FERRAMENTAS DE TRABALHO
Todas as informações que o ACS conseguir sobre a comunidade ajudará na organização do seu trabalho. Algumas dessas informações serão anotadas em fichas próprias para compor o Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab). O agente comunitário de saúde utiliza quatro fichas: Cadastro Domiciliar, Cadastro Individual, Ficha de Procedimentos e Ficha de Visita Domiciliar.
Cadastro familiar
O cadastro domiciliar identifica as características sociossanitárias dos domicílios no território das equipes de AB. Este cadastro busca identificar situações de populações domiciliadas em locais que não podem ser considerados domicílio, por exemplo, situação de rua (IBGE, 2009), no entanto devem ser monitorados pela equipe de Saúde.
Também este cadastro viabiliza a identificação dos núcleos familiares, um componente que amplia e qualifica o cuidado em saúde, a partir da abordagem familiar, que será tratada inicialmente na visita domiciliar do ACS. As anotações na ficha devem ser feitas de preferência a lápis, pois, se errar o preenchimento ou necessitar atualizar, é só apagar.
O ACS deve estar atento ao preencher o Cadastro Familiar para algumas observações importantes, tais como:
• Preencher ou atualizar a Ficha de Cadastro Familiar, com os dados da gestante, se houver gestante no domicílio;
• Fornecer e anotar SISPRENATAL – Programa de Humanização do Pré Natal – PHPN
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/ficha_cadastro_domiciliar.pdf
Cadastro individual
O cadastro individual identifica as características sociodemográficas, problemas e condições de saúde dos usuários no território das equipes de AB. Esse cadastro é composto por duas partes, sendo elas: informações de identificação/ sociodemográficas e condições de saúde auto-referidas pelo usuário. Atenção: Devemos estar cientes de que o cidadão pode se recusar a fornecer os dados para o preenchimento do seu cadastro, neste caso é solicitado ao entrevistado que assine o termo de recusa para assegurar que o mesmo está ciente.
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/Cadastro_Individual.pdf
Ficha de procedimentos
A ficha de procedimentos é uma ficha de coleta de dados sobre a realização de procedimentos ambulatoriais. O fluxo da unidade em atenção à demanda espontânea, poderá eventualmente realizar um atendimento de escuta inicial/orientação. No entanto, no caso dos profissionais de nível superior, não deve ser preenchido novamente nesta ficha se o atendimento já tiver sido marcado na Ficha de Atendimento.
A escuta inicial/orientação: é aquela realizada no momento em que o usuário chega ao serviço de saúde, relatando queixas ou sinais e sintomas percebidos por ele. Durante o acolhimento e escuta qualificada, o profissional, quando possível, irá resolver o caso por meio de orientação. Caso contrário, deverá ser realizada a classificação de risco e análise de vulnerabilidade para o encaminhamento do usuário em situação aguda ou não.
Ficha de visita domiciliar
A ficha de visita domiciliar é uma ficha de coleta de dados que busca por meio de sua estrutura coletar as informações sobre a realização de visitas domiciliares do ACS que como todas as fichas, também passam a conter registros individualizados. Além dos blocos de informações que constam no cabeçalho de cada ficha, a de visita domiciliar ainda contempla: Bloco de identificação (nº do prontuário, nº do cartão SUS, data de nascimento), bloco motivo da visita, Visita Periódica (busca ativa, Acompanhamento, egresso de internação, controle de ambientes / vetores, convite para atividades coletivas / campanha de saúde e outros) e o bloco desfecho (visita realizada, recusada, ausente ou outro).
O trabalho do ACS tem como principal objetivo contribuir para a qualidade de vida das pessoas e comunidade e para que isso aconteça, deve estar sempre alerta e vigilante. Todas as informações que o ACS, conseguir sobre a comunidade serão úteis na organização do seu trabalho.
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/ficha_de_visitas_domiciliar.pdf
Instrumentos já desatualizados
Fichas A, B, C e D
Atualmente, o ACS utiliza os cadastros anteriormente citados como ferramenta de trabalho. No entanto, tudo era feito nas fichas A, B, C e D, conforme será visto adiante. Neste período, o profissional usava quatro fichas:
Ficha A – cadastramento das famílias (que, em seguida, será discutida e orientado quanto ao seu preenchimento);
Ficha B – acompanhamento de gestantes;
Ficha C – Cartão da Criança;
Ficha D – registro das atividades diárias do ACS.
As anotações na ficha devem ser feitas de preferência a lápis, pois, se houver erros ou necessidade de atualizações, basta apagar. No alto, à esquerda, está identificada a Ficha A. Depois vem a referência à Secretaria Municipal de Saúde e ao Siab, sistema de informação nacional que constitui ferramenta importante para monitoramento da Estratégia Saúde da Família, para juntar todas as informações de saúde das microáreas dos municípios brasileiros onde atuam os agentes comunitários de saúde.
Assim, as informações registradas na Ficha A vão para a Secretaria de Saúde do município, desta, para a Secretaria de Saúde do Estado e, posteriormente, para o Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde. É uma forma de o governo federal saber a realidade da saúde das pessoas nos municípios brasileiros e ter mais subsídios para fortalecer a Política Nacional de Atenção Básica.
E tudo isso começa com o seu trabalho! No canto direito da ficha, ao lado das letras UF (Unidade da Federação), há dois quadrinhos que devem ser preenchidos com as duas letras referentes à sigla do Estado. Por exemplo: PB para Paraíba; MG para Minas Gerais; PE para Pernambuco; GO para Goiás; RS para Rio Grande do Sul; BA para Bahia, e assim por diante.
Logo abaixo, encontra espaço para escrever o endereço da família, com o nome da rua (ou avenida, praça, beco, estrada, fazenda, ou qualquer que seja a denominação), o número da casa, o bairro e o CEP, que é a sigla para Código de Endereçamento Postal. Na linha de baixo, estão os espaços que devem ser preenchidos com números fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – o código do município; pela Secretaria Municipal de Saúde – segmento e área; ou pela equipe de saúde – microárea.
A equipe de saúde vai ajudar a encontrar esses números e explicar o que eles significam. Depois estão os três quadrinhos para o próprio agente comunitário de saúde registrar o número da família na ficha. A primeira família será a de número 001, a décima será 010, a décima terceira será 013, a centésima será 100, e assim por diante. Por fim, o espaço para a data, onde o ACS deve colocar o dia, o mês e o ano em que está sendo feito o cadastramento daquela família.
Abaixo da palavra “nome”, há uma linha reservada para cada pessoa da casa (inclusive os empregados que moram ali) que tenha 15 anos ou mais. À direita, na continuação de cada linha, estão os espaços (campos) para dizer o dia, mês e ano do nascimento, a idade e o sexo de cada pessoa (M para masculino, F para feminino). Caso não tenha informação sobre a data do nascimento, anotar a idade que a pessoa diz ter.
O quadro alfabetizado é para informar se a pessoa sabe ler e escrever, ou não. Não é alfabetizada a pessoa que só sabe escrever o nome. Se é alfabetizada, um X na coluna “sim”. Se não é alfabetizada, um X na coluna “não”. Para ser considerada alfabetizada ela deve saber escrever um bilhete simples. Depois vem o espaço para informar a ocupação de cada um.
É muito importante que se registre com cuidado essa informação. Ocupação é o tipo de trabalho que a pessoa faz. Se a pessoa estiver de férias, licença ou afastada temporariamente do trabalho, você deve anotar a ocupação mesmo assim. O trabalho doméstico é uma ocupação, mesmo que não seja remunerado. Se a pessoa tiver mais de uma ocupação, registre aquela a que ela dedica mais horas de trabalho. Será considerada desempregada a pessoa que foi desligada do emprego e não está fazendo qualquer atividade, como prestação de serviços a terceiros, “bicos” etc.
Por fim, vem o quadro para registrar o tipo de doença ou condições em que se encontra a pessoa. Você não deve solicitar comprovação de diagnóstico e não deve registrar os casos que foram tratados e já alcançaram cura. A segunda parte do cadastro é para a identificação de pessoas de 0 a 14 anos, 11 meses e 29 dias, isto é, pessoas com menos de 15 anos.
Os campos para “nome, data de nascimento, idade e sexo” devem ser preenchidos como no primeiro quadro de pessoas com 15 anos e mais. No campo destinado a informar se frequenta a escola, marcar com um X se ela está indo ou não à escola. Se ela estiver de férias, mas for continuar os estudos no período seguinte, marcar o X para “sim”. O próximo passo é preencher a parte de trás da ficha.
Os campos do verso da Ficha A servem para caracterizar a situação de moradia e saneamento e outras informações importantes acerca da família.
Repare que há um quadrado para o tipo de casa, com quadrinhos para assinalar com X o material usado na construção. Se o material não é nenhum dos referidos, você tem um espaço para explicar o que foi usado na construção da moradia. É ali onde está escrito “outro – especificar”. Logo abaixo, você tem onde informar o número de cômodos. Uma casa com quarto, sala, banheiro e cozinha tem quatro cômodos.
Se só há um quarto e uma cozinha, são dois cômodos. Atenção para o que não é considerado cômodo: corredor, alpendre, varanda aberta e outros espaços que pertencem a casa, mas que são utilizados mais como área de circulação. Abaixo, deve ser informado se a casa tem energia elétrica, mesmo que a instalação não seja regularizada. Em seguida, o destino do lixo.
No lado direito da ficha, estão os quadros para informar sobre o tratamento da água na casa, a origem do abastecimento da água utilizada e qual o destino das fezes e urina. Na metade de baixo da ficha estão os quadros para outras informações. Primeiro, há um quadrinho (sim ou não) para dizer se alguém da família possui plano de saúde e outro para informar quantas pessoas são cobertas pelo plano. Logo abaixo, existem quadrinhos para cada letra do nome do plano.
Depois, você deve anotar que tipo de socorro aquela família está acostumada a procurar em caso de doença e quais os meios de comunicação mais utilizados na casa. À direita, estão os quadros para anotar se aquela família participa de grupos comunitários e para informar que meios de transporte mais utiliza. Para completar, vem o espaço para você escrever as observações que considerar importantes a respeito da saúde daquela família.
Ficha B
Na Ficha B-GES o ACS cadastra e acompanha mensalmente o estado de saúde das gestantes. A cada visita, os dados da gestante devem ser atualizados nessa ficha, que deve ficar de posse do ACS, sendo discutida mensalmente com o enfermeiro instrutor/supervisor. A Ficha B-HA serve para o cadastramento e acompanhamento mensal dos hipertensos.
Os casos suspeitos (referência de hipertensão ou pressão arterial acima dos padrões de normalidade) devem ser encaminhados imediatamente à Unidade Básica de Saúde para realização de consulta médica. Só após esse procedimento, com o diagnóstico médico estabelecido, é que o ACS cadastra e acompanha o hipertenso.
A Ficha B-DIA serve para o cadastramento e acompanhamento mensal dos diabéticos. Atenção: só devem ser cadastradas as pessoas com diagnóstico médico estabelecido. Os casos suspeitos (referência de diabetes) devem ser encaminhados à Unidade Básica de Saúde para realização de consulta médica. Só após esse procedimento é que o ACS cadastra e acompanha o diabético. Os casos de diabetes gestacional não devem ser cadastrados nessa ficha.
A Ficha B-TB serve para o cadastramento e acompanhamento mensal de pessoas com tuberculose. A cada visita os dados dessa ficha devem ser atualizados. Ela fica de posse do ACS e deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro instrutor/supervisor. A Ficha B-HAN serve para o cadastramento e acompanhamento mensal de pessoas com hanseníase.
Assim como na ficha B da gestante, o ACS deve atualizar os dados específicos de cada ficha a cada visita realizada por ele. Esta ficha permanece com o ACS, pois é de sua responsabilidade, e deve ser revisada periodicamente pelo enfermeiro instrutor/supervisor. Deve-se lembrar que sempre ao se cadastrar um caso novo, seja de gestante, hipertenso, diabético, seja de pacientes com tuberculose ou hanseníase, o agente comunitário de saúde deve discutir com o enfermeiro instrutor/supervisor, solicitando auxílio para o preenchimento e acompanhamento deles.
Ficha C
A ficha C é o instrumento utilizado para o acompanhamento da criança. A Ficha C é uma cópia das informações pertinentes da Caderneta da Criança, padronizada pelo Ministério da Saúde e utilizada pelos diversos serviços de saúde. Essa Caderneta é produzida em dois modelos distintos: um para a criança de sexo masculino e outro para a criança de sexo feminino. Toda família que tenha uma criança menor de cinco anos deve possuir essa caderneta, que servirá como fonte de dados que serão coletados pelos ACS.
O ACS deverá transcrever para o seu cartão sombra/cartão espelho os dados registrados na Caderneta da Criança. Caso a família não a tenha, o ACS deverá preencher o cartão sombra com base nas informações referidas e orientar a família a procurar a unidade de saúde em que realizou as vacinas para providenciar a 2ª via.
Ficha D
A Ficha D é utilizada por todos os profissionais da equipe de saúde. Cada profissional entrega uma Ficha D preenchida ao final do mês. O preenchimento desse instrumento deve ser diário, considerando-se os dias efetivos de trabalho em cada mês. O primeiro quadro da ficha, onde estão os espaços para município, segmento, unidade etc., será preenchido pelo ACS com a ajuda do enfermeiro de sua unidade de saúde, que é o reponsável pelo seu trabalho e que realizará a orientação e a supervisão.
Como a ficha é única para todos os profissionais, o ACS só irá anotar o que é específico do seu trabalho, que está no verso da Ficha D. No quadro destinado a informar sobre os “Procedimentos”, você vai registrar nas duas últimas linhas:
Reuniões – você vai registrar o número de reuniões realizadas por você, que contaram com a participação de 10 ou mais pessoas, com duração mínima de 30 minutos e com o objetivo de disseminar informações, discutir estratégias de superação de problemas de saúde ou de contribuir para a organização comunitária.
Visita domiciliar – você vai registrar todas as visitas domiciliares que você realizou, qualquer que seja a finalidade.
Logo no início do quadro “Notificações”, há três linhas onde você deve anotar as notificações feitas por você sobre as crianças menores de dois anos que tiveram diarreia e infecções respiratórias agudas.
< 2a – Menores de dois anos que tiveram diarreia – registrar o número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram um ou mais episódios de diarréia, nos 15 dias anteriores à visita domiciliar.
< 2a – Menores de dois anos que tiveram diarréia e usaram terapia de reidratação oral (TRO) – registrar o número de crianças com idade de até 23 meses e 29 dias que tiveram diarréia nos 15 dias anteriores à visita domiciliar e usaram solução de reidratação oral (soro caseiro ou soro de reidratação oral – SRO – distribuído pela Unidade de Saúde ou comprados na farmácia). Não anotar as crianças que utilizaram somente chás, sucos ou outros líquidos.
< 2a – Menores de dois anos que tiveram infecção respiratória aguda – registrar o número de crianças com idade até 23 meses e 29 dias que tiveram infecção respiratória aguda nos 15 dias anteriores à visita domiciliar.
Hospitalizações – você deve preencher esse quadro cada vez que tomar conhecimento de qualquer caso de hospitalização de pessoas da comunidade onde você atua, no mês de referência ou no mês anterior:
Data – registre dia e mês da hospitalização.
Nome – anote o nome completo da pessoa que foi hospitalizada.
Endereço – anote o endereço completo da pessoa que foi hospitalizada.
Sexo – marque F para feminino e M para masculino.
Idade – anote a idade em anos completos. Se a pessoa for menor de um ano, registrar a idade em meses.
Causa – registre a causa da hospitalização informada pela família ou obtida por meio de laudos médicos.
Nome do hospital – anote o nome do hospital onde a pessoa foi internada.
Este artigo pertence ao Curso de Agente Comunitário de Saúde
Faça o Curso completo grátis!!