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CONHEÇA A CULTURA DO NORTE

A Região Norte é a mais extensa de todas as Regiões brasileiras e está distribuída em sete Estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, criado em 1988, formado com o território do extremo norte do Estado de Goiás.



A floresta é a imagem dominante, com uma enorme variedade de espécies vegetais, predominando o ambiente úmido. É um verdadeiro país das águas e do verde. O clima é equatorial, com muito calor, chuvas abundantes e alto grau de umidade. Do alto, a floresta parece muito igual. No entanto, sua enorme cobertura vegetal é muito rica e variada. Naquele mundo das águas e das árvores, destacam-se as matas de igapó, que ficam juntas aos rios e permanecem inundadas o tempo todo.


Ali podemos encontrar o açaí, o cururu, a piaçava, a saputirada-mata e a vitória-régia, uma flor aquática de grande beleza. Já nas regiões de várzea, que sofrem inundações periódicas, florescem a samaúma, a seringueira, o cacaueiro e a copaíba. Quando chegamos a locais mais elevados – de mata de terra firme ou caatê, acima das inundações –, encontramos grandes árvores que são alvo da indústria extrativista madeireira: é o território do angelim, da andiroba, do caucho, do cedro, do guaraná, do mogno, da castanheira e de outras espécies.


Se a floresta é a imagem dominante, o Rio Amazonas é o símbolo. É na magnitude do Amazonas e de seus afluentes que corre a própria vida da região e da sua cultura. Para você ter idéia da riqueza da Amazônia, calcula-se estar ali pelo menos 20% do total de espécies vivas do mundo. Mas com tantos mistérios sobre as matas e os rios, a mitologia amazônica não podia ser diferente. De geração em geração, no imaginário popular permanecem vivos os mitos e as crenças, iniciados pelos índios e continuados ao longo dos tempos.


Ao entrar no meio da floresta, muitos se esforçam até hoje para ouvir o canto mágico do Uiapuru, que já foi inspiração de muitos poemas, versos e canções. Também, até hoje, muitos esperam encontrar o todo-poderoso senhor das florestas, Jurupari. Ou, então, ouvir os passos cadenciados do Anhangá, protetor das árvores e dos bichos. E as gargalhadas do Mapinguari ecoando nos igapós? Já pensou, dar de cara com o Caapora e o Caipora, protetores das matas e dos animais?


Agora bom mesmo seria ganhar dos caboclos um dos amuletos como o Muiraquitã, pedra verde, retirada da misteriosa lagoa onde banhavam as legendárias amazonas, lugar muito secreto que poucos conhecem e são impedidos de revelar sob o risco de cair na maldição das pedras verdes. Estas também podem ser chamadas de tuixau-itá e de nanaci. Elas proporcionam felicidade total, principalmente no amor. Mas se você quer sorte no amor pode também conseguir uma pena de uiapuru. Mas, com esta finalidade, é muito difícil encontrar o uiapuru, porque quando alguém se aproxima os outros pássaros imediatamente o avisam.


Além dos mitos, a Região Norte é das que mais apresentam crendices bem vivas no meio do povo. Não há, por exemplo, quem não tema o canto triste do acauã, que pode significar a morte e se apoderam do espírito das mulheres, fazendo-as cantar sem parar, como se fossem a própria ave. Outro canto triste é o do jurutari, nome que se dá na Região ao urutau, um pássaro que só canta à noite. Lá ainda existe o saci da Amazônia, que não tem nada a ver com o negrinho de uma perna só tão conhecido Brasil afora. Este saci é um pássaro conhecido também como matinta pereira. Seu canto dá medo e, para afugentá-lo, o jeito é colocar pedaços de fumo pelo terreiro. Quando os meninos não querem dormir, é só chamar o acutipuru, que ele dá um jeito. Quando muitos rapazes desaparecem, todos sabem que a uiara é quem os leva para o fundo dos lagos.


Foi no berço dos igarapés, igapós e ao longo dos rios que muitas lendas foram surgindo... De lá ficou conhecida a biúna, uma cobra grande, que ao silvar dentro das águas, faz tremer os ribeirinhos. O melhor é fazer uma oferenda, caso seja preciso ficar nas águas por muito tempo. Bem faceiro e sedutor é o cobra-norato que costuma sair das águas e se transformar num belo moço, por quem as donzelas se apaixonam. Já o curupira surge mesmo é nas matas.


Ele é um pequeno tapuio, de olhos verdes e pés voltados pra trás. É um protetor das florestas. Como herança de sabedoria dos índios, a Região Norte recebeu a pajelança. O pajé amazônico é um curandeiro, muito sábio, meio adivinho e meio bruxo, uma espécie de médico e sacerdote. Desde menino, os pajés sabem os segredos da flora amazônica e fazem os remédios para todos os males, enriquecendo-os com a espiritualidade das religiões índia, branca e negra.


Principais características da cultura


Há dois tipos de vaqueiros na Região Norte, os vaqueiros e os peões dos campos do Rio Branco, em Roraima, e os vaqueiros da Ilha do Marajó. A pecuária não é o forte dessa Região, mas cria-se gado e, por conseqüência, alguns tipos bem característicos apresentam-se com seus chapéus de palha com ramos secos entre a copa e o forro, para diminuir o calor sobre a cabeça. Outra figura típica dessa região é o castanheiro, apanhador de castanhas-do-pará, uma grande riqueza regional. Como as castanheiras são altas e nem sempre é possível subir pelo seu tronco, a tarefa do castanheiro exige muita paciência... É preciso esperar as frutas caírem.


Ainda encontramos por lá o regatão, verdadeiro mascate e caixeiro viajante, elemento de integração social nas beiradas dos rios, em processo de desaparecimento, por causa do crescimento da consciência ecológica. Podemos citar alguns tipos de regatões: o arpoador de jacaré, o caçador de pirarucu e os viradores de tartarugas. Mais tarde, surgiram os garimpeiros, que fizeram da Serra Pelada o maior garimpo a céu aberto do mundo. Outros tipos característicos são cultivadores de pimenta-do-reino e, principalmente, os índios que são os primitivos habitantes da Região.


Adentrando no mundo da culinária, podemos começar pelo  tacacá, comida em cuias; o tucupi; o piqui ou piquiá; a pupunha; o cará; o munguzá; o mingau de banana; a maniçoba; o arube e o ariá. Mas de onde vem tanta inspiração? Ora, a culinária da Região Norte é considerada a mais brasileira, pois conservou a ligação direta com sua terra e com seus primeiros habitantes: os índios. Como herdeira da tradição indígena, são comuns os peixes, a caça, as plantas e as folhas de todos os tipos, tendo por base a mandioca, alimento fundamental do caboclo.


Pratos diferentes vão aparecendo, como a içá, uma formiga tanajura muito apreciada como tira-gosto. A tudo isto se junta os doces de licores de açaí, bacaba, bacuri, ingá, camapu, jambo, castanhado-pará e o murici. Mas teve também a influência dos imigrantes nordestinos que chegaram no ciclo da borracha trazendo pratos como o bode assado, a buchada de bode, o sarrabulho e o pirão de caranguejo. A medicina popular é rica pela biodiversidade das suas matas e campos. Verdadeiro banco genético, as plantas amazônicas são consideradas a grande farmácia do mundo.


Os índios sempre souberam dos mistérios destas folhas, raízes e frutos miraculosos e, aos poucos, foram transmitindo toda a cultura para os novos habitantes. Assim, podemos ver curandeiros e raizeiros, usando igualmente as mesmas plantas usadas pelos pajés nos misteriosos rituais da pajelança. Na Amazônia, encontramos “banho-de-cheiro” para todas as necessidades. Eles são comuns em mercados e lojas. São colocados em garrafinhas já preparadas que podem conter vários ingredientes: ervas cheirosas como a oriza, a pataqueira, a malva-rosa; ou os cipós excitantes como o corembó, o iuira e o catinga; ou ainda as raízes fortes como a de urutaciu, priprioca, patchuli, marapuama e mão-de-onça, além das cascas perfumadas (a de cedro e macaca poranga).


De acordo com a crendice popular, estes banhos têm poderes mágicos. Podem ser usados, por exemplo, para conquistar a pessoa amada ou para se defender da mordida de cobra e afastar o azar, entre outras crendices. Passamos então para as danças regionais. Você já ouviu falar do Boi-Bumbá de Parintins? Na Festa dos Pássaros? São festas reconhecidas em todo o Brasil pela beleza e pela riqueza cultural. As danças da Amazônia simbolizam muito bem a história e a evolução dos povos e das culturas que por lá passaram. Mas também é possível assistir às danças autenticamente indígenas, como a do kohai, a da xixa, a da panuateran, a de kahêtuagê, a de porassetapoui, e tantas outras.


Continuando a festa, a música está presente no contexto indígena, mas com um detalhe importante: seu apelo mágico e seu sentimento religioso. Podemos citar, como exemplo, os folguedos mostrados no tradicional Festival Anual de Folclore do Amazonas, em que os grupos são chamados de tribos e representam coreografia e cantigas de tribos indígenas reais, como maués, dos yurupixunas, dos nanaús, dos kamayurás e outros. Essa riqueza é percebida nas tribos quando se ouve o canto com sentido místico do som extraído de uma grande flauta de taquara sagrada. Os cantos servem para festejar, para afugentar os maus espíritos ou para homenagear os espíritos das matas e das florestas. Além da cultura festiva indígena, o nortista também cultua os ritmos expressivos nordestinos que não deixam ninguém ficar parado.


Um desses é o cordão-de-bichos, um folguedo junino em que cada grupo recebe o nome de um animal que vai ser caçado e morto para depois ressuscitar com uma série de danças. Consagrados na cultura nortista estão o caprichoso e o garantido, os famosos bois-bumbás de Parintins. Outras festas populares muito interessantes são realizadas na Amazônia, destacando-se a Procissão do Senhor dos Passos, em Manacá; o da Festa de São Tiago, em Mazagão; a Marujada, em homenagem a São Benedito; o Círio de Nazaré, em Belém; o Carimbó; o Círio Fluvial de Santo Antônio; a Dança das Pastorinhas, em Soure, no Pará e, assim, com influências indígenas, nordestinas e portuguesas, a Região Norte vai mostrando sua cultura popular.


Nessa Região, o artesanato é muito enriquecido pelas cerâmicas marajoara e tapajônica e pela arte plumária, com suas obras-primas feitas de belas penas de aves. Destacam-se, também, as máscaras de finalidade religiosa, as rendas de bilro e os bordados de crivo e labirinto, confeccionados com linhas de algodão, seda e fios de palmeira de tucum.



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