Feridas cirúrgicas são incisões feitas durante procedimentos cirúrgicos, geralmente com o uso de bisturis, e são fechadas com pontos, agrafos ou cola cirúrgica. Essas feridas são caracterizadas como agudas e intencionais, com uma rápida evolução cicatricial quando não ocorrem complicações. A cicatrização é, na maioria dos casos, por intenção primária, o que significa que as bordas da ferida são aproximadas e fechadas imediatamente após a cirurgia, facilitando a migração das células epiteliais e minimizando a cicatriz.
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Cuidados pós-operatórios
Os cuidados pós-operatórios das feridas cirúrgicas envolvem a limpeza, proteção e controle da pele para evitar complicações e promover uma cicatrização rápida e eficiente. As incisões cirúrgicas geralmente cicatrizam completamente em aproximadamente duas semanas, desde que recebam o cuidado adequado.
Características das feridas cirúrgicas
Fechamento imediato: a ferida é fechada imediatamente após a intervenção cirúrgica, com uma boa aproximação das bordas usando pontos, agrafos ou adesivos.
Cicatrização primária: a cicatrização da ferida ocorre rapidamente, com migração das células epiteliais no espaço de 24 a 48 horas, minimizando o tamanho da cicatriz.
Exemplos comuns: lacerações com reparações otimizadas, redução otimizada de fraturas ósseas e cicatrização após cirurgia por retalho.
Apesar da natureza controlada das feridas cirúrgicas, de 1 a 3 em cada 100 pacientes podem desenvolver uma infecção no local cirúrgico. Por isso, é crucial monitorar a ferida para identificar possíveis complicações, como hemorragia, formação de hematoma, edema, deiscência e interrupção do fornecimento sanguíneo, que pode resultar em necrose ou hipergranulação.
Possíveis complicações
Hematoma: acúmulo anormal de sangue na incisão ou tecido subcutâneo, que pode se tornar um meio de cultura para microorganismos. Na maioria das vezes, hematomas evoluem de forma espontânea, mas em alguns casos, é necessário drená-los para prevenir infecções ou outras complicações.
Infecção do sítio cirúrgico: processo inflamatório que pode envolver estruturas adjacentes e causar reinternação. Sinais de infecção incluem eritema, aumento do exsudato ou pus, edema, dor e febre. A avaliação médica é essencial para determinar a necessidade de antibioticoterapia.
Deiscência: ruptura parcial ou total da área de sutura, mais comum em idosos, pessoas com obesidade ou distúrbios nutricionais. Em casos graves, pode levar à evisceração, onde os órgãos internos se projetam através da abertura da ferida. Essas feridas geralmente evoluem para cicatrização por segunda intenção e requerem cobertura adequada e avaliação médica.
Sinais de Infecção
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Detectar sinais de infecção em feridas cirúrgicas é crucial para prevenir complicações graves e garantir uma cicatrização adequada. A infecção pode se manifestar de várias formas, sendo os sinais clássicos de infecção eritema, aumento do exsudato ou presença de pus, edema, dor e febre. O eritema, que é a vermelhidão ao redor da ferida, indica uma resposta inflamatória do corpo à presença de microorganismos patogênicos. O aumento do exsudato ou a presença de pus, um fluido espesso e amarelado, também é um sinal claro de infecção, pois indica que o corpo está combatendo ativamente uma invasão bacteriana.
Além disso, o edema, que é o inchaço ao redor da área da ferida, pode resultar da acumulação de fluidos devido à inflamação. A dor na região afetada é outro indicativo de infecção, especialmente se houver um aumento repentino ou intensificação da dor. A febre, que é a elevação da temperatura corporal, sugere que a infecção pode estar se espalhando e o corpo está reagindo sistemicamente.
Monitorar esses sinais é essencial, e qualquer suspeita de infecção deve ser imediatamente comunicada a um profissional de saúde. A intervenção precoce pode incluir a administração de antibióticos, limpeza adequada da ferida e, em casos mais graves, uma reavaliação cirúrgica para remover tecidos infectados. A atenção a esses sinais ajuda a prevenir a progressão da infecção para complicações mais sérias, como a sepse, que pode ser potencialmente fatal.
Condutas
Para feridas cirúrgicas com sutura fechada, a limpeza suave com soro fisiológico a 0,9% deve ser realizada, seguida de um curativo oclusivo nas primeiras 24 horas. Após esse período, se não houver sangramento ou exsudação, a ferida pode ser limpa com água e sabonete líquido, sem necessidade de oclusão. Na presença de secreção, deve-se manter oclusão com gaze seca.
A cicatrização em tecidos aproximados por sutura ocorre em média entre 7 e 14 dias, podendo chegar a 21 dias em pacientes idosos ou com comorbidades. O enfermeiro deve avaliar a ferida para determinar o momento adequado para a retirada dos pontos, evitando processos inflamatórios locais causados pela retirada tardia.
Condutas em caso de infecções
Quando uma infecção é detectada em uma ferida cirúrgica, é fundamental seguir condutas específicas para controlar e eliminar a infecção, garantindo assim uma cicatrização adequada e prevenindo complicações mais graves. A primeira etapa é a avaliação clínica detalhada da ferida, identificando os sinais clássicos de infecção.
Uma vez confirmada a infecção, o tratamento antibiótico é frequentemente necessário. A escolha do antibiótico deve ser baseada na provável etiologia bacteriana e, quando possível, guiada por cultura de exsudato e antibiograma. Este procedimento permite a identificação do microorganismo causador e a seleção do antibiótico mais eficaz, reduzindo a resistência bacteriana e melhorando os resultados do tratamento.
Além do tratamento antibiótico, é essencial realizar a limpeza adequada da ferida. A irrigação com solução salina estéril é recomendada para remover detritos e exsudato, mantendo a área limpa e diminuindo a carga bacteriana. Em casos de presença de tecido necrosado ou esfacelo, o desbridamento deve ser realizado para remover o tecido desvitalizado que pode servir de meio para a proliferação de bactérias.
A avaliação e a troca de curativos devem ser feitas com maior frequência em casos de infecção. Curativos com propriedades antimicrobianas, como aqueles contendo prata ou iodo, podem ser utilizados para ajudar a controlar a carga bacteriana local. A escolha do curativo deve considerar a quantidade de exsudato e a condição do leito da ferida, visando manter um ambiente úmido ideal para a cicatrização sem favorecer a maceração.
Se a infecção não responder ao tratamento inicial, ou se houver sinais de complicações sistêmicas, como febre alta persistente, mal-estar geral ou sinais de sepse, uma reavaliação médica mais detalhada é necessária. Pode ser necessário ajustar o regime antibiótico, realizar exames laboratoriais adicionais ou até mesmo considerar uma intervenção cirúrgica para drenar abscessos ou remover áreas de necrose mais extensas.
Em todos os casos, a comunicação eficaz entre os membros da equipe de saúde e o paciente é crucial. Educar o paciente sobre os sinais de infecção e a importância de seguir as orientações de cuidados da ferida pode melhorar significativamente os resultados do tratamento. Além disso, o seguimento rigoroso e a documentação detalhada do progresso da cicatrização são essenciais para ajustar o plano de cuidados conforme necessário, garantindo a recuperação mais rápida e segura possível.
Monitoramento e mudança de curativos
A troca de curativos deve ser baseada em critérios específicos, como saturação do material de curativo, sangramento excessivo, suspeita de infecção local ou sistêmica e potencial deiscência. Além desses critérios, as necessidades individuais do paciente e suas circunstâncias gerais devem ser consideradas, levando em conta o histórico do paciente, comorbidades e risco de infecção.
A cicatrização sem perturbação, onde o curativo é mantido por um período mais longo sem trocas frequentes, pode otimizar a cicatrização, reduzir o risco de contaminação e proporcionar benefícios como economia de custos e tempo do profissional. No entanto, a troca de curativo deve ocorrer quando clinicamente necessário, garantindo que a ferida permaneça protegida e limpa.
Benefícios da cicatrização sem perturbação
A prática de cicatrização sem perturbação está ganhando atenção no tratamento clínico de todas as feridas, especialmente as cirúrgicas. Mantendo os curativos por um período mais longo, a cicatrização pode ser otimizada, reduzindo o risco de contaminação e infecção. Este método também pode levar a uma série de benefícios, como a economia de custos e tempo do profissional, além de reduzir a dor associada à troca frequente de curativos. No entanto, é fundamental monitorar continuamente a ferida e ajustar o plano de tratamento conforme necessário, especialmente em caso de saturação do curativo, sangramento excessivo ou sinais de infecção.
Os cuidados pós-operatórios são vitais para garantir a cicatrização adequada das feridas cirúrgicas e minimizar o risco de complicações. A abordagem deve ser holística, levando em conta as necessidades individuais do paciente, e baseada em práticas fundamentadas em evidências para garantir o melhor resultado possível.