A boca é um ambiente extremamente propício para a proliferação de microrganismos bacterianos. Esse ambiente apresenta condições físico-químicas características que favorecem a colonização e o crescimento de um amplo número de microrganismos.
A presença desses microrganismos em equilíbrio é de suma importância para a manutenção do estado de saúde de cada ser humano.
Então, por exemplo, ter em quantidade adequada colônias de algumas cepas de Lactobacillus é de extrema importância.
Os microrganismos da boca são estabelecidos logo após o nascimento da criança, tendo alterações significativas com o decorrer dos anos, sofrendo influências de cunho genético e/ou ambiental.
Quando pensamos na questão do equilíbrio saúde-doença existem diversos fatores que são modificadores. Entre eles, podemos citar a temperatura, pH, presença de oxigênio, nutrientes e a condição imunológica do indivíduo.
Esses fatores são responsáveis por modular a colonização de determinados microrganismos que são capazes de sobreviver e se proliferar no ambiente, além de ser responsável pelo equilíbrio da microbiota residente.
Em sua condição de equilíbrio a microbiota da boca se relaciona com o hospedeiro tal qual ocorre em outros micro-habitats que residem no corpo humano.
Quando ocorre a desordem dessa harmonia por alterações das condições bucais que seria considerado normal, a proliferação de microrganismos patogênicos é favorecida, desenvolvendo assim doenças que podem afetar desde a cavidade oral até doenças ainda mais comprometedoras, afetando outros sistemas.
Por exemplo, nas doenças periodontais o indivíduo passa a sofrer com desordens bucais que alteram a proliferação da microbiota e esse fator pode atuar como foco de disseminação de microrganismos patogênicos.
Essas desordens podem ser ainda mais comprometedoras para pacientes imunossuprimidos ou que possuem comorbidades.
Uma característica importante a ser salientada é com relação a homogeneidade dessa microbiota.
A cavidade oral possui uma diversidade de tecidos, com aspectos e funções variadas, nessa realidade, cada região pode possuir uma classe específica de microrganismos.
Dentre eles, é possível identificar microrganismos aeróbios obrigatórios, anaeróbios obrigatórios, anaeróbios facultativos, microaerófilos e capnófilos.
Cada uma dessas classes se desenvolve com maior intensidade a depender do local onde é mais favorável.
Por isso, podemos notar diferenças na microbiotas da região gengival, lingual, dental e palatina, tendo em vista que cada região dessa é mais propícia para uma ou mais espécies de microrganismos.
Os biofilmes estão bastante presentes na microbiota oral e, para além delas, é possível encontrar bactérias que se caracterizam como intracelulares nas epitélios da gengiva bucal.
Assim como os microrganismos presentes no restante do corpo, aqueles que se encontram colonizados na boca também possuem interações complexas.
Por exemplo, existem bactérias que atuam como agonistas e favorecem o desenvolvimento de outros e por outro lado, podemos presenciar bactérias antagonistas, que produzem substâncias que impedem o desenvolvimento de outros microrganismos.
A seguir, vejamos quais são as principais classes de microrganismos que estão presentes na microbiota bucal:
Bactérias e Fungos
É estimado que existam cerca de 750 espécies de bactérias presentes na boca, mas esse número provavelmente é bem maior. O erro de identificação existe tendo em vista que muitas delas não são cultiváveis em laboratórios, a estimativa é de que somente 50% dessas bactérias tenham sido cultivadas até hoje.
Além disso, há muitas semelhanças genéticas que dificultam seu reconhecimento.
Cada indivíduo possui uma microbiota única, porém, os filos de bactérias predominantes são Firmicutes, Bacteroidetes, Proteobacteria, Actinobacteria e Fusobacteria.
Nas bocas saudáveis existe uma maior prevalência de bactérias dos gênero Streptococcus, Staphylococcus, Treponema, Neisseria, Haemophilis, Lactobacillus, Actinomyces, Veillonella, Fusobacterium, Porphyromonas, Peptostreptococcus, Prevotella, Capnocytophaga, Eikenella, Leptotrichia, nd Propionibacterium.
Se tratando dos fungos, estes se apresentam em uma quantidade menor do que as bactérias, todavia, desempenham um papel significativo na manutenção do equilíbrio da microbiota.
Esses fungos possuem uma interação com outros microrganismos e, na cavidade oral pode ser identidicados fungos dos gêneros Candida, Cladosporium, Aureobasidium, Saccharomyces, Aspergillus, Fusarium, e Cryptococcus. Fungos do gênero Pichia, atuam como antagonistas, tanto da Candida, como também de Aspergillus e Fusarium.
Arqueas e Protozoários
Em número ainda menor do que os fungos, é possível encontrar na cavidade oral a presença de arqueas e protozoários anaeróbios obrigatórios e metanogênicos.
Geralmente esses microrganismos são encontrados em indivíduos que possuem alguma infecção endodôntica e periodontal, todavia, é possível identificar na boca de indivíduos saudáveis.
Dentre as espécies de arqueas que podem estar presentes na cavidade oral é possível encontrar Methanobrevibacter oralis, Methanobacterium curvum/congolese e Methanosarcina mazeii.
Com relação aos protozoários, os mesmos não costumam ser encontrados com frequência na microbiota oral, geralmente o que se encontra são Entamoeba gingivalis e a Trichomonas tenax.
Também é possível encontrar em situações específicas protozoários flagelados do gênero Leishmania capazes de provocar lesões orais.
Cáries
Tanto os dentes de leite quanto os dentes permanentes são suscetíveis a deterioração, sendo esse fator fortemente ligado ao estilo de vida do indivíduo.
Esses fatores estão relacionados ao que o indivíduo consome, a frequência da escovação dental, a presença de flúor na água e o cuidado geral com os dentes.
Além disso alguns fatores hereditários estão fortemente ligados a predisposição ao danos que ocorrem os dentes.
As cáries são uma das formas mais comuns de queixa de deterioração no consultório odontológico
Adultos que sofrem com boca seca, conhecida como xerostomia, estão mais predispostos a sofrerem com cárie, devido à falta de saliva.
Essa xerostomia pode ser ocasionada por diversos fatores, entre eles, doenças crônicas, tratamentos medicamentosos, radioterapia e quimioterapia, podendo se apresentar de maneira temporária ou permanente, a depender da causa.
Sem dúvidas, a cárie é um dos principais problemas de saúde bucal pode ser temporária (dias ou meses) ou permanente, dependendo de suas causas.
A cárie constitui um sério problema de saúde bucal e, quando não tratada, são capazes de seu dente e atingir a polpa, resultando assim em um abscesso que pode ser tratado através de canal, cirurgia ou da extração do dente.
Tipos de cáries
Na realidade dos atendimentos odontológicos a presença de cáries em criança costuma ser mais prevalente em crianças, apesar dos adultos sofrerem com essa deterioração.
As cáries podem ser classificadas nos seguintes tipos:
Cárie coronária
A cárie coronária é o tipo mais comum, se localizando justamente nos locais onde ocorre a mastigação ou naqueles espacinhos entre os dentes.
Esse tipo de cárie pode ocorrer tanto nos adultos quanto nas crianças.
Cárie radicular
De acordo os anos vão passando, a gengiva se torna menos espessa e mais retraída, de forma a deixar exposta certas partes da raiz do dente.
Como essa região não conta com esmaltação, logo,está mais susceptível a deterioração.
Cárie recorrente
Por fim, a cárie recorrente é aquela que ocorre ao redor dos locais que já foram previamente restaurados ou que possuem coroa.
Isso ocorre porque nessas regiões é comum o acúmulo de placas bacterianas, por isso, podem se deteriorar.
Como é feita a detecção da presença de cárie?
O dentista é o profissional que tem o treinamento adequado para identificar a presença de cárie. Essa avaliação profissional é necessária tendo em vista que a cárie pode se desenvolver abaixo da superfície do dente.
Dessa forma, pode ser que o próprio paciente não consiga identificar a presença dessa deterioração.
Pacientes que são consumidores assíduos de alimentos que contenham açucares estão mais suscetíveis a deterioração tendo em vista que esses carboidratos são digeridos pelas bactérias da placa.
Nesse processo, são produzidos ácidos que são corrosivos para os dentes.
Com essa frequente exposição de ácido o esmalte do dente se torna suscetível ao fraturamento abaixo da superfície enquanto a parte externa permanece intacta.
Somente quando existe uma quantidade muito grande de esmalte deteriorado é que a superfície se desmonta, podendo ser visualizado a cavidade de cárie.
É mais comum que as cáries se desenvolvam na fóssulas e fissuras nas superfícies de mastigação dos dentes posteriores, no espaço entre os dentes e na linha da gengiva.
Procedimentos para evitar a presença de cáries
Um dos métodos mais eficazes para evitar a presença de cáries é a educação para a higienização correta dos dentes.
Os seus pacientes devem ser orientados a escovar os dentes pelo menos três vezes ao dia. Há quem recomende a escovação após cada refeição, contudo, sabemos que nem sempre é possível realizar esse procedimento todas as vezes.
Por isso, o ideal é recomendar a escovação 3x e o uso do fio dental diariamente, dessa forma, é possível remover a placa bacteriana entre os dentes e sob a gengiva.
Além disso, é de suma importância a visita regular ao dentista a fim de manter um cuidado preventivo de forma a evitar problemas que possam se tornar mais sérios, capazes de perder o dente.
Não somente, também é necessário que a dieta do paciente seja equilibrada, com a ingestão moderada de açúcares para reduzir a exposição do dente aos ácidos produzidos pelas bactérias.
Produtos de higiene bucal como cremes dentais e enxaguatórios devem conter flúor para evitar a proliferação de bactérias.