Os cabelos fazem parte da identidade do ser humano, e nos revelam nossas origens e a nossa história. O tipo de cabelo que teremos é definido principalmente, a partir da nossa árvore genética e suas características são repassadas de pai para filho, de forma a preservar os aspectos geneticamente mais fortes.
Isto acontece pois no processo genético de repasse das informações fenotípicas, existe a prevalência do grupo predominante nas características das espécies. Logo, é por tal motivo que determinados padrões estéticos vão se dissipando ao longo da nossa árvore filogenética.
Como dito anteriormente, o tipo de cabelo, quando nos referimos a seu aspecto estrutural que teremos é baseado na forma que o nosso fio de cabelo se desenvolverá na bolsa do folículo capilar. Quando nosso folículo apresenta curvaturas na área de queratinização, apresentaremos fios curvos, ou como popularmente chamamos, cacheados ou crespos. Já quando o folículo capilar está disposto de forma retilínea no couro cabeludo, temos o que chamamos de cabelos lisos, já que o fio originado deste folículo apresentará a sua forma estrutural.
A área de queratinização do folículo é a responsável por originar a forma da fibra capilar. Logo, a forma do folículo e a sua disposição no couro cabeludo são fatores de determinação no tipo de fio emergente. Essa estruturação é uma predisposição genética e, portanto, não pode ser alterada mesmo com a utilização de químicos e procedimentos estéticos.
Entretanto, por necessidades culturais os tipos de cabelos foram caracterizados em diferentes segmentos para facilitar o seu cuidado e tratamento nos centros estéticos, bem como para o estudo de novos cosméticos. Eles podem ser segregados de acordo com a estrutura, a distribuição de oleosidade e a coloração.
Entretanto, atualmente estamos vivenciando a era de aceitação, empoderamento e utilização dos cabelos de acordo com as nossas origens. Dessa forma, atualmente, a sociedade brasileira está cada vez mais exigente por produtos de tratamento e embelezamento de cabelos para ressaltar as suas características étnicas.
O cabelo liso, é uma delas. Muito comum em populações indígenas, orientais, mongólicas e esquimós. Como dito anteriormente, a formação desta estrutura capilar está diretamente ligada ao folículo que a originou, apresentando ausência de curvaturas. Dessa forma, esses fios são caracterizados pela ausência de ondulações, e são classificados de acordo com a curvatura e o diâmetro das madeixas como 1A, 1B e 1C.
O número 1 refere-se ao tipo de curvatura, classificado como liso e com ausência de ondulações. Já as letras referem-se ao diâmetro do cabelo, sendo organizado em ordem crescente de tamanho, como você poderá verificar na imagem a seguir:
É de grande importância lembrar-lhe, caro aluno, que a espessura do fio está diretamente ligada ao tamanho do seu córtex, e, portanto, à sua resistência mecânica. Dessa forma, os diferentes diâmetros de espessura encontrados nos cabelos lisos, nos conferem o entendimento necessário para entender a sua resistência e elasticidade.
Durante um longo período na história, os cabelos ondulados foram extremamente valorizados, como pudemos perceber no contexto histórico das gregas e romanas. Entretanto, a utilização do cabelo ondulado na sociedade moderna passou por diversos percalços, sendo comum a utilização de químicas e produtos de alisamento para ofuscar as ondulações presentes no cabelo.
Grande parte dessa recusa na sociedade moderna estava associada à falta de informação e desenvolvimento de produtos para estes tipos de cabelos. Há algum tempo, era comum encontrar produtos restritos aos fios lisos ou quimicamente tratados. Logo, a falta de acervo dificultava a utilização dos ondulados na sua forma natural.
Isto acontece, pois os fios ondulados apresentam tanto características dos fios cacheados, como dos fios lisos. Como cabeleireiro, é de extrema importância que você entenda as diferenças entre as características e os estilos de cabelo para realizar os cuidados necessários à saúde capilar.
Este tipo de cabelo é classificado como 2 e possui subdivisões como 2A, 2B e 2C, de acordo com sua curvatura. Segue imagem:
O primeiro subtipo, 2A é o que mais se assemelha aos cabelos lisos. Isto acontece, pois, este tipo de cabelo apresenta leves ondulações, com raízes lisas e de baixo volume. Dessa forma, as curvaturas dos fios estão dispostas principalmente no seu comprimento e pontas e por isso, são estas partes que necessitam de maior atenção para não apresentar ressecamento e desgaste.
Já o tipo 2B apresenta curvaturas mais definidas, como em formatos de “S”. As ondulações podem vir desde a raiz ou a partir do comprimento, a depender do padrão genético do indivíduo. Esta subclassificação possui tendência à formação de frizz e de maior volume.
Já o tipo 2C refere-se aqueles fios que mais se assemelham aos cabelos cacheados. Suas ondulações aparecem desde as raízes e é caracterizado pela alta definição das ondulações que conferem ao cabelo maior volume, bem como a alta frequência no surgimento do frizz.
Os subtipos de cabelos ondulados podem apresentar a categoria de mais difícil tratamento das madeixas. Isso acontece, pois é necessário intercalar dois tipos de tratamento, visando o equilíbrio e a saúde dos fios.
Cabelos Cacheados e Crespos
Os cabelos cacheados e crespos ressurgem na sociedade moderna como mensagem de empoderamento e identidade das populações afrodescendentes. Consequentemente, uma nova demanda para o mercado da beleza veio à tona, gerando não somente lucro como também a necessidade de criação de novas técnicas e cosméticos para o seu público alvo.
Dessa forma, o mercado da beleza apresentou um novo segmento com o desenvolvimento de salões de beleza especializados em cabelos cacheados e crespos, tanto na oferta de serviços, como na venda de produtos.
Foram eles os responsáveis pelo aparecimento da tendência de transição e reeducação capilar, ao qual as mulheres deixam de utilizar os procedimentos químicos para alisar as madeixas, revelando os seus cabelos naturais.
Os cabelos crespos e cacheados apresentam diversas classificações de acordo com o tipo de curvatura. É importante salientar que o mesmo cabelo pode apresentar mais de um tipo de fio, e portanto, cabe ao cabeleireiro identificar as necessidades para cada indivíduo, almejando a saúde capilar do seu cliente.
O subtipo 3A é aquele que apresenta a definição de curvatura mais aberta, espaçada e definida. Para este tipo de cabelo existe a necessidade de hidratação constante devido à tendência de ressecamento nas pontas. Além disso, é necessário também investir e pensar acerca do corte aplicado a este tipo de cabelo, visto que a partir da realização de um design, é possível adquirir o resultado de um bom caimento e leveza aos fios.
Já o subtipo 3B possui cachos mais fechados que surgem bem perto da raiz dos cabelos. Caso seja de interesse do seu cliente alisar esse tipo de cabelo, você poderá encontrar um pouco mais de dificuldade que os citados anteriormente. Os cuidados associados a estes fios estão ligados a uma boa hidratação e nutrição das madeixas.
Os cabelos de classificação 3C são destacados pelo seu grande volume e definição dos cachos. E maior segredo para a estética e design desses fios está justamente na valorização das suas características. Eles referem-se a pequenos cachos que surgem desde a raiz até as pontas e assim como os seus semelhantes, devem receber hidratação e nutrição constantes para evitar o ressecamento e o surgimento de frizz.
Agora, partindo para o entendimento dos cabelos crespos, o subtipo 4A possui cachos bem pequenos com alta definição. Devido ao estreitamento da cutícula desses fios, eles estão altamente suscetíveis aos danos externos, como os provocados pela radiação solar e pela agressão térmica. Dessa forma, neste caso o ideal é o investimento em cosméticos protetores de barreira para que os cabelos possam estar protegidos contra as agressões do ambiente.
Já o subtipo 4B, de cabelos crespos, apresenta definição de curvatura acentuada por ângulos agudos, originando cachos com formato em “Z”. São caracterizados principalmente por sua capacidade de adquirir volume e a necessidade de nutrição constante. Devido ao seu formato, quando secos, esses fios podem apresentar comprimento menor do que a realidade.
Por último, mas não menos importante, o subtipo 4C dos cabelos crespos é altamente conhecido por seu baixo diâmetro, classificando-os como fios extremamente finos e delicados. Seus cachos são quase imperceptíveis e apresentam grande volume, sendo constantemente utilizados no formato Black Power.
Cabelos Secos
Os cabelos possuem em sua estrutura de formação o desenvolvimento de glândulas sebáceas, como você pode ver na imagem “Estrutura Capilar” localizada no capítulo 4 deste curso. A glândula sebácea é responsável por produzir uma substância denominada sebo, constituída por lipídios e ácidos graxos que realizam a lubrificação da pele e dos fios de cabelo, evitando o ressecamento dessas estruturas.
Quando um cabelo apresenta ressecamento, isso significa que a atividade das glândulas sebáceas é baixa, o que origina a aparência opaca e áspera dos fios secos. Além disso, essa condição favorece para a perda de elasticidade e consequente resistência mecânica das madeixas, deixando os cabelos quebradiços e tendendo ao aparecimento de frizz.
Cabelos Normais
São aqueles que apresentam brilho natural e discreto, associados com o toque regular e macio. Os cabelos normais são resultados de cuidados constantes e equilíbrio entre a quantidade de sebo produzido e a necessária para a manutenção e vivacidade dos fios de cabelo.
Isso acontece, pois os cabelos normais são capazes de absorver e manter a oleosidade produzida por suas glândulas sebáceas sem gerar o ressecamento ou o excesso de sebo nas pontas e no couro cabeludo, respectivamente. Essa condição está associada principalmente a rotinas de autocuidado, juntamente com o conhecimento e a utilização dos cosméticos ideais para o tipo de cabelo tratado.
Cabelos Oleosos
Muito comuns em cabelos finos e lisos, esse tipo de condição está associado à aparência de baixo volume e ao toque oleoso, como se algum produto tivesse sido aplicado engordurando os fios.
Essa característica está atrelada a baixa capacidade de absorção dos fios de cabelo, ao sebo gerado pela glândula sebácea, espalhando a oleosidade por todo comprimento capilar, principalmente o couro cabeludo.
Este fator está fortemente ligado ainda a constante queda de cabelo, pois a oleosidade produzida é capaz de entupir os folículos capilares, ocasionando na queda e esvaziamento do cabelo. Além disso, o surgimento de caspas e outros fatores prejudiciais à saúde do cabelo também pode estar associado ao excesso de sebo.
Cabelo Misto
O cabelo misto, como o próprio nome sugere, é uma junção dos subtipos secos e oleosos. São bastante comuns em cabelos ondulados, devido à sua raiz lisa, que possui baixa capacidade de absorção da oleosidade, com o comprimento curvado, que apresentam ondulações que necessitam de mais oleosidade para não ocorrer o ressecamento dos fios.
Dessa forma, como característica, os cabelos mistos apresentam uma falha de distribuição dos sebos nos fios, gerando assim, raízes oleosas com fios ressecados principalmente nas pontas. Para este tipo de fio, vale o investimento em protetores solares em todo o comprimento do cabelo, bem como a utilização de óleos de origem vegetal no comprimento e nas pontas.
Ao escolher produtos de forma inadequada, você poderá estar prejudicando a saúde dos fios do seu cliente e até mesmo o desequilíbrio de oleosidade.
Isto acontece pois os cabelos mistos também podem ser de raiz ondulada e liso na ponta. Nestes casos, estamos nos referindo a indivíduos em fase de transição ou tratamento capilar. Logo, o depósito maior de oleosidade estará concentrado nas regiões do comprimento do fio.
Dessa forma, ao generalizar os cabelos mistos como ressecados nas pontas e oleosos na raiz, você estará negligenciando o tratamento correto desses fios.
Neste capítulo, você aprendeu sobre as principais características dos fios de cabelo e como a estrutura dos folículos capilares influenciam na disposição final desses fios. Além disso, foi possível perceber o por quê não podemos utilizar os mesmos produtos para tratamento de tipos de cabelos diferentes.
Este artigo pertence ao Curso de Cabeleireiro Básico
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