EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA COMO ESPECIALIDADE
As alterações curriculares da Educação Física no Brasil a partir da publicação da Resolução no 03/87, de 16 de junho de 1987, com a proposta da divisão entre licenciatura e graduação/bacharelado em Educação Física (Brasil, 1987b) e de sua regulamentação como profissão com a Lei n. 9696/98, vieram ao encontro do surgimento de áreas de atuação profissional em Educação Física dentro e fora da escola, como, por exemplo, a Educação Física Adaptada (EFA), uma especialidade dentro da profissão, a qual foi se constituindo com um corpo de conhecimentos que a como disciplina acadêmica.
Existem seis critérios para caracterizar uma atividade tida como profissional, sendo eles:
1. As atividades são desenvolvidas fundamentalmente de maneira intelectual, tendo como premissas a elaboração, a análise e a tomada de decisões na aplicação das técnicas empregadas, buscando eficiência e qualidade quanto ao serviço prestado.
2. A atividade profissional é prática, e é necessário que os conhecimentos da profissão sejam aplicados na prestação de serviços aos clientes.
3. A profissão é dinâmica, e para isso é importante que atualize e renove seus conhecimentos, suas metodologias e tecnologias em prol da sociedade.
4. Uma profissão deve ter a sua organização profissional na criação de códigos de ética, no caso da Educação Física no Brasil com os Conselhos Federais e Regionais da área.
5. Comunicabilidade: a atividade profissional tem de ter um conteúdo que possa ser comunicado aos profissionais.
6. Altruísmo deve ser uma característica da profissão e do profissional no atendimento e na prestação de serviços cada vez melhores à sociedade.
Todos têm relação com a prestação de serviços que uma profissão oferece à sociedade. Não é feita nenhuma referência ao diploma para caracterizar uma atividade profissional, muito embora o conhecimento especializado possa ser adquirido em instituição de ensino superior (IES) em curso de graduação. A dinâmica da profissão se caracteriza por meio da aplicação das habilidades, das técnicas, dos conhecimentos próprios e da atualização destes. O profissional tem de, prioritariamente, estar comprometido com sua carreira e atualizado em relação às transformações sociais, bem como deverá gerenciar sua capacitação. Entretanto, os demais trabalhadores são passíveis de variação quanto à natureza de suas atividades, bem como na execução de suas tarefas pautadas pelo método da tentativa e erro.
Nessa perspectiva, pode-se notar a diferença entre profissão e ocupação devido às suas características. Em uma ocupação, o trabalhador se dedica exclusivamente, recebe salário, tem preocupação com a qualidade do serviço que presta à sociedade e depende do método da tentativa e erro. No caso da profissão, considerada uma ocupação de elite, o profissional tem maior recompensa salarial e status social. Trata-se de um trabalho significativo, e o profissional tem controle sobre seu trabalho, desenvolve um corpo de conhecimento por meio da pesquisa, e esse conhecimento deve ser utilizado para melhorar a qualidade da prática, constituindo-se nos aspectos essenciais de um trabalho dentro do campo profissional, pois auxiliam o grupo no seu processo de profissionalização.
Da mesma forma, o processo de desprofissionalização caminha em seu curso na medida em que os serviços prestados já não são tão necessários como eram anteriormente ou já não recebem a mesma consideração, podendo, inclusive, seus profissionais serem substituídos por programas de autoajuda, trabalho voluntário – como os Amigos da Escola etc. Nesse contexto, a profissão tem como propriedades derivadas, no sentido de um tipo ideal, as seguintes configurações:
formação profissional longa em estabelecimentos especializados;
controle técnico e ético das atividades exercidas pelo conjunto dos colegas considerados como os únicos competentes;
controle reconhecido legalmente e organizado com o acordo das autoridades legais;
uma comunidade real dos membros que partilham “identidades” e “interesses” específicos; pertencimento pelos rendimentos, o que confere prestígio e poder às parcelas superiores das camadas médias.
Além do reconhecimento entre seus pares, os profissionais exercem um trabalho especializado, composto de ocupações e ofícios reconhecidos pela economia oficial, podendo ser listados em um tipo especial de ocupação. A profissão é uma especialização que requer um conjunto de saberes, conhecimentos, tarefas e funções que são exercidas de maneira prioritária pelos profissionais como atividades que podem ou não ser remuneradas, bem como executadas no cotidiano das pessoas por meio de habilidades e técnicas manuais, cognitivas ou concomitantes, podendo ser exercidas em uma residência, uma fábrica, uma escola, um hospital ou outro local.
Abordagem da Educação Física Adaptada nas universidades brasileiras
No Brasil a educação inclusiva é ainda uma história a ser construída, e as universidades podem contribuir para esse processo. Portanto, a ciência torna-se essencial para que a sociedade brasileira busque contribuir, de maneira intencional e planejada, para a superação de uma Educação Especial equivocada que atua contra os ideais de inclusão social e plena cidadania. Por outro lado, é necessário também que o processo de tomada de decisão política privilegie mais as bases empíricas fornecidas pela pesquisa científica sobre inclusão escolar.
A universidade enquanto agência de formação, além de produzir conhecimento tem ainda a responsabilidade de qualificar os recursos humanos envolvidos, tanto em cursos de formação inicial quanto continuada, o que é um desafio considerável para o sistema brasileiro de ensino superior. Assim sendo, o futuro da educação inclusiva em nosso país dependerá de um esforço coletivo, que obrigará a uma revisão na postura de pesquisadores, políticos, prestadores de serviços, familiares e indivíduos com deficiência, para trabalhar numa meta comum que seria a de para garantir uma educação de melhor qualidade para todos.
Este artigo pertence ao Curso de Educação Física Adaptada
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