PESSOA COM DEFICIÊNCIA E A ATIVIDADE FÍSICA
A prática de atividades esportivas é muito indicada para quem busca melhoria da saúde. Para pessoas com alguma deficiência não é diferente. A atividade física ajuda na descoberta de potencialidades, na produção de autonomia para o autocuidado, reabilitação e na ampliação do ciclo de amizades. A pessoa com deficiência tende ao sedentarismo e pode ter complicações cardiovasculares ou respiratórias, por exemplo. A atividade física desempenhada por pessoas com deficiência também é muito importante pela questão emocional. Nisto, ressalta-se a existência de treinos de força ou coordenação com finalidades diferentes, cujo resultado é uma maior motivação.
Ainda, é importante destacar o aspecto social das atividades físicas em grupo, pois ao ver outros indivíduos praticando algum esporte, a pessoa fica ainda mais motivada. Os efeitos benéficos da prática de AFEs para a manutenção da saúde e da aptidão física são amplamente conhecidos. No entanto, ao se tratar da parcela da população constituída por pessoas com deficiência, os estudos são mais escassos e, em geral, incluem um número de participantes extremamente reduzido, o que dificulta a extrapolação das informações obtidas.
A atividade física é um preditor de uma saúde positiva , independentemente de outros fatores, tais como idade, gênero, nível socioeconômico, índice de massa corporal, tabagismo e nível educacional. A falta de oportunidades de engajamento em programas de AFEs ao longo da vida faz com que pessoas com deficiência estejam mais predispostas a desenvolver doenças hipocinéticas, como cardiopatias, hipertensão, diabetes, obesidade e doenças osteoarticulares crônicas.
Apesar dos benefícios físicos, motores, sociais, psicológicos e cognitivos da prática de atividade física por pessoas com deficiência, a prevalência de inatividade é muito grande nessa população e estaria relacionada a barreiras médicas, psicológicas, sociais e ambientais que dificultam ou impedem a participação. Além disso, há de se destacar que os poucos programas supervisionados disponíveis muitas vezes podem não atender os interesses e as necessidades de pessoas com deficiências.
Historicamente, as ações de promoção da saúde de pessoas com deficiência têm sido negligenciadas pelo sistema público. A deficiência ainda é vista como um desafio pelo sistema de saúde pública em diversos países, sobretudo pela falta de conhecimento por parte dos profissionais da área acerca das particularidades das deficiências e de como lidar com pessoas nessa condição. De um modo geral, os serviços de saúde prestam pouca atenção às necessidades de pessoas com deficiência, oferecendo poucas ações concretas e mantendo grande distanciamento entre os serviços.
Ter uma deficiência não significa não ter boa saúde, embora pessoas com essa condição estejam mais suscetíveis a adquirir comorbidades. A histórica confusão entre os conceitos de deficiência e doença talvez seja uma das responsáveis pela falsa ideia de que não é preciso incentivar bons hábitos para garantir uma saúde positiva entre pessoas com deficiência. Além da carência de informações sobre a prática de AFEs, outros cuidados em saúde em geral são pouco discutidos entre pessoas com deficiência, especialmente as mais jovens.
Sobre a aptidão física relacionada à saúde, pessoas com deficiência deveriam apresentar capacidade aeróbia e composição corporal consistentes com a saúde positiva, flexibilidade adequada para a saúde funcional e níveis de força muscular adequados para uma vida independente e a participação em AFEs. Além disso, é recomendável uma prática mínima diária incorporada ao estilo de vida do indivíduo que possa auxiliar na obtenção de:
Autonomia para realização das atividades diárias
Prevenção de doenças hipocinéticas (por falta de movimento)
Prevenção de comorbidades associadas à deficiência
Desenvolvimento mais próximo possível do normal
A premissa básica dos serviços de saúde ao oferecerem ou recomendarem a prática de atividade física para pessoas com deficiência deveria ser a redução das comorbidades, a melhora ou manutenção da independência funcional, o oferecimento de oportunidades de lazer e diversão e a melhora geral da qualidade de vida por meio da redução de barreiras para os cuidados em saúde, especialmente nos programas baseados nas comunidades. O incentivo aos programas em grupos inclusivos também é interessante, uma vez que reforça a integração social e, em muitos casos, melhora a satisfação com a vida e aceitação da deficiência.
Com relação aos jovens com deficiência, é possível constatar que estes apresentam maior prevalência de obesidade e sobrepeso, além de maiores dificuldades de acesso aos programas de AFEs do que seus pares sem deficiência. A Educação Física (EF) se justifica nas escolas, pelo fato de ela subsidiar a prática corporal direcionada a vivência de movimentos e desenvolvimento físico e psíquico do aluno, é a EF que trata da cultura corporal de movimento e se expressa nos jogo, nas danças, nas lutas, nos esportes e nas ginásticas. A função da EF na escola é educar para compreender e transformar a realidade que nos cerca, a partir de sua especificidade que é a cultura de movimento.
A EF deve propiciar o desenvolvimento global de seus alunos, ajudar para que o mesmo consiga atingir a adaptação e o equilíbrio que requer suas limitações e ou deficiência; identificar as necessidades e capacidades de cada educando quanto às suas possibilidades de ação e adaptações para o movimento; facilitar sua independência e autonomia, bem como facilitar o processo de inclusão e aceitação em seu grupo social, quando necessário.
Algumas medidas podem garantir o sucesso do movimento de inclusão nas aulas de Educação Física escolar, tais como:
Estímulo para que as escolas elaborem sua proposta pedagógica, diagnosticando a demanda por atendimento especial
Criação de um currículo que reflita o meio social
Oferta de transporte escolar para todos
Estímulo para o aprimoramento técnico dos professores
Materiais e instalações acessíveis
Existência de equipe multidisciplinar de apoio ao professor
A educação física na escola pode se constituir numa grande área de adaptação ao permitir a participação de crianças e jovens em atividades físicas adequadas às suas possibilidades, proporcionando-lhes a oportunidade de serem valorizados e se incluírem em um mesmo mundo. Porém, para que essa ideia seja bem-sucedida, os programas de educação física devem conter desafios direcionados a todos os alunos, permitindo a participação de todos, promovendo a autonomia e enfatizando o potencial de cada um.
Entretanto, não basta que as crianças estejam presentes nas aulas de Educação Física se não estiverem participando de fato. A educação física pode e deve ser uma área de conhecimento com condições de contribuir para o desenvolvimento e a formação de todos os alunos ao longo da vida, independentemente de possíveis deficiências. Assim, a escola não pode permitir que crianças e jovens com deficiências sejam simplesmente dispensados das aulas de Educação Física e deve promover discussões e reflexões dos professores e de toda a comunidade escolar nesse sentido.
Este artigo pertence ao Curso de Educação Física Adaptada
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