TRANSTORNOS MENTAIS EM IDOSOS
Demência
A demência é uma doença de causa desconhecida, caracterizada pela morte rápida de muitas células do cérebro. Popularmente conhecida como esclerose, inclui doenças como as Demências de Alzheimer e Vascular. A pessoa com demência vai perdendo a capacidade e as habilidades de fazer coisas simples, como comer e ir ao banheiro.
A demência provoca perda de memória, confusão, comportamentos estranhos e mudanças na personalidade. A demência também afeta a capacidade de memória, fala, escrita. Ainda não existe cura para a demência, no entanto há tratamento que alivia os sinais e sintomas da doença. A pessoa com demência pode apresentar os seguintes sinais e sintomas:
Falha na memória, a pessoa se lembra perfeitamente de fatos ocorridos há muitos anos, mas esquece o que acabou de acontecer
Desorientação, como dificuldade de se situar quanto à hora, dia e local e perder-se em lugares conhecidos, como o caminho de casa.
Pode ter dificuldade de expressar suas emoções: sorrir quando sente dor; ficar agitado ao expressar carinho e afeto.
Dificuldade em falar ou esquece o nome das coisas. Para superar essa falha, descreve o objeto pela sua função, ao não conseguir dizer caneta, diz: “Aquele negócio que escreve”.
Dificuldade em registrar na memória fatos novos, por isso repete as mesmas coisas várias vezes.
Alterações de humor e de comportamento: choro, ansiedade, depressão, fica facilmente zangada, chateada ou agressiva, desinibição sexual, repetição de movimentos, como abrir e fechar gavetas várias vezes.
Dificuldade de compreender o que lhe dizem, de executar tarefas domésticas e fazer sua higiene pessoal.
Pode ignorar as pessoas, parar a conversa no meio, falar sozinho.
Comportar-se de maneira inadequada fugindo a regras sociais como sair vestido de pijama, andar despido, etc.
Esconder ou perder coisas e depois acusar as pessoas de tê-las roubado.
Ter alucinações, ver imagens, ouvir vozes e ruídos que não existem.
Pode apresentar dificuldade de escrever e entender o que está escrito.
Boa parte dos sintomas da demência são representadas por falhas na comunicação. É importante que o cuidador tenha em mente que elas fazem parte da doença, portanto, é preciso ter paciência. Ademais, falar não é a única forma de comunicação e outras podem ajudar muito, como o toque, o olhar, o carinho e o tom de voz.
Sempre faça com que, ao conversar com o idoso, ele esteja olhando para você, prestando atenção no que você está falando. Aprenda a reconhecer os sentimentos e emoções do idoso, pode ajudar muito. O cuidador deve permanecer sempre tranqüilo e falar de um modo gentil e amigável.
Comunicar com frases curtas e simples, enfocando uma idéia ou uma opinião de cada vez. Dê tempo para o idoso entender o que lhe é dito. Ao dizer nomes, dê-lhe uma orientação: “Maria, sua filha!”; “João, seu vizinho!”. Ademais, fale com simplicidade, mostrando e tocando objetos, retratos e quadros.
Isso pode ajudar a “puxar” a memória e a melhorar a conversa. Além disso, a música pode ser um excelente modo de comunicação, ajudando o idoso a recordar sentimentos, pessoas e situações mais antigas. Saiba que, à medida que a doença progride, os sinais e sintomas se tornam mais marcantes e incapacitantes.
A fase final da doença é no leito, com incapacidade para se mobilizar, comunicar, alimentar. Ao perceber sinais de demência na pessoa cuidada, o cuidador deve se orientar junto à equipe de saúde. O diagnóstico médico é importante no tratamento, pois a demência pode apresentar os mesmos sinais e sintomas de outras doenças.
A demência de Alzheimer ainda não tem prevenção. A demência vascular é causada por áreas de ausência de circulação no cérebro, e pode ser prevenida com o bom controle da pressão, do diabetes, do colesterol, dos excessos de fumo e bebidas alcoólicas.
Esquizofrenia
A esquizofrenia é uma desordem psiquiátrica caracterizada por quadro de psicose crônica ou recorrente, que leva à deterioração progressiva das capacidades funcionais. A psicose é o termo usado para uma alteração do estado mental caracterizado pela perda da realidade, com sintomas como alucinações, delírios, discursos sem lógica e comportamentos caóticos.
Essa doença começa no final da adolescência ou idade adulta jovem e persiste por toda a vida. Cerca de 20% das pessoas com esquizofrenia não apresentam sintomas ativos aos 65 anos; 80% mostram graus variados de comprometimento. A doença torna-se menos acentuada à medida que o paciente envelhece.
Os sintomas incluem retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento ilógico, alucinações e afeto rígido. Seu diagnóstico, entretanto, é puramente clínico, pois não existem testes laboratoriais ou de imagem específicos. Os idosos com esquizofrenia respondem bem ao tratamento com drogas antipsicóticas administradas pelo médico com cautela.
Sintomas específicos da esquizofrenia:
O quadro clínico da esquizofrenia é bem heterogêneo e seus sintomas são agrupado em quatro categorias:
1. Sintomas positivos: são os sintomas da psicose descritos acima. Delírios e alucinações (especialmente auditivas) são os mais comuns.
2. Sintomas negativos: são sintomas de perda das características usuais. Pode ser perda da resposta afetiva, da expressão verbal, da motivação pessoal, da atenção ao ambiente, da interação social…
3. Alterações cognitivas: diminuição da atenção, capacidade de raciocínio, da memória, da linguagem e da capacidade em realizar funções.
4. Alterações na afetividade: problemas de humor com mudanças repentinas, manifestações inapropriadas ou bizarras de afetividade ou comportamento. Depressão é comum após períodos de exacerbação da psicose.
As características dos sintomas são importantes, inclusive, para determinar qual o tipo específico de esquizofrenia. Ela pode ser, então, dividida em cinco subtipos:
– Paranoide: apresentam delírios e alucinações, sem alterações no pensamento lógico, afetividade ou comportamento. É o subtipo que apresenta o melhor prognóstico. Esse grupo de pacientes costuma manter o emprego e o relacionamento familiar. Porém, como são os que mais percebem a doença, é o subgrupo com maior taxa de suicídio.
– Desorganizado: são os doentes com pensamento desorganizado e comportamento bizarro e inapropriado. Apresentam o pior prognóstico, com maior taxa de incapacidade funcional, perda de relacionamento e necessidade de institucionalização.
– Catatônico: são os pacientes que perdem interação com ambiente e assumem posturas estranhas. Não atendem a solicitações e resistem a tentativas de movê-los. A catatonia ocorre episodicamente.
– Residual: são pacientes que apresentam longos períodos de ausência dos sintomas positivos, porém apresentam outros sintomas de modo discreto, como alterações no pensamento e afetividade.
– Indiferenciado: são os que não se encaixam em nenhuma das categorias anteriores, apresentando sintomas de mais de um subtipo.
Não existe um sintoma ou sinal patognomônico. O diagnóstico é feito pelo conjunto de sintomas. A psicose é uma manifestação típica, mas não é um sintoma exclusivo da esquizofrenia.
Tratamento
O tratamento com medicação antipsicótica é para a vida toda. Doentes muito agitados que colocam a sua vida e a de outros em perigo, devem ser internados até estabilização. Entre os fármacos mais utilizados estão os chamados antipsicóticos de segunda geração, que produzem menos efeitos colaterais que os psicóticos mais antigos.
Dicas para cuidadores de idosos com esquizofrenia
Cada dia será diferente do anterior. Hoje, o paciente está bem, amanhã mais para baixo, isolados. O cuidador precisa respeitar seu tempo.
Esquizofrenia não é ser loucura. A pessoa que tem esquizofrenia é muito mais que o seu transtorno. Evitar utilizar esses termos é muito importante, afasta preconceitos e diminui o sofrimento da família.
Ter esquizofrenia não é algo fácil de superar. O transtorno é grave e ainda não tem cura. Ou seja, não é algo que possa desaparecer de repente, é para vida toda. Ok, pode estabilizar e deixar que a pessoa tenha uma vida tranquila. Mas, sempre com medicação e cuidados.
Esquizofrênicos mudam de humor repentinamente e nada tem a ver com o cuidador. Trata-se de um sintoma do transtorno que não pode ser evitado ou controlado. Tenha em mente que episódios de depressão, mania e raiva podem surgir a qualquer momento.
Existe chance de controlar a esquizofrenia com medicação, terapia, reeducação, participação em grupos e apoio familiar. O esquizofrênico pode trabalhar, sair, conviver com outras pessoas, etc. Não acontece da noite para o dia e cada caso é um caso, depende da gravidade do transtorno. Mas, é possível!
Carinho e abraço funcionam muito. Demonstre seu amor, diga que sempre estará ao seu lado. Essas palavras são muito importantes, mesmo que aparentemente a pessoa não demonstre. Ela precisa desse afeto para seguir em frente.
Busque sempre se informar sobre o transtorno. Quanto mais você souber sobre a esquizofrenia, melhor você poderá ajudar. A psicoeducação ensina sobre a doença, medicações, tira dúvidas, acolhe os sentimentos dos cuidadores e, através dela, você consegue entender e auxiliar o cuidado.
Tenha muita paciência! Claro que haverá momentos que você estará cansado e se sentirá sozinho, mas isso passa!
Controle suas expectativas. Atividades, rotinas que o cuidado fazia antes, possivelmente não conseguirá mais realizar. Não peça mais do que ele pode fazer, não exija muitas coisas ao mesmo tempo. Uma tarefa de cada vez, e principalmente, não crie falsas expectativas de cura. A doença pode estabilizar, mas estará lá.
Motivação. Vai haver aqueles momentos piores em que querem desistir de tudo. Nessa hora, seu apoio é crucial. Incentive o cuidado a reagir, convide a fazer algo que goste, mostre o que já conquistaram, a importância do tratamento e que você vai estar ali, do seu lado para o que for preciso.
Depressão
A depressão é uma das doenças mentais que mais atinge os idosos e se manifesta de acordo com a situação vivida. Os sintomas depressivos prevalece em 15% da população idosa que convive com a família e está inserida na comunidade. O número pode dobrar quando em idosos institucionalizados nas casas de repouso ou asilos.
Já nos pacientes hospitalizados por problemas de saúde, a prevalência chega a quase 50%.
As pessoas que têm depressão na terceira idade podem ser divididas em dois grupos.
Aqueles que nunca tiveram depressão e passam a ter.
Aqueles que já vêm de um quadro de depressão ao longo da vida.
No primeiro caso, o componente hereditário é menor e a doença é relacionada a dificuldades trazidas pelo envelhecimento, como problemas cognitivos, quadros demenciais, perda de papel social e limitações por doenças físicas. Já o segundo envolve pacientes cujo histórico remete a quadros depressivos prévios com características de cronificação.
Clinicamente, uma das principais diferenças entre a depressão que atinge a população idosa frente à que acomete os mais jovens são as queixas somáticas, muito mais intensas e freqüentes. Os sintomas depressivos nesta população traduzem-se por queixas de dores pelo corpo, falta de apetite, insônia e perda de energia.
A tendência para o isolamento e a apatia são dois sinais de alerta para a identificação da doença. Em um primeiro momento, pode não haver exteriorização de sintomas depressivos mais clássicos, como tristeza, angústia, crises de choro. Em geral, o quadro de depressão no idoso é menos exuberante.
E como isso pode afetar a vida do paciente? A depressão não tem uma causa específica, podendo ser desencadeada por uma mistura de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Além de fatores ambientais, inerentes ao envelhecimento, a depressão em idosos pode se manifestar a partir de uma série de problemas relacionados à terceira idade.
Entre eles, estão o afastamento da família, a perda do papel social com a aposentadoria, falecimento do cônjuge e solidão. Limitações físicas e fatores clínicos como AVC, infarto e doenças cardiovasculares também podem contribuir para o desenvolvimento de um quadro de depressão.
A doença pode também interferir em aspectos físicos à medida que leva o indivíduo a uma menor disponibilidade para colocar em prática medidas essenciais para a manutenção da boa qualidade de vida e controle de outros problemas de saúde, como uma dieta saudável e praticar exercícios físicos regularmente.
Tratar a depressão do idoso é diferente, pois ele exige mais cuidados que um adolescente ou adulto. É preciso saber como estão órgãos como fígado e rim porque eles podem ser afetados pelos antidepressivos. O metabolismo do idoso é mais lento e as drogas são metabolizadas no fígado.
Se for administrada uma dose excessiva, o remédio vai ficar muito tempo circulando, o que não é bom”. As condições do cérebro também influenciam o tratamento, pois esse órgão do idoso está numa fase degenerativa. O número de neurônios vai diminuindo com o passar dos anos.
Isso, inclusive, interfere no prognóstico e talvez a pessoa com bastante idade não consiga ficar sem o remédio, por falta de neurônios. Mas, ainda que exista tratamento adequado para a depressão, prevenir sempre é a melhor opção. Sem dúvida, a melhor alternativa é incentivar os idosos à qualidade de vida generalizada.
Isso significa manter uma rotina ativa e cultivar boas relações sociais. Embora isso seja difícil para um idoso com saúde debilitada e situação financeira restrita, há uma série de atividades possíveis. Entre elas estão leitura, cursos gratuitos, visitas a parques, encontros rotineiros com amigos, grupos de ginástica ou dança de terceira idade na comunidade.
O papel da família também é fundamental para prevenir e identificar os sintomas da depressão. Visitar, dar apoio, promover atividades que aumentem a autoestima e fomentem o convívio social podem transformar a vida de um idoso depressivo.
Transtornos do humor (Transtorno bipolar)
O Transtorno afetivo bipolar (TAB ou TB) ou Transtorno bipolar do humor é uma doença mental grave que afeta cerca de 1% da população (as formas mais leves podem chegar a atingir 6% da população). A doença ocupa o sexto lugar entre as causas principais de incapacidade no mundo.
O TB é caracterizado por episódios de mania (euforia) que se alternam com episódios depressivos. As causas ainda permanecem indeterminadas, porém as pesquisas na área consideram a genética como apresentando uma forte influência. Embora a ocorrência seja menor que em pacientes jovens, há incidência de TB na terceira idade.
O fator genético tem menor influência nesses pacientes, sendo mais comum nas mulheres. s principais Transtornos de Humor descritos são:
Transtornos Depressivos Unipolares (que como o próprio nome diz, são caracterizados por sintomas exclusivamente depressivos).
Transtornos Bipolares (episódios de euforia – representados por mania ou hipomania ou estados mistos – intercalados com episódios depressivos maiores).
Os Transtornos Bipolares podem ser classificados, de forma sintética, em:
Transtorno Bipolar tipo I (um ou mais episódios maníacos ou mistos acompanhados de episódios depressivos),
Transtorno Bipolar tipo II (um ou mais episódios depressivos maiores acompanhados por pelo menos um episódio maníaco)
Transtorno Ciclotímico (oscilação do humor, durante pelo menos 2 anos, caracterizado por vários períodos de hipomania e numerosos períodos de sintomas depressivos).
O quadro clínico do TB em idosos não apresenta grandes diferenças com o quadro clínico dos adultos jovens, mas convém salientar que elas existem e estão ligadas, fundamentalmente:
aos sintomas maníacos (de menor intensidade nos idosos),
aos aspectos cognitivos e neuropsicológicos (devem ser avaliados com cautela, diferenciando-os dos processos demenciais),
às comorbidades (elas são bastante comuns nos idosos e agravam, às vezes, o TB),
à mortalidade (é maior nos idosos).
Em linhas gerais são descritos, abaixo, os sintomas de cada um dos quadros que fazem parte do TB:
Mania: o humor é anormal, expansivo, eufórico ou irritável. O indivíduo apresenta um bem-estar exagerado, com muita alegria e, ao mesmo tempo, impaciência e sensação de “pavio curto”. Há um aumento da atividade mental e/ou física e da impulsividade.
O indivíduo é hiperativo, produzindo várias coisas ao mesmo tempo, e não necessita de muitas horas de sono. Fala exageradamente, mostrando um pensamento acelerado. Sua autoestima é inflada, com ideias de grandeza, poder e riqueza. Neste sentido pode chegar a correr sérios riscos em atividades ligadas aos esportes, ao trabalho, ao plano sócio-familiar e financeiro (faz gastos excessivos que fogem do seu controle).
Aumento da libido e de condutas inadequadas na área sexual (menor nos idosos). Não apresenta autocrítica do seu estado e, em geral, não se considera doente, negando-se a fazer tratamento. Nos casos mais graves pode apresentar fuga de ideias, agitação psicomotora, agressividade, delírios e alucinações (sintomas psicóticos), que exigem hospitalização (nos idosos a fuga de ideias e a agitação psicomotora são menos frequentes).
Hipomania é um quadro mais leve de mania e os sintomas não chegam a causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou ocupacional do indivíduo. Não acontecem sintomas psicóticos e nem a necessidade de internação hospitalar.
Estados Mistos: compreendem uma mescla de sintomas maníacos e depressivos. O indivíduo pode, por exemplo, sentir-se angustiado, deprimido, mas com o pensamento acelerado e agitação interna. Há autores que enfatizam que os estados mistos ocorrem em menor proporção nos idosos cujo primeiro episódio é de início tardio, isto é, após os 60 anos e a característica mais comum é a mania disfórica.
Depressão Bipolar: os sintomas são, particularmente, semelhantes à depressão unipolar: humor deprimido ou irritável ou perda de interesse ou prazer. Pessimismo e desesperança pela vida, bem como um vazio existencial, angústia e choro fácil. Esquecimentos, prejuízo na capacidade de pensar e concentrar-se. Retardo ou agitação psicomotora, cansaço, fadiga, diminuição da energia. Aumento ou diminuição do apetite, perturbações no ciclo sono-vigília, diminuição da libido, dores generalizadas (mais comuns nos idosos). Ideias negativas recorrentes, que podem levar à tentativa(s) de suicídio.
Tratamento
Os princípios gerais são semelhantes àqueles para adultos jovens, mas as doses dos medicamentos devem ser, em geral, mais baixas. Os idosos são mais sensíveis a efeitos colaterais e têm mais probabilidade de desenvolver prejuízo cognitivo com certas medicações.
Além disso, costumam fazer uso de polifarmácia, em razão de comorbidades, e todos os cuidados devem ser tomados na administração desses medicamentos e suas respectivas doses. Alguns deles podem, inclusive, aumentar o risco de quedas, promover diminuição do sódio no sangue, impregnação, intoxicação e outros problemas, razão pela qual os idosos devem ser monitorados durante todo o tratamento.
Transtorno Delirante
O delírio, também conhecido como transtorno delirante, é a alteração do conteúdo do pensamento, surgindo quando a pessoa acredita fortemente em uma idéia que não é verdade. Alguns dos sinais de delírio são acreditar ter super-poderes ou que está sendo perseguido por inimigos, por exemplo, tornando difícil distinguir a imaginação da realidade.
Em geral, a idade de início do transtorno delirante é entre 40 e 55 anos, mas pode ocorrer em qualquer época durante o período do envelhecimento. Os delírios podem assumir muitas formas; as mais comuns são as persecutórias – os pacientes acreditam que estão sendo vigiados, perseguidos, seguidos, envenenados ou assediados de alguma forma.
As pessoas com transtorno delirante podem se tornar violentas em relação aos seus supostos perseguidores, irritadas, isoladas socialmente, apresentar perda de interesse e concentração, autonegligência, dificuldade de cuidados com a higiene pessoal e idéias obsessivas. Algumas até se trancam nos quartos e vivem vidas reclusas.
Delírios somáticos, em que os indivíduos acreditam ter uma doença que pode levar a morte, também podem ocorrer em idosos. A personalidade permanece intacta ou sofre comprometimento mínimo. Estudos mostram que 4% das pessoas com mais de 65 anos pode apresentar sintomas persecutórios.
Entre aqueles que são vulneráveis, o transtorno delirante pode ocorrer diante de estresse físico ou psicológico. Pode ainda ser precipitado pela morte do cônjuge, aposentadoria, isolamento social, circunstâncias financeiras adversas, doença médica debilitante ou cirurgia, deficiência visual e surdez, doenças cerebrais, ser solteiro e história familiar.
Os delírios podem acompanhar outros transtornos – como demência do tipo Alzheimer, transtornos relacionados ao uso de álcool, esquizofrenia, transtornos depressivos e transtorno bipolar. As síndromes delirantes também podem resultar de medicações prescritas ou ser os primeiros sinais de um tumor cerebral. Na maioria dos casos prognóstico é de regular a bom.
Um transtorno delirante de início tardio denominado parafrenia é caracterizado por delírios persecutórios, que são idéias fixas de perseguição. O transtorno delirante se desenvolve durante vários anos e não está associado à demência. Alguns autores acreditam que o transtorno é uma variante da esquizofrenia que se manifesta quando o indivíduo já é idoso.
Pacientes com história familiar de esquizofrenia apresentam uma taxa aumentada de parafrenia. O transtorno delirante persistente é caracterizado pela presença de delírios, sem outros sintomas que levariam ao diagnóstico de esquizofrenia ou transtorno de humor. O tratamento baseia-se no uso de medicamentos e psicoterapia.
Ansiedade
A ansiedade é uma emoção normal do ser humano, que aparece sempre que enfrentamos uma situação diferente ou uma decisão difícil. Porém, quando apresentada em excesso, pode ser caracterizada como doença, os transtornos de ansiedade. A partir daí, provoca medo extremo perante situações simples e cotidianas.
O transtorno de ansiedade é caracterizado por ansiedade e/ ou preocupação excessiva acompanhados de tensão muscular e hipervigilância. Estima-se que 5% dos adultos com mais de 65 anos sofram de transtorno de ansiedade. Entre as principais causas em idosos, está a vulnerabilidade social.
Os principais sintomas do transtorno da ansiedade são:
Tensão Motora: incapacidade de relaxar, tremores.
Hiperatividade autônoma: sudorese excessiva, palpitações, sensação de boca seca, acesso de frio ou calor, poliúria (vontade de urinar além do normal) e/ ou diarréia.
Sensação de ansiedade: preocupação constante ou pressentimento de que algo ruim vai acontecer com amigos ou familiares.
Vigilância ou estado permanente de atenção: insônia, nervosismos, falta de concentração.
Baseado nos padrões de comportamento dos pacientes, o transtorno de ansiedade pode ser classificado em:
Fobias: sintomas de medo irracional e persistente de alguma situação. Um exemplo é a síndrome do pânico. Podem ser causados por traumas de violência como assaltos, queda na rua, doença grave de si mesmo ou pessoa querida.
TOC (transtorno compulsivo obsessivo): preocupações excessivas. São idéias obsessivas ou pensamentos recorrentes e persistentes que provocam atos repetitivos. Por exemplo, uma preocupação excessiva de pegar uma gripe leva algumas pessoas a lavarem as mãos várias vezes por hora, chegando ao ponto de machucá-las.
Associação ao passado: traumas do passado causam os sintomas do transtorno de ansiedade.
Tratamentos não farmacológicos podem surtir efeitos muito positivos. A terapia psicológica é um exemplo de tratamento com histórico positivo, especialmente para TOC. O uso de medicamentos, como ansiolíticos, são mais usados em casos em que há associação com depressão.
Como evitar o transtorno de ansiedade em idosos
Antes de chegar ao quadro do transtorno de ansiedade, pequenos hábitos podem proporcionar uma vida mais leve ao idoso, como:
preencher o tempo livre com atividades que sejam úteis de alguma forma
praticar exercícios físicos
manter o contato com outras pessoas
exercitar o cérebro com palavras cruzadas, desenhos e jogos
Transtornos somatoformes
Transtornos somatoformes são doenças mentais que causam sintomas corporais, incluindo a dor. Os sintomas não podem ser rastreados até qualquer causa física, nem são o resultado de abuso de substâncias ou de outra doença mental. Os fatores psicológicos são grandes contribuidores para os transtornos, a severidade e a duração dos sintomas.
Pessoas com transtornos somatoformes não estão fingindo seus sintomas. A dor e outros problemas que experimentam são reais e podem afetar significativamente a vida diária. Os sintomas e sua gravidade variam dependendo do tipo de transtorno somatoforme. Existem vários tipos de perturbações, sendo as mais comuns:
transtorno de somatização: também é conhecido como síndrome de Briquet, se apresenta em pacientes com longo histórico de problemas médicos. O paciente pode se queixar de dor, problemas neurológicos e queixas gastrointestinais
hipocondria: muito comum em idosos, causa a preocupação intensa em ter uma doença grave. A pessoa pode acreditar que pequenas reclamações são sinais de graves problemas médicos. Uma dor de cabeça, por exemplo, indicar um tumor cerebral.
transtorno dismórfico corporal: os pacientes exageram em alguma “falha” física ou imaginam algo que não existe. Pode envolver qualquer parte do corpo, com obsessões em relação a rugas, cabelos brancos ou mudanças nos formatos dos seios, olhos e nariz
transtorno de conversão: ocorre quando as pessoas têm sintomas neurológicos que não podem ser rastreados por uma causa médica. Os pacientes podem ter sintomas como paralisia, cegueira, perda de audição ou da sensibilidade.
transtorno da dor somatoforme: as pessoas normalmente experimentam uma dor que começou com um estresse psicológico ou trauma. Por exemplo, uma dor de cabeça crônica inexplicável depois de um evento estressante. A dor é o foco da doença. Mas acredita-se que fatores psicológicos desempenham um papel na percepção e gravidade da dor.
Tratamento
Os pacientes que experimentam sintomas físicos inexplicáveis muitas vezes se agarram à crença de que seus sintomas têm uma causa física subjacente, apesar das evidências mostrarem o contrário. Os pacientes também podem descartar qualquer sugestão de que fatores psiquiátricos estão desempenhando um papel em seus sintomas.
A forte relação médico-paciente é a chave para a obtenção de ajuda com transtornos somatoformes. Um profissional com conhecimento e experiência em transtornos somatoformes pode ajudar a reduzir exames e tratamentos desnecessários. O foco do tratamento de transtorno somatoformes é melhorar a vida diária.
A redução do estresse é muitas vezes uma parte importante para ficar melhor. Aconselhamento para a família e amigos também pode ser útil. A terapia comportamental cognitiva também pode ajudar a aliviar os sintomas associados com transtornos somatoformes. A terapia se concentra em corrigir:
pensamentos distorcidos
crenças irrealistas
comportamentos que levam a ansiedade
Uso de álcool e outras substâncias
Os pacientes idosos com dependência de álcool, geralmente, apresentam uma história de consumo excessivo que começou na idade adulta e apresenta uma doença médica, principalmente doença hepática. Além disso, um grande número tem demência causada pelo álcool.
A dependência de substâncias como hipnóticos, ansiolíticos e narcóticos é comum. Os pacientes idosos podem abusar de ansiolíticos para o alívio da ansiedade crônica ou para garantirem uma noite de sono. A apresentação clínica é variada e inclui quedas, confusão mental, fraca higiene pessoal, depressão e desnutrição.
Alzheimer
O Alzheimer é uma doença neuro-degenerativa que provoca o declínio das funções cognitivas, reduzindo as capacidades de trabalho e relação social, interferindo no comportamento e personalidade da pessoa. Ela começa a se manifestar quando o paciente vai perdendo sua memória mais recente.
Pode até lembrar com precisão acontecimentos de anos atrás, mas esquece que acabou de realizar uma refeição. À medida que vai evoluindo, o Alzheimer causa grande impacto no cotidiano da pessoa e afeta a capacidade de aprendizado, atenção, orientação, compreensão e linguagem.
A pessoa fica cada vez mais dependente da ajuda dos outros, até mesmo para rotinas básicas, como a higiene pessoal e a alimentação. Trata-se da causa mais comum de demência e, nela, as células cerebrais vai degenerando e morrendo. A principal consequência é o declínio constante na memória e função mental.
Sua gravidade varia desde seu estágio mais brando, quando afeta apenas o funcionamento da pessoa, até o mais grave, quando o indivíduo depende completamente dos outros para suas atividades diárias básicas. No Brasil, as estatísticas mostram que 6% dos idosos têm Alzheimer. Seus estágios podem ser definidos da seguinte forma:
Inicial: o estágio inicial raramente é percebido. Parentes e amigos a veem apenas como uma fase normal do processo do envelhecimento. Como o começo da doença é gradual, é difícil ter certeza exatamente de quando ela começa. A pessoa pode ter problemas de linguagem ou perda de memória.
Ainda, não saber a hora ou dia da semana, ficar perdida em locais familiares, apresentar mudanças de humor, ficar inativa ou desmotivada. Outros sintomas comuns são reagir com raiva incomum a determinadas ocasiões e apresentar perda de interesse por hobbies e outras atividades.
Intermediário: as limitações vão ficando mais claras e graves, incluindo dificuldades no dia a dia. A pessoa fica desmemoriada, não gerencia sua vida sozinha sem problemas, não cozinha, limpa ou faz compras. Também pode ficar dependente de um cuidador, precisando de ajuda até mesmo para a higiene pessoal.
A fala avança com dificuldade, apresenta problemas de ordem comportamental, se perde com facilidade (tanto dentro quanto fora de casa) e pode ter alucinações.
Avançado: é a etapa mais próxima a total dependência e inatividade. Os distúrbios de memória são sérios e o lado físico da doença fica mais aparente. A pessoa passa a ter dificuldades para a comer, caminhar e entender o que acontece ao seu redor. Fica incapacitada de se comunicar, reconhecer objetos e pessoas próximas.
Não consegue encontrar seu caminho de volta para casa, manifesta comportamentos ditos inapropriados em público, tem incontinência fecal e urinária. Normalmente, fica confinada a uma cadeira de rodas ou na cama.
Além dos estágios, é importante compreender a classificação em dois tipos de Alzheimer. O precoce se apresenta entre os 40 e 50 anos enquanto o tardio é caracterizado quando se manifesta após os 65 anos. Aliás, é o mais frequente. Mas, o que causa o Alzheimer?
Na maioria das pessoas, a doença é causada por uma combinação de fatores genéticos, estilo de vida e ambientais que afetam o cérebro ao longo do tempo. Mas, suas causas são, de fato, desconhecidas, embora seus efeitos deixem marcas fortes no paciente.
Entre os fatores de risco, estão a idade, histórico familiar (genética), comprometimento cognitivo leve, estilo de vida e saúde do coração. Felizmente, existem medicamentos oferecidos pelo SUS destinados ao tratamento do Alzheimer, mas ainda não conseguem impedir sua evolução.
Sendo assim, são administrados apenas para amenizar ou reduzir seus efeitos, incluindo os distúrbios de comportamento.
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