Muito utilizados no mundo da moda e constantemente confundidos, a estampa e a padronagem são dois tipos de artifícios que conferem características específicas a uma roupa. Ambos estão presentes em diferentes estilos e são desmistificados a partir das técnicas utilizadas para compor um ou outro numa determinada roupa.
Na padronagem o desenho formado é realizado na trama do tecido, ou seja, no processo de tecelagem. Caso você possua alguma dúvida, basta olhar o lado contrário do tecido, se for padronagem, você notará um padrão contrário, ou seja, ao avesso.
Já a estampa consiste num processo de adição de um padrão ao tecido já pronto, ou seja, é realizado após o processo de tecelagem. Logo, ao virar o tecido pelo avesso, por exemplo, você não conseguirá encontrar nenhum padrão, além do tecido liso.
Em relação a utilização, ambas as composições são muito aplicadas na construção de looks, podendo incrementar o visual, tornando-se a peça chave da produção.
A questão das estampas e padronagens é que elas têm a capacidade de chamar atenção diretamente para elas, dessa forma, compor um look com mais de um tipo desses artifícios ainda é uma das tarefas mais difíceis para os consultores de moda. Logo, tais peças são comumente aplicadas de forma separada, sendo que, normalmente são utilizadas as paletas de cores para escolher as peças que irão casar de forma harmônica com esses artifícios.
Padronagens famosas na moda
- Pied-de-Poule e Pied-de-Coq
Recebem este nome por apresentar padrões que remetem aos pés de galo ou galinha, desta forma, pied (pés) de (de) Poule (galinha), pied (pés) de (de) Coq (galo). São padronagens similares que se distinguem apenas no tamanho dos padrões aplicados durante a tecelagem do tecido.
Muito utilizada pela alta classe, a padronagem pied-de-poule/coq já foi utilizada pelo Príncipe de Gales no século XIX, para a capa da revista Vogue. Também ficou conhecido por sua utilização nos terninhos femininos desenvolvidos por Coco Chanel e na personalização dos frascos de perfume Dior.
Bastante famosas por seu largo uso durante o século XX, as padronagens geométricas podem partir desde as simples listras contínuas, como em modelos mais sofisticados, como os disponíveis nas imagens acima.
Clássicas e descoladas, podemos notar a presença das padronagens geométricas em diversos desfiles de moda ao longo dos anos. Elas também mostraram forte presença em algumas peças da realeza e de grandes marcas da alta costura.
Caracterizada pela utilização de triângulos sobrepostos entre si. A padronagem Argyle é comumente encontrada em peças de inverno e ficou bastante famosa durante o século XX, retornando ao universo da moda durante 2019 e 2020.
Historicamente, este padrão era utilizado pelos Escoceses na Idade Média, como forma de identificação do seus clãs, entretanto, ao longo dos anos a padronagem foi se dissipando e tomando diferentes variações, ocasionando na tendência de moda que vemos até os dias de hoje.
Caracterizado pela textura áspera, o tweed é normalmente tecido com tramas de lã, gerando o efeito boutonné, que são espécies de bolinhas produzidas intencionalmente no processo de fabricação do tecido.
Existem vários tipos de tweed, e estes permaneceram na moda durante o passar dos anos como um clássico. Entretanto, foi Coco Chanel a responsável pela valorização do tweed, utilizando-o em seus famosos tailleurs.
Aplicado em diversas tramas diferentes de tecidos, a escama de peixe é uma outra padronagem clássica no mundo da moda. Ele é obtido através da tecelagem em uma amarração derivada da sarja, gerando um efeito de várias letras “V”, o que confere a peça a padronagem de escama, ou espinha de peixe.
São também conhecidas como ziguezague, missoni ou chevron, e quando utilizadas fugindo dos padrões tradicionais e cores sóbrias, ela está em voga dando vida a estampas étnicas coloridas.
Famoso por sua larga utilização nos cinemas durante a década de 20 e 30. A padronagem risco de giz é um desenho de superfície têxtil que é composto por linhas brancas no sentido vertical, disposta sobre um fundo escuro, o que confere ao tecido o aspecto de risco de giz, gerando assim, o seu nome.
Um clássico e aristocrático estilo de trama, foi muito aplicado na vestimenta de personagens de gangues e chefes da máfia nas produções cinematográficas do século XX. Hoje, o risco de giz é comumente utilizado na composição de roupas sociais como os ternos e outros tipos de composições.
O xadrez príncipe de Gales é uma peça composta por uma peça central onde as linhas se cruzam deixando assim o formato característico de um xadrez. É uma peça clássica e elegante que levou este nome por ganhar a notoriedade do então Príncipe de Glaes em 1840.
Durante algum tempo, estas peças de tecido eram produzidas apenas em tecido de lã. Entretanto, com o passar dos anos e o desenvolvimento de técnicas de costura, a padronagem passou a ser utilizada em outras tramas diferentes.
O xadrez é a peça mais famosa da padronagem, famosa por seu amplo uso no território francês, a composição foi largamente difundida pelo mundo e passou a ser utilizada inclusive no Brasil. O mais conhecido, o xadrez Tartam, foi o responsável pela identificação de um clã escocês específico durante a Idade Média. Já o Vichy foi uma criação francesa, levando o nome da cidade onde foi originado. O tecido Vichy se tornou famoso após ser utilizado por Brigite Bardot, na década de 50.
Existem inúmeros tipos de padronagem ao redor do mundo, inclusive de peças em xadrez que marcaram e fizeram parte da história da moda. Mesmo com toda a tecnologia desenvolvida na indústria têxtil, é impossível não considerar a delicadeza e a beleza de peças tão clássicas como o weed e o pet-de-poule.
Os clássicos apresentados tiveram a capacidade de mudar a história do meio em que estavam inseridos, revolucionando a história da moda.
