Existem diversas ferramentas simples e práticas para a triagem nutricional de idosos, que têm o objetivo de identificar riscos nutricionais. Algumas das ferramentas validadas para a triagem dessa população são a miniavaliação nutricional (MAN), a triagem de risco nutricional, do ano de 2002 (NRS 2002, do inglês: “Nutritional Risk Screening”), SARC-F e o SARC-CalF, todos descritos abaixo.
Miniavaliação nutricional
A miniavaliação nutricional (MAN) é uma ferramenta muito utilizada na triagem nutricional de idosos e possui duas versões, a completa e a simplificada (ou reduzida). A MAN simplificada é o método de triagem normalmente utilizado para identificar a desnutrição em idosos, por ser de fácil aplicação e prática, portanto, focaremos neste método.
A MAN reduzida inclui cinco perguntas acerca da redução da ingestão alimentar, perda de peso, diminuição da mobilidade, estresse e problemas psicológicos, uma sexta questão sobre a avaliação do índice de massa corporal (IMC) e uma sétima pergunta sobre a circunferência da panturrilha, que é um importante indicador da perda de massa muscular. As respostas de cada questão possuem uma pontuação, que ao final serão somadas e obtido um resultado, onde quanto maior a pontuação, melhor o estado nutricional daquele indivíduo, e, quanto menor o valor, mais debilitado ele se encontra. Os idosos que pontuam entre 12-14 pontos possuem um estado nutricional normal, àqueles que pontuam entre 8-11 pontos estão em risco de desnutrição, e os idosos que possuem uma menor pontuação, entre 0-7 pontos, são desnutridos, conforme pode ser visto abaixo, na Figura 12.
Figura 12: Miniavaliação nutricional (MAN) reduzida.
Fonte: Nestlé Health Science (2009).
Apesar de ser uma ferramenta de triagem amplamente utilizada, é importante ressaltar que a MAN reduzida não avalia sobrepeso e obesidade e alterações agudas do estado nutricional, mas consegue identificar riscos nutricionais em idosos.
Triagem de risco nutricional (NRS, 2002)
Apesar da MAN reduzida ser mais indicada para a triagem do paciente idoso, a NRS 2002 (do inglês: “Nutritional Risk Screening”), embora também seja utilizada para o público adulto, é possível ser aplicada em idosos, com o objetivo de identificar se o indivíduo possui risco de desnutrição.
É uma ferramenta de triagem fácil e rápida, muito utilizada na prática clínica, que consiste em duas fases, a primeira é dividida entre quatro questões de “sim” e “não” e envolve um cálculo de índice de massa corporal (IMC), perda de peso nos últimos três meses, redução da ingestão alimentar na última semana e se o paciente se encontra gravemente doente. Caso a resposta seja “não” para qualquer uma dessas perguntas, não é necessário passar para a segunda fase. No entanto, se a reposta for “sim” para ao menos uma das quatro perguntas, é necessário avaliar a segunda fase, mais detalhada, com percentual de perda de peso, percentual de redução da ingestão alimentar e gravidade da doença, que geram uma pontuação ao final do questionário. Se a pontuação for igual ou maior que 3, o paciente é considerado em risco nutricional.
Figura 13: Triagem de risco nutricional (NRS, 2002 – do inglês: Nutritional Risk Screening).
Fonte: Amaral et al. (2020).
SARC-F e SARC-CalF
Como vimos nos capítulos anteriores, a sarcopenia pode ser uma condição muito prevalente em idosos e tem forte ligação com a nutrição, sendo assim, existe um método de triagem para rastrear a sarcopenia nestes pacientes, o SARC-F e o SARC-CalF.
O SARC-F e o SARC-CalF são capazes de identificar casos de alto risco de sarcopenia em idosos, são ferramentas de fácil execução e mais utilizadas nesta população.
O SARC-F é um questionário composto por cinco questões relacionadas a função da massa muscular daquele indivíduo. As respostas são pontuadas em 0, 1 e 2, onde 0 significa que não há nenhum prejuízo para realizar tal atividade, 1 significa que há algum prejuízo e 2, prejuízo máximo para aquela função. Ao final da aplicação das cinco questões, é realizada uma soma de todas as perguntas, que varia de 0 a 10, cujo resultado igual ou maior que 4 é sugestivo de sarcopenia, conforme demonstra a Figura 14.
Figura 14: SARC-F.
Fonte: Malmstrom; Morley, 2013.
Já o SARC-CalF é composto das mesmas cinco questões, a única diferença é que nesta ferramenta é inclusa a medida de circunferência da panturrilha, o que melhora a sensibilidade do método para rastreio da sarcopenia. Além disso, a pontuação final varia entre 0 a 10 e 11 a 20, onde na primeira não há sinais sugestivos de sarcopenia, mas, caso a pontuação seja entre 11 a 20 pontos, o indivíduo apresenta sinais de sarcopenia.
Figura 15: SARC-CalF.
Fonte: Barbosa-Silva et al., 2016.