Crédito e Endividamento
O que é crédito?
O crédito é a fonte de recursos obtida de fonte terceirizada como bancos, financeiras e cooperativas de crédito que tem como princípio a antecipação do consumo para a aquisição de bens e serviços. Ele pode ser obtido de diversas formas, mas é importante salientar que toda utilização de crédito deve ser feita de forma consciente, ou será capaz de gerar prejuízos ao consumidor.
Isto acontece pois o crédito pode ser tanto vantajoso quanto perigoso para a sua saúde financeira. Parte deste motivo está atrelado aos juros da compra, que ao ser realizada com o crédito, é acrescida de um valor referente à antecipação desse dinheiro. Ou seja, quando compramos algo através do crédito, o prestador desse “empréstimo” de dinheiro receberá uma tarifa pelo seu serviço, que é o que chamamos de juros.
Existem dois tipos de juros que podem ser aplicados ao realizarmos uma compra. O primeiro deles, o juro simples, é calculado somente sobre o capital principal. Dessa forma, se você realizou uma compra de 1.000 reais, dividida em 6 meses, com taxa simples de 5% a.m (ao mês) de juros, a sua compra vai ser calculada de forma que:
1.000,00 do capital + 50,00 (equivalente a 5% de 1000) x 6 = 1.300,00.
Já o juros composto equivale ao capital que a cada mês é acrescido juros em cima do mês anterior de forma que, utilizando o mesmo caso do exemplo anterior, teríamos:
- 1º mês: R$1.000,00 (capital principal) + R$50,00 (5% de R$1.000,00) = R$1.050,00;
- 2º mês: R$1.050,00 (capital principal + juros) + R$52,50 (5% de R$1.050,00) = R$1.102,50;
- 3º mês: R$1.102,50 + R$55,13 (5% de R$1.102,50) = R$1.157,63;
- 4º mês: R$1.157,63 + R$57,88 (5% de R$1.157,63) = R$1.215,51;
- 5º mês: R$1.215,51 + R$60,77 (5% de R$1.215,51) = R$1.276,28;
- 6º mês: R$1.276,28 + R$63,82 (5% de R$1.276,28) = R$1.340,10.
O perigo relacionado à contratação do crédito está na falta de conhecimento de alguns consumidores sobre esta possível tarifa adicional. Quando o indivíduo adquire esse conhecimento, é possível realizar comparações sobre as tarifas de crédito existentes, fazendo assim a melhor escolha disponível no mercado e isto vale tanto para aplicações, como para dívidas.
Dessa forma, para facilitar o seu entendimento, você mesmo pode solicitar à empresa que informe o valor do Custo Efetivo Total, ou como também conhecido, CET. Esta é uma informação percentual que diz quanto efetivamente custa um empréstimo ou financiamento, incluindo os valores de juros e tarifas, bem como impostos e outros encargos cobrados do cliente.
Um grande problema realizado por alguns clientes é a avaliação somente das parcelas do serviço oferecido. Ao adquirir a informação do CET será muito mais fácil para que você consiga comparar, avaliar e selecionar a melhor opção de compra de crédito para os seus objetivos no período de tempo pré-estabelecido.
O uso do crédito possui vantagens e desvantagens e estas devem ser avaliadas de acordo com o objetivo de cada indivíduo. Nem sempre as ofertas são vantajosas no sentido financeiro, mas a urgência poderá demandar a contratação do serviço. Em outros casos, a oferta pode ser a melhor oportunidade de crédito já disponibilizada, mas não é do seu interesse adquirir tal tipo de serviço.
Dessa forma, separamos algumas das principais vantagens e desvantagens atreladas a utilização de crédito sendo elas:
Vantagens:
- Antecipação de compra: seja por necessidade, por urgência ou desejo, alguns dos nossos consumos não podem esperar. Mesmo que o crédito não seja a melhor opção, ele pode ser a saída ou a oportunidade necessária para realizar uma compra de urgência e portanto, uma das vantagens obtidas por sua utilização é a antecipação das compras.
- Atendimento de Emergências: imprevistos podem acontecer a qualquer momento. É claro que se existisse um fundo de emergências algumas situações poderiam ser evitadas. Entretanto, é importante salientar que muitas vezes o crédito pode ser o aliado que você precisa ao realizar o diagnóstico do problema financeiro trazido por este imprevisto.
- Aproveitar as oportunidades: algumas oportunidades são fatores que conseguiremos apenas uma vez na vida, é por este motivo que nem sempre podemos deixá-las escapar entre os nossos dedos. É importante salientar que este não é um motivo para ser inconsequente, afinal todo crédito exige pagamento. Entretanto, caso a oportunidade da compra dos seus sonhos surja, avalie com cuidado as suas opções de crédito antes de realizar a contratação de um serviço.
Desvantagens
- Limite de consumo futuro: toda vez que realizamos uma compra em crédito, devemos lembrar que este valor vai chegar na nossa prestação de contas. Quando parcelamos um valor, este entrará nas nossas despesas nos meses seguintes, o que ocasionará uma limitação de consumo futuro.
- Risco de endividamento: o grande problema na utilização de crédito atualmente no Brasil, é a falta de avaliação diagnóstica dos clientes sobre sua própria capacidade financeira. Muitas vezes, o solicitador compra um serviço de crédito e não consegue conciliar os seus gastos com a sua capacidade de pagamento, ocasionando no endividamento e enfraquecimento da saúde financeira.
- Pagamento de juros: como dissemos anteriormente, a contratação de crédito envolve também o pagamento de juros que são calculados acima da compra realizada. Dessa forma, muitas vezes o cliente acaba pagando quase o dobro do valor de um bem ou serviço somente devido ao acréscimo da taxa de juros sobre o produto.
Dívidas
O grande vilão do consumidor. As dívidas sempre são assuntos delicados, pois se tratam de problemas que afetam diretamente a nossa qualidade de vida e a dos nossos familiares. Entretanto, um grande problema ao falarmos em dívidas é a concepção de que elas só existem quando o consumidor não consegue mais realizar o pagamento das suas contas. O que não é verdade.
O fato é que, toda vez que realizamos uma compra e não assumimos o seu pagamento no mesmo momento, estamos assumindo uma dívida. Ou seja, ao adquirir um crédito ou financiamento, mesmo que de forma controlada, nós possuímos uma dívida no nosso nome.
Já quando nossas despesas chegam a um nível elevado de forma que não conseguimos realizar o fechamento de contas, geramos o que denominamos de superendividamento excessivo. Trata-se de uma situação de alto risco financeiro, onde os custos são acumulados, gerando uma grande “bola de neve”.
É por tal motivo, que é extremamente necessário realizar o controle periódico de nosso fluxo de recursos, sempre monitorando os valores que entram e saem das nossas contas. Dessa forma, conseguimos estabilizar o nosso orçamento e a nossa saúde financeira, através do planejamento de gastos.
Entretanto, as dívidas podem ter vários fatores de origem e nem sempre estão atrelados a questões de negligência ao nosso orçamento financeiro. Afinal, imprevistos acontecem.
Alguns dos exemplos que podem ser citados como fontes de dívidas pelos consumidores são:
- Consumos sazonais: por não se tratarem de custos fixos ou comuns no dia-a-dia alguns consumidores acabam esquecendo que existem os consumos ou custos sazonais, como por exemplo, as matrículas e as compras de materiais escolares no início do ano letivo. Estes são fatores que exigem uma alta quantia de dinheiro e quando esquecidos podem ocasionar no endividamento por compras parceladas nos cartões de crédito, para que assim possa ser amenizado os prejuízos ocasionados por esse custo sazonal.
- Despesas Emergenciais: como dito anteriormente, não podemos prever algumas surpresas financeiras que surgem na nossa vida. Além disso, nem sempre estamos prontamente preparados para lidar com a situação formada. Seja adoecimento de um parente, um acidente, um defeito na estrutura da sua casa, todos estes acontecimentos são fatores de estresse e que também exigem uma grande aplicação de dinheiro que podem ocasionar na construção de dívidas não planejadas. Entretanto, existem, por exemplo, algumas formas de tentar amenizar essas surpresas financeiras, como a contratação de seguros ou a aplicação de dinheiro num fundo de emergências generalizado.
- Separação de bens (divórcio): ao realizar o divórcio, um casal pode fazer a separação dos seus bens de forma a dividi-los entre ambas as partes. Entretanto, a partir deste momento alguns custos não poderão mais serem divididos a dois, de forma a acrescentar o custo de vida individual dos envolvidos no processo. Por exemplo, contas de água, luz, telefone e condomínio que um dia poderiam ser divididas, após o divórcio deverão ser custeadas de forma individual. É este tipo de despesa que pode afetar diretamente no seu orçamento ocasionando a construção de dívidas não desejadas, além disso, alguns itens que antes eram do casal, deverão ser adquiridos de forma individual à medida que os bens forem separados por contrato.
- Redução de renda: um erro comum em alguns recém aposentados é quando existe a redução da sua renda, passando a receber apenas uma parte do que antes era o seu salário, mas mantendo o padrão de despesas anterior. Este tipo de atitude corrobora diretamente para a geração de dívidas visto que, uma vez que a renda foi reduzida e o gasto foi mantido, a conta tende a fechar para um desequilíbrio financeiro.
- Baixo conhecimento financeiro: apesar de todos os problemas citados anteriormente serem de alta relevância para o entendimento do endividamento da população brasileira, é importante salientar que todos eles possuem uma mesma origem: a falta de conhecimento financeiro. Mesmo com todos os fatores surpresas existentes nas causas citadas anteriormente, através de um bom planejamento financeiro é possível reduzir drasticamente os efeitos de formação de dívidas no seu controle de finanças.
Como consequência ao superendividamento, algumas pessoas acabam por se tornar que denominamos de inadimplentes, dessa forma, elas possuem os seus nomes inscritos em um ou mais cadastros de restrição ao crédito, como o Serasa ou o SPC (Central de Proteção ao Crédito), bem como o CCF (Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos), para pessoas que emitiram cheques sem a quantidade necessária para descontar o valor da compra.
Além disso, é possível que algumas medidas sejam determinadas em justiça para amenizar o cenário de endividamento pessoal, como a perda de patrimônio e multas punitivas. Estes são casos comuns a quem realiza financiamentos e não conseguem realizar o pagamento das prestações, dessa forma, o patrimônio é passado para leilão, para que assim possa ser realizada a compensação da dívida.
Como sair das dívidas
Esta é a pergunta de muitos brasileiros atualmente. O segredo para sair das dívidas, entretanto, ainda é um fator individual não generalizado, ou seja: depende de pessoa para pessoa. Como você pôde perceber, uma dívida pode ter inúmeras fontes, e, portanto, cada uma delas deve ser analisada para que então seja possível encontrar a solução do problema.
O primeiro passo, entretanto, é reconhecer o problema. Apesar do endividado saber que existe uma dívida, muitos deles não gostam de admitir como se ela fosse um problema. Em uma pesquisa realizada por Jéssica Amorim (2014) com psicoterapeutas, foi possível encontrar registros de pacientes de que possuíam transtornos compulsivos por consumo, que possuíam discursos como:
“Ah, as dívidas! Tenho muitas! E é melhor mudar de papo!” (Paciente identificada no estudo como Marcela).
“Sim, tenho dívidas, desde que me dou por gente tenho dívidas, elas não saem de mim, e eu não saio delas. Mas quem não as tem?” (Paciente identificada no estudo como Eduarda).
Ambos os registros foram disponibilizados por uma psicoterapeuta denominada Tatiane, que atuava no tratamento de transtornos compulsivos na cidade de Natal, Rio Grande do Norte.
- Mapeamento de dívidas: Trata-se do registro e avaliação das dívidas adquiridas ao longo do tempo. Para isso, você precisará saber todas as informações relacionadas a taxas de serviço, valores de juros e prazos de pagamentos. Dessa forma, você será capaz de avaliar as principais opções para tentar sanar a dívida existente.
- Reduzir gastos: Apesar de ser uma solução clichê, a redução de gastos é uma ação efetiva para o tratamento de problemas de endividamento. Para isso, você precisará aplicar alguns dos conceitos citados em capítulos anteriores, como o orçamento pessoal de gastos.
- Renegociar as dívidas: Esta é uma excelente opção para tentar adquirir maiores prazos, ou taxas de juros mais atrativas. A renegociação deve ser realizada diretamente com o provedor do crédito e tem como objetivo auxiliar tanto o solicitador como o provedor dos recursos.
É fato de que ninguém em sã consciência gosta de estar numa situação de endividamento. Existe toda uma pressão social realizada pelo ato de consumo, indicando poder monetário e liberdade financeira. Entretanto, até os membros mais ricos da sociedade podem adquirir dívidas e serem levados à falência.
O mais importante no momento de endividamento é buscar ajuda e conhecimento acerca do que está acontecendo com sua vida financeira. Para isso, existem profissionais habilitados para lidar com os diversos tipos de problema que podem ter ocasionado o superendividamento, sejam os terapeutas, a partir da análise da condição psicológica do consumidor, ou os bancários, que podem te auxiliar a entender como realizar o tratamento da dívida adquirida sem gerar maiores prejuízos.
O principal passo para evitar este tipo de situação já foi realizado por você ao adquirir este curso. A partir de agora, você aprenderá as principais teorias e técnicas aplicadas ao gerenciamento financeiro para adquirir plena capacidade de planejamento de gastos.
Este artigo pertence ao Curso de Finanças Pessoais
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