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Fundamentos da Negociação

Negociação é o processo pelo qual duas ou mais partes com interesses divergentes tentam alcançar um acordo mutuamente aceitável. A ciência da negociação abrange várias teorias e modelos que ajudam a entender como as pessoas negociam e como melhorar a eficácia desse processo.

Teoria dos Jogos


A Teoria dos Jogos é um campo da matemática aplicada que estuda as interações estratégicas entre agentes racionais. Na negociação, ela é usada para prever os comportamentos e resultados esperados das partes envolvidas.

Jogos de Soma Zero: Situações onde o ganho de uma parte é exatamente o prejuízo da outra. Exemplo: negociações de preços em que qualquer redução concedida por um lado representa uma perda para o outro.

Jogos de Soma Não Zero: Situações onde todas as partes podem ganhar ou perder juntas. Exemplo: parcerias de negócios onde a cooperação pode aumentar os benefícios para ambos.

Negociação Distributiva vs. Negociação Integrativa

Negociação Distributiva: Também conhecida como "barganha de soma zero", onde o foco é a divisão de um recurso fixo. A principal estratégia é maximizar a própria vantagem, frequentemente às custas do outro.

Negociação Integrativa: Envolve a colaboração para encontrar uma solução que beneficie todas as partes. Foca na criação de valor e na busca de interesses comuns.

Princípios de Fisher e Ury: Negociação Baseada em Princípios

Fisher e Ury, em seu livro "Como Chegar ao Sim", introduziram um modelo de negociação que enfatiza os princípios em vez das posições. Seus quatro princípios básicos são:

- Separar as Pessoas do Problema: Tratar a outra parte com respeito, independentemente do conflito.

- Focar em Interesses, Não em Posições: Explorar os interesses subjacentes das partes para encontrar uma solução que atenda a todos.

- Gerar Opções de Ganho Mútuo: Criar múltiplas opções antes de decidir qual é a melhor.

- Insistir em Critérios Objetivos: Basear o acordo em padrões justos e objetivos, evitando subjetividade e parcialidade.

Técnicas de Negociação

1. Preparação e Planejamento

A preparação é fundamental para uma negociação eficaz. Isso envolve a coleta de informações, a definição de objetivos claros e a preparação para possíveis cenários.

- Análise de Situação: Entenda completamente a situação, incluindo os antecedentes, as partes envolvidas e o contexto.

- Definição de Objetivos: Estabeleça claramente o que se deseja alcançar com a negociação.

- BATNA (Best Alternative to a Negotiated Agreement): Identifique a melhor alternativa caso a negociação não resulte em acordo. Isso proporciona uma base de poder e segurança durante o processo.

2. Construção de Rapport

Estabelecer uma relação de confiança e respeito é crucial para facilitar a negociação. Isso pode ser feito através de:

Empatia: Demonstrar compreensão e consideração pelos sentimentos e perspectivas da outra parte.

Comunicação Eficaz: Utilizar habilidades de escuta ativa e feedback para garantir que todas as partes se sintam ouvidas e compreendidas.

Consistência e Transparência: Manter uma comunicação clara e honesta ao longo de todo o processo.

3. Identificação de Interesses e Opções

Exploração de Interesses Subjacentes: Identificar os verdadeiros interesses por trás das posições aparentes das partes. Perguntar "por quê?" e "por que não?" pode ajudar a revelar esses interesses.

Gerar Opções Criativas: Trabalhar colaborativamente para desenvolver múltiplas soluções possíveis que atendam aos interesses de todos. Utilizar técnicas de brainstorming para estimular a criatividade e a cooperação.

Técnicas de Persuasão

A persuasão é uma habilidade crítica na negociação. Técnicas eficazes incluem:

- Provas e Evidências: Utilizar dados, estudos e fatos concretos para apoiar seus argumentos.

- Histórias e Exemplos: Contar histórias relevantes pode ajudar a ilustrar pontos e tornar seus argumentos mais convincentes.

- Recompensas e Consequências: Destacar os benefícios de aceitar a sua proposta e os riscos de não o fazer.

Administração de Concessões

Conceder algo durante a negociação é inevitável, mas deve ser feito de forma estratégica.

- Concessões Recíprocas: Faça concessões de forma gradual e recíproca. Ao conceder algo, espere uma concessão em troca.

- Valorização das Concessões: Certifique-se de que suas concessões são valorizadas pela outra parte, destacando sua importância e o sacrifício envolvido.

Abordagem Sistêmica

A abordagem sistêmica considera o problema como parte de um sistema maior, onde cada componente pode influenciar os outros.

- Análise de Causa e Efeito: Utilizar ferramentas como o Diagrama de Ishikawa (ou Espinha de Peixe) para identificar as causas raízes de um problema.

- Pensamento Sistêmico: Considerar como as soluções propostas afetarão todo o sistema, evitando soluções que possam criar novos problemas.

Método PDCA (Plan-Do-Check-Act):



  • Planejar (Plan): Identificar o problema, coletar dados e desenvolver um plano de ação.
  • Fazer (Do): Implementar a solução em pequena escala para testar sua eficácia.
  • Checar (Check): Avaliar os resultados e verificar se a solução resolve o problema.
  • Agir (Act): Implementar a solução em grande escala se os resultados forem positivos, ou ajustar o plano conforme necessário.
Método 5 Whys:

Pergunte "por quê?" repetidamente (geralmente cinco vezes) para identificar a causa raiz de um problema. Isso ajuda a evitar soluções superficiais e a chegar à origem do conflito.

Análise SWOT:


  • Strengths (Forças): Identificar pontos fortes da organização ou situação.
  • Weaknesses (Fraquezas): Identificar pontos fracos que precisam ser melhorados.
  • Opportunities (Oportunidades): Identificar oportunidades externas que podem ser aproveitadas.
  • Threats (Ameaças): Identificar ameaças externas que podem impactar negativamente.
Matriz de Decisão:

Desenvolver uma matriz que avalie diferentes opções com base em critérios definidos, ajudando a escolher a melhor solução.

Implementação Prática das Técnicas

Mediação e Facilitação

O papel do mediador é crucial para garantir que a negociação seja justa e eficaz.

  • Neutralidade: O mediador deve ser imparcial e não tomar partido.
  • Criação de um Ambiente Seguro: Garantir que todas as partes se sintam confortáveis e respeitadas durante o processo de mediação.
  • Facilitação do Diálogo: Incentivar a comunicação aberta e honesta entre as partes.
  • Desescalonamento: Utilizar técnicas para reduzir a tensão e evitar a escalada do conflito.
  • Intervenção Preventiva: Identificar sinais de conflito iminente e intervir antes que a situação piore.
  • Soluções Colaborativas: Encorajar as partes a trabalhar juntas para encontrar soluções que atendam aos interesses de todos.
Exemplos Práticos 

Exemplo 1: Conflito Entre Funcionários

Situação: Dois funcionários, Ana e Marcos, têm um desentendimento frequente sobre o uso do equipamento de escritório. Ana acusa Marcos de não respeitar o agendamento de uso da impressora, enquanto Marcos afirma que Ana está sendo inflexível.

Mediador: Vigia

Diálogo de Mediação:

Vigia: "Boa tarde, Ana e Marcos. Entendo que vocês têm tido alguns desentendimentos sobre o uso da impressora. Estamos aqui para resolver isso de maneira pacífica. Quero ouvir a perspectiva de cada um. Ana, você pode começar?"

Ana: "Toda vez que eu agendo a impressora, Marcos a utiliza antes do meu horário e não termina a tempo, atrasando meu trabalho."

Vigia: "Entendo. Marcos, você pode explicar sua visão?"

Marcos: "Eu só uso a impressora quando vejo que está disponível. Não sabia que estava atrapalhando o trabalho da Ana."

Vigia: "Parece que há uma falha na comunicação sobre os horários de uso da impressora. Podemos encontrar uma solução que funcione para ambos? Ana, como você sugere que organizemos isso?"

Ana: "Talvez, se tivermos um calendário visível para todos, com os horários de cada um, isso ajudaria."

Vigia: "Marcos, o que você acha dessa sugestão?"

Marcos: "Acho uma boa ideia. Assim, todos podem ver e respeitar os horários de uso."

Vigia: "Ótimo. Vamos implementar um calendário de uso da impressora que seja visível a todos. Isso deve resolver o problema. Agradeço a cooperação de ambos."

Exemplo 2: Conflito entre Cliente e Funcionário

Situação: Um cliente, Sr. João, está irritado com o atendimento recebido de um funcionário, Paulo, e começa a levantar a voz na recepção. O vigia intervém para mediar o conflito.

Mediador: Vigia

Diálogo de Mediação:

Vigia: "Boa tarde, Sr. João e Paulo. Vamos conversar para resolver esta situação de forma calma e respeitosa. Sr. João, você pode me dizer o que aconteceu?"

Sr. João: "Estou muito insatisfeito com o atendimento do Paulo. Ele foi rude e não respondeu às minhas perguntas."

Vigia: "Entendo sua frustração, Sr. João. Paulo, você pode explicar o que ocorreu do seu ponto de vista?"

Paulo: "Desculpe, Sr. João. Estava tentando resolver um problema técnico e não consegui dar a atenção devida. Não foi minha intenção ser rude."

Vigia: "Parece que houve um mal-entendido. Sr. João, como podemos resolver essa situação para que você se sinta atendido adequadamente?"

Sr. João: "Gostaria apenas que minhas dúvidas fossem esclarecidas de forma educada."

Vigia: "Paulo, você pode ajudar o Sr. João com as informações que ele precisa agora?"

Paulo: "Claro, Sr. João. Vamos esclarecer todas as suas dúvidas. Sinto muito pelo mal-entendido."

Vigia: "Obrigado pela compreensão de ambos. Vamos garantir que o atendimento seja sempre cortês e informativo."

Exemplo 3: Conflito sobre Regras de Segurança

Situação: Dois colegas de trabalho, Carla e Roberto, têm um conflito sobre o cumprimento das regras de segurança no local de trabalho. Carla acha que Roberto não segue as normas corretamente, colocando todos em risco.

Mediador: Vigia

Diálogo de Mediação:

Vigia: "Boa tarde, Carla e Roberto. Entendo que há uma preocupação com o cumprimento das regras de segurança. Vamos discutir isso e encontrar uma solução. Carla, você pode começar explicando sua preocupação?"

Carla: "Roberto frequentemente ignora as normas de segurança, como o uso de capacete na área de construção. Isso coloca todos nós em risco."

Vigia: "Roberto, você pode compartilhar sua perspectiva?"

Roberto: "Às vezes, esqueço de usar o capacete porque estou apressado para terminar o trabalho. Não quero causar problemas."

Vigia: "Segurança é nossa prioridade máxima. Roberto, podemos encontrar uma maneira de lembrar você das normas sem atrapalhar seu trabalho? Talvez um lembrete visível na entrada da área de construção?"

Carla: "Isso seria ótimo. Também podemos fazer uma lista de verificação diária para garantir que todos estão cumprindo as normas."

Roberto: "Concordo. Um lembrete na entrada seria útil, e eu me esforçarei mais para seguir as regras."

Vigia: "Ótimo. Vamos implementar essas sugestões. A segurança de todos é essencial. Agradeço a disposição de ambos em resolver isso."

Esses exemplos práticos demonstram a importância da mediação eficaz na resolução de conflitos no ambiente de trabalho. O vigia, atuando como mediador, deve ser imparcial, ouvir ativamente todas as partes envolvidas e trabalhar para encontrar soluções mutuamente aceitáveis.


Este artigo pertence ao Curso de Formação para Vigias

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