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ESCOLA BRITÂNICA DOS ESTUDOS CULTURAIS

Os Estudos Culturais são caracterizados especificamente por sua natureza interdisciplinar e por sua transitoriedade, aliás, uma qualidade já implícita no próprio nome desta disciplina – estudos -, que remete a algo em constante transformação. Como ela se destina a questionar interações que se baseiam no poder e na autoridade, é fundamental que ela mesma não se constitua de verdades absolutas e dogmáticas. Os Estudos Culturais articulam em seu interior diversas disciplinas, como a economia política, a comunicação, a sociologia, a teoria social, a teoria literária, a teoria dos meios de comunicação, o cinema, a antropologia cultural, a filosofia e a investigação das diferentes culturas que emergem dos mais diversos corpos sociais.


Os Estudos Culturais nascem a partir dos estudos realizados por Raymond Williams, crítico de literatura britânico, apontado como um dos criadores desta disciplina, e pelo historiador E. P. Thompson, os quais, ao lado de Richard Hoggart, primeiro diretor do Centro de Birmingham, tecem as primeiras reflexões que irão compor o arcabouço deste campo de pesquisas. Em Cultura e Sociedade, Raymond revela que a esfera cultural – aqui vista como um ponto de vista antropológico – é decisiva tanto para a compreensão literária quanto para os estudos da sociedade. Tanto este pesquisador quanto Thompson partiram de vivências concretas para a construção desta teoria, pois as raízes dos Estudos Culturais têm origem nas aulas que ambos ministravam para trabalhadores no período da noite.


A partir desta experiência, os dois começaram a refletir sobre a prática pedagógica, visando encontrar um meio de vencer os limites de uma educação dirigida, através da qual é comum que os segmentos sociais dominantes imponham seus valores e princípios às classes desprovidas dos meios de produção. Thompson, particularmente, lança a idéia de uma interação mais flexível entre mestres e alunos, pretendendo, assim, libertar-se do âmbito das relações estabelecidas nas salas de aula. 


A contribuição dos Estudos Culturais


  • Escola de Birminghan – Inglaterra – Estudos Culturais – década de 60

  •  Cultura no âmbito de uma teoria da produção e reprodução social

  • Sociedade é concebida como um conjunto hierárquico e antagonista de relações sociais caracterizadas pela opressão das classes, sexos, raças, etnias e estratos sociais.

  •  Modelo gramsciniano de hegemonia e contra-hegemonia

  • Combinação de força e hegemonia

  • A emergência dos Estudos Culturais e sua análise dos meios de comunicação de massa vieram, no mínimo, romper esta polarização e procurar oferecer uma visão mais ampla e mediada para o entendimento do papel dos meios de comunicação


Quatro traços fundamentais dos Estudos Culturais, em divergência tanto com o funcionalismo quanto com a teoria crítica:


  1. Onde o funcionalismo via um grande organismo vivo, tendendo ao equilíbrio, no qual os conflitos eram tratados como anomalia ou, onde a teoria crítica via uma sociedade dominada, submetida completamente ao poder do capitalismo e da mídia, os Estudos Culturais vão ver o conflito, a luta, a disputa da hegemonia por classes, setores e blocos diferenciados. A sociedade não é harmônica e sim conflitiva - que existe sim dominação, mas como processo e disputa, não como algo dado, plasmado, imutável.

  2. A análise de que o campo da cultura e da comunicação se constitui numa arena decisiva para a luta social e política na sociedade contemporânea. Os Estudos Culturais reconhecem que existem intencionalidades de dominação por parte da Indústria Cultural. No entanto, partem de uma visão de que existem muitos elementos intervenientes que fazem com que estas intencionalidades se realizem ou não, em partes ou integralmente. Reconhecer que os emissores não são os todo-poderosos do processo de comunicação não pressupõe desconsiderar que eles detêm um poder, e grande, no conflito e na disputa existente na sociedade. Relativizar seu poder de mando não quer dizer subestimá-lo

  3. As mediações sociais são decisivas para determinar como se realiza o processo comunicacional em cada sociedade. Parte de uma visão de que é necessário antes de tudo reconhecer as especificidades da constituição de dada sociedade, seus dados de configuração histórica, para, a partir deles, buscar entender como os meios atuam. Esse traço distintivo motivou especial reflexão sobre como se constituem as indústrias culturais em países vindos de mestiçagem, de capitalismo tardio e dependente, produzidos a partir de encontros de cultura, com modernizações conservadoras, além de permitirem também a análise do deslocamento do popular para o massivo; da relação entre Estado e indústria cultural; da característica monopolista e conservadora dos empreendimentos em comunicação etc.

  4. Ver na chamada ‘recepção’ um papel ativo e importante, que pode alterar o resultante de todo o processo. A partir das mediações sociais, as pessoas se ‘relacionam’ com a comunicação de massa, estabelecendo negociações simbólicas a partir da oferta proposta pelos veículos, mas também de sua visão de mundo, de seus hábitos e crenças, ou seja, de sua cultura. Sem idealizações desse público e de suas capacidades, fica clara a visão de que ele se constitui por ação ou omissão em sujeito do processo, ator que determina o desfecho da trama em questão. É impensável analisar a sociedade contemporânea, sem entender que existem dimensões diferenciadas da realidade: o real cotidiano, feito dos valores e das rotinas vivenciadas diretamente pelas pessoas; e o real midiático, dimensão relacionada a tudo que se produz de simbólico através dos meios massivos de comunicação.




Este artigo pertence ao Curso de Teorias da Comunicação

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