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Prevenção e Controle de Infecções


As feridas abertas, especialmente aquelas de grande extensão ou profundidade, são suscetíveis à infecção por diversos micro-organismos, como bactérias e fungos, que podem comprometer o processo de cicatrização.

Manter uma boa higiene

Para prevenir infecções em feridas, é crucial manter um ambiente limpo e higiênico. Isso inclui a limpeza cuidadosa da ferida e da área ao redor, a utilização de curativos estéreis e a proteção da ferida contra a penetração de micro-organismos. A higiene adequada pode ser alcançada com o uso de curativos especiais que formam uma barreira resistente à água, permitindo ao mesmo tempo a respiração e a inspeção visual direta da ferida.

Técnicas de prevenção e tratamento

Feridas infectadas tendem a cicatrizar mais lentamente do que as feridas não infectadas, representando um problema significativo tanto para os pacientes quanto para os sistemas de saúde. Pesquisadores usaram um processo Delphi modificado para estabelecer um consenso sobre a prevenção, identificação e controle de infecções crônicas em feridas. O estudo, envolvendo 85 especialistas, resultou em diretrizes sobre:

  • Avaliação de feridas crônicas: identificação de sinais de infecção, como inflamação, dor, odor, calor, edema e presença de pus.
  • Estratégias de prevenção: incluem higiene rigorosa, uso de curativos estéreis e ambiente controlado.
  • Manejo de infecções e biofilmes: uso de limpeza terapêutica, desbridamento agressivo de tecidos não viáveis, e aplicação de antimicrobianos tópicos e sistêmicos.
  • Encaminhamento a especialistas: indicado para feridas que não mostram melhora após 14 dias ou apresentam sinais de infecção sistêmica.

Procedimentos específicos:

1. Limpeza terapêutica: realizar a cada troca de curativo para reduzir a carga microbiana.

2. Desbridamento: remoção de tecido morto ou infectado para promover um ambiente saudável para a cicatrização.

3. Uso de antimicrobianos tópicos e sistêmicos: aplicados conforme a necessidade para controlar infecções locais e sistêmicas.

4. Gerenciamento do biofilme: estratégias como desbridamento regular e uso de curativos antimicrobianos para prevenir a formação e desenvolvimento de biofilmes.

5. Monitoramento contínuo: avaliação regular das feridas para ajustar o tratamento conforme necessário.

Essas técnicas são fundamentais para melhorar a eficiência do tratamento, reduzir complicações e acelerar a cicatrização das feridas crônicas.

Sinais de infecção e estratégias de manejo

Os sinais clássicos de infecção em feridas incluem inflamação, dor crescente, mau odor, calor local, edema, eritema e presença de pus. O aumento do exsudato ou a mudança para exsudato purulento indicam que a carga microbiana está retardando a cicatrização. Em casos de suspeita de infecção, a limpeza terapêutica deve ser realizada a cada troca de curativo, juntamente com o desbridamento de tecidos não viáveis para interromper a carga microbiana e suprimir o crescimento do biofilme.

Abordagem holística e multidisciplinar

Uma abordagem holística e multidisciplinar é essencial para o manejo eficaz de feridas. O monitoramento contínuo e a reavaliação regular são necessários para acompanhar a progressão da ferida em relação aos objetivos do tratamento. Além disso, é importante instruir o paciente sobre o manejo asséptico das feridas.

Papel do biofilme nas infecções

O biofilme desempenha um papel crucial no desenvolvimento de infecções, inflamação e atraso na cicatrização de feridas. Biofilmes são comunidades estruturadas de micro-organismos protegidas por uma barreira espessa de açúcares e proteínas, o que dificulta a ação do sistema imunológico e de agentes antimicrobianos. A presença de biofilmes é comum em feridas crônicas e pode ser identificada por sinais como atraso na cicatrização, granulação frágil, exsudato excessivo e mau odor.

  • Manejo do biofilme

Para manejar eficazmente o biofilme, são necessárias múltiplas modalidades, incluindo limpeza terapêutica, desbridamento, uso de antimicrobianos tópicos e sistêmicos e gerenciamento do espaço morto entre o leito da ferida e o curativo. Curativos com liberação de prata e iodo demonstraram eficácia na eliminação de bactérias do biofilme.

Avaliação e reavaliação

Os profissionais de saúde devem avaliar regularmente as feridas, procurando sinais de infecção e ajustando o tratamento conforme necessário. Um consenso internacional recomenda a utilização de antimicrobianos tópicos e sistêmicos após a preparação adequada do leito da ferida para reduzir a reforma do biofilme e proteger a ferida de novos contaminantes.

Complicações da cicatrização de feridas

A cicatrização de feridas pode ser comprometida por várias complicações que exigem atenção cuidadosa. Entre as complicações mais comuns estão:

As hemorragias, que podem ser internas (hematomas) ou externas (arterial ou venosa), se não controladas adequadamente, podem levar a perdas significativas de sangue. A deiscência, que é a separação das camadas da pele e dos tecidos, ocorre frequentemente entre o terceiro e o décimo primeiro dia após o surgimento da lesão. A evisceração, que é a protrusão de órgãos viscerais através da abertura da ferida, é uma situação crítica que exige intervenção médica imediata. Infecções, caracterizadas pela drenagem de material purulento e inflamação das bordas da ferida, podem evoluir para condições mais graves, como osteomielite (infecção óssea), bacteremia (presença de bactérias no sangue) e septicemia (infecção generalizada). As fístulas são comunicações anormais entre dois órgãos ou entre um órgão e a superfície do corpo.

Portanto, as infecções em feridas são uma das complicações mais graves e podem retardar significativamente o processo de cicatrização. A presença de micro-organismos patogênicos, como bactérias e fungos, pode levar à inflamação e formação de pus. Desse modo, a prevenção e o controle das infecções incluem a manutenção de um ambiente limpo, o uso de curativos estéreis e a aplicação de antimicrobianos quando necessário.



Este artigo pertence ao Curso de Cuidados Aplicados às Feridas

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