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Tecnologias Assistivas e Ambientes Computacionais

Busca-se apresentar aqui diferentes adaptações, recursos e formas de utilização da tecnologia assistiva com a finalidade de possibilitar a interação, no computador, para pessoas com diferentes graus de comprometimento motor, sensorial e/ou de comunicação e linguagem. Ou seja, a utilização do computador por meio de tecnologia assistiva.

Essas adaptações podem ser de diferentes ordens, como, por exemplo, adaptações especiais como tela sensível ao toque ou ao sopro, detector de ruídos, mouse alavancado à parte do corpo que possui movimento voluntário e varredura automática de itens em velocidade ajustável, permitem seu uso por virtualmente todo portador de paralisia cerebral, qualquer que seja o grau de seu comprometimento motor. 

Para esta apresentação, é utilizada a classificação proposta pelo Programa InfoEsp , Informática, Educação e Necessidades Especiais, das Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador, na Bahia, que sistematiza o estudo desses recursos propondo situá-los em três grupos:

a) Adaptações físicas ou órteses

São todos os aparelhos ou adaptações fixadas e utilizadas no corpo do usuário e que facilitam a interação do mesmo com o computador. Quando se busca a postura correta para um usuário com deficiência física em sua cadeira adaptada ou de rodas utilizando almofadas, ou faixas para estabilização do tronco, ou velcro etc., antes do trabalho no computador, já se estarão utilizando recursos ou adaptações físicas muitas vezes bem eficazes para auxiliar no processo de aprendizagem dessas pessoas. Uma postura correta é vital e é pré-requisito para um trabalho eficiente no computador.

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Algumas pessoas com sequelas de paralisia cerebral têm o tônus muscular flutuante (atetóide), o que faz com que o processo de digitação se torne lento e penoso pela amplitude do movimento dos membros superiores na digitação.

Um recurso que pode ser utilizado é a pulseira de pesos, que ajuda a reduzir a amplitude do movimento causado pela flutuação do tônus, tornando a digitação mais rápida e eficiente. Os pesos na pulseira podem ser acrescentados ou diminuídos em função do tamanho, idade e força do usuário.

Outra órtese utilizada é o estabilizador de punho e abdutor de polegar com ponteira para digitação, principalmente para pessoas com paralisia cerebral que apresentam essas necessidades (estabilização de punho e abdução de polegar).

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Além dessas adaptações físicas e órteses, existem várias outras que também podem ser úteis, dependendo das necessidades específicas de cada pessoa, como os ponteiros de cabeça, ou hastes fixadas na boca ou no queixo, quando existe o controle da cabeça, entre outras. 

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b) Adaptações de hardware

São todos os aparelhos ou adaptações presentes nos componentes físicos do computador, nos periféricos, ou mesmo quando os próprios periféricos, em suas concepções e construção, são especiais e adaptados.

Quando são necessárias adaptações nos periféricos, na parte física do computador, as adaptações de Hardware, antes de se buscar comprar acionadores especiais (switches) ou mesmo periféricos especiais, é fundamental procurar viabilizar, quando possível, soluções que utilizem os próprios “acionadores naturais” do computador, que são o teclado, o mouse e o microfone. Desta maneira, com muita frequência são encontradas soluções de baixíssimo custo, ou mesmo gratuitas, mas de alta funcionalidade. 

Um dos recursos mais simples e eficientes para a adaptação de hardware é a máscara de teclado ou colmeia. Trata-se de uma placa de plástico ou acrílico com um furo correspondente a cada botão do teclado, que é fixada sobre o aparelho, a uma pequena distância, com a finalidade de evitar que o usuário com dificuldade de coordenação motora pressione, involuntariamente, mais de uma tecla ao mesmo tempo. Essa pessoa deverá procurar o furo correspondente à tecla que deseja pressionar.

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Pessoas com dificuldade de coordenação motora associada a deficiência intelectual também podem utilizar a máscara de teclado junto com “tampões” de papelão ou cartolina que deixam à mostra somente as teclas que serão necessárias para o trabalho em função do software que será utilizado.

Desta maneira, será diminuído o número de estímulos visuais (muitas teclas), que podem tornar o trabalho muito difícil e confuso para algumas delas devido a dificuldades pessoais de abstração ou concentração. Vários tampões podem ser construídos, disponibilizando diferentes conjuntos de teclas, de acordo com o programa a ser utilizado. 

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Outras adaptações simples que podem ser utilizadas dizem respeito ao próprio posicionamento do equipamento. Por exemplo, um determinado usuário que digitava utilizando apenas uma das mãos, em certa etapa de seu trabalho com um programa que exigia que ele pressionasse duas teclas simultaneamente, descobriu, por si mesmo que, se ele colocasse o teclado em seu colo, na cadeira de rodas, poderia utilizar também uma mão para apertar uma tecla (Ctrl), enquanto pressionava outra tecla com a outra mão.

Outro usuário está conseguindo agora usar o mouse para pequenos movimentos (utilização combinada com um simulador de teclado) com a finalidade de escrever no computador, pondo o mouse sobre suas pernas, em cima de um livro de capa dura ou de uma pequena tábua.

Outra solução empregada é reposicionar o teclado perto do chão para digitação com o pé, recurso utilizado por uma usuária que não pode digitar com as mãos.  E assim, diversas variações podem ser feitas no posicionamento dos periféricos para facilitar o trabalho da pessoa com deficiência, sempre, é claro, em função de suas necessidades específicas. As pesquisas desenvolvidas desde 1993 pelo Programa InfoEsp, em Salvador, revelam que a imensa maioria das necessidades dos seus alunos são resolvidas com recursos de baixo custo. 

Ou seja, é quebrada certa convicção generalizada, certo tabu, de que falar de adaptações e tecnologia assistiva para o uso do computador por pessoas com deficiência significa falar de aparelhos sofisticados, inacessíveis e de custos altíssimos.

As pesquisas e a prática desmentem essa convicção e demonstram que, na maioria dos casos, dificuldades e barreiras até bastante complexas podem ser atenuadas ou eliminadas com recursos de custo muito baixo, mas de grande funcionalidade.

Além das adaptações de hardware apresentadas anteriormente, existem muitas outras que podem ser encontradas em empresas especializadas, como acionadores especiais, mouses adaptados, teclados especiais, afora dispositivos especiais como impressoras Braille, monitores com telas sensíveis ao toque etc. 

c) Softwares especiais de acessibilidade

São os componentes lógicos das TICs quando construídos como tecnologia assistiva, ou seja, são os programas especiais de computador que possibilitam ou facilitam a interação da pessoa com deficiência com a máquina.

Alguns dos recursos mais úteis e mais facilmente disponíveis, mas muitas vezes ainda desconhecidos, são as “opções de acessibilidade” que já acompanham os sistemas operacionais. Por meio desses recursos, diversas modificações podem ser feitas nas configurações do computador, adaptando-o a diferentes necessidades dos alunos.

Por exemplo, uma pessoa que, por dificuldades de coordenação motora, não consegue utilizar o mouse, mas pode digitar no teclado - o que ocorre com muita frequência - tem a possibilidade de solucionar seu problema ao configurar o computador, por intermédio das Opções de Acessibilidade do Windows, para que a parte numérica à direita do teclado realize todos os mesmos comandos realizados pelo mouse.

Além do mouse, outras configurações podem ser feitas, como a das “teclas de aderência”, a opção de “alto contraste na tela” para pessoas com baixa visão, e outras opções.

Outros exemplos de Softwares Especiais de Acessibilidade são os simuladores de teclado e os simuladores de mouse. Todas as opções do teclado ou as opções de comando e movimento do mouse podem ser exibidas na tela e selecionadas, de forma direta ou por meio de varredura automática que o programa realiza sobre todas as opções.

Na internet existe, por exemplo, o site do técnico espanhol Jordi Lagares , no qual são dis ponibilizados para download diversos programas gratuitos por ele desenvolvidos. Trata-se de simuladores que podem ser operados de forma bem simples, além de serem programas muito “leves”. Por meio desse simulador de teclado e do simulador de mouse, um aluno do Programa InfoEsp, por exemplo, de 37 anos, pôde começar a trabalhar no computador e, agora, expressa melhor todo o seu potencial cognitivo, começando a aprender a ler e a escrever.

Esse aluno, que é tetraplégico, só consegue utilizar o computador por meio desses simuladores, que lhe possibilitam transmitir seus comandos ao computador somente por meio de sopros em um microfone. Isto lhe tem permitido, pela primeira vez na vida, escrever, desenhar, jogar e realizar diversas atividades que antes eram-lhe impossíveis.

Ou seja, por meio de simples sopros, horizontes totalmente novos se abriram para ele, possibilitando que sua inteligência, anteriormente aprisionada em um corpo extremamente limitado, encontrasse novos canais de expressão e desenvolvimento.

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Entretanto, algumas pessoas têm dificuldades na articulação ou na sincronia exigidas para a emissão desses sons ou ruídos no microfone. A solução encontrada foi acoplar ao microfone, por meio de fitas adesivas, um daqueles pequenos brinquedos infantis de borracha que produzem sons quando são pressionados.

Desta maneira, o usuário pode comandar a varredura pressionando o brinquedo com a parte do corpo sobre a qual exerça maior controle (mão ou pé, joelho ou cabeça etc.). Com a pressão, o brinquedo emitirá som no microfone, o que acionará a varredura.

Esses simuladores podem ser acionados por intermédio de sopros, pequenos ruídos ou de pequenos movimentos voluntários feitos por diversas partes do corpo e até mesmo por piscadelas ou movimento dos olhos, utilizando-se outros acionadores.

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Outros recursos bem simples, porém bastante úteis, foram desenvolvidos pela equipe do Programa InfoEsp. Por exemplo, adaptações nos mouses comuns, com a instalação de plugues laterais, disponibilizando, por meio desses pinos, uma extensão do terminal de acionamento do botão esquerdo do mouse.

Com frequência, um simples clique no botão esquerdo do mouse é suficiente para que o usuário possa desenvolver qualquer atividade no computador, comandando a varredura automática de um software, tal como escrever, desenhar, navegar na internet, mandar mensagens por e-mail etc.

Para que isto seja possível, também são desenvolvidos diferentes acionadores (switches) para serem conectados nesses plugues dos mouses e, assim, poder-se efetuar o comando correspondente ao clique no botão esquerdo com a parte do corpo de que a pessoa tiver o controle voluntário (braços, pernas, pés, cabeça etc.). 

Tais acionadores são construídos até mesmo com sucata de computador, aproveitando-se os botões de liga/desliga dessas máquinas, às vezes para serem presos nos próprios dedos dos alunos ou para acionamento com a cabeça. São soluções simples, de custo praticamente nulo, porém de alta funcionalidade, e que se tornam para algumas pessoas com deficiência a diferença entre poder ou não utilizar o computador. 

Normalmente os softwares especiais de acessibilidade que funcionam com varredura automática aceitam o teclado, o mouse e/ou o microfone como acionadores (controladores) dessa varredura. Como exemplo, temos os softwares simuladores de teclado, os simuladores de mouse e os programas para a construção de pranchas de comunicação alternativa.

O problema é que diversas pessoas com deficiência não conseguem utilizar nem o mouse, nem o teclado e nem o microfone se estes não forem, de alguma forma, modificados ou adaptados. Dar um clique no botão esquerdo do mouse, por exemplo, pode ser uma tarefa muito difícil ou mesmo impossível para alguns usuários em função de suas dificuldades de coordenação motora fina, ou por causa de alterações anatômicas em seus membros superiores que impedem a execução dessa tarefa.

Outra sugestão aqui apresentada possibilita ampliar a área de acionamento do botão esquerdo do mouse para uma superfície bem maior, com o mesmo efeito de um simples clique no botão.

Trata-se de uma caixa comum de fita de vídeo VHS, dessas onde se guardam as fitas, dentro e no centro da qual é introduzido e fixado, com uma tira de velcro, um mouse qualquer. Na capa dessa caixa é colada uma borracha comum de apagar lápis, na altura exata onde se encontra o botão esquerdo do mouse. Essa capa da caixa deve ficar entreaberta, podendo ser utilizadas pequenas faixas de velcro para mantê-la nessa posição.

Colocando-se esse dispositivo na frente do usuário, quando ele pressionar qualquer lugar na capa da caixa, a borracha em relevo no interior da mesma entrará em contato com o botão esquerdo do mouse, e o efeito será o acionamento do clique nesse botão. 

Existem diversos sites na internet que disponibilizam gratuitamente outros simuladores e programas especiais de acessibilidade. Atualmente, é possível controlar a seta do mouse apenas com o movimento do nariz, movimento esse captado por uma webcam comum.

Ou seja, uma pessoa tetraplégica que mantenha o controle da cabeça, pode realizar qualquer atividade no computador apenas por meio de sua movimentação, sem necessidade de nenhum equipamento especial e por intermédio de um software gratuito que pode ser baixado pela internet.

Para pessoas com deficiência visual, existem os programas que “fazem o computador falar”: Também os cegos já podem utilizar sistemas que fazem a leitura da tela e de arquivos por meio de um alto-falante, teclados especiais que têm pinos metálicos que se levantam formando caracteres sensíveis ao tato e que “traduzem” as informações que estão na tela ou que estão sendo digitadas e impressoras que imprimem caracteres em Braille. Existem programas como o Dosvox, o Virtual Vision, o Bridge, Jaws e outros.


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