TRATAMENTO DA OBESIDADE INFANTIL E ADOLESCENTE
O tratamento da obesidade em crianças e adolescentes pode ser muito difícil, uma vez que ele depende de uma mudança por parte dos pais também.
Alguns princípios são essenciais para o tratamento da obesidade:
▪ Estabelecer objetivos e intervenções de tratamento individualizadas baseadas na idade da criança.
▪ Grau de obesidade e na presença de comorbidades.
▪ Envolver a família e outros cuidadores no tratamento.
▪ Oferecer assistência e monitoramento frequentes.
▪ Considerar os fatores comportamentais, psicológicos e sociais envolvidos no ganho de peso.
▪Fornecer recomendações para mudanças na dieta e aumento na atividade física, que podem ser implementadas dentro do ambiente familiar e que promovam a saúde, crescimento e desenvolvimento adequados.
Tratamento multidisciplinar
Este tipo de tratamento é uma maneira de interligar os aspectos psicológicos, comportamentais e ambientais envolvidos no processo havendo, assim, um atendimento interdisciplinar.
A orientação da American Dietetic Association, por exemplo, é que o tratamento da obesidade infantil combine programas com múltiplos componentes baseados na família e na escola, que incluam a promoção de atividade física, treinamento dos pais, aconselhamento comportamental e educação nutricional.
Intervenções comunitárias
Capacitação para cuidadores, merendeiras e professores sobre alimentação saudável, ampliação da merenda escolar para comunidade indígena; capacitação em alimentação saudável com enfoque na Segurança Alimentar e Nutricional e no Direito Humano à Alimentação para conselheiros de alimentação escolar e inclusão do tema Alimentação Saudável nos parâmetros curriculares das escolas brasileiras são as propostas da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN).
Mudanças no estilo de vida
A maneira de se alimentar é essencial para o tratamento. Tais medidas são essenciais:
▪ Evitar grandes intervalos entre as refeições.
▪ Comer pequenas porções.
▪ Mastigar adequadamente.
▪ Evitar refeições apressadas ou durante a realização de outra atividade (estudando ou assistindo a programas de TV).
▪ Evitar a ingestão de líquidos durante as refeições.
Vale dizer que dietas muito restritivas não são ideais durante esse processo.
Terapia comportamental
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma intervenção semi-estruturada, objetiva e orientada para metas, que aborda fatores cognitivos, emocionais e comportamentais no tratamento dos transtornos psiquiátricos.
A TCC ocupa-se da identificação e correção das condições que favorecem o desenvolvimento e manutenção das alterações cognitivas e comportamentais que caracterizam os casos clínicos.
Os testes já realizados com este tipo de terapia já indicaram melhora do humor, do funcionamento social e diminuição da preocupação com peso e formato corporal.
Grupos de reeducação alimentar
Participar de grupos de reeducação alimentar permite aprendizagem de forma mais lúdica do que teórica. A diferença entre este tipo de tratamento e o atendimento individual está na redução da colesterolemia, pois os programas de educação em grupo apresentaram vantagem significativa.
Tratamento medicamentoso
As drogas normalmente usadas no tratamento medicamentoso são:
▪ Anfetaminas.
▪ Fenfluraminas.
▪ Fenterminas.
▪ Dietilpropriona.
▪ Mazindol.
▪ Pemolina.
▪ Fenilpropanolamina.
▪ Antidepressivos (fluoxetina, sertralina, entre outros).
Somente duas drogas são aprovadas pelo FDA (Food and Drug Administration) para tratamento a longo prazo da obesidade: sibutramina (aprovada em 1997) e orlistat (aprovada em 1999). O orlistat pode ser usado em adolescentes de 12 a 16 anos, com efeitos adversos similares ao observados em adultos. A eficácia da sibutramina em adolescentes não é comprovada e seu uso não é recomendado em pacientes pediátricos.
O FDA também aprova a fentermina e a dietilpropriona para tratamento a curto prazo da obesidade em adultos, porém o uso destes medicamentos não é recomendado para menores de 16 anos.
Existem estudos clínicos em andamento na avaliação de orlistat e de sibutramina em pacientes pediátricos. Esses estudos são necessários, uma vez que não se pode assumir que riscos e benefícios do uso desses agentes sejam os mesmos em adultos e em crianças.
Há muitas controvérsias sobre a utilização destes medicamentos, pelos escassos estudos sobre seus efeitos a longo prazo. Os remédios criam uma expectativa de cura para a obesidade e as pessoas comumente voltam a engordar com a suspensão do medicamento.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico permanece como última opção, para pacientes que:
▪ Apresentaram falha por mais de 6 meses na tentativa de perda de peso.
▪ Índice de Massa Corporal (IMC) ≥ 40.
▪ Atingiram maturidade do esqueleto.
▪ Tenham comorbidades relacionadas à obesidade que podem melhorar com a redução do peso.
▪ Demonstrem capacidade de decisão.
▪ Sejam capazes de aderir às orientações nutricionais pós-operatórias.
▪ Tenham um suporte no ambiente familiar.
Ressalta-se que a cirurgia somente deverá ser realizada em pacientes selecionados e mesmo os casos que preencham estes critérios devem ser analisados, já que estes reúnem características que poderiam possibilitar o emagrecimento sem a cirurgia.
Este artigo pertence ao Curso de Obesidade na Infância e na Adolescência
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