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TRANSMISSÃO DE VALORES PELA CULTURA ORAL

A forma mais antiga de se conhecer histórias é através da oralidade, a história ouvida pela sua avó, cuja sua bisavó contou-lhe e que hoje sua mãe lhe conta. Talvez não tenha nenhum registro escrito, você não irá até sua estante pegar um diário e ler em voz alta as histórias de centenas de anos atrás, mas nem por isso você deixará de conhecer e encantar-se por aqueles mitos, contos, ritos e ensinamentos.


A verdade é que, para conhecermos uma história não precisamos da letra (escrita), mas sim da palavra (falada). A tradição oral tem a função de preservar histórias, de garantir às novas gerações indígenas ou afro-brasileiras o conhecimento de seus antepassados. Para muitos grupos a oralidade é a única forma de resgatar e preservar sua ancestralidade.


Hoje, mais de um milhão de brasileiros não possuem o português como sua língua materna. Temos mais de 200 línguas em nosso território, onde muitas são indígenas e não possuem qualquer tradição escrita. Essas línguas aos poucos vêm se perdendo. A cada ano a preservação pelas novas gerações tem se tornado um desafio maior.


Atualmente, milhares de brasileiros com ancestrais afro-brasileiros e indígenas desconhecem sua própria história ou acreditam não ter uma de fato. Quando nossas histórias não estão em livros, é compreensível acreditarmos que nós não carregamos uma história para além de genocídios e sofrimentos, pensamos que nossos ancestrais não têm nada a nos ensinar.


Mas, a tradição oral e seus ensinamentos são tão importantes e de tantas formas que, alguns estudos nos mostram não apenas sua necessidade no conhecimento cultural, mas também no aprendizado de diversas áreas, como por exemplo na agricultura.


A tradição oral não se apresenta somente em formato de contos e mitos. Canções e rezas também fazem parte da preservação histórica de povos indígenas e afro-brasileiros. Quando pensamos em terreiros compreendemos a importância histórica que, por exemplo, rezadeiras e curandeiros possuem no resgate do poder da fé através da palavra.


O conhecimento de vida e da natureza dessas pessoas, não só auxiliam os que lhe procuram com dores físicas, mas também psicologicamente e, essa cura deve ser valorizada, a cura pela palavra e pela fé, a cura milenar. Nesse cenário, é incontestável o poder da palavra falada.


É através da oralidade que povos constroem sua cultura, é através da palavra que um indivíduo se torna capaz de construir sua identidade cultural. Essa tradição tem como objetivo não só o repasse de histórias, mas também a construção cultural de um povo, a criação dentro de uma coletividade da importância de cada história, a importância das percepções individuais e repasse das mesmas.


Através da tradição oral é possível a construção dos povos de tempos em tempos e esses valores, a tradição do coletivo, a ancestralidade e a palavra não devem jamais deixar serem silenciados ou esquecidos.


Oralidade e o processo comunicativo


A oralidade ressurge com importância inegável e se torna, no meio corporativo, fator decisivo no relacionamento com diversos públicos, instaurando importantes transformações nos processos comunicativos contemporâneos. Pela interface entre a oralidade na evocação da memória, o uso da voz humana, viva, pessoal, peculiar, faz o passado ressurgir no presente de maneira extraordinariamente imediata.


A associação entre o poder da palavra e a função do cultor da memória, a partir da tradição de uma cultura oral, revela o imenso poder conferido à palavra, apresentado por uma relação quase mágica que acontece entre o nome e o que é nomeado a partir da pronúncia.

As narrativas são eficazes em estimular resposta dos ouvintes. As histórias excitam a imaginação e geram estados consecutivos de criação de tensão (perplexidade e reação) e de liberação de tensão (insight e solução). O ouvinte, longe de ser um receptor passivo, é levado a um estado de reflexão ativa ao dar suas próprias conexões e significações ao relato evocado.


A linguagem se transformaria num esforço deliberado e contínuo em forma de sinais gráficos, acústicos, gestuais, para dar conta das necessidades materiais e psicológicas dos seres humanos. Estudos indicam as seguintes formas de oralidade: a primária, em que não se tem nenhum contato com a escrita; a mista, onde os sujeitos já convivem com a escritura, apesar de exercer pouca influência no cotidiano; e a secundária em que a apropriação da escrita possibilita a manutenção do oral.



Este artigo pertence ao Curso de Contação de Histórias

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