A gestão de serviços de saúde é uma prática administrativa extremamente complexa em função da alta diversidade presente neste campo e da necessidade de realizar a integração dos interesses individuais, corporativos e comerciais que nem sempre estão atuando na mesma página. Por isso, quando realizamos a avaliação do processo de gestão, existe a necessidade de considerarmos algumas características fundamentais para a tomada de decisão.
Para isso, o gestor precisa utilizar alguns conhecimentos técnicos que tornem possível a condução do processo de funcionamento dos serviços prestados nos serviços de saúde em direção ao cumprimento das suas metas e objetivos pré-estabelecidos.
Avaliação no processo de gestão
A avaliação é todo e qualquer processo realizado no campo teórico-metodológico que seja aplicável a um objeto ou a um contexto quando há a necessidade de emitir um julgamento de valor, independentemente do que será feito com essa avaliação após o resultado das análises. Essa ideia que temos sobre o processo avaliativo cria um campo próprio de conhecimento para o diagnóstico, aumentando assim a capacidade de análise e de pesquisa nos diversos campos de conhecimento.
Entretanto, devemos levar em consideração que a maior parte das definições de avaliação se apresenta não está associada ao processo de tomada de decisão ou à sua aplicação no que se diz a prática de gestão nos ambientes corporativos. É possível perceber isso quando realizamos a análise do contexto em que as pesquisas de avaliação estão inseridas, constatando assim que elas conferem a esse diagnóstico, quer seja ele administrativo ou de cunho científico, um objetivo, que é a capacidade de utilizar isso para a tomada de decisão.
A gestão, portanto, envolve todo processo de obtenção de melhoria do funcionamento das organizações. Sendo que, para isso, essa empresa tem que encontrar a melhor forma de dispor os seus recursos disponíveis para atingir os seus objetivos e metas. Quando conseguimos encontrar essa combinação entre aplicação de recursos para o cumprimento de objetivos, temos então a institucionalização das estruturas, processos, rotinas, fluxos e procedimentos de maneira formal e pragmática.
Todo esse processo é realizado, então, visando a aquisição do funcionamento otimizado dos sistemas corporativos em um contexto complexo, caracterizado pelo conjunto de fatores que condicionam a saúde e as enfermidades que são desenvolvidas de forma permanente.
Por isso, devemos entender que existem situações não previsíveis que exigem a nossa tomada de decisões de maneira rápida e eficiente. E portanto, também existe a necessidade de conseguirmos respostas a esses desafios a fim de manter o funcionamento ou melhorar os níveis de qualidade e eficiência desses serviços para os pacientes.
A Avaliação para a Gestão de Serviços de Saúde - AGSS
Quando realizamos o estudo da gestão dos Sistemas de Saúde, estamos, querendo ou não, abordando um tema extremamente complexo e que, portanto, nos proporciona um grande desafio enquanto profissionais. Isso acontece, pois, os serviços de saúde são estruturas organizacionais extremamente diversificadas. Elas são construídas a partir da atuação de inúmeros profissionais e tecnologias distintas, que devem ser organizados para a atenção à saúde de toda uma sociedade.
Por isso, a gestão dos serviços de saúde precisa levar em consideração tanto questões internas - como a organização e funcionamento do serviço a nível técnico e de disposição de recursos - como questões externas - o seu impacto no sistema de saúde,bem como a manutenção da saúde da população.
Trata-se de algo que vai muito mais além de números e técnicas, é um papel próprio da área de políticas, associando o planejamento e o conhecimento administrativo que atuam na manutenção do funcionamento da saúde coletiva, sendo expressa com ainda mais clareza ao processo prático e teórico de fato. Além disso, precisamos entender que o conhecimento produzido nessa Avaliação para a Gestão dos Serviços de Saúde responde a problemas e desafios colocados por todos os participantes desse contexto, ou seja, os profissionais, pacientes, e os líderes corporativos.
Caracterização da Avaliação para a Gestão de Serviços de Saúde
A avaliação para a gestão de serviços de saúde é um processo que exige tanto o conhecimento de caráter técnico como também administrativo e político para o julgamento do valor ou mérito de algo relacionado àquele ambiente.
Esse processo está baseado na utilização de métodos e técnicas de diagnóstico na sua concepção, formulação e implementação. Com isso, a AGSS tem origem no momento em que há a necessidade de prevenir o centro de saúde de toda e qualquer situação que possa ser identificada como problema, a partir da definição do propósito.
Ou seja, devemos encarar a avaliação como um meio, ou ainda, como um instrumento e ferramenta da gestão para enfrentar e resolver possíveis problemas ou crises encontradas durante o funcionamento do serviço ou do programa de saúde.
Assim, temos que esse diagnóstico possui como finalidade garantir um processo de decisão oportuno em relação ao tempo disposto, com confiabilidade e segurança das informações, considerando as metas e objetivos traçados no processo de planejamento desses serviços.
Princípios da Avaliação para a Gestão de Serviços de Saúde
Para que a gente seja capaz de estruturar um processo de diagnóstico consiga atingir os objetivos da AGSS, é necessário que um conjunto de princípios seja levado em consideração:
a) Princípio da Utilidade: Neste conceito, a avaliação para a gestão de serviços de saúde tem está fundamentada principalmente em relação a sua utilidade no funcionamento dos serviços de saúde. Por isso, ela precisa subsidiar algumas das tomadas de decisão que sejam capazes de trazer soluções aos problemas dos serviços que estão impedindo o cumprimento de metas fixadas ou que ainda estão dificultando a obtenção de um maior impacto na saúde geral dos usuários daquele serviço, os pacientes.
b) Princípio da Oportunidade: Consiste na realização da avaliação de forma que os seus resultados possam ser utilizados na tomada de decisão, ou seja, todo o diagnóstico é construído a base de um prazo para a sua execução. Esse prazo, de maneira geral, pode ser entendido como o tempo existente entre a demanda da avaliação e o momento em que o gestor precisa realizar a tomada de decisão.
c) Princípio da Factibilidade: Quando realizamos uma avaliação, devemos nos lembrar que ela não pode ser somente viável em termos técnicos, econômicos e políticos, como também tem que ter a capacidade de garantir os impactos almejados das decisões tomadas. Em termos gerais, isso significa que a avaliação tem que ser pragmática, direcionando o gestor a realizar escolhas viáveis e sobre as quais tenha total governabilidade.
d) Princípio da Confiabilidade: Como um todo, o processo avaliativo tem como principal objetivo o sustento tanto acerca da tomada de decisão como também sobre a sua implementação nos sistemas de saúde. Portanto, essa prática tem que ser revestida de racionalidade, bem como a coerência e consistência baseada nos princípios éticos. Dessa forma, conseguiremos garantir que ela possa ser considerada como um método válido, gerando alta aceitação por todos aqueles que estão envolvidos na decisão e na sua execução.
e) Princípio da Objetividade: Esse é um dos principais pilares da gestão dos sistemas de saúde. Quando falamos na tomada de decisão e diagnóstico de gestão, devemos considerar a existência de limites para a aplicação dessas atividades. A avaliação para o processo de gestão deve buscar o melhor aporte de conhecimento e o maior aprofundamento possível dentro do tempo e dos recursos e materiais disponíveis. Ou seja, em todo o processo realizado sobre essas condições, precisamos almejar a obtenção da maior contribuição de informações possível para a tomada de decisão, já que isso é mais importante que a busca de uma maior validade da avaliação, dando a esse fator o nome de princípio da objetividade.
f) Direcionalidade: Como fomos capazes de perceber durante todos os outros fatores citados anteriormente, o processo de avaliação para a gestão de serviços de saúde tem que realizar o direcionamento das ações, em todos os espaços possíveis, acerca das escolhas feitas rumo a resolução dos problemas que deram origem ao processo avaliativo. Como consequência, teremos o aumento da satisfação da população em relação ao suprimento das suas necessidades e da implementação das políticas do setor.
Delineamento da Avaliação para a Gestão de Serviços de Saúde
Durante o processo de gestão dos serviços de saúde, o fornecimento de informação em tempo hábil para o líder responsável é um fator imprescindível para a melhoria das decisões tomadas por esse gestor. Dessa forma,quando ocorre um conhecimento acumulado tanto de estudos e pesquisas, como também nas avaliações passadas naquele ambiente, cabe ao gestor realizar a apropriação desse conhecimento e a sua utilização no processo de decisão.
Agora, caso isso não ocorra, então a abordagem aplicada deve consistir na estruturação de um processo avaliativo de maneira consistente, considerando fatores como o tempo disponível e quantidade de recursos e materiais necessários para tal.
Com isso, devemos sempre ter em mente que, no ambiente hospitalar, existe a necessidade de resolver problemas de saúde da população ou de satisfazer às demandas de usuários com uma disponibilidade de tempo para a tomada de decisão muito limitada. Isso, pois a resposta às situações problemas vivenciadas pelo gestor podem ser a diferença entre manter um paciente vivo ou condená-lo à morte.
Dessa forma, enquanto gestores desses sistemas, precisamos executar essas avaliações com o máximo de brevidade, utilizando as informações e os conhecimento já disponíveis no meio de aplicação; não esquecendo ainda dos instrumentos metodológicos que sejam capazes de se adaptar ao tempo e recursos existentes, reduzindo assim os elementos a serem estudados e contribuindo para um maior grau de precisão (nível de confiança) dos resultados. Tudo isso irá implicar numa melhor tomada de decisão pelo gestor responsável.
Estabelecimento de indicadores e parâmetros
Seja em um sistema de saúde ou em qualquer outro objeto corporativo, os indicadores são variáveis capazes de fornecer a melhor visão possível de um objeto em momento de diagnóstico. Porém, devemos levar em consideração as inúmeras formas como esse objeto de avaliação pode ser observado, já que existe a possibilidade de existir um número enorme de conjunto de indicadores que poderão formar essa imagem.
Logo, tendo em vista esse grande rol de possibilidades, a escolha dos indicadores que serão utilizados em uma avaliação é caracterizada como uma das tarefas mais importantes do avaliador. Agora, trazendo esse conteúdo para o contexto dos serviços de saúde, sabemos que, para atingir os objetivos estabelecidos, os indicadores que serão aplicados na AGSS também requererem alguns requisitos particulares:
a) O indicador deve ser capaz de dar uma solução à pergunta avaliativa;
b) O indicador deve ter um poder de síntese, ou seja, uma grande capacidade de descrever e permitir a análise do objeto em questão, ou ainda das relações deste com os outros eventos do serviço ou do sistema de saúde;
c) O indicador deve ser factível, ou seja, deve ser um dado passível de ser adquirido a tempo para basear todo o processo de tomada de decisão, levando em consideração a limitação dos prazos e os recursos existentes para esse fim;
O conjunto de indicadores selecionados pelo gestor deverá refletir de maneira fiel o objeto, assim como também deve integrar de forma adequada e os objetivos para a realização da avaliação.
Com isso, o campo da avaliação em saúde deve estar referenciado a partir de estudos de cunho teórico-metodológicos, bem como de natureza instrumental do processo de pesquisa que, como em qualquer outro setor de aplicação, são passíveis de direcionamentos intencionais. Por isso, muitos estudiosos acrescentam um destaque de que os indicadores refletem o sistema de valores não só da corporação em si, como do profissional que os constrói.
Dessa forma, cabe ao responsável pela aplicação do processo avaliativo fazer com que as políticas, os princípios e as estratégias institucionais sejam levadas em evidência acima dos seus interesses individuais e da sua concepção pessoal de mundo, no momento em que o processo avaliativo está sendo desenvolvido.