A experiência que a profissão adquiriu ao longo do caminho permitiu ao educador desenvolver uma prática educativa competente e comprometida. Isso permitiu que o profissional da área tivesse uma compreensão teórica e prática do ensino e da aprendizagem.
Com isso, é possível dizer que a metodologia desenvolvida e aplicada ao longo dos anos permitiu que o educador apoiasse a pedagogia hospitalar de forma eficaz, ajudando o aprimoramento dos alunos. Nesse sentido, podemos dizer que a educação hospitalar oferece três tipos de cuidado, segundo Comin (2009) e Fantacini e Silva (2012), sendo eles: leito, aula e brinquedoteca.
Esses serviços são restritos a crianças e adolescentes que não podem frequentar a escola por questões de saúde ou de internação, e são projetados para atender às suas necessidades educacionais em um ambiente hospitalar. De acordo com os autores (FONESCA, 2008, p.15), o atendimento educacional e pedagógico prestado em ambiente hospitalar deve ser visto como um esforço para compreender as necessidades e interesses da criança e atendê-los da forma mais eficaz possível, e não com o foco concentrado 100% no desenvolvimento do intelecto da criança.
Diante disso, cabe destacar que toda criança e adolescente tem direito ao acesso à educação, independentemente de quaisquer limitações que possam encontrar. Em relação às diversas modalidades de tratamento, aulas e áreas lúdicas têm diferentes formas de utilização, mesmo que todas estejam localizadas em ambiente hospitalar. Isso porque uma criança deve ser avaliada de acordo com sua condição e capacidade.
Na primeira modalidade, o leito, o atendimento é realizado no quarto do paciente, onde são realizadas uma avaliação e atividades com aquele determinado paciente. Segundo Jordão, Trindade e Fantacini (Vieira 2011), o objetivo dessa modalidade é garantir os direitos da criança e garantir a continuidade da educação infantil para aqueles que não podem ter acesso a instituições de ensino tradicionais.
As aulas ministradas no programa de leitura são personalizadas, dando ao professor a oportunidade de trabalhar com os materiais enviados pelas escolas infantis. Isso também permite a organização de uma agenda mais extensa com propostas de atividades que podem durar mais de um dia de trabalho (COMIN, 2009, p.58).
Segundo Comin (2009), as evidências sugerem que os pacientes têm aulas particulares e que os educadores podem planejar suas atividades com o objetivo de auxiliar e instruir os pacientes nas matérias que aprenderiam na escola.
Nesse sentido, de acordo com as diretrizes e documentos oferecidos pelo Ministério da Educação, podemos dizer que,
Os aspectos físicos referem-se aos recursos necessários ao professor para a efetivação do atendimento pedagógico domiciliar e às adaptações que deverão ser realizadas na residência do educando e no ambiente de ensino quando do seu reingresso à unidade escolar de referência à qual está matriculado ou será matriculado. (BRASIL, 2002, p. 16).
Modalidade classe hospitalar
No segundo tipo de atendimento citado, a classe hospitalar, podemos dizer que essa categoria é descrita como um serviço destinado a proporcionar aos alunos que não podem comparecer às aulas por motivo de tratamento médico que necessite de internação ou atendimento ambulatorial, educação especial por meio de atendimento especializado.
Nesse sentido, é natural que em alguns encontros, o envolvimento com a leitura e a escrita seja maior, enquanto em outros haja uma diminuição, afinal, essa baixa pode ocorrer porque os pacientes estão em consultas ou em sessões de quimioterapia, por exemplo. Portanto, as atividades devem ser pensadas para crianças que já estavam matriculadas na escola e também para aquelas que atingiram a idade exigida, mas não puderam iniciar o processo de escolarização devido aos anos de tratamento.
O objetivo desse modelo é criar um ambiente que se destaque dos demais locais do hospital, trabalhando para promover um espaço que aproxime os pacientes da rotina antes da internação, o que pode ser benéfico para o seu atendimento. Por isso, é preciso oferecer os seguintes componentes físicos da estrutura de classes hospitalares de acordo com o Ministério da Educação (Brasil, 2002):
“Nas classes hospitalares, sempre que possível, devem estar disponibilizados recursos audiovisuais, como computador em rede, televisão, vídeo-cassete, máquina fotográfica, filmadora, videokê, antena parabólica digital e aparelho de som com CD e k7, bem como telefone, com chamada a ramal e linha externa. Tais recursos se fazem essenciais tanto ao planejamento, ao desenvolvimento e a avaliação do trabalho pedagógico, quanto para o contato efetivo da classe hospitalar, seja com a escola de origem do educando, seja com o sistema de ensino responsável por prover e garantir seu acesso escolar. Da mesma forma, a disponibilidade desses recursos propiciarão as condições mínimas para que o educando mantenha contato com colegas e professores de sua escola, quando for o caso. (Brasil, 2002, p.16.)”
Como a atuação do professor há muito se restringia à sala de aula, segundo Silva e Carvalho (2014), às pessoas acreditavam que tais atividades não poderiam ser desenvolvidas em ambiente hospitalar por não terem recebido o reconhecimento do Ministério da Educação. atualmente, entende-se que o trabalho desenvolvido pelos educadores de base hospitalar é de extrema importância.
Dessa forma, segundo Silva e Fantacini (2013), o professor que atua nessa área deve adequar seu estilo de ensino às diversas situações que pode encontrar.
Ao considerar todas as nuances dos processos envolvendo a pedagogia hospitalar, fica claro que crianças e adolescentes que recebem atendimento hospitalar ou ambulatorial, e que podem ter acesso à educação e a um professor, se desenvolvem de forma mais confiante.
Segundo dados da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (2009, p.1), na capital existem 11 hospitais que oferecem essa modalidade de tratamento para os pacientes, sendo 31 o total de classes disponíveis. Já no caso dos interiores do estado, 7 hospitais ofereciam a modalidade em 2009, com 19 números de classe no total.
Em nosso país, as crianças e adolescentes hospitalizados têm direito à educação e à oportunidade de aprender a brincar, tornando a brincadeira hospitalar um tema crucial. A pedagogia hospitalar está presente nos quartos e berçários do hospital, bem como na área lúdica.
Esta área de trabalho auxilia no desenvolvimento holístico da criança e do adolescente para facilitar alguns dos processos de encontros de crianças e adolescentes com limites patológicos. A brinquedoteca dentro dos hospitais é importante pois, é o espaço em que o papel do brincar colabora para a evolução e a transformação das crianças e adolescentes, onde vai interagir mais, criar autonomia, além de fazer com que os pacientes conseguem se desligar um pouco da sua doença, trazendo mais qualidade de vida e bem-estar.
Com isso, a brinquedoteca é um local mais dinâmico e descontraído onde as crianças podem se divertir mesmo estando inseridas em um ambiente hospitalar. Essa modalidade é extremamente relevante para ser incorporada, visto que é uma forma de reconhecer a importância do desenvolvimento biopsicossocial de crianças e adolescentes em ambiente hospitalar.
Os Direitos Nacionais da Educação Especial na Educação Básica garantem a esse segmento da população "o direito de desfrutar de qualquer forma de recreação, programas de educação em saúde e acompanhamento do currículo acadêmico, durante sua permanência” (Resolução nº 41/95 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente).
Segundo os autores Albertoni, Goulart e Chiari (2011), uma brinquedoteca foi confeccionada para uma criança e adolescente hospitalizados com a intenção de distrair-se enquanto continua com seu processo acadêmico em andamento. O professor pode persuadir a criança a quebrar sua rotina monótona de ficar sentada na cama assistindo TV e buscar interagir com atividades e outras pessoas, melhorando sua qualidade de vida durante o tempo de tratamento.
É importante lembrar que o pedagogo deve criar atividades e matérias de acordo com o estado específico de cada criança e adolescente hospitalizado, com base no diagnóstico médico que apresentam para fornecer estímulos adequados que o desenvolvam em diversos aspectos. Assim, a criança terá o amparo para o desenvolvimento de suas fragilidades e poderá trabalhar seu lado emocional, cognitivo e social.
Contudo, os materiais e brinquedos do ambiente hospitalar devem ser escolhidos de modo que promovam o senso de auto-estima e lazer nas crianças. Assim, é preciso pensar também no caso dos pacientes que não conseguem sair da cama, os brinquedos devem ser pensados para atender todas as demandas.
Além disso, outro cuidado necessário ao escolher os brinquedos da brinquedoteca é que, mesmo que tragam alegria e entretenimento, os jogos que provocam euforia, são agitados e produzem muito barulho não devem ser disponibilizados, pois podem incomodar outros pacientes. Os jogos e brinquedos muitos pesados também devem ser evitados a fim de evitar estresses e possíveis desastres (CUNHA, 2008).
Objetivos da brinquedoteca
Por isso, de forma simples, podemos condensar os seguintes objetivos da brinquedoteca na pedagogia hospitalar segundo Cunha (2008):
- Preparar uma criança pequena para novas situações que ela encontrará no ambiente hospitalar, apresentando-lhe equipamentos cirúrgicos em cenários lúdicos para que ela se acostume e aprenda sobre as especificidades da vida hospitalar e do tratamento que receberá.
- Criar as condições para que a família e os amigos da criança possam encontrá-los quando vierem visitá-los em um ambiente acolhedor onde não se sintam deprimidos. Assim, a utilização de brinquedos e objetos lúdicos podem facilitar o estreitamento dos laços sociais e torná-los mais alegres.
- Preservar a saúde emocional da criança ou adolescente, dando-lhes oportunidades de brincar, se divertir e fazer amigos;
- Dê um impulso contínuo aos esforços de estimulação do desenvolvimento do aluno, porque o espaço hospitalar pode privá-lo de oportunidades e experiências que ele poderia vivenciar fora daquele ambiente. Se a internação for prolongada, pode ser necessário fornecer suporte educacional para que a criança não fique excessivamente desencorajada em seu desenvolvimento acadêmico.
- Ajuda a criança a se preparar para voltar para casa após uma estadia prolongada ou traumática usando um jogo ou atividade para facilitar o relacionamento e torná-lo mais alegre.
Importância da brinquedoteca na Pedagogia Hospitalar
As crianças podem brincar, se divertir e se expressar nos espaços que compõem o ambiente da brinquedoteca, que incluem o auditório, a sala de leitura, a sala de invenções, o teatro, as áreas lúdicas com brinquedos, a mesa de atividades, e o acervo.
Esse tipo de modalidade pode ser encontrada em diversos países em todo o mundo. nesse sentido, na Europa, as brinquedotecas são conhecidas como Toy Libraries-BIBLIOTECAS DE BRINQUEDOS. Em países como a Bélgica, França, Itália e Suíça, as brinquedotecas são chamadas de Ludotecas, onde são colocados brinquedos para serem levados para casa.
Além do incentivo em participar de cada país, ainda existem congressos internacionais, como o ITLA-International Toy Library Association que reúne pessoas de vários países para lutar pelo direito das crianças brincarem.
Com isso, é possível observar que a preocupação sobre a importância de atividades lúdicas dentro do processo pedagógico e educacional é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, social e intelectual dos estudantes. Quando falamos desse processo no Brasil, é possível distinguir algumas diferenças entre as brinquedotecas brasileiras das brinquedotecas americanas, conhecidas como Ludotecas ou Toy Libraries.
A principal é que no caso das Toy Libraries norte-americanas o aluno deve escolher um brinquedo para levar para a casa, enquanto nas brinquedotecas brasileiras permite que a criança se divirta com os objetos no próprio local.
A primeira Brinquedoteca foi criada no Brasil em 1982 na APAE da cidade de São Paulo graças ao trabalho pioneiro da educadora Nylse Helena Silva Cunha. Ela fundou e agora lidera a Associação Brasileira de Brinquedotecas (ABBRI) em sua escola para alunos excepcionais. A ideia de fundar a Brinquedoteca Hospitalar surgiu porque inúmeras crianças e jovens que tiveram que deixar suas casas, escolas e outros ambientes para receber tratamento médico tiveram que fazê-lo no passado.
Como organizar a brinquedoteca?
Foi aprovado pela Portaria nº 2.261, de 23 de novembro de 2005, que determina que as dependências do hospital pediátrico devem oferecer uma variedade de jogos e atividades, bem como incentivar o uso de jogos, quebra-cabeças, figuras, literatura e entretenimento na internação e ambulatório pediátricos nas unidades de tratamento como ferramentas de aprendizagem e como estímulos positivos para a recuperação da saúde.
Adicionalmente, de acordo com a Portaria nº 2.261, de 23 de novembro de 2005, seu artigo 6º exige a provisão de espaço para armazenamento e tratamento higiênico de brinquedos, conforme determinação da Comissão Hospitalar de Controle de Infecção (CCIH). Esse processo se torna ainda mais urgente ao tratarmos de um cenário pandêmico do Covid-19. Nesse sentido, é preciso garantir que os brinquedos estejam:
- Devidamente separados;
- Os brinquedos destinados à biblioteca não devem ser misturados com os da brinquedoteca;
- Os brinquedos que não estão limpos devem ser separados em outro local para que possam ser devidamente lavados;
- Os brinquedos que podem ser utilizados na brinquedoteca devem ser escolhidos visando que possam ser esterilizados ou desinfetados;
- O equipamento do recreio que é levado para as salas de aula deve ser bem limpo, pois as crianças hospitalizadas têm o sistema imunológico fraco e são mais suscetíveis à infecção do que as outras crianças