O que é Farmacologia? - Introdução, classificação
Até aqui você viu a forma de entrada dos medicamentos no corpo humano, mas qual será o caminho percorrido após a entrada e como esse medicamento sabe exatamente o local em que deve atuar?
Essas perguntas podem ser respondidas através do estudo da Farmacologia.
A farmacologia é o ramo que estuda a farmacocinética e farmacodinâmica dessas substâncias no corpo.
Vamos as definições para simplificar o entendimento:
Farmacocinética
Quando um medicamento é administrado, esse deve ser liberado no local em que está afetado pela doença. Nesse sentido, a movimentação da droga no organismo é denominada como farmacocinética.
De forma didática, a farmacocinética é dividida em absorção, distribuição, biotransformação e excreção.
Entretanto, no organismo, todas essas etapas ocorrem de forma simultânea.
- Absorção
A absorção tem relação direta com a via de administração. Como vimos anteriormente, existem diversas situações que podem reduzir o poder de um medicamento, quando este é entregue para o organismo por uma via errada.
É importante que seja escolhida a via de administração mais correta para que o
medicamento atinja o seu pico na corrente circulatória.
Essa preocupação ocorre devido ao fato de o corpo humano ter diversos mecanismos de proteção, que inviabilizam facilmente a absorção.
Entre eles podemos citar a membrana de revestimento das células, que não permite que qualquer substância se infiltre nas células, assim como os capilares que irrigam o cérebro, que não permitem a fácil circulação de fármacos nesta região.
Por isso, para driblar essas situações, é de suma importância o estudo da forma farmacêutica e a via de administração para perceber qual é a mais viável no momento da absorção. Um exemplo muito comum para fazer o comparativo de absorção é a velocidade entre um comprimido e uma forma farmacêutica líquida.
A dipirona pode ser administrada de forma oral como comprimido ou em gotas.
Dentre essas duas opções, em gotas o efeito é mais rápido, tendo em vista que essa forma já se encontra dissolvida. Em comprimido é necessário que ele seja molhado para, na sequência, ser desintegrado e, somente depois, disponibilizar o fármaco para ser solubilizado.
Tudo isso leva um tempo, que deve ser considerado para que ocorra o processo de absorção.
Para efeitos rápidos e máximos, muitos fármacos são administrados pela via intravenosa, que propicia 100% de fármaco na corrente circulatória, tendo em vista que o medicamento é disponibilizado diretamente no vaso sanguíneo.
Para todas as outras vias, somente uma proporção, inferior a 100%, será absorvida.
- Distribuição
A distribuição das drogas no organismo pode ter diversos fatores influenciadores, entre elas, o fluxo sanguíneo tecidual, percentual de gordura do paciente, permeabilidade capilar e ligação a proteínas plasmáticas.
Uma atenção especial para as proteínas plasmáticas, tem que o papel de carregar essas substâncias pelo corpo para alcançarem a circulação sanguínea. Essa ligação é uma medida da afinidade do fármaco pelas proteínas do plasma.
Uma baixa afinidade tem uma distribuição não tão eficiente da droga no corpo.
- Biotransformação
A biotransformação ou metabolização é a fase em que ocorre a modificação bioquímica das drogas que alteram sua atividade farmacológica e sua velocidade de excreção.
Essa etapa é divida em duas partes, sendo as reações de fase I responsáveis pela conversão do fármaco em um produto que pode ser farmacologicamente inativo, menos ativo ou, mais ativo que a molécula original. As reações de fase II são conhecidas como reações de conjugação.
- Excreção
A excreção se trata da eliminação dos fármacos do organismo, sendo a passagem dos fármacos da circulação sanguínea para o meio externo.
A excreção ocorre pela via renal, pelo mesmo mecanismo da formação da urina. É por este processo que os compostos são efetivamente removidos do organismo.
Farmacodinâmica
Agora que você já compreendeu como funciona o caminho que o fármaco faz pelo corpo, desde a sua entrada até a sua saída, essa é a hora de compreender como essas drogas atuam nos alvos presentes nos organismos.
Basicamente, a interação ocorre nos receptores farmacológicos. Essas são estruturas endógenas que possibilitam a ligação com o fármaco de forma bem específica.
O corpo humano é uma máquina maravilhosa e muito bem moldada, cheia de especificidades, por isso, todos os medicamentos desenvolvidos devem ser estruturados em cima das ligações que são bastante específicas nos organismos.
Vale lembrar que diferentes fármacos podem se ligar a um mesmo receptor, ou um mesmo fármaco pode ter mais de um receptor farmacológico.
Para facilitar o entendimento, os livros e artigos científicos costumam dirigir esse tipo de interação fármaco-receptor como uma chave inserida em uma fechadura.
Esse tipo de atribuição se dá devido ao fato de chaves específicas (fármacos) se ligarem a fechaduras específicas (receptores farmacológicos).
Quando ocorre essa interação perfeita, então é desencadeada uma resposta biológica.
A maioria dos receptores de fármacos podem ser classificados em dois estados de conformação, seja no estado ativo ou no estado inativo.
De forma geral, os fármacos podem ser classificados como:
- Fármacos agonistas
Um agonista é uma molécula que se liga a um receptor nesse sítio, gera uma determinada conformação, que normalmente é ativa.
Em outras palavras, o fármaco agonista consegue alterar uma função do organismo que irá, consequentemente, garantir o efeito farmacológico.
Os agonistas ainda podem ser classificados em plenas ou totais, pois produzem uma resposta máxima, enquanto outras, agem como agonistas parciais, pois só podem produzir uma resposta submáxima.
- Fármacos antagonistas
Um antagonista é uma molécula que inibe a ação de um agonista, mas que não exerce nenhum efeito na ausência do agonista.
Os fármacos antagonistas são essenciais para o uso em situações de intoxicação.
Então, por exemplo, em um caso de antagonismo químico, agentes quelantes que funcionam como antagonistas, como o EDTA e penicilamina, conseguem sequestram metais (As, Hg, Pb), que estavam funcionando como agonistas. Dessa forma, é notório a diminuição das ações tóxicas desses agonistas por meio da neutralização.
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