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Fisiologia da Pele

A pele, como maior órgão do corpo humano, desempenha funções essenciais que são cruciais para a sobrevivência e proteção do organismo. A seguir, são destacadas algumas dessas funções:

  • Estrato córneo

O estrato córneo é a camada mais externa da epiderme e consiste em células mortas e queratinizadas. Esta camada serve como uma barreira protetora contra a desidratação e contra a invasão de micro-organismos e substâncias químicas nocivas. Estudos mostram que a integridade do estrato córneo é vital para a função de barreira da pele, sendo que danos a esta camada podem levar a doenças como dermatite atópica e psoríase.

  • Melanócitos

Localizados na camada basal da epiderme, os melanócitos produzem melanina, o pigmento responsável pela cor da pele. A melanina absorve a radiação ultravioleta (UV) e protege as células da pele dos danos causados pela exposição ao sol, prevenindo mutações no DNA que podem levar ao câncer de pele. Pesquisas indicam que a quantidade e a atividade dos melanócitos variam de acordo com a exposição solar e fatores genéticos.

  • Nervos dérmicos

A derme é rica em terminações nervosas que são responsáveis pela percepção sensorial. Esses nervos permitem a sensação de toque, dor, temperatura e pressão, que são essenciais para a interação com o ambiente e a proteção contra lesões. Os nervos dérmicos são altamente especializados e podem ser classificados como mecanorreceptores, termorreceptores e nociceptores, cada um adaptado para detectar diferentes tipos de estímulos.

  • Fibras colágenas e elásticas

As fibras de colágeno e elastina na derme fornecem resistência e elasticidade à pele. O colágeno, a proteína mais abundantes no corpo humano, confere força e estrutura, enquanto a elastina permite que a pele retorne à sua forma original após ser esticada ou comprimida. A degradação dessas fibras, comum com o envelhecimento ou exposição excessiva ao sol, resulta em rugas e perda de elasticidade.

  • Termorregulação

A pele desempenha um papel vital na regulação da temperatura corporal. A rede vascular cutânea permite o ajuste do fluxo sanguíneo para dissipar ou conservar calor. As glândulas sudoríparas écrinas, distribuídas por toda a pele, secretam suor que, ao evaporar, proporciona resfriamento. Esse processo é crucial para manter a homeostase térmica, especialmente em condições de calor extremo.

  • Proteção imunológica

As células de Langerhans, encontradas na epiderme, são uma parte essencial do sistema imunológico da pele. Elas capturam e apresentam antígenos aos linfócitos T, iniciando respostas imunes adaptativas. Essas células desempenham um papel importante na defesa contra infecções e no desenvolvimento de reações alérgicas.

  • Função endócrina

A pele também atua como um órgão endócrino. A exposição à radiação UVB converte o 7-deidrocolesterol nos queratinócitos em vitamina D3 (colecalciferol). A vitamina D3 é posteriormente convertida em calcitriol, a forma ativa da vitamina D, no fígado e nos rins. O calcitriol é essencial para a absorção de cálcio e fosfato no intestino, influenciando a saúde óssea e a função imunológica.

Essas funções destacam a complexidade e a importância da pele não apenas como uma barreira física, mas também como um órgão vital que interage com vários sistemas do corpo para manter a saúde e a homeostase.

 Outras funções da pele

A pele desempenha várias funções essenciais para a manutenção da saúde e proteção do organismo:

Proteção: a principal função da pele é proteger o corpo contra ameaças externas, como microrganismos e substâncias nocivas. A pele também protege os tecidos subjacentes de traumatismos mecânicos e ajuda a manter a homeostase, prevenindo a perda de água, eletrólitos e proteínas. A queratina na epiderme forma uma barreira física, enquanto o sebo produzido pelas glândulas sebáceas tem propriedades bactericidas e antifúngicas.

Percepção sensorial: a pele contém inúmeras terminações nervosas que permitem a percepção de estímulos como frio, calor, tato e dor. Essas sensações são transmitidas ao cérebro, ajudando o corpo a reagir a perigos potenciais e evitar traumas. Os mecanorreceptores na pele, como os corpúsculos de Meissner e os discos de Merkel, são responsáveis por detectar toque leve e pressão.

Excreção: a pele excreta suor, que ajuda na termorregulação e na eliminação de resíduos metabólicos. As glândulas sebáceas produzem sebo, que lubrifica a pele e os pelos, reduzindo a evaporação de água e protegendo contra infecções bacterianas e fúngicas. O suor também desempenha um papel na manutenção do equilíbrio eletrolítico.

Metabolismo: a exposição à luz solar permite a síntese de vitamina D na pele, essencial para o metabolismo do cálcio e fósforo, crucial para a saúde dos ossos e dentes. A vitamina D3 é produzida na epiderme a partir do 7-deidrocolesterol, e essa produção é fundamental para a absorção de cálcio no intestino.

Absorção: alguns medicamentos podem ser administrados através da pele, aproveitando sua capacidade de absorção para atingir a corrente sanguínea. A biodisponibilidade desses medicamentos depende de fatores como a composição do produto e a condição da pele. Patches transdérmicos são um exemplo comum dessa aplicação, utilizados para administrar medicamentos como nicotina e hormônios.

Fisiologia da cicatrização

A cicatrização é um processo dinâmico que ocorre em três fases:

1. Fase inflamatória: resposta inicial ao trauma com vasoconstrição seguida de vasodilatação, permitindo a chegada de células imunológicas ao local da lesão. Os neutrófilos e macrófagos eliminam microrganismos e resíduos celulares. Esta fase é caracterizada por sinais clínicos como calor, rubor, edema e dor, que são indicativos do processo inflamatório necessário para a cicatrização.

2. Fase proliferativa: caracterizada pela formação de tecido de granulação, angiogênese e síntese de colágeno pelos fibroblastos, que restauram a estrutura da pele. Nesta fase, observa-se a formação de um tecido rosado e granular, que é um bom indicador de cicatrização saudável. Os fibroblastos desempenham um papel crucial na síntese de matriz extracelular e na deposição de colágeno.

3. Fase de maturação e remodelação: ocorre a reorganização das fibras de colágeno e a redução da vascularização, resultando na formação de tecido cicatricial e recuperação da força tênsil da pele. Esta fase pode durar semanas a meses, durante as quais o tecido cicatricial se fortalece e se remodela. A cicatriz final nunca atinge a resistência total da pele original, mas chega perto.

Fatores que interferem na cicatrização

Vários fatores podem influenciar a cicatrização, incluindo:

  • Nutrição: deficiências nutricionais podem retardar o processo de cicatrização. Nutrientes como proteínas, vitaminas A e C, e zinco são particularmente importantes para a formação de colágeno e a resposta imunológica.
  • Infecção: a presença de microrganismos pode prolongar a fase inflamatória e impedir a progressão para as fases seguintes. A infecção pode resultar em aumento da produção de exsudato e destruição do tecido saudável ao redor da ferida.
  • Estado de saúde geral: doenças crônicas como diabetes e condições que comprometem o sistema imunológico podem dificultar a cicatrização. Por exemplo, a hiperglicemia em diabéticos pode afetar negativamente a função dos leucócitos e a angiogênese.
  • Idade: a cicatrização pode ser mais lenta em idosos devido à redução na proliferação celular, na síntese de colágeno e na resposta imunológica.
  • Medicação: certos medicamentos, como corticosteroides e imunossupressores, podem atrasar a cicatrização ao suprimir a resposta inflamatória e imunológica.

Compreender a complexidade da anatomia e fisiologia da pele é essencial para os profissionais de enfermagem, permitindo-lhes proporcionar um cuidado mais eficaz e personalizado no tratamento de feridas e outras condições cutâneas. Ao dominar esses conceitos, os enfermeiros podem desempenhar um papel crucial na promoção da saúde, na prevenção de complicações e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.



Este artigo pertence ao Curso de Cuidados Aplicados às Feridas

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