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TIPOS DE DEFICIÊNCIA NA ESCOLA

  • Deficiência auditiva na escola


Para conceituar a deficiência auditiva, precisamos não apenas conhecer os diferentes graus de perdas auditivas do indivíduo, mas também o contexto histórico, social ou educacional ao qual está inserido, considerando sua forma única e singular de ver e ouvir o mundo, assim como seu relacionamento com a sociedade a qual pertence. Segundo o decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005, em seu artigo 2º:


[...] considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.


A deficiência auditiva é dividida em três grupos (condutiva, mista e neurossensorial), classificando-a de acordo com o grau de desvio em:


  •  Normal (0-25 dB);

  •  Leve (26-40 dB),

  •  Moderado (41-70 dB),

  •  Severo (71-90 dB),

  •  Profundo (acima de 91 dB),

  •  Anacusia.


A perda auditiva implica tanto mudanças sociais e educacionais quanto psicológicas. A surdez acarreta dificuldades aos indivíduos em qualquer sociedade de qualquer tempo. Contudo, não deve ser vista como um fenômeno a-histórico e, como tal, permanecer estática através dos tempos. A aquisição de uma linguagem própria, como é o caso da língua de sinais, faz-se necessário para que a pessoa com deficiência auditiva possa comunicar-se com o meio social em que está inserido e assim desenvolver suas habilidades educacionais e profissionais.


Características do aluno com deficiência auditiva


Os alunos com deficiência auditiva apresentam características diferentes dos demais alunos, por isso requerem recursos pedagógicos e metodológicos específicos para o seu desenvolvimento escolar. A pessoa surda é constituída biologicamente como todos nós, e, desta forma, apresenta possibilidades de operar mentalmente sobre o mundo, observando, comparando e tirando conclusões, dentro de suas trocas sociais. Assim sua dificuldade não se deve a uma condição biológica, mas às circunstâncias que lhe dificultam o desenvolvimento de recursos apropriados para agir sobre o mundo e de realizar trocas para a superação dessa dificuldade.


Para comunicar-se, o aluno com deficiência auditiva faz uso em alguns casos de gestos caseiros, desenvolvidos no convívio familiar, comunicação oral, leitura labial e LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Há no Brasil três filosofias educacionais específicas para pessoas com deficiência auditiva ou surda. São elas:


  • Oralismo - o surdo desenvolve a língua oral (no caso do Brasil, o português) que deve ser a única forma de comunicação.

  • Comunicação Total – a comunicação desenvolve-se por meio de diversos recursos linguísticos como códigos manuais, linguagem oral e língua de sinais.

  • Bilinguismo – o surdo deve adquirir como língua materna a língua de sinais e, como segunda língua, a língua oficial de seu país.


O papel da escola é quase tão importante quanto o da família, visto que proporciona à pessoa com deficiência auditiva a convivência num grupo social mais amplo e diversificado. O desenvolvimento escolar da criança surda é igual ao dos ouvintes, não havendo relação entre o atraso da aquisição dos conhecimentos e a idade, e que a interação entre ambos durante as atividades escolares é de extrema importância para o desenvolvimento do respeito entre as duas línguas.


A escola que irá receber o aluno portador de necessidade auditiva precisa ter garantia de complementação curricular em sala de recursos com professores itinerantes ou intérpretes de LIBRAS, de forma que a classe não tenha mais que vinte e cinco alunos e sua idade cronológica sejam compatíveis com a média do grupo da classe. Conseqüentemente, a escola colocará a aprendizagem como eixo principal, fazendo com que todos aprendam de modo que abra espaço para que: o diálogo, a cooperação, o espírito crítico, a solidariedade e a criatividade sejam exercidos na escola. 


E por fim, estimular e promover as formações continuadas do professor, pois é o facilitador da aprendizagem do aluno. A interação do aluno portador de necessidade auditiva em classe regular não acontece em um passe de mágica. É preciso ser feita com muito estudo, trabalho e dedicação de todas as pessoas envolvidas no processo: aluno com deficiência auditiva, família, professores, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, alunos ouvintes e demais elementos da escola.


O aluno com necessidade especial auditiva deverá frequentar o sistema regular de ensino, porque é um cidadão com os mesmos direitos de qualquer outro, e precisa de um modelo orientador da língua portuguesa, do modelo linguístico nacional, pois é em um ambiente de ouvintes que o mesmo sempre viverá. A aprendizagem de uma língua efetiva-se quando alguém tem o contato direto com os falantes dessa linguagem, nesse sistema ele fará uso da leitura orofacial e exercitará a expressão oral e escrita em classes especiais e em classes comuns, com apoio de salas de recurso.


Todo o trabalho de comunicação por meio da brincadeira motiva a criança a prestar atenção à fonte dessa comunicação, assim aprenderá a dirigir sua atenção quando precisar ou tiver algum interesse ao rosto da pessoa que está se comunicando com a mesma. É nesse momento que o adulto tem a chance de ajudar a criança a desenvolver a sua capacidade de leitura orofacial. Naturalmente nas escolas que atendem os alunos com deficiência auditiva, as estratégias utilizadas no desenvolvimento curricular procuraram atentar para o fato de que alunos e professores precisam comunicar-se em língua portuguesa (falada ou escrita) como também em língua brasileira de sinais (LIBRAS).


Enquanto o professor não dominar LIBRAS a escola deve organizar-se de modo que professores e alunos desenvolvam um tipo de dinâmica em sala de aula no qual o conhecimento seja de fato compartilhado. Vale ressaltar que todo fazer educacional com o aluno deficiente auditivo deve ter como objetivo específico o desenvolvimento de sua linguagem, se possível em um enfoque bilíngue. O bilinguismo é tido como uma filosofia educativa que permite o acesso pela criança o mais precocemente possível as duas línguas: a língua brasileira de sinais e a língua portuguesa na modalidade oral.


Pode-se trabalhar com as linguagens oral e escrita para que, através da intersubjetividade, cada aluno que acompanha possa descobrir que em todas as formas que as linguagens se constroem sempre, exibirá a beleza dos homens que as produzem, porque os conteúdos são sempre muito mais importantes do que as formas. A linguagem não depende da natureza do meio material que utiliza o que importa é o uso funcional de signos de quaisquer tipos que possam exercer papel correspondente ao da fala. 


Desse modo, à linguagem não depende necessariamente do som, não sendo encontrada só nas formas vocais. A competência na língua de sinais depende também do conhecimento de como a própria comunidade de surdos se organiza, através do contato extra-institucional do professor com os alunos com deficiência auditiva. Além disso, os deficientes auditivos no contato com os ouvintes realizam adaptações e ajustes na língua de sinais, visando um melhor entendimento que acabam dificultando a exposição dos professores à língua de sinais, portanto exige-se que a sociedade aceite o deficiente auditivo como portador de características culturais próprias.


Na avaliação da aprendizagem do aluno com deficiência auditiva, não se pode permitir que o desempenho linguístico interfira de maneira castradora no desempenho acadêmico, visto que o mesmo em razão de sua perda auditiva, já tem uma defasagem linguística no que se refere a língua portuguesa (falada e/ou escrita). Ao avaliar o conhecimento do aluno com deficiência auditiva o professor não deve supervalorizar os erros da estrutura formal da língua portuguesa em detrimento do conteúdo. 


Não se trata de aceitar os erros, permitindo que o aluno neles permaneça, mas sim de anotá-los para que sejam objetos de análises e estudo junto ao educando, a fim de que possa superá-los. A avaliação da aprendizagem do mesmo é ponto merecedor de profunda reflexão. Os profissionais envolvidos nesse processo devem ser conscientes de que o mais importante é que os alunos consigam aplicar os conhecimentos adquiridos em seu dia a dia, de forma que esses possibilitem uma existência de qualidade e o pleno exercício da cidadania.


Ao delinear o que é fundamental, é necessário abrir as discussões, reflexões, avaliações e principalmente, a participação com o qual é imprescindível planejar, organizar, desconstruir, além do mais pensar que fundamental é tudo aquilo que vai ao encontro da vida, que permite que o mundo entre na escola e que a escola entre em nossos diversos mundos.



Este artigo pertence ao Curso de Educação Inclusiva

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