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Atuação em Serviços Sociais Através da Arte

A arte é uma grande ferramenta para transformação social, visto que é uma área vasta e com inúmeras possibilidades e oportunidades, é possível mudar realidades sociais, emocionais e psicológicas por meio de ações artísticas.

A arte é manifestada no indivíduo desde o nascimento, considerando que antes do falar, a criança cantarola, antes do andar, a criança dá passos de danças para seu desenvolvimento, e antes do escrever, a criança desenha e pinta. Ou seja, a todo tempo a arte está sendo manifestada e expressa de alguma forma.

Por isso, ela também pode ser uma ferramenta para transformações sociais, haja vista que, se considerar as realidades sociais que cada indivíduo está presente, é necessário que o profissional esteja aberto às diferentes possibilidades de expressão artística para integrar ou ressocializar o indivíduo na sociedade.

O assistente social que atua nesse setor incentivando a arte como forma de mediação e transformação das condições do indivíduo, deve buscar por atividade que possibilitem interações em diferentes campos artísticos. Ou seja, ele pode, junto ao profissional da área, seja professor, ator, dançarino, artista plástico, músico, etc. abordar nas ações, atividades que permeiam todos esses campos.

Além disso, também é importante compreender a subjetividade e individualidade de como a arte se manifesta através desse indivíduo.

Isto é, se o assistente estiver atuando em ambiente escolar, de acordo com a faixa etária dos estudantes, será necessário propor abordagens diferentes, mas que de alguma forma atinjam o mesmo objetivo de inserção social.

O assistente social pode realizar o acompanhamento das atividades artísticas para analisar o desenvolvimento da coordenação motora de crianças em fase inicial, além de observar detalhes de cada desenho ou registro, visto que, através das manifestações artísticas é possível captar denúncias de abusos e violências que podem estar sofrendo. Ou seja, através da arte também é possível falar as dores sem precisar expor de forma tão direta e ao mesmo tempo conseguir a ajuda que precisa.

Da mesma forma pode ser com adolescentes, muito é falado por meio das expressões artísticas e cabe aos profissionais envolvidos estarem atentos e abertos para toda manifestação de arte que será entregue.

O assistente social também pode atuar nesse campo fazendo análise e relatórios para questões profissionais desses indivíduos. É comum que na sociedade sejam mais valorizadas profissões tradicionais, como medicina, direito, engenharias, jogadores de futebol, etc. Mas desde cedo muitas crianças e adolescentes já demonstram seus interesses pela arte como profissão e muitas vezes isso é destruído pela necessidade social, seja financeira (visto que o caminho artístico até o sucesso e estabilidade é muito árduo e demorado) ou por necessidades de mudar de profissão para ter recursos para sobreviver, ou até mesmo por status familiar e decisão da família sem considerar o que de fato esse jovem deseja.

A arte é um divisor de águas, uma fonte transformadora, e cada talento ou disposição que não é investido, mais impacto emocional pode causar nesse indivíduo. Isso pode retraí-lo, fazê-lo se fechar para as oportunidades sociais e ter um efeito reverso do que a arte pode proporcionar e inclusive o contrário do que o serviço social busca propor para a população.

Pois, considerando que o assistente social deve oferecer estratégias para proporcionar um bem-estar social, físico e psicoemocional através das políticas sociais, então a arte deve ser um dos principais mecanismos para essa finalidade.

A arte também é imprescindível para o adulto, em suas diferentes condições sociais, é necessário que o indivíduo encontre um refúgio para suas debilidades momentâneas ou frequentes. Então, o assistente social pode, através das equipes interdisciplinares, promover ações, oficinas, encontros e outros tipos de interação, promoção e execução artística para valorizar e promover o bem-estar desses indivíduos.

O assistente social pode usar ações artísticas como medida de reabilitação, isto é, independente do tipo de reabilitação que essa pessoa precisa, seja pessoa com deficiência, ou um presidiário, dependente químico e de álcool ou pessoas com transtornos emocionais, psicológicos ou sociais.

Tratando da manifestação artísticas em pessoas com deficiência, a arte pode contribuir no desenvolvimento físico e mental, além de ser um estímulo para aumentar a autoestima que pode ser afetada de alguma forma devido a deficiência. Isso porque, ao ver suas produção e o reconhecimento e admiração por parte de algumas pessoas próximas, isso pode gerar estímulos hormonais que irão contribuir para o bem-estar e melhores sensações dentro de suas condições sociais.

Todavia, alguns fatores problemáticos cercam esse campo de atuação, ao considerar as diferentes realidades sociais e a falta do acesso aos direitos básicos para sobrevivência, além da não valorização artísticas em ambientes de alta vulnerabilidade social.

Pode-se ressaltar as influências da colonização no Brasil e a forma como perpetua os problemas sociais, além das influências dos mecanismos de controle sociais, de controle econômico e das relações de poder e relações de trabalho. Ou seja, os sistemas sociais, como o capitalismo e neoliberalismo trabalham para que, de todas as formas possíveis, diretas ou indiretamente, a população subalterna e periférica não consiga expressar e muito menos usufruir de ações básicas e necessárias como a arte. Assim, percebe-se como a arte, de alguma forma se tornou elitista, o acesso e propagação da arte está no controle da elite, e a valorização profissional também está centralizada em regiões mais desenvolvidas.

Entretanto, a arte nunca deixou de ser manifestada e expressa dentro da periferia e demais regiões subdesenvolvidas, tendências são criadas nesses espaços, mas só são reconhecidas quando a elite toma posse, porém sempre é um longo processo que haverá de ter soluções, isto é, gradualmente, com as evoluções tecnológicas e maior divulgação e acesso, às produções artísticas desenvolvidas por artistas em desenvolvimento serão mais acessadas e reconhecidas.

Dito isso, esse é um dos fatores de muitas comunidades deixarem de expor todo o potencial que possuem, e isso tem um grande impacto nas condições sociais da população local. Isso porque, quando um jovem está em ambientes de planejamento e produção artística, ele não terá visão e tempo para outras atividades que podem o influenciar para a criminalidade. É acessando a arte, desde o grafite ao audiovisual, que essas crianças e jovens começam a estimular o imaginário e perceber quem é, o que gosta, o que admira, as coisas que defendem, o que faz bem, tudo que é possível ter por meio dessas ações.

Outro espaço que a arte pode ter grande papel transformador é nos presídios. Haja vista que essas pessoas estão lutando contra si mesmo e os próprios inimigos, que diariamente lutam para permanecerem vivos diante a tanto processamento mental do que fizeram, do que se arrepende, ou muitas vezes da situação de injustiça que está presenciando por ser preso erroneamente, é necessário ter atividades que estimulem pensamentos positivos o bem-estar. Além disso, pode ser através dessas medidas artísticas que é incentivado concepções sociais que estimulam o desejo de mudança e transformação, facilitando as atividades do assistente social e demais profissionais que se empenham na reabilitação desses indivíduos para uma ressocialização ao sair da prisão.

Dessa forma, percebe-se a importância da atuação do assistente social também por meio das artes, que ele compreenda a necessidade para a vida que a arte é para o indivíduo e seu desenvolvimento. E assim, buscar desenvolver planejamentos e estratégias utilizando a artes em todos os campos de atuação que lhe for possível, para que tenham uma inserção plena e que haja transformações sociais e pessoais por tudo que pode ser construído através dessas expressões individuais e coletivas que a arte permite a todos.



Este artigo pertence ao Curso de Serviço Social Básico

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