Estilo e Estética do Texto
A estética e estilo de um texto, é a forma ao qual ele é apresentado ao seu destinatário. Como você já pode ter reparado, nem sempre a utilização do estilo pessoal é favorável para a construção de um texto.
O estilo e estética de uma produção escrita deve ser baseado no contexto inserido e no tipo de destinatário. Dessa forma, é importante entender quais os diferentes estilos de texto e como podemos utilizá-los, ou não, nas nossas redações em processos seletivos.
Estilo aplicado a estruturação de textos
Através de um texto, conseguimos identificar o estilo de escrita do redator, bem como sua habilidade na construção de textos e organização de ideias. A exemplo, separamos alguns exemplos de escrita utilizados por alguns redatores em suas avaliações do Exame Nacional do Ensino Médio.
- Estilo monótono: é quando o redator utiliza termos como “mas”, “aí”, “então” de forma excessiva, demonstrando imaturidade ou dificuldade de organização das informações dispostas no texto.
A publicidade infantil tem como foco principal as crianças, a estimulá-las a comprar determinados produtos por conter coisas infantis presentes no dia-a-dia da criança. A criança, por sua vez, se sente atraída pelo, que logo leva a querer seu consumo.
Este foi um exemplo de redação nota 600, note que o redator não utiliza muitos artifícios para organizar as ideias dispostas no texto, ocasionando a monotonia da sua introdução.
- Estilo Lacônico: é o texto de frases curtas e rápidas, marcadas pela utilização de pontos finais e vírgulas. Este tipo de estilo pode facilitar a compreensão do leitor, mas deve ser usado com cautela, pois também é capaz de alterar a fluidez das ideias dispostas na redação. Observe a introdução da redação construída por Matheus Cardoso em 2018, que obteve nota máxima no ENEM:
O advento da internet possibilitou um avanço das formas de comunicação e permitiu um maior acesso à informação. No entanto, a venda de dados particulares de usuários se mostra um grande problema. Apesar dos esforços para coibir essa prática, o combate à manipulação de usuários por meio de controle de dados representa um enorme desafio. Pode-se dizer, então, que a negligência por parte do governo e a forte mentalidade individualista dos empresários são os principais responsáveis pelo quadro.
- Estilo Ladainha: Neste estilo, as frases encontram-se encadeadas pela conjunção coordenativa “e”, tornando a linguagem um tanto familiar, facilitando a compreensão das ideias. A exemplo, confira o texto escrito por Pedro Asaad, que obteve nota 1000 no Enem de 2018:
As primeiras duas décadas do século XXI, no Brasil e no mundo globalizado, foram marcadas por consideráveis avanços científicos, dentre os quais destacam-se as tecnologias de informação e comunicação (TICs). Nesse sentido, tal panorama promoveu a ampliação do acesso ao conhecimento, por intermédio das redes sociais e mídias virtuais. Em contrapartida, nota-se que essa realidade impôs novos desafios às sociedades contemporâneas, como a possibilidade de manipulação comportamental via dados digitais. Desse modo, torna-se premente analisar os principais impactos dessa problemática: a perda da autonomia de pensamento e a sabotagem dos processos políticos democráticos.
- Estilo complexo: muito utilizado por pessoas que desejam impressionar o leitor a partir de um vocabulário difícil e, como o próprio nome já diz, complexo. Neste estilo é comum encontrar excesso de adjetivos e advérbios, bem como a utilização de frases longas para causar a impressão de inteligência. Entretanto, quando bem aplicados, a utilização de um vocabulário mais enigmático, pode trazer resultados positivos à sua redação. Segue exemplo de uma redação nota 1000 realizada pelo ENEM de 2016. A autora deste texto foi Larissa Cristine Ferreira.
Orgulho Machadiano
Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas” que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do preconceito religioso que persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.
É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. Conforme Aristóteles, a poética deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a perseguição religiosa rompe essa harmonia; haja vista que, embora esteja previsto na Constituição o princípio da isonomia, no qual todos devem ser tratados igualmente, muitos cidadãos se utilizam da inferioridade religiosa para externar ofensas e excluir socialmente pessoas de religiões diferentes.
Note que apesar do vocabulário complexo da autora, ela soube organizar as ideias de forma a permitir o entendimento do leitor. Além disso, mesmo com períodos mais longos, todos eles apresentaram informações relevantes ao assunto abordado no texto.
Como podemos perceber, não faltam estilos possíveis de serem seguidos para a construção de uma redação. O que precisamos nos atentar, entretanto, é que a utilização de um estilo ou outro requer a utilização de bom senso e de vasto conhecimento sobre o destinatário.
Vícios de Linguagem
Outro fator importante para a construção de uma redação esteticamente agradável é o cuidado em não utilizar os vícios de linguagem na composição do texto. Os vícios de linguagem são termos utilizados no cotidiano e que não são adequados para a norma culta da língua portuguesa. Portanto, esse tipo de linguagem não deve ser utilizado em avaliações e processos seletivos.
Alguns dos vícios de linguagem são:
a . Barbarismo - são palavras empregadas com erro na sua grafia, pronúncia ou forma. Também constituem barbarismos a troca de parônimos (eminente por iminente, diferir por deferir etc.), o emprego de estrangeirismos desnecessários (menu em vez cardápio), ou expressões viciadas por outros idiomas (todos os dois em vez de ambos os dois: influência do francês).
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