AS FASES DA INTELIGÊNCIA E COMO ESTIMULÁ-LAS
Howard Gardner desenvolveu teoria dividindo a inteligência em 7 fases, definindo-as de acordo com as melhores formas de estímulo, sendo elas:
- inteligência linguística
- inteligência lógico-matemática
- inteligência corporal-cinestésica
- inteligência musical
- inteligência visual-espacial
- inteligência interpessoal
- inteligência intrapessoal
Howard seguiu estudando outras inteligências, sendo uma chamada “naturalista”, associada à capacidade humana de reconhecer objetos na natureza e a sua relação com a vida humana; e, outra considerada “transcendental”, ligada ao entendimento além do corpóreo, o transcendente. A partir desta teoria, o professor Nílson José Machado, da USP, propôs a inteligência Pictórica. Assim, incorporou-se as inteligências inter e intra pessoal como apenas pessoal, acrescentando a naturalista e a pictórica. Para compreender melhor, vejamos um pouco mais sobre cada teoria:
As inteligências múltiplas
Gardner defende que essas inteligências têm origem e limites genéticos próprios e substratos neuroanatômicos específicos, apresentando processos cognitivos próprios, com variados graus. Mas, apesar de funcionarem de forma independente uma das outras, raramente funcionam isoladamente. Analisando de forma resumida, ele entende que os funcionamentos das diversas inteligências atuam sozinhos, porém, para exercermos as atividades, geralmente precisamos usar as habilidades de várias inteligências.
Inteligência linguística: o processamento básico da inteligência linguística aponta para uma sensibilidade para os sons, ritmos, significados das palavras e uma percepção especial das diferentes funções da linguagem. É a facilidade que se tem (ou deve-se ter) para usar a linguagem para transmitir idéias e também estimular e convencer a quem ouve sobre a relevância do que se relata. Gardner cita os poetas como portadores desta habilidade bem desenvolvida, porém creio que se deva incluir aí os romancistas, os contistas, escritores em geral e também todos os que conseguem expressar-se de forma satisfatória na comunicação de suas idéias.
Inteligência lógico-matemática: Gardner classifica esta inteligência como uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. É a habilidade para lidar com séries de raciocínios, reconhecer problemas (ou desafios numéricos) e resolvê-los. Gardner cita esta inteligência como própria dos cientistas e matemáticos, porém, explica que, apesar de um mesmo sujeito poder apresentar as habilidades matemáticas e científicas, os ideais que movem as áreas são diferentes. O cientistas se dispõem a explicar a natureza e os fenômenos desta e os matemáticos necessitam tornar concreto o mundo do abstrato. Crianças que têm facilidade para cálculos, contas e conseguem relatar as práticas de seu raciocínio podem ser consideradas como tendo esta inteligência desenvolvida.
Inteligência corporal/cinestésica: refere-se à habilidade para resolver situações ou produzir resultados usando parte ou todo o corpo. De forma mais explicada, trata-se de pessoas que aprendem mais com a vivência prática do que com as teorias. Pessoas assim são encontradas com freqüência nas Artes em geral, especialmente as artes cênicas ou plásticas (incluindo dança) e nos esportes. A criança que apresenta esta inteligência corporal/ cinestésica demonstra graça nos movimentos e expressa-se com desenvoltura diante de estímulos verbais, musicais ou atléticos.
Inteligência musical: habilidade para entender, apreciar, compor ou reproduzir uma música (isso inclui ler partituras no caso específico de músicos profissionais). Esta habilidade está ligada ao reconhecimento de diversos sons, percepção de temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para compor ou produzir e/ou reproduzir música. É fácil reconhecer uma criança pequena que tem essas habilidades pois, geralmente, ela percebe os sons a sua volta, diferencia-os e canta bastante para uma platéia ou para ela mesma.
Inteligência espacial: capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa, manipulando formas ou objetos mentalmente e, a partir daí, criar equilíbrio e composição, numa representação visual e/ou espacial. É a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos. Em crianças pequenas, que demonstram habilidade para quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a atenção a detalhes visuais são consideradas portadoras dessa inteligência desenvolvida.
Inteligência interpessoal: pode ser percebida como uma habilidade pare entender e responder adequadamente a variações de humor, temperamentos motivações e desejos de outras pessoas. Esta inteligência é essencial na personalidade de professores, políticos, terapeutas de forma geral (psicoterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros) e também vendedores. Crianças pequenas que demonstram habilidade para distinguir pessoas e, geralmente extremamente sensíveis às necessidades e sentimentos alheios, percebem-se logo cedo aptas a lideranças e são consideradas portadoras desta inteligência desenvolvida e, posteriormente, passam a ter habilidade para perceber desejos e intenções de outras pessoas e, em grau bem desenvolvido, podem reagir de acordo com esta percepção.
Inteligência intrapessoal: a correspondente interna da inteligência interpessoal, ou seja, é a facilidade de conseguir acesso aos próprios sentimentos, sonhos e idéias, para identificá-los e usá-los na solução de problemas e conflitos pessoais. Significa o reconhecimento das necessidades, desejos e inteligências próprios, a capacidade de analisar-se e conhecer-se a fundo e saber usar esta imagem de si mesmo de forma efetiva. Pelo fato desta inteligência ser a mais introspectiva de todas, a única forma de reconhecê-la ou identificá-la desenvolvida no indivíduo é analisando-se as manifestações das inteligências cinestésicas, musicais e linguísticas.
A inteligência chamada naturalista foi incluída entre as inteligências múltiplas e está associada à capacidade humana de reconhecer objetos na natureza e a sua relação com a vida humana. E, a estas, juntou-se a inteligência pictórica sugerida e defendida por Nilson Jose Machado. Caracteriza-se pela habilidade em representar um desenho e/ou pintura. Os grandes pintores, cartunistas, desenhistas, enfim, pessoas que criam desenhos ou personagens que falam por si mesmos, devem ser considerados dotados desta inteligência desenvolvida.
O desenvolvimento das inteligências
Gardner defende que, em princípio, todos os indivíduos têm habilidade para acionar todas as inteligências, porém a linha de inteligência, a forma como lidar com ela e a maneira de expressá-la ao mundo dependerá de vários fatores como: fatores ambientais, culturais, genéticos, neurobiológicos entre outros. Ele defende também que cada destas inteligências demonstra uma forma própria de pensar, ou processar as informações..
Ele defende ainda que alguns talentos só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente e variam de acordo com cada cultura que valoriza certos talentos e ignora outros e esses costumes vão passando de geração a geração. Portanto, partindo-se deste pensamento, é possível constatar que todas as inteligências podem ser desenvolvidas se forem estimuladas de forma correta.
Como detectar o desenvolvimento das inteligências em crianças
Gardner chama de habilidade de padrão cru os estágios de desenvolvimento de inteligências. Os bebês já apresentam capacidade para perceber diferentes informações, o mundo e as pessoas ao seu redor. Eles já possuem potencial para desenvolver sistemas de símbolos, ou simbólicos.
Aproximadamente dos dois aos cinco anos de idade, ocorre o segundo estágio de simbolizações. As inteligências se revelam através dos sistemas simbólicos. Nesta fase a criança já demonstra sua habilidade (ou inabilidade) em cada inteligência por intermédio do uso e compreensão dos símbolos: a inteligência espacial por intermédio dos desenhos, a musical por intermédio dos sons, a linguística por intermédio das conversas ou histórias, e assim por diante.
Depois de ter adquirido alguma competência no uso das simbolizações básicas, a criança caminha para o estágio seguinte para poder adquirir níveis mais altos de destreza em domínios valorizados em sua cultura. Passam, então a compreender os sistemas simbólicos e aprendem os sistemas de segunda ordem, a grafia dos sistemas (a escrita, os símbolos matemáticos, a música escrita etc.). Nesta fase, os vários aspectos da cultura têm grande importância no desenvolvimento das crianças que irão aprimorar os sistemas simbólicos mais eficazes encontrados nas atividades mais valorizadas pelo seu grupo cultural. Assim, uma cultura que valoriza os esportes terá maior número de crianças se desenvolvendo nesta área, outra cultura que valoriza as artes, obviamente, terá maior número de crianças aptas a esta área e assim por diante.
Ao atingir a adolescência e a idade adulta, as inteligências passam a se perceber por intermédio de ocupações vocacionais (ou não-vocacionais) Nesta fase, o indivíduo adota um campo específico e focalizado, e se realiza em papéis que são significativos em sua cultura. É o que podemos chamar de indivíduo focado.
Teoria das inteligências múltiplas e a educação
Ao analisar a importância das diversas formas de pensamento, os estágios de desenvolvimento de inteligências e as relações existentes entre esses estágios (no sentido de conhecimento e cultura), Gardner enfatiza sua teoria aplicada à educação. Quanto às avaliações, Gardner propõe uma distinção entre avaliação e teste. Segundo ele, a avaliação favorece métodos de levantamento de informações durante atividades diárias e comuns ao indivíduo avaliado, enquanto os testes (ou testagens) geralmente acontecem fora do ambiente conhecido do indivíduo alvo do teste.
Gardner afirma que é importante que se tire o maior proveito das habilidades individuais, estimulando os estudantes a desenvolverem suas capacidades intelectuais, e, a avaliação deve ser usada para informar o aluno sobre a sua capacidade e informar o professor sobre quanto este aluno está aprendendo, ao invés de simplesmente classificar, aprovar ou reprovar o aluno. Também propõe que, se cada inteligência tem um certo número de processos específicos, esses processos têm que ser medidos com instrumentos que permitam entender a inteligência em funcionamento e deve ser feita em ambientes conhecidos, utilizando materiais conhecidos pelas crianças avaliadas.
O pesquisador também sugere avaliação das diferentes inteligências de acordo com manifestações culturais e ocupações adultas específicas. Desta forma, a habilidade verbal, mesmo na pré-escola, deve ser avaliada percebendo-se a habilidade para contar histórias ou relatar acontecimentos, ao invés de ser medida com testes de vocabulário. Quanto a habilidade espacial, ele propõe que não se meça isoladamente, mas observando as crianças durante uma atividade de desenho ou enquanto montam ou desmontam alguns objetos. Também propõe que a avaliação seja parte do processo educativo e do currículo, ocorrendo durante o processo, informando a cada período a maneira como o currículo deve se desenvolver e não sendo apenas um produto final do processo de educação.
Gardner relata dois pontos importantes sugerindo a necessidade de individualização. O primeiro é o fato dos indivíduos apresentarem perfis cognitivos muito diferentes uns dos outros, por isso, as escolas deveriam oferecer educação favorecendo o potencial individual de cada aluno, ao invés de oferecer uma educação padronizada. O segundo ponto é que enquanto na Idade Média um indivíduo podia pretender tomar posse de todo o saber universal, hoje em dia essa tarefa é totalmente impossível, sendo mesmo bastante difícil o domínio de um só campo do saber. Por isso, havendo necessidade de se limitar a variedade de conteúdos, que cada um possa escolher os conteúdos que lhe agradam de acordo com seu perfil intelectual individual.
Gardner ainda propõe, a respeito do ambiente escolar que se prepare os indivíduos de forma a prepará-los com conhecimentos de diversas disciplinas básicas para que os alunos utilizem seus conhecimentos no seu dia-a-dia de acordo com a comunidade onde vivem e a vida que levam e não fiquem limitados aos conhecimentos de raciocínios verbais e lógicos que, geralmente, as escolas se limitam a ensinar.
Este artigo pertence ao Curso de Brinquedoteca e Aprendizagem Infantil
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