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Ética na necropsia

Conduzir uma avaliação em qualquer campo é sempre um desafio considerável. Ainda mais difícil é o processo de identificar as mudanças no corpo, sejam elas traumáticas ou funcionais, que contribuíram para a morte de um indivíduo. Diariamente, o avaliador se depara com desafios significativos ao fazer julgamentos éticos que podem mudar radicalmente sua trajetória profissional, afetar os resultados das avaliações e impactar as famílias envolvidas.

Emitir um parecer ou elaborar um relatório envolve a responsabilidade de tomar decisões. E decidir significa, em essência, lidar com e resolver dilemas. De fato, é crucial lembrar que aos profissionais elevados à condição de especialistas – sejam médicos, dentistas ou de outras áreas –, além de um profundo conhecimento técnico exigido em seu campo de atuação, é também atribuída uma carga considerável de responsabilidade ética e moral, muitas vezes desconhecida por eles.

Pode surgir a dúvida: Qual a relação entre realizar uma avaliação necroscópica médico-legal ou odonto-legal e questões éticas ou morais? - Isso não seria apenas uma maneira de complicar as coisas e fazer o trabalho parecer mais difícil do que realmente é?

Para o profissional que pondera sobre essas questões, mesmo que brevemente, é vital refletir cuidadosamente se possui a vocação e a capacidade para assumir o papel de especialista. Isso porque, se o especialista baseia suas decisões, avaliações e julgamentos em princípios e valores, então está inerentemente submetido às normas da ética. E por que mencionar a moral? Porque a moral é a prática dos princípios éticos em situações concretas.

Ética e moral têm sido temas de debate ao longo da história humana, especialmente na filosofia, onde desde a antiguidade se discute a necessidade de estabelecer normas para a convivência em sociedade. Essa discussão culminou na definição de um conjunto de princípios, normas e regras voltados para harmonizar os valores morais com o comportamento humano. Aristóteles destacou-se ao falar de duas virtudes: a moral (honestidade, moderação, justiça) e a intelectual (inteligência, conhecimento, discernimento), estabelecendo a ética como um campo filosófico baseado nos costumes sociais.

A ética é um conjunto de princípios teóricos e valores que orientam nossa capacidade de tomar decisões autônomas. Dessa forma, cada indivíduo possui sua ética pessoal, baseada em seus próprios princípios, o que pode ocasionalmente entrar em conflito com a ética coletiva de um grupo, não significando falta de ética, mas uma divergência de princípios.

Quanto à moral do especialista, ela representa a manifestação prática da ética em diversas culturas e contextos, refletindo a diversidade de como os seres humanos organizam suas vidas.

Importante na perícia é a ética, enquanto a técnica e o método podem variar, mostrando a relação entre ética e moral no trabalho do especialista, que deve sempre ponderar: Devo? Posso? Em cada análise, buscando honestidade e precisão para não prejudicar sua integridade e a justiça do processo.



Este artigo pertence ao Curso de Técnicas de Necropsia

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