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Administração e suas teorias

Os centros clínicos e hospitalares são estruturas do mais alto nível de complexidade administrativa. Isso acontece principalmente devido a necessidade de integrar as vontades e benefícios de um amplo grupo de agentes em um só espaço.

Antes de mais nada a prestação de serviços de saúde é uma atividade de manutenção da vida. Entretanto, devemos lembrar que para que esses serviços sejam fornecidos, precisamos também considerar o nível comercial dessas atividades.

Para que ocorra um bom gerenciamento dos sistemas de saúde, as equipes profissionais devem estar academicamente aptas a realizarem a gestão das atividades realizadas nestes setores. Como consequência, existe a necessidade de embasar essa gestão através de estudos previamente formulados para uma boa administração dos estabelecimentos de saúde.

Confira algumas das principais teorias de gestão administrativa aplicadas no setores de saúde e os seus impactos positivos para um planejamento estratégico dos sistemas de saúde e dos profissionais atuantes.

Teoria Científica

Essa foi uma das teorias desenvolvidas por Taylor em 1903. Ela tem como característica a abordagem da administração como uma ciência aplicada no planejamento de processos operacionais, assim como também na racionalização de algumas tarefas presentes no cotidiano.

Um ponto importante acerca dessa teoria é que ela estava baseada em um processo onde o trabalhador de referência atuava sabendo o mínimo possível acerca do contexto geral do seu trabalho. Isso significa que aquele funcionário estava restrito a conhecer apenas a operação a qual era direcionado.

Apesar dos pontos negativos relacionados à aplicação dessa teoria baseada na restrição do conhecimento, Taylor estava propondo um sistema onde o incentivo salarial e os prêmios, bônus ou qualquer outro tipo de benefício se aplicasse em relação a compatibilidade de produção.

Qual a influência da teoria científica na administração de enfermagem?

A principal relação da teoria científica com a administração dos processos de enfermagem está diretamente relacionada com a existência de locais onde há a necessidade de utilizar a divisão de tarefas para a realização das atividades voltadas ao cuidado, em detrimento ao atendimento integral realizado por aquele profissional.

Nesse caso, nas duas situações referidas, o profissional de enfermagem possui um papel de liderança. Isso significa que seja nas atividades de cuidado ou no atendimento, o enfermeiro terá o objetivo de nortear a sua equipe da melhor forma possível e prezando a qualidade dos casos relacionados à prestação de cuidado ao paciente, independente de sua aplicação (integral ou parcial) em todas as tarefas desenvolvidas naquele setor. Ou seja, o enfermeiro deverá manter a ordem em um todo e não apenas nas atividades que serão realizadas naquele momento pelo profissional.

Teoria Clássica

Essa foi uma teoria desenvolvida anos depois da científica, em 1916 por Fayol. A principal característica dessa corrente consiste em realizar os processos administrativos como uma ciência concreta na estruturação e organização das corporações. A principal diferença entre essa teoria e a citada anteriormente, está no destaque na estrutura e não na disposição de tarefas.

Com isso, uma dos principais pontos abordados por Henry Fayol em 1916 consiste na divisão do trabalho em termos de órgãos setorizados. Dessa forma, a preocupação do gerenciamento não estava nas atividades individuais, sendo o foco do processo direcionado a um nível mais organizacional.

Por isso, podemos dizer que foi a partir da Teoria Clássica que surgiu a ideia de dividir o trabalho de maneira horizontal, onde realizamos o agrupamento das tarefas, assim como a hierarquia através de uma divisão mais verticalizada dos processos em uma corporação.

Mas agora, você deve estar se perguntando: como isso era feito?

Bom, ao desenvolver a sua teoria no século XX, Fayol descreveu uma empresa baseada na divisão dos seus funcionários em até 6 funções, que são: segurança, contabilidade, comercial, financeira, técnica e por fim a administrativa.

Qual a influência da teoria clássica para a administração em enfermagem?

Quando paramos para refletir no funcionamento dos principais centros de saúde existentes nos dias atuais, podemos perceber uma estruturação de setores que conseguem atuar tanto de forma individual, como também através da aplicação de hierarquia para a distinção de objetivos.

Com isso, temos a utilização da teoria clássica nos centros de saúde a partir da divisão dos departamentos e das autoridades ou líderes que serão responsáveis por organizar e servir no atendimento e cuidado ao paciente em sua totalidade e não na separação das suas funções.

Quando remetemos esse contexto mais especificamente nos ambientes hospitalares, onde a sua grande maioria realiza a divisão do trabalho tanto de maneira vertical quanto horizontal, a partir da aplicação dos organogramas, podemos destacar os grandes embates entre uma organização e outra, um tipo de gerência e outro, causando assim uma espécie de deficiência na resolução dos problemas e consequentemente um prejuízo na produtividade dos funcionários em relação ao seu trabalho.

Teoria Burocrática

Essa foi uma teoria desenvolvida por uma das grandes referências na administração e na filosofia, Max Weber, nos meados do século XX, um pouco depois da teoria proposta por Fayol. Ela surgiu em oposição à Teoria Clássica e a Teoria das Relações humanas, que veremos logo a seguir ainda neste módulo.

De maneira geral, a Teoria Burocrática, como o próprio nome sugere, é um estudo de aplicação baseado na organização humana a partir da racionalidade dos processos. Com isso, Weber acreditava que os meios de trabalho deveriam ser avaliados e definidos de maneira formal e seguindo os princípios da imparcialidade e somente assim poderíamos alcançar os objetivos traçados enquanto corporação.

Com isso, temos a criticidade da teoria clássica devido ao seu excesso de mecanismos, enquanto, a teoria das relações humanas era julgada por apresentar um pensamento utópico do gerenciamento das empresas, como poderemos ver logo em seguida.

Por fim, podemos dizer que a Teoria Burocrática proposta por Weber tem como objetivo alcançar a eficiência dos processos organizacionais a partir do detalhamento mínimo das tarefas e de como as coisas deverão ser realizadas numa organização. Com isso, temos uma racionalização dos processos a partir da sistemática da divisão de trabalho gerando uma maior qualidade no funcionamento organizacional.

Qual a influência da Teoria Burocrática para a administração em enfermagem?

A Teoria Burocrática sugere um sistema onde as atividades e processos serão caracterizados por uma imparcialidade das relações humanas. Isso significa que os membros da equipe de funcionários irão exercer as suas tarefas de acordo com os seus cargos e funções naquela organização, apenas.

Quando aplicamos isso ao sistema de organização das atividades da equipe de enfermagem em específico, seja nos ambientes clínicos ou nos processos hospitalares, conseguiremos obter uma maior regulamentação dos procedimentos executados pelos profissionais da enfermagem por meio do detalhamento dos processos, a forma como os serviços são realizados, a especificação de normas e rotinas para que assim possamos adquirir um atendimento e um cuidado ao paciente com melhor qualidade.

 Teoria das Relações Humanas

Um dos estudos contestados por Weber foi a Teoria das Relações Humanas, desenvolvida por Chester Barnard em 1932. Ela consiste em um gerenciamento de organizações levando em consideração a visão do homem como um ser social, tirando um pouco o foco dado para as relações econômicas no fornecimento dos serviços, como muito era frisado pela Teoria de Taylor e Fayol. 

É importante ressaltar que Barnard não estava batendo de frente com a proposta da Teoria Científica, mas estava englobando os fatores relacionados ao que conseguem estimular o homem a realizar um trabalho em grupo, garantindo assim um nível mais alto de qualidade das tarefas realizadas numa organização. 

Essa teoria foi diretamente influenciada pelo desenvolvimento da psicologia e de outras ciências humanas no meado do século XX, entretanto, é importante ressaltar que, assim como Weber destaca anteriormente, esse é um modelo ainda utópico de aplicação, já que num sistema capitalista, as relações econômicas sempre serão destaque de objetivo em uma empresa. 

Qual a influência da teoria das relações humanas para a administração na enfermagem?

Nesta teoria temos uma melhor relação e direcionamento da liderança para o direcionamento dos subordinados, moldando assim a forma como esses indivíduos estarão lidando uns com os outros de forma mais humanizada. Entretanto, quando trazemos esse tipo de gerenciamento para a realidade, encontramos uma grande dificuldade na manutenção da liderança de forma que o responsável por esse papel seja capaz de apontar os erros do processo sem que ocorra um desgaste na pessoa que apresentou esse destaque negativo. 

Com isso, temos uma visão mais voltada para a valorização do homem como ser social e não apenas como objeto de fomentação econômica. Trazendo assim uma perspectiva multiprofissional nos centros de saúde que poderão retirar dos seus membros de equipe as suas melhores qualidades, e por consequência, gerar um melhor serviço de atendimento e cuidado ao paciente através da motivação do profissional responsável por executar aquela tarefa.

Teoria Contingencial

Esse é um dos modelos mais recentes aplicados na administração, não apenas nos serviços de saúde, como nas organizações em geral. A Teoria Contingencial foi uma proposta realizada por Mary Follet em 1926, ela parte da premissa de que o processo administrativo precisa considerar as circunstâncias de sua aplicação, ou seja, a situação ambiental e tecnológica das organizações, a forma como os funcionários se relacionam entre si, o tipo de público e de serviço fornecido e etc.

Isso acontece, pois Mary Follet destaca muito em seu estudo as possíveis transformações que o meio externo àquela organização consegue realizar nas atividades desenvolvidas naquela empresa, assim como a sua estruturação. A Teoria Contingencial aborda ainda a utilização dos recursos tecnológicos como um grande alicerce de uma organização. Por isso, existe a defesa de que um negócio deve sempre ser adaptado e modificado em relação ao ambiente inserido e à disponibilidade de tecnologia em uma empresa, para que assim ela se mantenha ativa e eficiente. 

Qual a influência da Teoria Contingencial na administração em enfermagem?

Considerando todos os estudos realizados neste módulo em relação às teorias de administração e as influências desses estudos nas rotinas de enfermagem dentro dos centros de saúde, podemos identificar que não é apenas uma teoria que define um gerenciamento de enfermagem, mas sim pequenos detalhes exibidos por cada estudioso que são aplicados no cotidiano de uma equipe de enfermagem na sua administração.

A Teoria Contingencial nos mostra a necessidade de nos adaptarmos às transformações presentes no nosso cotidiano. Quando imaginamos, por exemplo, um gerenciamento feito em tempos de pandemia, não conseguimos obter resultados de qualidade naquele serviço se fornecermos ele da mesma maneira que em situação de normalidade dos centros de atendimento à saúde.

Por isso, é importante que todos profissionais de enfermagem conheçam as teorias da administração e seus impactos positivos ou negativos para o trabalho rotineiro da sua equipe. Assim, o líder poderá dispor dos recursos necessários para o funcionamento correto dos sistemas de saúde.



Este artigo pertence ao Curso de Básico de Administração em Enfermagem

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