Alfabetização Digital
Há ampla evidência de que as crianças pequenas estão, desde o nascimento, imersas em um ambiente rico em mídia e tecnologia.
Em uma revisão recente de pesquisas nessa área, Burnett e Merchant identificaram três temas que emergiram. A primeira diz respeito à importância de os membros da família apoiarem o desenvolvimento da alfabetização digital das crianças pequenas. Estudos em lares nos primeiros anos da infância identificaram como pais, cuidadores e outros membros da família apoiam o desenvolvimento da alfabetização digital das crianças.
Flewitt (2011) realizou um estudo sobre as práticas multimodais de crianças (3-4 anos) em casa, nas quais elas se movimentavam com competência em uma variedade de mídias, incluindo computadores, televisores e brinquedos eletrônicos. Ela descobriu que os pais apoiavam as habilidades e conhecimentos emergentes de alfabetização digital de seus filhos, fornecendo andaimes apropriados que lhes permitiam se envolver com uma ampla variedade de textos.
Da mesma forma, no estudo Plowman, McPake e Stephen (2010), às interações com crianças e tecnologias em casa foram contrastadas com suas interações em ambientes de primeiros anos e descobriram que o envolvimento das crianças com tecnologias era mais amplo em casa, apoiado pelos pais por meio de interações'.
Davidson (2009) realizou uma microanálise das interações de uma criança e seus pais no uso do computador e descobriu que o pai era capaz de fornecer apoio no momento da necessidade. Esta pesquisa sugere que muitos pais já têm uma compreensão implícita das necessidades de seus filhos no que diz respeito ao desenvolvimento da alfabetização digital, mas há a necessidade de estender essa compreensão por meio de programas apropriados de alfabetização familiar que atendam tanto a textos impressos quanto a telas.
O segundo tema que emergiu foi como as crianças transferem entendimentos e experiências entre os modos. Por exemplo, Smith (2005), Pahl (2005) e Wohlwend (2011) demonstram como as crianças desenham personagens e narrativas incorporadas no uso da mídia em suas brincadeiras, recontextualizando seus conhecimentos na produção de textos multimodais.
O terceiro tema que Burnett e Merchant identificam é o envolvimento ativo das crianças na construção de significados com a mídia digital. Muito do uso de tecnologia digital por crianças pequenas pode ser caracterizado como ativo, criativo e lúdico por natureza, pois oferece potencial para as crianças se envolverem como 'produtores', misturando conteúdo cultural na produção de novos textos.
No final do século 20, o envolvimento das crianças em textos de mídia em casa era realizado principalmente sozinho ou com familiares e amigos imediatos, mas o século 21 viu aumentar as oportunidades de comunicação com outras pessoas desconhecidas através do uso de sites de redes sociais online. Um exemplo desse fenômeno é o uso crescente de mundos virtuais online por crianças pequenas. Os mundos virtuais online são simulações imersivas em 2-D ou 3-D de espaço persistente em que os usuários adotam um avatar para representar a si mesmos e interagir com os outros. Eles podem ou não incluir elementos do jogo.
Em um estudo sobre o uso de mundos virtuais por crianças (5-11 anos), descobriu-se que, de 175 crianças que responderam a uma pesquisa, 52% relataram usar mundos virtuais regularmente (Marsh, 2011). Uma série de práticas de alfabetização está envolvida no uso desses mundos virtuais.
As crianças se envolvem em mensagens instantâneas usando recursos de bate-papo e podem enviar outros cartões postais e ler textos do mundo ou instruções para jogos (Marsh, 2010b). As habilidades multimodais são desenvolvidas à medida que os usuários navegam em telas complexas e integram diferentes modos ao ler os vários textos do mundo.
Outras atividades de redes sociais ocorrem no contexto da vida diária de crianças pequenas, como o uso de mensagens de texto de telefones celulares, serviços de mensagens instantâneas e salas de bate-papo. Todos esses encontros oferecem às crianças uma perspectiva ampla sobre a alfabetização, que enfatiza sua função como prática social e cultural.
Portanto, é importante que as escolas e os ambientes dos primeiros anos incorporem esses usos da alfabetização, a fim de garantir a continuidade entre os domínios doméstico e escolar.
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