BRINCADEIRAS PARA APLICAR NA BRINQUEDOTECA III
Música na brinquedoteca
A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas e nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas, etc.
Faz parte da educação há muito tempo, sendo que, na Grécia antiga, era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia. A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e cognitivos, assim como a promoção de interação e comunicação social, conferem caráter significativo à linguagem musical. É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente.
A música vem, ao longo de sua história, atendendo a vários objetivos, alguns dos quais alheios às questões educativas. Tem sido em muitos casos, suporte para atender a vários propósitos, como a formação de hábitos, atitudes e comportamentos: lavar as mãos, escovar os dentes, respeitar o farol, etc.; a realização de comemorações relativas ao calendário de eventos do ano letivo simbolizados no dia da árvore, dia do soldado, dia das mães, etc.; a memorização de conteúdos relativos a números, letras do alfabeto, cores, etc., traduzidos em canções. Essas canções costumam ser acompanhadas por gestos corporais, imitados pelas crianças de forma mecânica e estereotipada.
Outra prática corrente tem sido o uso das bandinhas rítmicas para o desenvolvimento motor, da audição, e do domínio rítmico. Essas bandinhas utilizam instrumentos — pandeirinhos, tamborzinhos, pauzinhos, etc. — muitas vezes confeccionados com material inadequado e consequentemente com qualidade sonora deficiente. Isso reforça o aspecto mecânico e a imitação, deixando pouco ou nenhum espaço às atividades de criação ou às questões ligadas à percepção e conhecimento das possibilidades e qualidades expressivas dos sons.
Nesses contextos, a música é tratada como se fosse um produto pronto, que se aprende a reproduzir, e não uma linguagem cujo conhecimento se constrói. A música está presente em diversas situações da vida humana. Existe música para adormecer, dançar, para chorar os mortos, para conclamar o povo a lutar, o que remonta à sua função ritualística. Presente na vida diária de alguns povos, ainda hoje é tocado e dançado por todos, seguindo costumes que respeitam as festividades e os momentos próprios a cada manifestação musical. Nesses contextos, as crianças entram em contato com a cultura musical desde muito cedo e assim começam a aprender suas tradições musicais.
Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de mãos, etc., são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de atenderem as necessidades de expressão que passam pela esfera afetiva, estética e cognitiva. Aprender música significa integrar experiências que envolvem a vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez mais elaborados.
Pesquisadores e estudiosos vêm traçando paralelos entre o desenvolvimento infantil e o exercício da expressão musical, resultando em propostas que respeitam o modo de perceber, sentir e pensar, em cada fase, e contribuindo para que a construção do conhecimento dessa linguagem ocorra de modo significativo. O trabalho com Música aqui proposto fundamenta-se nesses estudos, de modo a garantir à criança a possibilidade de vivenciar e refletir sobre questões musicais, num exercício sensível e expressivo que também oferece condições para o desenvolvimento de habilidades, de formulação de hipóteses e de elaboração de conceitos.
Compreende-se a música como linguagem e forma de conhecimento. Presente no cotidiano de modo intenso, no rádio, na TV, em gravações, jingles, etc., por meio de brincadeiras e manifestações espontâneas ou pela intervenção do professor ou familiares, além de outras situações de convívio social, a linguagem musical tem estrutura e características próprias, devendo ser considerada como:
• produção — centrada na experimentação e na imitação, tendo como produtos musicais a interpretação, a improvisação e a composição;
• apreciação — percepção tanto dos sons e silêncios quanto das estruturas e organizações musicais, buscando desenvolver, por meio do prazer da escuta, a capacidade de observação, análise e reconhecimento;
• reflexão — sobre questões referentes à organização, criação, produtos e produtores musicais.
Sugestões de atividades com canto na brinquedoteca
Pra ver a banda passar
Objetivo: desenvolver a atenção por meio do ritmo musical.
Faixa etária: 3 a 5 anos.
Apresente instrumentos musicais e deixe que os pequenos reconheçam o objeto.
Mostre como os sons podem sair dos instrumentos.
Escolha músicas curtas com ritmos marcantes e peça que eles acompanhem o seu ritmo.
Exemplos de músicas: Pirulito que Bate, Bate; Atirei o Pau no Gato, Perdi Meu Anel no Mar
Brinquedos de sucata
Todo brinquedo confeccionado com material reciclável tende a despertar novos interesses e desenvolve grandiosamente a criatividade, mostrando as possibilidades de transformar objetos e também a destreza manual na confecção dos brinquedos. A atividade é recebida com muita euforia nas aulas perante as muitas possibilidades para criação, cores, formas e objetos, fazendo a criatividade se desenvolver mais ainda.
Agora imaginemos todo esse aprendizado aliado à conscientização de meio ambiente, já que nos dias de hoje se fala tanto em qualidade de vida e sustentabilidade. Existem inúmeras possibilidades de práticas pedagógicas para trabalhar isso dentro de sala de aula. Brincar com brinquedo reciclado é abordar o assunto como algo mais complexo, pois através da prática, o educador exerce ação direta no meio ambiente e, consequentemente, na economia, no comportamento humano e na cultura.
O brinquedo de sucata faz com que a escola concilie a questão da aprendizagem lúdica, através das brincadeiras populares, à consciência ambiental, despertando a reflexão sobre os problemas ambientais causados pelo consumo exagerado. A reutilização de sucatas como material pedagógico, ou seja, materiais que já cumpriram com seu objetivo principal e seriam descartados, mostra uma interessante proposta na educação infantil. Entende-se por brinquedo de sucata o objeto construído artesanalmente, utilizando-se materiais como madeira, papel, lata, plástico e outros de uso cotidiano que teriam como destino o lixo.
Toda brinquedoteca precisa de brinquedos e jogos para divertir a criançada. O próprio educador pode criar estes passatempos com materiais simples que iriam para o lixo. Com copos plásticos, por exemplo, você pode fazer um telefone sem fio. Com garrafas usadas, você pode criar um jogo de boliche para os pequenos. Aproveite ainda as tampinhas para montar um jogo de damas. Com um pouco de criatividade, dá para fazer muitos jogos divertidos e educativos. Você pode, inclusive, contar com a ajuda dos pequenos nessa atividade! Eles vão amar o programa!
Este artigo pertence ao Curso de Brinquedoteca e Aprendizagem Infantil
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