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OFICINAS CULTURAIS E FORMAÇÃO DE PLATEIA

As oficinas são preparadas com originalidade na proposta, agilidade no desenvolvimento e maleabilidade na execução. Elas não possuem um currículo a ser seguido nem um estágio, grau ou patamar a ser superado. Cada evento tem seu período de execução e trazem em si mesmo seu objetivo e valor. Dar um caráter preferencialmente prático às atividades não significa deixar de fundamentá-las teoricamente. Por exemplo, em uma oficina de capoeira é necessário que o significado da prática, o seu sentido antropológico e o seu papel histórico sejam aprendidos durante o desenrolar das atividades.


Caso contrário, a capoeira seria reduzida a um tipo de prática de exercícios, pertinentes como atividade física, mas já se distanciando do caráter de oficina cultural. O produto das oficinas também é muito diversificado. Pode haver espetáculos (dança, teatro, circo...), pode ocorrer apresentações (capoeira, expressão corporal, tai chi chuan...); festas, desfiles, exposições, tarde de autógrafos, sarau, cantoria, presepada – são muitas as formas de se concluir esse processo de aprendizagem. Essa forma mais livre de programar e executar as atividades ajuda a fomentar a diversidade cultural, evita a rigidez da cobrança de conteúdos por meio de avaliações tradicionais e promove a criação de uma verdadeira “comunidade de aprendizagem”.


Hoje, as oficinas culturais são espaços instituídos em escolas e centros de fomento à cultura com o objetivo de oferecer aos interessados atividades, principalmente, de caráter vivencial. Essas atividades constituem oportunidades de experimentação dos mais diversos tipos de linguagens expressivas. Do mesmo modo, as oficinas culturais podem ter o formato de treinamento e práticas específicas que favorecem o aprendizado e o desenvolvimento de teorias e técnicas artísticas e expressivas, possibilitando, ao final, a formação permanente de público crítico e de profissionais competentes para o setor cultural.


Quanto mais contatos com atividades culturais, melhor preparados estarão os alunos para exprimir seus pensamentos. Ao assistir a uma peça teatral, participar de um recital de poesia, ouvir música ou qualquer outra atividade continuamente, o aluno vai desenvolvendo o gosto pela arte e assim percebendo diferentes pontos de vista. Reafirma sua identidade cultural para provocar atos e despertar sentimentos. Aos poucos, vai se identificando com a linguagem utilizada na transmissão daquela atividade cultural. Vai aprendendo a fazer novas leituras.


Leitura não diz respeito apenas ao decifrar dos códigos gráficos, letras. Leitura está relacionada ao ato de compreender as coisas que nos cercam. Quando paramos diante de uma tela pintada e começamos a observar os detalhes, perceber a mensagem que o artista tentou passar, aí fazemos a leitura do quadro. Já deve ter acontecido com você: ouvir uma música, reconhecer o ritmo em diversas ocasiões e não saber do que se trata a letra daquela música. Se isto já aconteceu, então não houve leitura. Assim, em tudo na vida, fazemos ou não fazemos leituras. Então leitura é sensibilização, percepção, significação.


Igualmente vale dizer que a compreensão e a leitura de uma atividade cultural podem depender do conhecimento de experiências anteriores, ou seja, as relações de associação com experiências anteriores podem servir para estimular a compreensão e o desejo de interação com a atividade atual. Por exemplo: se a criança tem na família alguém que gosta de poesia e, com freqüência, lê ou declama um poema, é claro que ao chegar à escola e deparar com um recital de cordel, ela trará um conhecimento de rimas, melodia, sensibilidade e demais sentimentos que a poesia pode proporcionar.


É por meio desse conhecimento prévio que vamos encontrar a platéia para nossas oficinas culturais. Somente quando o aluno exercita várias leituras – cinema, festas populares, escultura, música, etc. – é que ele poderá compreender as relações entre essas diversas linguagens e abrir-se à reflexão. É participando e experimentando que ele vai decidir o que mais aprecia. Aos poucos, os alunos vão percebendo que é possível estabelecer o diálogo entre as mais variadas manifestações e que existem outras formas de linguagem sobre um mesmo assunto.


De repente, um professor sugeriu a leitura de um livro e, a partir daí, pode surgir uma oficina de teatro, música, artesanato, com o objetivo de fazer uma releitura do livro. O educador e técnico em multimeios didáticos, responsável pelas oficinas culturais, deve estar atento a essas iniciativas. Bom, precisamos também de um marketing cultural, isto é, fazer uma propaganda do que pretendemos oferecer. Então, só nos resta criar, intencionalmente, oportunidades para que os alunos se apropriem das oficinas culturais. Um bom convite resolve parte da preocupação com a adesão da platéia. Mais uma vez, a criatividade deve ser a condutora dessa ação. Convidar deve ter também a função de atrair. É claro que depois de atrair, vem uma nova missão: desenvolver com qualidade a atividade proposta.



Este artigo pertence ao Curso de Oficinas Culturais Pedagógicas

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