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Atuação no Campo do Lazer

Ao observar as funções que eram determinadas para um assistente social por algumas instituições assistenciais, é possível perceber que há um objetivo de controlar e disciplinar o tempo livre do trabalhador e a formação educacional de seus filhos. Porém, o proletariado começou a ter conquistas provenientes de algumas lutas sociais, como a redução da jornada de trabalho, o direito às férias e o descanso semanal, passou a ser uma preocupação dos empresários com o tempo livre que esse trabalhador tinha e como ele aproveitaria isso, pois poderia causar desgastes e assim apresentar menor rendimento nas operações da empresa, além de acharem perigoso proporcionar possíveis aproximações de ideias entendidas como subversivas, das quais poderiam gerar um resistência ao modelo de desenvolvimento imposto para os cidadãos.

Com as preocupações sobre o lazer surgiu quando o trabalhador começou a ter mais tempo “livre” diante do que os empregadores achavam ser um perigo para o tempo e ambiente que eles estavam. Então, o lazer se tornou uma ferramenta de dominação do capital, fazendo com que o trabalhador não tenha espaço para usufruir do próprio tempo livre.

A princípio, a subordinação cercavam as instituições assistenciais, porém após certo tempo, o capital tornou o lazer como uma mercadoria. Assim, o cidadão trabalhador precisou se tornar ainda mais um consumidor passiva deste produto. Todavia, se realizar uma análise das profissões no Brasil e refletir sobre a inserção nos processos de reprodução das relações sociais, é possível perceber que a profissão não se identifica necessariamente com o conservadorismo, mas também não é possível afirmar o oposto, ou seja, a profissão tem uma dimensão perspectiva um tanto revolucionária e transformadora.

Na década de 80, a área do Serviço Social passou por um amadurecimento teórico e político que foi proveniente de uma aproximação do marxismo e dos movimentos sociais, além de ter uma relação com o período de redemocratização da sociedade. O amadurecimento no âmbito político e teórico permitiu a que o serviço social deixasse de lado o passado conservador e propusesse um novo direcionamento político e social para a profissão.

O projeto ético-político, que está no Código de Ética de 1993, de acordo com as Diretrizes curriculares de 1996 e na Lei de Regulamentação da profissão de 1993, mostra alguns avanços, como o reconhecimento político das intervenções e o compromisso ético-político com valores emancipatório. Por meio disso, as possíveis mudanças e demais avanços desde 1980 foi possível perceber o perfil do profissional que tem relação direta com a garantia e universalização dos direitos e aprofundamento da democracia, para que com empenho em diferentes formas de preconceitos, e pudesse criar, gerir e desenvolver as políticas sociais.

O lazer é um direito previsto na Constituição Federal e entendido como um bem imaterial. Nessa perspectiva, é possível obter um contorno que reforça o sentido e os discursos de instauração, como o dever do assistente social garantir um atendimento aos “pobres de lazer”. Assim, proporcionar uma política assistencial, com foco nesse campo, tornando-o relevante, visto que, por meio da liberdade e momentos de alegria é possível ter maior compreensão do que é o lazer e como isso incentiva a civilidade, respeito e humanização das relações sociais, além de buscar formas de superar os limites impostos para um povo desprovido de bens materiais, atividades lúdicas e participativas, contextualizando (MORAIS, NORONHA, 2011, p.145).

Dessa forma, é necessário que se pense o lazer como um ambiente de consolidar as intervenções que o assistente social faz e como isso está previsto na Constituição Federal de 1988, passando a ser alvo de políticas sociais, tanto em âmbito público como privado.

Embora o lazer seja compreendido e afirmado como um direito e um espaço de intervenção, antes disso já era utilizado por assistentes sociais de empresas privadas e pelo Estado. Haja vista que o lazer é entendido de diferentes formas e possui uma materialização como política social, não há derivações apenas em uma visão apenas do que é o lazer, então é apresentado diferentes recursos para implantar essas políticas sociais.

Além disso, também é possível verificar a grande quantidade de projetos, programas e políticas de lazer, desde a noção de lazer como uma ocupação de tempo livre, desde jovens até idosos, como uma ferramenta de potencialização da qualidade de vida ou até mesmo como um controle de tempo livre por parte do empregador.

O assistente social também pode atuar nesse campo do lazer como uma relação de democratização do conhecimento e das produções artísticas e culturais que são desenvolvidas historicamente na sociedade, mas que ainda atinge poucas pessoas. Então assim será possível potencializar os espaços para que os usuários sejam propagadores do conhecimento, cultura e arte.

Contextualizando a visão de Heller (1994), onde diz que são nessas situações que o indivíduo coloca seus potenciais de elevação das subjetividades e generalidades do cotidiano. Porém, há uma intervenção do assistente social nesses ambientes em que apresenta uma perspectiva educativa e promove reflexões sobre as rotinas e relações de opressões que o indivíduo vive, seja no campo de gênero, classe, etc. além das políticas sociais, econômicas e da indústria cultural e do lazer, assim proporcionará outra face à vida social desses cidadãos na sociedade.

As atividades educativas que têm uma relação com a visão de Mascarenha (2002) proporcionam propostas de lazer e educação que podem ser respostas para algumas demandas:

“proporcionar meios e condições aos sujeitos envolvidos para que possam se sentir capazes de refletir, em meio ao conjunto de atividades a serem realizadas, sobre suas atuais condições de vida e sobre a sociedade local, nacional e mundial em seus diversos aspectos; possibilitar ao grupo a apreensão dos conteúdos do lazer como experiências/manifestações de uma cultura e como possível instrumento de ligação com sua realidade objetiva; incentivar a participação criativa para a tomada decisões que correspondam à necessidade de organização, fortalecimento e conscientização do grupo; garantir a reflexão sobre o significado das regras e valores necessários à convivência coletiva, estimulando o reconhecimento do grupo enquanto um espaço de construção e afirmação de identidades. (MASCARENHAS, 2002, p. 74)


Dessa forma, percebe-se que a realidade social apresenta um caminho com muitas dificuldades e problemas para concretização das práticas profissionais que caminham em uma direção contra-hegemônica. Porém, embora o lazer possua uma lógica de certa forma alienadora e com certos “fetiches” do capitalismo, também há uma representação de um espaço para uma reflexão e ação contra-hegemônica.

Com isso, a intervenção do assistente social nesse setor possibilita um fortalecimento contra essas ações, além de ser uma responsabilidade do profissional entender na totalidade e relação histórica, quais os limites e possibilidades que o exercício da profissão pode ter uma clareza e medidas estratégicas de ação que podem direcionar a prática nesse campo do lazer como política social transformadora. 




Este artigo pertence ao Curso de Serviço Social Básico

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