o problema seja resolvido.
Dessa forma, os adultos devem estar a frente da situação, sejam eles pais, monitores ou professores. Essa atenção direcionada para as atitudes dos alunos, principalmente em alterações de comportamento, hematomas no corpo e demais situações que pareçam fora do comum permitem que o problema seja resolvido com menores impactos na vida dos envolvidos, respeitando os direitos de ambas as crianças.
Uma criança, seja ela menino ou menina pode sofrer bullying pelo seu peso, pela cor da sua pele, pelo fato de ser estudioso ou inteligente, por ser tímido, por querer prestar atenção na aula, por não compactuar com certas atitudes de um grupo dominante, entre outros motivos que possam estar desagradando um ou mais indivíduos que atuam como influência no seu grupo de escola.
Por isso, normalmente, o bullying escolar envolve situações onde as crianças promovem menosprezo e intimidação umas para as outras, seja por parte de um “valentão” ou por parte do grupo de “valentões”.
Isso acontece principalmente quando, dentro da comunidade escolar, existem grupos dominantes que cristalizam-se como padrões de aceitação sobre os demais. Como consequência, aqueles que não se adequam a esses padrões acabam sendo excluídos e podem se tornar vítimas de bullying.
Como dito anteriormente, os padrões estabelecidos nas relações sociais escolares, sobretudo entre indivíduos maiores, como osadolescentes, são formados com base nas características físicas e no grau de popularidade e aceitação que os indivíduos têm dentro do grupo.
Por isso, as pessoas consideradas mais populares ou “descoladas” tornam-se a referência para o comportamento social naquele meio escolar, enquanto que aqueles que não se enquadram nesse padrão são considerados “estranhos” ao grupo.
O problema é que, as consequências dessa exclusão social pode refletir inclusive na forma como essas crianças se comportam em outros meios, inclusive no ambiente doméstico. Logo,o comportamento humilhante e vexatório por parte dos que se consideram normais ou populares contra os que eles mesmos consideram estranhos por não se enquadrarem nos parâmetros estabelecidos formam uma rede de problemas que excedem os limites da escola.
Segundo os psicólogos. quando não interrompido/tratado, o bullying acaba atrapalhando o desenvolvimento da vítima e afeta diretamente no seu processo de aprendizagem, além de afetar o seu comportamento fora da escola.
Um dos obstáculos ao enfrentamento do bullying no ambiente escolar ainda é a aceitação de certos comportamentos agressivos, considerados “normais” entre crianças e jovens, ou achar que os menores são capazes de resolver qualquer conflito sozinhos. Por isso, temos que entender que o Bullying é uma forma de violência e não pode ser considerado como uma mera brincadeira entre crianças.
Bullying escolar no cenário Brasileiro
O bullying no ambiente escolar é considerado como um dos maiores problemas sociais e educacionais do Brasil. De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), o país está qualificado como um dos piores Estados em termos de bullying escolar no mundo, assim como os Estados Unidos.
Dados divulgados pela OCDE em 2018 mostram que a média de ocorrências relacionadas ao bullying no Brasil conseguem ultrapassar em até duas vezes a média de países como a Noruega.
Entretanto, quando adultos passam a negligenciar situações de bullying, ocorre infrações ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), visto que a lei assegura a toda criança e adolescente no Brasil o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade. Portanto, para que essa norma seja cumprida para a garantia desses direitos, é necessário que o bullying seja devidamente enfrentado no ambiente escolar.
Além disso, nem sempre o bullying é restrito apenas a violência psicológica. Em alguns casos, o bullying pode chegar à violência física, em que alguns indivíduos agridem suas vítimas, principalmente quando elas são crianças ou adolescentes menores e mais indefesos ou que mostram alguma situação de vulnerabilidade. Em todos os casos, cabe aos profissionais da escola, dos monitores do transporte escolar e dos pais e responsáveis coibir qualquer prática violenta que ocorra dentro e fora do ambiente escolar.
Para a justiça brasileira, ainda não existe uma lei específica sobre o tema, o bullying está enquadrado em infrações previstas no Código Penal, como injúria, difamação e lesão corporal.