ESPORTE E ATIVIDADE FÍSICA COMO FENÔMENOS DE INTEGRAÇÃO E INCLUSÃO

O esporte adaptado tem o poder de dar sentido à vida de atletas, além de desempenhar importante papel de incluir a percepção  de competência e identidade pessoal. Porém, é importante destacar que tal identidade é adquirida pelo indivíduo como atleta, não como deficiente físico. Além da melhora  geral da aptidão física, o esporte adaptado auxilia em ganho de independência e autoconfiança para a realização das atividades diárias, bem como a melhora do autoconceito e da autoestima.

O esporte para pessoas com algum tipo de deficiência iniciou-se como uma tentativa de colaborar no processo terapêutico delas e logo cresceu e ganhou muitos adeptos. Atualmente, mais do que terapia o esporte para esta população caminha para o alto rendimento e o nível técnico dos atletas impressiona cada vez mais o público e os estudiosos da área de Educação Física. 

A participação em diferentes atividades tem recebido a atenção crescente, oferecendo às pessoas com deficiência a oportunidade de experimentarem sensações e movimentos frequentemente impossibilitados pelas barreiras físicas, ambientais e sociais. Dentre estas atividades destaca-se o esporte, muitas vezes já indicado desde a fase inicial do processo de reabilitação.

A preocupação com a atividade física para pessoas com deficiência, no final da década 1950. O início da prática do desporto no Brasil aconteceu pela reabilitação e deu-se em virtude das  iniciativas de Robson Sampaio de Almeida e Sérgio Serafim Del Grande, ambos deficientes físicos em decorrência de acidentes. Ao retornarem ao Brasil após período de reabilitação nos Estados Unidos, ajudaram a fundar os Clubes dos Paraplégicos em São Paulo e do Otimismo no Rio de Janeiro.

Nos anos 70, surge no Brasil um movimento na Educação Física denominado “Esporte para Todos”. A atividade física e desportiva para a pessoa com deficiência cresceu consideravelmente desde os anos de 1980 e o país tem sido muito bem representado nas grandes competições. O quadro mostra que a  inclusão social das pessoas é possível graças à prática de atividade física e desportiva pelo deficiente. Neste contexto, o que vem a ser o esporte adaptado? 

O esporte adaptado pode ser definido como o esporte modificado ou especialmente criado para ir ao encontro das necessidades únicas de pessoas com deficiência. A senso comum e preconceito associam a pessoa com deficiência a falta de produtividade, por isso, o esporte adaptado desempenha um papel importante na sociedade por combater tal estereótipo. A modalidade pode ser realizada de forma integrada, de forma que pessoas com e seu deficiência possam competir juntas. 

Ainda, pode ser realizada de forma separada, isto é, as pessoas com deficiência praticam e competem separadamente. A importância da atividade física está no engajamento da pessoa no esporte devido às necessidades terapêuticas e consequências sociais positivas. A prática de atividades físicas por pessoas com deficiência física vem desde a Grécia antiga. O exercício com finalidades terapêuticas já era praticado na China há três mil anos. Entretanto o esporte da forma pela qual o conhecemos hoje é de fato recente, tem sido iniciado por volta do século XIX. As atividades descritas antes deste período tinham uma finalidade primordialmente médica, buscando prevenir e tratar lesões ou doenças. 

O esporte é um fenômeno sociocultural com formas de manifestações heterogêneas. Assim, o esporte adaptado se coloca como uma destas possibilidades, sendo um objeto complexo com raízes na reabilitação de soldados no momento pós II Guerra Mundial. Inclusão social é algo complexo e que envolve todas as esferas da sociedade. O conceito de inclusão social se dá pelo processo pelo qual a pessoa com deficiência de qualquer tipo de necessidade especial se preparam para assumir papéis na sociedade e, simultaneamente, a sociedade se adapta para atender as necessidades de todas as pessoas.

Já o processo de inclusão social através do esporte adaptado posiciona-se na sociedade contemporânea como um importante meio e empoderamento de pessoas com deficiência, porém o componente competitivo lhe confere uma face excludente, na qual sujeitos são selecionados e comparados frente sua capacidade atlética, desta forma, o crescimento da importância social e do profissionalismo presente no esporte lhe confere um papel paradoxal frente à inclusão de pessoas com deficiência física.