Do ponto de vista do desenvolvimento físico e cognitivo, a infância é o período mais importante da vida. Nesse sentido, já é muito bem consolidado que a prática de atividade física promove uma série de benefícios para os pequenos.
A Organização Mundial da Saúde recomenda que crianças e adolescentes pratiquem pelo menos 60 minutos de atividade aeróbica moderada todos os dias. Isso é especialmente importante para a socialização e prevenção de doenças
Antigamente as brincadeiras das crianças por si só já rendiam boas horas de atividade física. Afinal, elas brincavam de subir em árvores, esconde-esconde, pular corda, amarelinha, queimada, entre outras atividades que demandam um certo esforço físico.
No entanto, atualmente essas brincadeiras perderam espaço para jogos online e redes sociais. Os benefícios da tecnologia são inegáveis, porém, por outro lado, já existem malefícios conhecidos e entre eles está a redução da atividade física tanto de adultos quanto das crianças. Entre os problemas do sedentarismo está a atrofia muscular e o desenvolvimento de má postura.
Tendo isso em vista, o Pilates é uma ótima alternativa de atividade física para o público infantil. O método original foi devidamente estudado e, a partir disso, surgiu o Pilates Kids, no qual foram elaboradas estratégias para adaptar os treinamentos clássicos de forma lúdica para que as crianças pudessem praticar os exercícios sem descaracterizar a metodologia.
Entre as vantagens do Pilates para as crianças destacam-se o cuidado com a postura, o aumento da consciência corporal, o desenvolvimento da coordenação e concentração, ajuda na socialização, que é muito importante nessa fase, reduz as chances de obesidade infantil, previne uma série de doenças, aumenta a flexibilidade e é uma atividade atrativa, pois as crianças gostam de novidades e com o Pilates sempre é possível modificar a rotina de exercícios.
Com qual idade as crianças podem começar a praticar o método Pilates?
Até o momento não há consenso na comunidade científica em relação a idade mais indicada para as crianças começarem a praticar o Pilates. Alguns especialistas defendem que aos 4 anos já existe um certo nível de consciência corporal que permite a realização correta dos exercícios. Existem muitos instrutores respaldados que atendem crianças dessa idade.
Por outro lado, alguns pesquisadores acreditam que é melhor aguardar um pouco mais para introduzir este tipo de atividade na vida dos pequenos e, portanto, seria melhor esperar até a faixa etária de 6 ou 8 anos.
De qualquer modo, cabe destacar que já existem estudos mostrando que crianças praticantes de Pilates se tornam mais autoconfiantes, têm a autoestima mais elevada, respiram melhor, melhoram a timidez e têm um sono de excelente qualidade. Portanto, é uma prática que deve ser inserida na rotina das crianças o mais cedo possível.
Principais exercícios de Pilates para as crianças
O Pilates Kids permite aos profissionais ampliar seu leque de possibilidades de atendimentos, por isso, é muito importante conhecer essa modalidade e, caso tenha interesse, investir nela.
É importante salientar que um profissional que trabalha com faixas etárias menores, em especial as mais novas, precisa estar bem preparado para isso. Desse modo, não basta dominar todos os fundamentos da modalidade e ter uma didática excelente para montar a aula. A linguagem e a abordagem devem ser adequadas à faixa etária com a qual se está trabalhando.
Os exercícios de Pilates Kids têm foco no trabalho corporal de qualidade e servem para complementar as atividades habituais da infância. A partir de sua aplicação as crianças terão um crescimento muito mais saudável.
Veja a seguir alguns exemplos de exercícios de Pilates que podem ser aplicados para o público infantil. Cabe destacar que é fundamental respeitar as particularidades e restrições de cada aluno, assim como sua evolução.
Teaser
O Teaser é um clássico e representa uma referência dentro da metodologia. Realizar os treinamentos do Pilates sem desenvolver o Teaser significa perder grande parte da sua essência.
Este exercício é ótimo porque trabalha o corpo de maneira global, fortalecendo os flexores (abdominais, flexores do pescoço e do quadril), além de melhorar o equilíbrio estático.
O uso de alguns equipamentos como reformer, chair, cadillac e trapézio também podem auxiliar o aluno na realização do Teaser.
Este movimento consiste em conseguir fazer um “V” perfeito com o corpo. Ou seja, é necessário contrair o abdômen, além de levantar as pernas e os braços, simultaneamente. Por esse motivo, é um movimento que exige o esforço de diversos músculos ao mesmo tempo.
Execução: Inicialmente o aluno deve se deitar no MAT em decúbito dorsal. Em seguida deve fazer uma flexão nos joelhos de forma que fiquem perpendiculares ao corpo.
Depois, ele deve estender os braços e deixá-los retos acima da cabeça. Na sequência, o aluno deve elevar os braços em direção às pernas ao mesmo tempo que precisa levantar a cabeça o máximo possível.
Com os braços elevados, o próximo passo é firmar as pernas no ar em um ângulo de 80 graus. Feito isso, deve ser feita uma expiração e, lentamente, o aluno deve abaixar as pernas, mantendo o corpo em V, coordenando o abdômen. Finalmente, deve inspirar com leveza e retornar à posição inicial.
Mergulho do Cisne
O Mergulho do Cisne é um outro movimento clássico do Pilates e é particularmente divertido e desafiador para as crianças. Este movimento é importante para o fortalecimento dos músculos extensores das costas, glúteos e isquiotibiais. Além disso, melhora consideravelmente o alongamento dos peitorais, flexores do quadril e abdômen.
Execução: O aluno deve se posicionar em decúbito ventral, com as pernas bem esticadas, em seguida deve afastá-las de forma que fiquem na mesma largura dos quadris. Feito isso, os antebraços devem ficar apoiados no MAT, ao lado do corpo
Logo depois peça que o aluno abra os braços para cima perpendicularmente ao corpo, enquanto também alonga o tórax, formando um arco com as costas.
Sem alterar a posição dos braços, oriente que ele volte em um movimento bem controlado até encostar o peito no tapete e, ao mesmo tempo, deixe as pernas se elevarem como se ele estivesse mergulhando em direção ao MAT.
O Shoulder bridge é um movimento importante para o ganho de consciência, sobretudo da região da coluna, caso seja associado corretamente com a contração do Power House e da respiração. Entre os principais benefícios deste exercício está o aumento do condicionamento físico e da capacidade respiratória. E ele é perfeitamente aplicável para crianças!
É fundamental que a respiração seja bem trabalhada durante a execução do Shoulder Bridge. É importante que o aluno expire quando estiver em movimento e inspire quando parado. A expiração facilita bastante a descida das costelas e o movimento de flexão da coluna.
Execução: peça que o aluno inspire antes de começar e, no momento da expiração, eleve o quadril para criar um movimento de ponto dos ombros até os joelhos. É necessário ficar prestar atenção na contração dos glúteos e do abdômen, assim como na retroversão da bacia, na elevação da pelve, da coluna lombar e torácica, para que o peso do tronco se mantenha concentrado sobre as escápulas e não sobre a coluna cervical.
Feito isso, o aluno deve inspirar novamente e, quando chegar o momento da expiração, deve voltar à posição inicial. Entretanto, o retorno tem que ocorrer aos poucos e com cuidado. Inicialmente oriente que ele comece afundando o peito, junto com as costas e as costelas e apoie uma vértebra de cada vez no MAT. A bacia deve ser a última a voltar.
As pernas devem permanecer flexionadas para dar início a um novo ciclo de exercícios.
Single Leg Stretch
Este é mais um movimento clássico importantíssimo. O Single Leg Stretch é ótimo para a evolução da coordenação dos movimentos em cadeia lateral cruzada. Além disso, ele auxilia no tratamento de crianças com escoliose e possui nível técnico básico.
O foco do exercício é nos músculos abdominais, glúteos, latíssimo do dorso, isquiotibiais, quadrado lombar, estabilizadores da escápula e flexores profundos do pescoço.
Execução: o aluno deve se posicionar em decúbito dorsal, com a coluna flexionada e o joelho posicionado de forma unilateral. O quadril deve estar em flexão.
O membro inferior contralateral tem que estar com o joelho estendido e o quadril inclinado o suficiente para não tocar no tapete, mais ou menos na altura dos olhos. Uma das mãos estará posicionada na altura do tornozelo do membro inferior em flexão e a outra estará acima do joelho.
No momento da inspiração, o aluno deve levar o outro joelho em direção ao peito e, ao mesmo tempo, a posição das mãos tem que ser trocada. É muito importante manter a inspiração enquanto se alterna a posição dos membros inferiores e superiores.
A expiração, por sua vez, deve ser realizada nas duas próximas trocas. Essa alternância deve ser mantida até o final do exercício.