EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA COMUNIDADE
As ações educativas fazem parte do seu dia a dia e têm como objetivo final contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população. O desenvolvimento de ações educativas em saúde pode abranger muitos temas em atividades amplas e complexas, o que não significa que são ações difíceis de serem desenvolvidas. Ocorre por meio do exercício do diálogo e do saber escutar. Segundo o educador Paulo Freire (1996)1 , ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.
O enfoque educativo é um dos elementos fundamentais na qualidade da atenção prestada em saúde. Educar é um processo de construção permanente. As ações educativas têm início nas visitas domiciliares, mas podem ser realizadas em grupo, sendo desenvolvidas nos serviços de saúde e nos diversos espaços sociais existentes na comunidade. O trabalho em grupo reforça a ação educativa aos indivíduos. A ação educativa é de responsabilidade de toda a equipe. Existem diferentes metodologias para se trabalhar com grupos.
Você e sua equipe devem avaliar a que melhor se adapte às suas disponibilidades e dos demais membros da equipe, de tempo e de espaço, assim como as características e as necessidades do grupo em questão. A linguagem deve ser sempre acessível, simples e precisa. É importante considerar o conhecimento e experiência dos participantes permitindo a troca de ideias. Isso estimula a pessoa a construir um processo decisório autônomo e centrado em seus interesses. As ações educativas devem estimular o conhecimento e o cuidado de si mesmo, fortalecendo a autoestima, a autonomia e também os vínculos de solidariedade comunitária, contribuindo para o pleno exercício de poder decidir o melhor para a sua saúde.
Não há fórmula pronta, mas há passos que podem facilitar o seu trabalho com grupos. Inicialmente, deve-se planejar a reunião definindo objetivos, local, dia e horário que facilitem a acomodação e a presença de todos. É importante garantir as condições de acessibilidade no caso de existir pessoas com deficiência física na comunidade e pensar estratégias que facilitem a comunicação no caso de deficiente visual ou auditivo. Não se esquecer de providenciar o material que será utilizado durante a atividade e, se necessário, convidar com antecedência alguém para falar sobre algum assunto específico de interesse da comunidade.
No grupo, ao compartilhar dúvidas, sentimentos e conhecimentos, as pessoas têm a oportunidade de ter um olhar diferente das suas dificuldades. A forma de trabalhar com o grupo (também conhecida como dinâmica de grupo) contribui para o indivíduo perceber suas necessidades, reconhecer o que sabe e sente, estimulando sua participação ativa nos atendimentos individuais subsequentes. Desenvolver atividades educativas faz parte do processo de trabalho de todos os membros da equipe. Para o desenvolvimento de atividades educativas, recomenda-se:
Divulgar – uma etapa que não deve ser esquecida. Espalhar a notícia para o maior número de pessoas, elaborar cartazes com letras grandes, de forma criativa, e divulgar a reunião nos lugares mais frequentados da comunidade fazem parte desse processo;
Realizar dinâmicas que possibilitem a apresentação dos participantes e integração do grupo, quebrando a formalidade inicial;
Apresentar o tema que será discutido, permitindo a exposição das necessidades e expectativas de todos. A pauta da discussão deve ser flexível, podendo ser adaptada às necessidades do momento;
Estimular a participação de todos;
Identificar os conhecimentos, crenças e valores do grupo, bem como os mitos, tabus e preconceitos, estimulando a reflexão sobre eles. A discussão não deve ser influenciada por convicções culturais, religiosas ou pessoais;
Discutir a importância do autoconhecimento e autocuidado, que contribuirão para uma melhor qualidade de vida;
Abordar outros temas segundo o interesse manifestado pelo grupo;
Facilitar a expressão de sentimentos e dúvidas com naturalidade durante os questionamentos, favorecendo o vínculo, a confiança e a satisfação das pessoas;
Neutralizar delicada e firmemente as pessoas que, eventualmente, queiram monopolizar a reunião, pedindo a palavra o tempo todo e a utilizando de forma abusiva, além daqueles que só comparecem às reuniões para discutir seus problemas pessoais;
Utilizar recursos didáticos disponíveis como cartazes, recursos audiovisuais, bonecos, balões etc.;
Ao final da reunião, apresentar uma síntese dos assuntos discutidos e os pontos-chave, abrindo a possibilidade de esclarecimento de dúvidas.
Entre as habilidades que todo trabalhador de saúde deve buscar desenvolver, estão:
Ter boa capacidade de comunicação;
Usar linguagem acessível, simples e precisa;
Ser gentil, favorecendo o vínculo e uma relação de confiança;
Acolher o saber e o sentir de todos;
Ter tolerância aos princípios e às distintas crenças e valores que não sejam os seus próprios;
A ação ou atividade educativa pode e deve ser realizada por qualquer membro da equipe de saúde. Para isso é necessário, além dos conhecimentos técnicos, habilidade de comunicação e conhecimento das características do grupo ou da população.
Este artigo pertence ao Curso de Agente Comunitário de Saúde
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